1. FEEDBACK
O uso do feedback deve ser incorporado à rotina da
gestão, que deverá prever momentos para realizá-
lo. Não se trata, portanto, de ação pontual com fim
específico, como, por exemplo, nos momentos em
que os professores não apresentam desempenho
satisfatório.
Feedback significa “realimentação” ou
“retroalimentação”, e é um importante momento
para o acompanhamento e a reflexão sobre a
prática, influindo no planejamento ou
replanejamento das ações na escola.
2. O feedback promove:
- o estreitamento das relações;
- o diálogo embasado na teoria que guia a
prática do professor;
- novos questionamentos, indicações de
bibliografia e sugestões para a prática do
professor.
3. Antes da reunião de feedback
Após a observação e antes da reunião, o
observador deve refletir, junto com a
equipe gestora, sobre algumas
possibilidades de encaminhamentos e
anotá-las no Histórico de Colaboração na
coluna Encaminhamentos Iniciais. Essa
troca de ideias preliminar é importante
para que haja um alinhamento das
possibilidades de encaminhamentos.
4. Observador e observado devem estar
confortáveis!
O encontro com o professor observado deve
acontecer em um espaço reservado, de
forma tranquila e em clima de confiança
mútua. O observador deve lembrar ao
professor que essa ação é mais uma
estratégia de formação e sua inclusão na
rotina de formação visa ao aprimoramento
dos processos de ensino e aprendizagem da
escola como um todo, cujo objetivo último é
melhorar o desempenho dos alunos e
superar as deficiências constatadas nas
avaliações (reportar ao Módulo 2).
5. Durante a reunião de feedback
O observador não deve apontar de imediato
os pontos de atenção, nem compartilhar os
possíveis encaminhamentos com o
observado.
Antes disso, o observado deve entender
melhor o cenário e refletir ele próprio sobre o
seu processo, reconhecendo os desafios e
possibilidades de encaminhamento. Somente
depois disso, o observador faz seus
comentários, confirmando o entendimento e
colaborando com ideias para promoção de
novas estratégias de ensino.
6. A reunião de feedback II
Segundo Fela Moscovici (1997), o feedback é útil quando atende as
seguintes características:
Ser descritivo Sem julgamentos. Relato com exemplos dos
eventos.
Ser específico Foco em comportamentos e atitudes específicas.
Ser compatível com as necessidades do observador e do
observado Dar atenção às necessidades do observado. Quando
são feitas somente solicitações, não levando em consideração as
necessidades do observado, o feedback costuma ser destrutivo.
Ser dirigido a comportamentos que o observado pode
modificar Apontar falhas que não se pode mudar gera situação
frustrante e não construtiva.
Ser solicitado em vez de imposto A execução da mudança é mais
fácil quando existe acordo prévio entre observador e observado
mais fácil a execução.
Ser oportuno em relação ao tempo Se passar muito tempo entre
a observação e o feedback perde-se o sentido dos elogios e das
críticas.
Ser esclarecedor. comunicação precisa Por isso a utilidade de
protocolo de observação combinado previamente com os
observados.
7. PERGUNTAS ESCLARECEDORAS:
São perguntas que ajudam a clarear alguma
situação, ação ou ideia vista no trabalho do professor
observado. As perguntas esclarecedoras estimulam o
relato (e não a reflexão) para definição de
encaminhamentos. As perguntas que fazem parte
deste momento de feedback devem sempre começar
com O que, Quanto(s), Quem, Quando, Qual(is)
etc.
Por exemplo: “O que aconteceu na atividade
desenvolvida pela dupla Aline e Gustavo, que você
precisou intervir?”; “Quais eram os objetivos da
atividade avaliativa que você promoveu?”; “Quanto
tempo os alunos levaram para resolver os exercícios
propostos?”
8. PARÁFRASE
Consiste no observador repetir com as suas palavras o que o
observado disse para verificar se ficou claro. Algumas construções de
frases que podem ajudar: “Deixa eu ver se ficou claro: pelo que você
relata, o que ocorreu com a dupla Aline e Gustavo foi isso, isso e isso.
Correto?”; “Pelo que você me diz, os objetivos da atividade avaliativa
foram este, este e este. Certo?”; “Pelo que entendi, os alunos levaram X
minutos para resolver os exercícios. É isso?”
Este exercício faz com que o observado reflita sobre o que falou e
confirme o entendimento tanto para ele como para o observador. Este já
é um primeiro momento de avaliação. Muitas vezes, ao repetir, ele
percebe que a explicação não ficou clara e acaba descrevendo o fato
novamente. Caso isso ocorra, faça novo uso de paráfrases para
confirmar os novos entendimentos. Quando isso ocorre, uma frase
clássica, usada pelo observado é: “Não foi bem isto que eu quis dizer.
Na realidade, o que aconteceu foi isso, isso e isso.”
9. PERGUNTAS DE SONDAGEM
O objetivo das perguntas de sondagem é fazer com
que o professor pense sobre sua prática e proponha
encaminhamentos. Nessa estratégia, o observador
faz o professor pensar em novas situações para o
desafio criado.
Por exemplo: “Já que avaliamos que o trabalho entre
a dupla Aline e Gustavo não fluiu bem, que
encaminhamentos podemos fazer?”; “Que
estratégias avaliativas podem ser criadas para
verificarmos melhor o desenvolvimento das
competências de leitura e escrita dos alunos?”;
“Como podemos planejar melhor a aula para que os
alunos tenham mais tempo para se dedicar aos
exercícios propostos?”
10. Depois desse momento, o observador deve fazer
uma síntese da discussão, emitir sua opinião e
contribuir com novas ideias.
Alarcão et al (2009) sugerem tipos de comunicação
para promover o feedback. Indicamos três que
complementam as habilidades descritas
anteriormente:
APOIO E ENCORAJAMENTO:
Consiste em encorajar o professor, confirmando que
faz um bom trabalho e que a equipe gestora está
à disposição para contribuir para que continue
assim. O professor coordenador deve enfatizar
que o professor pode procurá-lo mesmo fora de
momentos formais de feedback.
11. RECOMENDAÇÕES
São sugestões teóricas metodológicas que podem
ser dadas ao professor. Por exemplo, “Revisite o
texto da Lerner para ver projetos para os alunos
melhorarem na leitura”.
ESCLARECIMENTO CONCEITUAL:
É necessário sempre esclarecer algum conceito
teórico que não ficou entendido ou que se deseja
reafirmar. Por exemplo: “Você está trazendo um
gênero para o trabalho com textos, está se
preocupando com o propósito didático da leitura e
escrita, mas para os alunos se motivarem temos
que buscar um propósito social, no caso um
destinatário bem definido para a escrita. Para que
eles estão escrevendo? Quem irá ler? Segundo
Solé...”.
12. FEEDBACK NA ESCOLA
O diretor e o vice-diretor devem realizar o feedback com todos os
funcionários da escola: secretário, funcionários da limpeza, merendeiros
etc. Essa prática não precisa se limitar à observação em sala de aula.
Realizar feedback coletivo com a equipe do conselho de escola também
é uma ação formativa importante para esse grupo.
O gestor identificará a melhor forma e momento para realizar esse
feedback, dependendo das necessidades e características do seu
grupo.
O professor coordenador pode também dar devolutivas a partir de
outras ações, como no planejamento semanal das aulas, no projeto ou
sequência didática realizada pelos professores etc.
Segundo Carvalho et al (2006), o coordenador pode fazer comentários
elogiando e propondo sugestões de atividades, no caso do
planejamento, ou realizar boas problematizações nas reflexões dos
professores.
13. Dicas importantes para o feedback:
Estabeleça uma relação de confiança para
diminuir as barreiras entre você e os
gestores;
Aprenda a ouvir e a receber, sem reações
emocionais intensas, análises críticas dos
observados. Conduza de maneira que eles
procedam da mesma forma;
Seja habilidoso(a) ao falar. Não use palavras
de duplo sentido que possam provocar ruído
na comunicação. Uma estratégia
interessante é, após a conversa, retomar os
pontos principais evidenciados e os
combinados.