A capsulite adesiva, conhecida popularmente como ombro congelado, é uma doença que causa inflamação na cápsula articular do ombro e gera dor seguida de limitação dos movimentos do ombro. A causa da capsulite adesiva está relacionada à fatores genéticos e à reações auto-imunes, mas não se conhece exatamente como ela é originada. Sabe-se que ela é muito mais frequente em pacientes com doenças hormonais, como o diabetes e as doenças da tireóide (hipo ou hipertireoidismo), mas pode ocorrer em indivíduos sem essas alterações.
2. DEFINIÇÃO
Duplay(1872) descreve a rigidez dolorosa do ombro que chama de ankylose
fibreuse de l’épaule. Atribui a etiologia do processo a aderências fibrosas da
bolsa serosa subacromial e descreve seu tratamento pela manipulação do
ombro sob anestesia, naquela época, feita com clorofórmio.
Codman(1934) cria a expressão ombro congelado (OC) para denominar os
casos de rigidez dolorosa do ombro, de longa duração e de início muitas vezes
relacionado com períodos de imobilização ou de desuso da articulação. Ele
afirmava serem os ombros congelados “uma classe de casos difícil de definir,
difícil de tratar e de explicar anatomopatologicamente”
Neer(1990/1992) afirma que, por estar associado a várias doenças, o OC deve
ser considerado “mais um sintoma do que uma entidade clínica definida”.
FILHO,2005
3. EPIDEMIOLOGIA
Mais de 2 milhões casos por ano Brasil.
Capsulite adesiva é uma doença frequente ,3-5% da população geral e
que acomete mais o sexo feminino na faixa etária dos 40 aos 60 anos.
Hospital Israelita A. Einstein
4. FISIOPATOLOGIA
Ferreira Filho AA, 2005
A Capsulite adesiva apresenta-se em quatro diferentes estágios, que são
muitas vezes de difícil definição entre si.
O primeiro, pre-adesivo, e caracterizado por relação inflamatória sinovial,
sem diminuição do volume articular.
No segundo sinovite adesiva aguda, há o início da diminuição do volume
articular e a formação de aderência entre a capsula e a cabeça umeral.
No terceiro denominado maturação, há colabamento de recesso axilar e
regressão da sinovite.
Em seu quarto estagio chamado de crônico as aderências estão retraídas,
com impotente limitação da mobilidade articular.
5. CAUSAS
A etiologia da Capsulite Adesiva também continua incerta e as teorias
são variadas.
No entanto, as evidências apontam para uma resposta inflamatória
crónica com subsequente fibrose capsular que possivelmente envolve o
aumento da deposição de citocinas como TGF- β, PDGF, TNF-α e IL-1
As alterações encontradas incluem: contração e fibrose do ligamento
coracoumeral, espessamento e fibrose do intervalo dos rotadores,
contração da cápsula anterior e inferior, diminuição do volume articular
obliteração do recesso axilar e neovascularização
A. Pimentel,2011
6. CAUSAS
Dentre as doenças destacam-se a diabetes ,as doenças da tireóide, as
alterações degenerativas cervicais, as doenças neurológicas centrais, a ação do
fenobarbital usado no combate às crises convulsivas, a tuberculose pulmonar e
a isquemia do miocárdio.
Primário ou Idiopático: que contém o grupo em que ocorre a contratura
capsular que aparece após mínimo ou nenhum trauma e tem um processo
fibrótico intrínseco na cápsula; além disso, a etiologia é desconhecida;
Secundário (intrínseco ou extrínseco): este grupo abrange os ombros rígidos
que apresentam etiologia ,pós-traumáticos, pós-infecciosos, imobilização
prolongada ,
Ferreira Filho AA, 2005
7. SINAIS E SINTOMAS
A evolução clínica da Capsulite adesiva caracteriza-se por 3 fases:
Fase 1 (Inflamatória / Dolorosa): aparece de maneira insidiosa, gradual, mal
localizada, com perda lenta e progressiva da mobilidade passiva e ativa do
ombro, e tem como sintoma principal a dor. Apresenta duração de 2 a 6
meses.
Fase 2 (Rigidez): caracteriza-se pela limitação da mobilidade, principalmente
rotação externa, Limitação da abdução , com dor leve e persistente. Esta fase
pode variar de 6 a 24 meses.
Fase 3 (Remissão da doença / “Descongelamento”) ocorre o retorno gradual
dos movimentos, de forma lenta e progressiva ao longo de meses. O período
de duração desta última fase pode variar de 6 a 12 meses.
FILHO,2005
8. DIAGNÓSTICO
Não existe método de diagnóstico standard para esta condição sendo
feito com base no exame clínico, exclusão de outras patologias, aspeto
radiográfico normal e achados na Ecografia, Ressonância Magnética e
Artro Ressonância Magnética que têm nos últimos anos sido utilizadas
de forma crescente.
O RX, pode apresentar diminuição do espaço articular entre a glenoidea
e a cabeça do úmero na incidência ântero-posterior, indicando retração
capsular.
Artrografia avalia a integridade do manguito rotador e o volume articular
do ombro ,mostra já na primeira fase uma sinovite hipervascular. Na
segunda fase pode-se notar uma diminuição da hipervascularidade com
espessamento e contração capsular. Na terceira fase não se observa mais
a sinovite e ocorre uma diminuição da espessura da cápsula.
Lewis J. ,2014/Araújo 2012
9. DIAGNÓSTICO
A RM é um meio auxiliar de diagnóstico não-invasivo efetivo não só para casos
em que há suspeita desta condição, mas também fornece informações que
podem ajudar o clínico a diferenciar entre os diferentes estádios da doença.
Entre outros achados, são visualizáveis aspetos característicos desta condição
como: o espessamento do ligamento coracoumeral e capsular no intervalo dos
rotadores e recesso axilar (superior a 4mm) e ainda obliteração do espaço
subcoracoide pela cápsula espessada .
Assim, a RM permite o diagnóstico precoce quando a clínica é inespecífica,
determinar possivelmente o estádio patofisiológico e ainda descartar outras
patologias do ombro.
O diagnóstico precoce desta patologia é de extrema importância uma vez que
permite instituição de terapia antes da progressão do espessamento e
contratura da cápsula observados em estádios avançados.
A. Pimentel,2011
10. TRATAMENTO CONSERVADOR
O tratamento deve ser focado na prevenção da progressão da lesão.
Os tratamentos clínicos mais indicados são os anti-inflamatórios não
hormonais, juntamente com a fisioterapia .
Métodos de preparação como o ultrassom terapêutico pode ser usado antes
das manipulações fisioterapêuticas e exercícios de alongamento manuais.
Godinho et al. (1995). Defendem que o tratamento siga a história natural da
doença, ou seja, que se acompanhe a evolução prevenindo-se perda nas
aquisições espontâneas das amplitudes articulares obtidas ao longo do
período de regressão da doença.
Souza,2001/ Araújo 2012
13. TRATAMENTO CIRURGICO
MANIPULAÇÃO SOB ANESTESIA: Se o progresso na reabilitação é
lento, o médico pode recomendar a manipulação sob anestesia geral,
será realizada uma manipulação para romper aderências capsulares.
ARTROSCOPIA: A artroscopia permite combinara distensão da
articulação glenoumeral com uma série de outros procedimentos
como a libertação de aderências, a abertura do intervalo dos
rotadores, a capsulotomia circular, a seção do ligamento
coracohumeral.
CIRURGIA ABERTA: Esta é atualmente utilizada com raridade,
podendo ser benéfica nos casos refratários à MSA e Distensão
artroscópica.
14. AVALIAÇÃO FISIOTERAPEUTICA
NOME: Monica Patrícia Isabela Kress IDADE: 45 anos SEXO: ( ) M ( X ) F
PROFISSÃO: Professora DIAGNOSTICO CLÍNCO: Capsulite adesiva com ruptura parcial do tendão do supra
espinhoso.
TIPO DE CIRURGIA: N/R MÉDICO: Dr. Tomas Hubert
ANAMNESE
APRESENTAÇÃO DO PACIENTE: Paciente apresenta-se deambulando sem auxilio, bem asseada, colaborativa sem
alteração de humor.
QUEIXA PRINCIPAL: Relata não poder elevar o braço esquerdo e dor ao movimento.
HMP:HMA: HMF: Paciente Monica Patrícia Isabela Kress relatou que teve várias patologias ortopédicas durante sua
vida sendo ela sempre de forma insidiosa, citando síndrome do túnel do carpo a dois anos, epicondilite lateral e
posteriormente esporão de calcâneo durante o mesmo período. Em janeiro de 2016 começou a apresentar diminuição
de mobilidade do ombro quando executava seus alongamentos diários e aumentava a mobilidade após uma atividade
mais intensa. Em fevereiro de 2016 marcou consulta medica onde foi solicitado um exame de raio x e uma
ressonância magnética tendo como laudo Capsulite adesiva com ruptura parcial do tendão do supra espinhoso. A
paciente foi encaminhada para tratamento fisioterápico e está sob os cuidados na clínica de ortopedia da ACE durante
o período de quatro meses..
HÁBITOS DE VIDA: Paciente etilista, tabagista socialmente, pratica atividades físicas de academia.
PATOLOGIAS ASSOCIADAS: Hipotireoidismo. EXAMES COMPLEMENTARES: Não apresentou
MEDICAMENTOS: Synthroid 125 mg 1 v/d Combiron 120 mg 1 v/d
15. DIAGNOSTICO CINESIOLOGICO
Paciente Monica Patrícia Isabela Kress com 45 anos de idade com
diagnostico de Capsulite adesiva com rompimento parcial de tendão do
supra espinhoso de ombro direito, Na avaliação postural apresentou
cabeça inclinada para direita e rodada para esquerda, apresenta ombro
direito elevado e produzo, escapula elevada com báscula lateral e
abduzida, limitação de ADM ativo e passiva com Flexão 110º, extensão
25º, abdução 80º, adução 20º, rotação externa 10º, rotação interna 20º,
contraturas em musculo trapézio superior, médio, inferior, romboide,
deltoide anterior lateral e posterior, bíceps braquial, tríceps porção media.
Perimetria normal quando comparada com o lado sadio. Teste positivo de
Yergason e Teste de Apley.
16. OBJETIVOS e TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO
Aumento e manutenção da ADM da articulação →
Mobilização passiva em todos os eixos de movimento, exercícios de
alongamento ativo utilizando faixa e bastão, exercícios pendulares de Codman
com alteres de 1 kg. Liberação miofacial e ponto gatinho através de terapia
manual, massagem de fricção Cyriax.
Adequação de trofismo e força muscular no braço afetado →
Exercício resistido utilizando theraband e teratubos alteres de 1kg, exercícios
de proprioceptivo solo utilizando bozu, bola terapêutica, alteres, treino
pliométrico para os membros superiores
Adequação da postura→ utilizando exercícios isométrico no solo utilizando faixas ,bolas
terapêuticas
17. PREVENÇÃO
“Controle rigoroso do diabetes, evitar períodos de imobilização
prolongada (imobilização do ombro sem indicação médica),tratar
precocemente as doenças do ombro. Elas podem desencadear a Capsulite
adesiva secundária. Por isso é muito importante tratar a bursite, as
tendinites, a lesão do manguito rotador, etc”
Dr Gustavo Borgo
18. REFERENCIAS
Capsulite adesiva adhesive capsulitis Arnaldo Amado Ferreira filho. Rev Bras Ortop. 2005;40(10):565-74.
Avaliação dos resultados do tratamento cirúrgico artroscópico da capsulite adesiva Marcio Cohen,1,*
Marcus Vinicius Amaral,1 Bruno Lobo Brandão,1 Marcelo Reis Pereira,2 Martim Monteiro,3 Geraldo da
Rocha Motta Filho4, 3 de agosto de 2012.
Capsulite adesiva: revisão de imagem e tratamento.Harris G 1, Bou-Haidar P , Harris C2013
PROTOCOLOS DE TRATAMENTO DA CAPSULITE ADESIVA - METANÁLISE Alisson Guimbala dos Santos
Araujo1 , Thayna Lais Meurer2