O relatório finaliza uma pesquisa sobre a juventude paulista em 2020, analisando tendências demográficas, de saúde, educação, trabalho, segurança e participação política e social dos jovens. A pesquisa utilizou dados estatísticos de 1998 a 2008 para projetar cenários futuros, considerando jovens com idades entre 15 e 29 anos. O relatório apresenta análises sobre cada dimensão com indicadores socioeconômicos dos jovens em São Paulo.
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Pesquisa jovem paulista 2020 relatório final
1. COORDENADORIA ESTADUAL DE JUVENTUDE
SECRETARIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS
PESQUISA JOVEM PAULISTA 2020
RELATÓRIO FINAL
SÃO PAULO
JUNHO/2010
2.
3. ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO _____________________________________________________ 1
2. DEMOGRAFIA ____________________________________________________ 11
2.1. MIGRAÇÃO _____________________________________________________ 11
2.2. FECUNDIDADE ___________________________________________________ 14
2.3. MORTALIDADE __________________________________________________ 18
2.4. CENÁRIOS FUTUROS DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO _____________________ 22
3. VIDA E FAMÍLIA __________________________________________________ 28
3.1. MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS FAMILIARES ____________________________ 30
3.1.1. Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho ________________________ 30
3.1.2. Participação da Mulher no Grupo Familiar _________________________ 31
3.1.3. Arranjos Familiares Completos ___________________________________ 41
3.2. CONCLUSÃO ____________________________________________________ 45
4. SAÚDE____________________________________________________________ 48
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA SAÚDE DOS JOVENS _____________________________ 49
4.1.1. Nutrição e Obesidade ___________________________________________ 49
4.1.2. Consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas___________________________ 59
4.1.3. Saúde sexual e reprodutiva_______________________________________ 70
4.2. COMPOSIÇÃO DA DEMANDA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ____________________ 77
4.2.1. Demanda por serviços públicos de saúde ___________________________ 78
4.2.2. Demanda por planos de saúde privados ____________________________ 84
4.3. COMPOSIÇÃO DE OFERTA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE ______________________ 86
4.4. CENÁRIOS PARA 2020 _____________________________________________ 89
4.5. CONCLUSÃO ____________________________________________________ 95
5. EDUCAÇÃO ______________________________________________________ 100
5.1. ENSINO FUNDAMENTAL___________________________________________ 101
4. 5.2. ENSINO MÉDIO _________________________________________________ 109
5.3. ENSINO SUPERIOR _______________________________________________ 114
5.4. EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS POR SEGMENTO _____________________ 116
5.5. ENSINO PROFISSIONAL – TÉCNICO___________________________________ 118
5.6. CENÁRIO PARA 2020 _____________________________________________ 119
6. TRABALHO E RENDA ____________________________________________ 121
6.1. OCUPAÇÕES E SALÁRIOS DOS JOVENS ________________________________ 122
6.2. EVOLUÇÃO E PROJEÇÃO DA RENDA E TRABALHO _______________________ 125
6.3. CARTEIRA ASSINADA ____________________________________________ 129
6.3.1. Por gênero __________________________________________________ 129
6.3.2. Por faixa de idade_____________________________________________ 130
6.3.3. Por escolaridade______________________________________________ 131
6.4. EMPREENDEDORISMO ____________________________________________ 133
6.4.1. Por gênero __________________________________________________ 133
6.4.2. Por idade ___________________________________________________ 134
6.4.3. Por Escolaridade _____________________________________________ 135
6.5. EMPREGABILIDADE ______________________________________________ 136
6.5.1. Por gênero __________________________________________________ 136
6.5.2. Por idade ___________________________________________________ 137
6.5.3. Por escolaridade______________________________________________ 139
6.6. TAXA DE DESEMPREGO ___________________________________________ 140
6.6.1. Por gênero __________________________________________________ 140
6.6.2. Por idade ___________________________________________________ 141
6.6.3. Por escolaridade______________________________________________ 142
6.7. HORAS TRABALHADAS ___________________________________________ 143
6.7.1. Por gênero __________________________________________________ 143
6.7.2. Por idade ___________________________________________________ 144
6.7.3. Por escolaridade______________________________________________ 145
5. 6.8. SALÁRIO-HORA DOS JOVENS_______________________________________ 146
6.8.1. Por gênero __________________________________________________ 146
6.8.2. Por idade e escolaridade _______________________________________ 147
6.9. CENÁRIO PARA 2020 _____________________________________________ 148
7. SEGURANÇA_____________________________________________________ 150
7.1. MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS ______________________________ 152
7.1.1. Homicídios __________________________________________________ 153
7.2. HOMICÍDIO NO ESTADO POR FAIXA ETÁRIA ___________________________ 157
7.2.1. Acidentes de Transporte ________________________________________ 159
7.2.2. Outras Modalidades de Crimes e Violência Escolar __________________ 161
7.3. CONTROLE DE CRIMES____________________________________________ 170
7.4. POPULAÇÃO CARCERÁRIA _________________________________________ 171
7.5. JOVENS PRIVADOS DE LIBERDADE___________________________________ 173
7.6. CENÁRIO 2020__________________________________________________ 175
8. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA, SOCIAL E CULTURAL _________________ 176
8.1. PARTICIPAÇÃO POLÍTICA __________________________________________ 177
8.1.1. Jovem como Eleitor ___________________________________________ 177
8.1.2. Opinião Pública ______________________________________________ 179
8.1.3. Jovem na Carreira Política _____________________________________ 180
8.2. PARTICIPAÇÃO SOCIAL E CULTURAL_________________________________ 183
8.2.1. Participação em Movimentos ____________________________________ 183
8.3. CONCLUSÃO ___________________________________________________ 186
6.
7. 1
1. INTRODUÇÃO
Quando a Secretaria de Relações Institucionais, por meio da Unidade de Programas para a
Juventude nos procurou para realizar uma pesquisa sobre o Jovem paulista em 2020, não
imaginávamos o desafio que tínhamos pela frente. Aceitar e desenvolver um trabalho com a
temática da juventude é tarefa complexa, que exigiu-nos conhecer o universo juvenil em
suas múltiplas dimensões, captar a diversidade do segmento jovem e analisar tendências
que nos permitisse traçar cenários para a juventude paulista em 2020, sem a pretensão de
prescrever recomendações e fazer previsões.
O primeiro passo foi iniciar o levantamento e consultar artigos, autores e pesquisas sobre o
tema juventude, pudemos constatar um número considerável de pesquisas que buscam
compreender diferentes questões relacionadas aos jovens como a sua relação com a escola,
com o trabalho, com a cultura, com a política, ou em relação à sexualidade, a violência etc.
Entretanto, antes de pensar nas questões que envolvem a juventude, foi importante entender
quem é o jovem e o que é ser jovem.
Seguindo o documento intitulado “As Diretrizes Estudo sobre Juventude Brasileira”
(Brasil, 1998) que definiu que a juventude corresponde à faixa etária entre 15 e 24 anos, ou
seja, dividia-se a categoria em duas faixas, a adolescência, de 15 a 19 anos e a juventude
propriamente dita, dos 20 aos 24 anos. Os Padrões Internacionais (2005), o Plano Nacional
de Juventude da Câmara dos Deputados e o Conselho Nacional da Juventude (2006)
estenderam a categoria juventude para os 29 anos, subdivididos em: jovem-adolescente, na
faixa etária dos 15 aos 17 anos, jovem-jovem, dos 18 aos 24 anos e jovem-adulto, dos 25
aos 29 anos.
Os jovens no Brasil totalizam 51 milhões de indivíduos, de 15 a 29 anos, representando
27% da população total. No Estado de São Paulo, temos 10,6 milhões de jovens, em 645
municípios, representando 24% da população total. .
As pesquisas e estudos demográficos sobre os jovens são recentes, a partir da década de
1990, que se intensifica o debate político e acadêmico sobre o tema da juventude
8. 2
(Camarano et al, 2004). Até então, as políticas que beneficiavam os jovens eram destinadas
a um público mais amplo, não existindo políticas específicas para a juventude. Programas e
políticas públicas percebiam os jovens como adolescentes ou como adultos, e não como um
segmento destacado da população. As primeiras ações de programas específicos destinados
aos jovens, sobretudo adolescentes, aparecem no interior da área da saúde, os jovens são o
foco dos problemas sociais como gravidez precoce, violência. Depois, as ações e projetos
dirigidos aos jovens seguem a lógica de responder ao aumento da violência nos centros
urbanos, colocando em destaque a criminalidade juvenil. A sociedade enxergava o jovem
sob dois ângulos, um como um segmento vulnerável, onde são vítimas, o desemprego é
maior entre os jovens, trabalham sob condições precárias, existe o subemprego juvenil,
sofrem com a violência, e por outro, são vistos como os responsáveis pela violência,
trazendo quase sempre uma visão negativa da juventude, associada aos problemas sociais e
temáticas complexas.
Sposito et al (2003) analisam os programas e ações federais observadas no período 1995-
2002, estabelecem a periodização em torno de quatro distintos modelos de políticas de
juventude: a) a ampliação da educação e o uso do tempo livre (entre 1950 e 1980); b) o
controle social de setores juvenis mobilizados (entre 1970 e 1985); c) o enfrentamento da
pobreza e a prevenção do delito (entre 1985 e 2000); e d) a inserção laboral de jovens
excluídos (entre 1990 e 2000).
A promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente - o denominado ECA- é um marco
para o estabelecimento das políticas e programas que vêem a infância, adolescentes como
sujeitos de direitos, visão que se estendeu para os jovens. Em 1993, a Lei Orgânica de
Assistência Social (LOAS) inclui os jovens como beneficiários, além dos adolescentes. E
mais recentemente, a pauta do trabalho e de desemprego é incorporada na agenda de
programas e ações para os jovens.
Conceituar o jovem não é apenas uma questão de faixa etária, ser jovem envolve a transição
para a vida adulta. O ciclo de vida das pessoas não segue mais uma trajetória linear, o inicio
9. 3
de uma etapa seguida do término da outra, marcada por eventos como primeiro emprego,
casamento, filhos, aposentadoria, morte (Madeira, 2006).
Os modelos tradicionais de passagem para a vida adulta sofreram profundas alterações, os
eventos que marcam a passagem estão ocorrendo mais tardiamente e de maneira
desconectada (Corrochano, 2008). Para muitos jovens, já existe a antecipação de
características que são próprias da vida adulta, tais como a inserção no mercado de
trabalho, o provimento parcial ou total do seu sustento e a constituição de família. Ao
mesmo tempo, certos jovens podem atingir a idade adulta sem terem assumido papéis a ela
associados: inserção no mercado de trabalho, autonomia financeira e constituição de
família. Em muitos casos, prolongam a sua permanência na escola e na casa dos pais. O
importante é entender a transitoriedade, como condição da juventude, que o caminhar para
a vida adulta é mais uma etapa dentro de uma sociedade que está em constante
transformação. (Camarano et al, 2004)
Os estudos mostraram que a pesquisa deveria olhar o Jovem em múltiplas dimensões, entre
estes, destacamos pesquisas que levantaram indicadores, com base em dados e estatísticas
públicas, para construção de índices que avaliam e comparam a situação dos jovens por
países, regiões, estados, municípios. O Índice de Desenvolvimento Juvenil- IDJ
apresentado no Relatório de desenvolvimento juvenil (Waiselfisz, 2007), trabalho que
focalizou a situação social e econômica dos jovens do Brasil por meio da constituição de
um indicador sintético do nível de vulnerabilidade juvenil, o índice é bastante semelhante
ao Índice de Desenvolvimento Humano IDH, porém adaptado às questões específicas da
juventude brasileira. Nesta mesma linha de pesquisa, foi elaborado o Índice de Bem Estar
da Juventude brasileira (Youth Well-Being Index-YWI), por pesquisadores Dell´Aglio et al
(2001) do Banco Mundial.
Estes estudos foram importantes para a definição das dimensões a serem abordadas, para o
levantamento e seleção dos indicadores da pesquisa para o segmento jovem da população
do Estado de São Paulo.
10. 4
O objetivo da pesquisa foi analisar as tendências dos aspectos e questões que envolvem os
jovens, para tanto buscou analisar o seu comportamento de modo a identificar os fatores
que vão influenciar sua situação em 2020, projetar a demanda e oferta de serviços, em sete
dimensões, divididas em capítulos: Demografia, Vida e Família, Saúde, Educação,
Trabalho e Renda, Segurança e Participação Política, Social e Cultural.
Metodologia
A metodologia utilizada consistiu na análise de estatísticas públicas e técnicas de coleta e
organização de dados.
As principais fontes de dados foram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), como censos (Censos Populacionais –1991 e 2000) e Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios (PNAD – de 1998 a 2008). Dados da Fundação Sistema
Estadual de Análises de Dados (Fundação Seade), por meio das projeções populacionais
dos municípios paulistas. Também foram utilizados dados da Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) e Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED)
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e dados do Ministério da Educação (MEC),
como Data Escola Brasil e Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP).
Os dados e informações relacionados a saúde e segurança dos jovens foram obtidos junto
ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), como:
Incidência de doenças, Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças
crônicas por inquérito telefônico, Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) e
Sistema de Informações Hospitalares do SUS. E também, junto ao Ministério da Justiça,
obtidos dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e Conselho
Nacional de Justiça.
Para complementar dados e informações para contextualizar os indicadores e a análise dos
mesmos, foi realizado levantamento de pesquisas, relatórios técnicos que pudessem
subsidiar o estudo da juventude.
11. 5
Dentre o levantamento realizado, utilizamos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do
Escolar (PeNSE) – 2009, que investiga diversos fatores de risco e proteção à saúde dos
adolescentes, junto aos escolares do 9º ano do ensino fundamental das 26 capitais estaduais
e do Distrito Federal.
A Pesquisa Juventude Brasileira e Democracia: Participação, Esferas e Políticas Públicas-
pesquisa realizada pelo Instituto Polis (2005), em parceria com o Ibase, também foi fonte
de dados para a pesquisa Jovem 2020, pois buscou ouvir diferentes jovens brasileiros(as),
de 15 a 24 anos de idade, e provocar o debate sobre as condições e perspectivas com
relação à educação, ao trabalho, à cultura e ao lazer e os limites e as possibilidades da sua
participação em atividades políticas, sociais e comunitárias.
Pesquisa Qualitativa
Foi desenvolvida pesquisa qualitativa junto a especialistas - pesquisadores, formadores de
opinião e gestores envolvidos em programas, projetos e organizações relacionadas com a
juventude paulista.
A pesquisa qualitativa teve duas etapas, a primeira para levantar e identificar as instituições
relacionadas com programas e projetos, e a segunda para a seleção dos entrevistados.
Foram levantadas 33 organizações e selecionados 18 entrevistados. As Figuras 1.1 e 1.2
mostram o mapeamento das instituições e a matriz dos entrevistados.
12. 6
Figura 1.1 – Etapas da pesquisa qualitativa
• Esfera pública
estadual e
municipal
• Terceiro Setor
Instituições
• Coordenadores
• Pesquisadores
• Gestores
• Figuras de
destaque
Pessoas
• 33 nomes
Matriz de
entrevistados
• 18 nomes
Perfil dos
Entrevistados
Figura 1.2 – Entrevistados por dimensão pesquisada
EducaçãoSaúde
Vida e famíliaTrabalho e Renda
Participação Política,
Social e Cultural
Fernando Lefèvre
(Prof. FSP/USP)
Albertina D. Takeuchi
(Saúde do Adolescente)
Segurança
Reynaldo Fernandes
(Prof. FEA/USP)
Wanda Engel
(Instituto Unibanco)
M. Alice Tide Setúbal
(Fund. Tide Setúbal)
Luanda Ap. Bonadio
(Formare)
Beth Callia
(Formare)
Renato Kiyama
(Artemisia)
Denis Mizne
(Sou da Paz)
Felícia Madeira
(Fund. SEADE)
Reinaldo Bugarelli
(Txai)
Demografia
Luciana Guimarães
(Cepam)
João Sayad
(Secretaria de Cultura)
Wagner A. Santos
(Cenpec)
M. do Carmo Brandt
(Cenpec)
Helena Abramo
(Secretaria Municipal
de Cultura)
Walter Feldman
(Secretaria de Esportes
do Município de SP)
Camila Barros
(Secret. de Educação)
Fonte: elaboração própria
13. 7
Utilizamos a técnica de entrevista em profundidade, que seguiu roteiro semi-estruturado,
com perguntas fechadas e abertas, e que permitiu ao entrevistado discorrer sobre o tema
sugerido de acordo com alguns tópicos selecionados a priori (Bailey, 1982).
O roteiro das entrevistas abordou os seguintes tópicos: as questões relevantes para as
relações com jovens – demografia, vida e família, saúde, educação, trabalho, segurança e
cultura; em seguida, o entrevistado analisava os fatores críticos para o desenvolvimento da
juventude paulista e por fim perguntava-se sobre os desafios e agenda para os próximos 10
anos. As análises e colocações dos especialistas foram fundamentais para o
desenvolvimento do estudo, no sentido de identificar as tendências, sobretudo, para
compreender o universo juvenil.
Para sistematizar o relato dos resultados da pesquisa, o presente estudo foi organizado em 8
capítulos. Em cada capitulo será detalhada a base de dados utilizada para a composição dos
indicadores para o comportamento, tendências e cenários. Os dados e indicadores referem-
se à população de jovens dos 15 aos 29 anos no Estado de São Paulo, entretanto, para
algumas variáveis foi empregada base de dados com outras faixas etárias (10 -14 anos) para
amostras nacionais, das regiões do país, capitais e regiões metropolitanas.
Esta introdução compõe o primeiro capítulo, apresentando notas conceituais sobre
juventude, e a metodologia utilizada. O segundo capítulo aborda a dinâmica demográfica,
apresentando as transformações no ritmo de crescimento e composição da população, por
idade e sexo, permitiu analisar as tendências e traçar os cenários que irão influenciar a
estrutura familiar, a saúde, a educação e o mercado de trabalho. A análise mostrou que a
mudança demográfica aconteceu mais rápido em São Paulo – atingiu o bônus demográfico
antes que os outros estados. A transição demográfica irá se acentuar mais nos próximos 10
anos, a população vai envelhecer e a participação da população jovem irá diminuir.
O terceiro capítulo aborda as relações do jovem com a família e aspectos da transição para
a vida adulta. As transformações sociais ocorridas nos últimos 20 anos vêm provocando
mudanças intensas na estrutura familiar paulista. A evolução específica dos padrões
demográficos com queda da fecundidade e da mortalidade, o aumento de separações e o
14. 8
avanço da expectativa de vida da população, juntamente com a inserção da mulher no
mercado de trabalho, tiveram impacto direto no modo de vida das famílias. O modelo
tradicional de família ainda será predominante, combina-se com novos arranjos familiares.
Ampliam-se as uniões, casamentos, divórcios, o número de pessoas que optam por residir
sozinhas. Também temos a postergação do casamento e da maternidade. A diminuição do
número de filhos, muitos optarão por não ter filhos.
O papel da mulher continuará se fortalecendo, como chefe de família, e ainda será maior a
sua participação no mercado de trabalho. Será a segunda e a terceira geração de mulheres
inseridas no mercado de trabalho. Entretanto, ainda não se atingiu a equidade de gênero.
O quarto capítulo aborda a Saúde, uma das principais dimensões que caracterizam o
comportamento do jovem e que vai influenciar a sua vida adulta. Lidar com a questão de
saúde passou a ser um tema mais complexo, pois estamos diante de uma sociedade que
enfrenta problemas de saúde que são provocados a partir de questões sociais, como a
pressão para a entrada no mercado de trabalho, a demanda por qualificação, somado a isso
os novos padrões demográficos, com o aumento da longevidade da população brasileira,
refletido no crescente número de pessoas idosas. A mudança nos padrões de
morbimortalidade, no estilo de vida e hábitos dos jovens exigirão atendimento diferenciado
pela rede de saúde pública. Ocorrerá um aumento na demanda de consultas médicas e o
consequente impacto nos seguros de saúde.
O quinto capítulo, Educação, o pilar fundamental para se pensar o desenvolvimento de uma
sociedade. Aborda a educação como instrumento de avanço econômico e social, ou seja, de
equalização de oportunidades e justiça social. A universalização do ensino fundamental,
mas não com a qualidade necessária, o alto índice de evasão dos jovens, que abandonam os
cursos antes de concluir, no ensino médio colocam em pauta a formação de competências
para o trabalho e apontam para a complexidade dos desafios da Educação para os jovens
em 2020.
O sexto capítulo Trabalho e Renda é um dos aspectos mais importantes da vida do cidadão,
refere-se ao seu posicionamento no mercado de trabalho. Para os indivíduos jovens, estas
15. 9
variáveis têm uma importância ainda mais destacada, pois os mesmos se encontram no
início da vida produtiva, e choques adversos neste estágio podem ter conseqüências
duradouras, perpetuando-se por todo o ciclo de vida. Os cenários mostraram avanços na
educação dos jovens, o aumento progressivo da escolaridade, e se a trajetória de
crescimento econômico continuar, aumentará a inserção dos jovens no mercado de
trabalho, em melhores empregos em especial os mais qualificados. Os jovens de 15 a 18
anos terão dificuldades para trabalhar, mas é preciso analisar a relação trabalho e educação,
o significado de emprego, desemprego para este segmento da juventude.
O sétimo capítulo Segurança aborda a tema da violência para o jovem, mostrando a
mortalidade no Estado por “causas externas” como o principal fator de risco para
juventude. Além das causas externas, existem outras modalidades, onde os jovens são tanto
vítimas como praticantes. Podem ser caracterizadas como violência contra a pessoa, a
econômica (que se refere aos danos causados ao patrimônio), contra os costumes (que
inclui o abuso sexual dos jovens), violência atípica (que inclui o suicídio) e a violência
causada via acidentes de transporte. As manifestações de violência em contextos e
condições diversas como nas escolas, nas vizinhanças, e até mesmo no ambiente familiar
têm uma participação significativa na vida dos jovens, e isso terá um impacto daqui a 10
anos. O índice de mortalidade por homicídios apresentou uma queda significativa no
Estado de São Paulo. Considerando que em 2020 o número de jovens será em menor
proporção, há uma tendência de queda constante na taxa de homicídio para os jovens no
Estado. Assim como os homicídios, as mortes por acidentes de transporte apresentam
trajetória de queda. Entretanto, esta trajetória é mais rápida para a população não-jovem.
Apesar da diminuição há alguns fatores cujo comportamento permanece: os jovens
continuam sendo vítimas em maior número. Os gastos públicos com segurança e justiça
deverão se manter altos na próxima década.
O oitavo capítulo Participação Política, Social e Cultural participação política surge como
tema a ser considerado pela juventude, pois do processo de tomada de decisões surgem
conseqüências positivas ou negativas o que exige dos indivíduos a conscientização crítica.
16. 10
Dalmo Dallari (1983) conceitua política como a conjugação das ações dos indivíduos e
grupos humanos, ou seja, como tudo que diz respeito às relações sociais, à realidade social
global, enfim à sociedade em geral, dirigindo-as a um fim comum. Este capítulo, olha para
o jovem como o grande agente potencial de transformação política e social, a história das
sociedades muitas vezes mostra que o jovem exerceu papel preponderante no contexto
social, principalmente nos movimentos sociais que marcaram épocas. O estudo apresentado
contextualiza a juventude brasileira, em especial o jovem paulista, com relação a sua
participação política como eleitor, candidato e agente ativo em movimentos sociais e
culturais.
Os cenários para os jovens apontam avanços em várias dimensões – educação, saúde,
trabalho e segurança. O Estado de São Paulo atingiu um patamar de desenvolvimento que
em muitas áreas o equipara a de países desenvolvidos. Entretanto, com estes avanços
aumenta a complexidade dos problemas e desafios para o futuro da juventude paulista.
Devemos reconhecer as limitações desta pesquisa, quanto a fonte de dados secundários,
pois depende da disponibilidade dos dados, que são estáticos e dificulta as projeções e
análise das tendências. Os indicadores apresentados não captam a heterogeneidade das
condições que afetam a juventude, seriam necessárias novas pesquisas para captar a
diversidade da juventude paulista e aprofundar as análises.
17. 11
2. DEMOGRAFIA
A estimativa do tamanho da população do Estado de São Paulo, divulgada pela Fundação
Seade, revela que em 2010 o número de habitantes é de aproximadamente 42 milhões.
Destes, 24% estão caracterizados como jovens da faixa etária dos 15 aos 29 anos. Neste
intervalo há uma concentração maior daqueles situados entre 25 a 29 anos, correspondendo
a 9% da população total.
O conhecimento do tamanho da população e sua composição, por idade e gênero, constitui
um instrumento fundamental para análise da sua tendência. A construção de cenários
demográficos futuros torna-se relevante e primordial para a orientação de políticas públicas
que necessitem quantificar o público de interesse, de acordo com as características da
população. Esses cenários representam simulações da tendência demográfica futura baseada
na análise de tendências históricas, no comportamento regional e em hipóteses de
comportamento futuro para os componentes do crescimento populacional.
Com o objetivo de elaborar estes cenários para a população jovem do Estado de São Paulo,
em 2020, utilizamos ferramentas estatísticas juntamente com os dados coletados do IBGE –
via censo – e indicadores calculados pela Fundação Seade.
O Estado de São Paulo, acompanhando uma tendência observada em todo o Brasil, está
passando por rápidas transformações em sua dinâmica demográfica. A análise de cada
componente demográfico – migração, fecundidade e mortalidade, considerou estes
elementos, até o presente, com os últimos recenseamentos populacionais realizados pelo
IBGE (1991 e 2000), e os indicadores demográficos produzidos pela Fundação Seade.
2.1. MIGRAÇÃO
Nos anos 90, com a abertura comercial e financeira, a política econômica vigente na época
provocou uma reestruturação da base produtiva. Os setores mais dinâmicos da economia
buscaram novos mercados e promoveram aumento na produtividade, implantando novas
estratégias de competitividade. As consequências desta liberalização vieram com a quebra
18. 12
de empresas, mudanças de padrões tecnológicos, alteração de modelos de gestão e
eliminação de empregos.
Esta década também se caracterizou como um período de grande movimento migratório
para o Estado de São Paulo. Estudos da SEADE revelam que entre 1986-1991, o Estado de
São Paulo recebeu 1,4 milhão de pessoas. Entretanto, este fenômeno não se sustentou no
período 1995-2000, quando o montante caiu para 1,2 milhão de pessoas, indicando redução
nos deslocamentos de 12%. Do total de pessoas que se deslocaram, as mulheres
apresentaram uma maior participação, 52% contra 48% dos homens.
Dentre os migrantes homens, 67,4% eram solteiros. Percentual bem próximo aos das
mulheres que era de 60,6%. Aproximadamente 78% destes migrantes concentravam-se
entre as idades potencialmente mais ativas (15-59 anos), o que relaciona a busca de
melhores oportunidades econômicas com os deslocamentos populacionais. Para ambos os
sexos, destaca-se a participação da população jovem nos deslocamentos populacionais para
São Paulo: 36,4% dos migrantes pertenciam à faixa entre 15 e 24 anos.
Para avaliar o impacto na dinâmica demográfica do Estado de São Paulo, consideramos as
estimativas do saldo migratório do estado (entrada menos saída de migrantes). Para isso
foram utilizadas as diferenças entre o crescimento da população e o saldo dos nascimentos
e óbitos – Sistema de Estatísticas Vitais (estes dados foram obtidos do IBGE e Fundação
Seade).
O saldo migratório disponibilizado pelo IBGE, por meio dos dois últimos censos (1991 e
2000), revela que o município de São Paulo deixou de ser o pólo atrativo da migração. Em
1991, já existia uma evasão populacional (-68.724 mil habitantes). Em 2000 houve uma
redução desta evasão (-50.824 mil habitantes), mas o saldo continua negativo.
A leitura do gráfico 2.1. revela que a RMSP teve um comportamento oposto. Esta região
que apresentava evasão populacional em 1991 passou a ser um pólo de migração em 2000.
As Regiões Administrativas do Estado também tornaram-se pólo atrativo de deslocamento.
A Região de Campinas teve um papel significativo neste evento. Entre os anos de 1991 e
19. 13
2000 houve um crescimento na migração de 23%. Em seguida, mas em menor proporção,
surgem as Regiões de Sorocaba, São José dos Campos e Santos.
Gráfico 2.1. - Saldo Migratório do Estado de São Paulo
Fonte: SEADE
Conforme já visto, a década de 90 se caracterizou como um período de grande movimento
migratório para o Estado de São Paulo. A taxa de migração passou de 1,9 migrantes por mil
habitantes em 1991, para 4,3 por mil em 2000. Esta recuperação migratória dificilmente
será alcançada novamente, quebrando o mito do Estado como um pólo de atração
migratória.
A Tabela 2.1 revela que o Estado de São Paulo foi um importante player nas
transformações econômico-sociais, destacando-se como o estado de maior atração
populacional do país até o ano 2000. Entretanto, pesquisas mais recentes revelam que a taxa
de migração está caindo consideravelmente e está ocorrendo evasão da população.
20. 14
Tabela 2.1. Taxa Líquida de Migração
Localidade 1991 2000
RM de Campinas NA 12,63
RA de Campinas 11 10,43
RM da Baixada Santista NA 9,75
RA de Santos 4,39 9,75
RA de Sorocaba 6,5 8,79
RA Central 10 7,07
RA de São José dos Campos 6,78 6,81
RA de Ribeirão Preto 9,36 6,45
RA de São José do Rio Preto 0,51 6,44
RA de Bauru 3,17 5,52
RA de Franca 6,14 5,36
RA de Marília -3,4 1,98
RMSP -1,79 1,47
RA de Registro -5,76 1,17
RA de Barretos 8,65 0,32
RA de Araçatuba -2,27 -0,21
RA de Presidente Prudente -8,23 -3,53
Município de São Paulo -7,6 -5,07
Total do Estado de São Paulo 1,9 4,31
Fonte: SEADE
Segundo a Fundação Seade, no horizonte de 2020, teríamos uma taxa de 1,6 migrantes por
ano por mil habitantes no Estado de São Paulo, representando uma queda de 62%.
2.2. FECUNDIDADE
A metodologia do uso combinado de estatísticas do Registro Civil associada à aplicação da
Declaração dos Nascidos Vivos, desenvolvida pela SEADE, apresenta vantagem sobre a
metodologia usando dados censitários.1
1
Uma dela é a possibilidade de obtenção de dados de fecundidade de forma direta e anual, o que não pode ser
obtido com dados do censo divulgados pelo IBGE uma vez que são decenais. Outra vantagem é em relação
PNAD, que apesar de serem dados anuais não permite a desagregação para áreaa menores.
21. 15
Os dados de nascimento disponibilizados permitem que seja calculada a taxa de
fecundidade desagregada para áreas menores, como regiões administrativas ou municípios.
Estas informações, combinadas com as informações dos censos projetados pelo IBGE,
permitiram a criação de um indicador confiável.
A fecundidade das mulheres paulistanas vem decrescendo desde a década de 1960. Para
analisarmos este comportamento e sua tendência, utilizamos como instrumento a Taxa de
Fecundidade Total – TFT, indicador que mede a intensidade de fecundidade a que as
mulheres estão sujeitas em cada grupo etário do período reprodutivo (de 15 a 49 anos de
idade). Ou seja, a TFT considera o número médio de filhos nascidos vivos, tidos por
mulheres ao final do seu período reprodutivo, em determinado espaço geográfico.
Na década de 1990 a taxa de fecundidade estava estabilizada no estado em 2,3 filhos por
mulher. Esta tendência de queda teve sua continuidade com o ano de 2000 apresentando
uma diminuição para 2,1 filhos. Em 2002 este patamar caiu para 1,84 filhos por mulher,
conforme gráfico 2.
Gráfico 2.2. - Evolução da TFT no Estado de São Paulo
Dados: IBGE e SEADE
1.77
1.82
1.87
1.92
1.97
2.02
2.07
2.12
2.17
2.22
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
22. 16
A literatura econômica sugere que não há um fator socioeconômico isolado que explica esta
queda na fecundidade, dado que esta queda ocorreu tanto em regiões ricas como em regiões
pobres. A queda da fecundidade foi tão rápida e brusca que ficou difícil explicar via
fenômeno desenvolvimento econômico. Isso porque a correlação entre desenvolvimento e
nível de fecundidade não é elevada, não explicando, portanto, a queda na taxa de
fecundidade.
Estas mudanças nos níveis de fecundidade vêm acompanhadas por alterações na estrutura
dos grupos etários, principalmente nas mulheres com mais de 30 anos. O gráfico 3.3 mostra
a evolução nos níveis de fecundidade no Estado de São Paulo por idade da mulher. A
redução no nível médio de filhos por mulher ocorreu em todas as faixas etárias, mas mais
especificamente nas mulheres com mais de 30 anos.
No período de 1960 a 2002 houve redução em todas as faixas, com exceção do grupo dos
15 aos 19 anos. Para este conjunto houve uma queda no período 1960-1980, mas depois se
manteve constante, com aproximadamente 70 filhos para cada mil jovens e somente passou
a mostrar sinais de redução em 2000. Na faixa dos 20 a 24 anos apresentava 188
nascimentos em 1980, mas em 2002 apresenta uma faixa de 104 nascimentos, uma queda
de 45%. Nas faixas etárias seguintes a variação chegou a atingir 60%. Dos 35 aos 39 anos a
queda foi ainda maior, 70%. Para as mulheres situadas nos grupos 40-44 e 45-49, a
fecundidade diminui consideravelmente. Para o primeiro grupo a fecundidade é de menos
de 10 filhos para cada mil mulheres, enquanto no segundo é de menos de um filho.
23. 17
Gráfico 2.3. - Taxa de fecundidade por idade da mãe
Fonte: SEADE.
A análise do comportamento da Taxa de Fecundidade Total – TFT, no Estado de São
Paulo, serve como insumo para as projeções na estrutura da fecundidade até 2020. Dados
projetados pela Fundação Seade revelam que há uma tendência de que o comportamento da
taxa de fecundidade será baixo e estável. A instituição projeta um nível de fecundidade de
1,36 filhos para cada mulher em 2020. O gráfico 2.4 mostra esta tendência.
24. 18
Gráfico 2.4. - Projeção da TFT para o Estado de São Paulo
1,3
1,5
1,7
1,9
2,1
2,3
1991 1995 2000 2005 2010 2015 2020
Fonte: SEADE.
2.3. MORTALIDADE
Para analisarmos a tendência de esperança de vida no Estado de São Paulo utilizamos como
ferramenta dados da expectativa de vida, disponibilizados pela SEADE e as Tábuas
Completas de Mortalidade da população do IBGE. Este último descreve a incidência da
mortalidade ao longo das idades e taxa de mortalidade ou probabilidades de morte entre
duas idades exatas.
Quando observamos os dados em relação à esperança de vida no Estado de São Paulo no
período 1991 a 2001, observamos um ganho importante de ano de vida média (Tabela 2.2).
Houve um incremento substancial de anos de vida nos últimos 10 anos. Para os homens
este crescimento foi de 2,25 anos, superior ao das mulheres que foi de 1,89, embora a
expectativa de vida das mulheres seja superior em relação aos homens. A diferença da
25. 19
esperança de vida entre homens e mulheres vem caindo lentamente ao longo dos anos. Em
2007 esta diferença era de 8,44 anos contra 8,90 há 10 anos (1997).
Tabela 2. 2. Expectativa de Vida no Estado de São Paulo
Homens Mulheres Diferença entre os
sexos e0 (fem.) – e0
(masc.)e0 Incremento e0 Incremento
1991 65,11 74,20 9,05
1992 65,41 74,44 9,03
1993 65,72 74,73 9,01
1994 66,04 75,02 8,98
1995 66,35 1,24 75,30 1,14 8,95
1996 66,66 75,58 8,92
1997 66,96 75,86 8,90
1998 67,26 76,13 8,87
1999 67,56 76,40 8,84
2000 67,86 1,51 76,66 1,36 8,80
2001 68,19 76,90 8,75
2002 68,19 76,90 8,75
2003 68,52 77,20 8,70
2004 69,17 77,80 8,60
2005 69,49 78,00 8,54
2006 69,80 78,30 8,49
2007 70,11 2,25 78,60 1,89 8,44
Fonte: SEADE e IBGE.
Uma das explicações para este comportamento foram as intervenções governamentais na
área da saúde, com ênfase na rede de serviços básicos, de atendimento médico-sanitário, da
cobertura de vacinas etc. Estas ferramentas trouxeram ganhos visíveis com os indicadores
de saúde. Este novo comportamento interferiu, de forma direta, na diminuição das taxas de
mortalidade infanto-juvenil e adulta e no aumento da esperança de vida.
Os últimos Censos divulgados pelo IBGE revelam que, dentre as Regiões Administrativas
do Estado, Sorocaba apresentou o maior incremento em anos de vida, 2,81, seguida por
Marília, 2,52, e São José do Rio Preto, 2,14. Pelo último censo, somente a expectativa de
vida da região de Santos está abaixo dos 70 anos.
26. 20
Tabela 2.3. Expectativa de Vida por Região Administrativa
Localidade 1991 2000 Incremento
RMSP 68,03 70,29 2,26
RA de Registro 68,24 70,46 2,22
RA de Santos 67,17 68,76 1,59
RA de São José dos Campos 68,84 70,62 1,78
RA de Sorocaba 67,91 70,72 2,81
RA de Campinas 70,00 71,87 1,87
RA de Ribeirão Preto 70,26 71,76 1,50
RA de Bauru 70,05 71,67 1,62
RA de São José do Rio Preto 71,33 73,47 2,14
RA de Araçatuba 71,09 73,12 2,03
RA de Presidente Prudente 71,59 73,01 1,42
RA de Marília 70,11 72,63 2,52
RA Central 70,89 72,56 1,67
RA de Barretos 69,86 71,75 1,89
RA de Franca 70,57 72,68 2,11
Total do Estado de São Paulo 68,85 70,98 2,13
O aumento inferior na esperança de vida masculina em relação à feminina é resultado do
diferencial de tendência da mortalidade. Enquanto a mortalidade para as mulheres segue
uma tendência estável em praticamente todas as idades, para os homens os ganhos obtidos
com a redução da mortalidade infanto-juvenil foram parcialmente anulados pelo forte
aumento da mortalidade dos jovens dos 13 aos 23 anos. Ao longo dos anos observamos
uma redução na diferença entre a esperança de vida feminina e masculina. Entretanto, este
diferencial ainda é significativo – passando de 9,05 anos em 1991 para 8,44 anos em 2007.
A origem da concentração das diferenças entre os adultos jovens fica mais nítida quando se
observam as tendências dos riscos de morte em cada faixa etária, tanto para a população
masculina como para a feminina, no período 1998-2008. Foram representadas nos gráficos
3.5. e 3.6. – as probabilidades de morte q(x) masculinas e femininas para as faixas etárias
de interesse – dados extraídos das Tábuas Completas de Mortalidade do IBGE.
No conjunto de curvas representadas no gráfico abaixo é possível observar uma mudança
no padrão etário da mortalidade masculina nas faixas etárias dos 13 aos 23 anos, se
27. 21
estabilizando para as faixas mais elevadas. Já a população feminina apresenta um padrão
constante ao longo dos anos.
Gráfico 2.5. – Probabilidade de Morte q(x) para Homens
no Estado de São Paulo – 1998-2008
Fonte: IBGE
28. 22
Gráfico 2.6. – Probabilidade de Morte q(x) para Mulheres
no Estado de São Paulo – 1998-2008
Fonte: IBGE
A análise dos dados do Datasus revela que a principal causa da morte dos jovens é dado por
“causas externas”. Nesta modalidade estão concentradas os óbitos por homicídio, acidentes
de transportes e suicídio. Este assunto será tratado mais detalhadamente no capítulo de
violência.
Por fim, a Fundação SEADE, projetou, via dados de probabilidade de morte do IBGE, a
expectativa de sobrevivência da população do Estado de São Paulo. A evolução futura da
esperança de vida, até 2020, considerou que a população feminina viveria 80,33 e a
masculina 72,25.
2.4. CENÁRIOS FUTUROS DA POPULAÇÃO DE SÃO PAULO
A população residente no Estado de São Paulo era de 36.974.378 pessoas, na data do Censo
Demográfico de 2000 (IBGE), concentrando 22% da população brasileira. A estimativa
para o ano de 2010 é de que esta taxa continue representando a mesma proporção.
29. 23
O ritmo de crescimento estimado para a última década é de apenas 1,3% ao ano, percentual
bem inferior ao apresentado nas décadas anteriores. Para 2020, a trajetória de crescimento
segue um comportamento de contínua queda. Isso demonstra que a população do Estado de
São Paulo está se concentrando nas camadas mais velhas, elevando a taxa líquida de velhos
para jovens.
Gráfico 2.7. - Crescimento Populacional do Estado de São Paulo
Fonte: SEADE.
Os resultados dos censos e a projeção da população permitem constatar que, nesse
momento, o Brasil e os estados seguem a mesma tendência, a população alcança bônus
demográfico favorável ao crescimento econômico. Isso revela que o número de pessoas
com idades potencialmente ativas está em pleno processo de ascensão, e a razão de
dependência total da população vem declinando em consequência da diminuição do peso
das crianças de 0 a 14 anos sobre a população de 15 a 64 anos de idade.
30. 24
Além disso, a população com idades de ingresso no mercado de trabalho (15 a 24 anos)
passa pelo máximo de 6 milhões de pessoas, contingente que tende a diminuir nos
próximos anos. A projeção para a população paulista para o ano de 2010 revela uma
concentração maior de pessoas nas faixas de idade 25 a 29 e 30 a 34 anos.
Gráfico 2.8. - Projeção da População no Estado de São Paulo em 2010
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
00 a 04
05 a 09
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
55 a 59
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 e mais
Homem Mulher
Fonte: SEADE e IBGE
O bônus demográfico é resultado da tendência de continuada queda nos níveis de
fecundidade, aumento na expectativa de vida ao nascer e redução nas taxas de migração. O
comportamento conjunto destas variáveis deverá resultar em um processo de desaceleração
no crescimento populacional. Isso provoca uma alteração na estrutura etária e no ritmo de
crescimento dos diversos segmentos populacionais do estado.
A análise da composição da pirâmide etária projetada para daqui a 10 anos revela uma
população predominantemente adulta, em pleno processo de envelhecimento.
31. 25
A população idosa, representada pelo contingente com idade superior a 65 anos, é a parcela
que mais aumentará nos próximos anos. Para 2020 o crescimento da população situada na
faixa dos 65 a 69 anos é de 64%. A segunda parcela que mais crescerá é a população de 70
a 74 anos, 53%. Seu crescimento deverá ser de 6% ao ano, nos próximos 10 anos. Esta
faixa concentrará 3% da população paulista e deverá atingir 1.312 mil pessoas. Neste grupo
as mulheres também serão maioria, mas a razão entre os sexos não será tão diferenciada:
1,3 mulheres para cada homem.
A população adulta, entre 35 e 39 anos, será a parcela a apresentar o maior volume: 3.764
mil pessoas, concentrando 8% da população total residente no Estado de São Paulo. Nesse
grupo, deverá existir um equilíbrio populacional entre os dois sexos, com um homem para
cada mulher. A taxa média de crescimento esperado para os próximos 10 anos deverá ser de
1,6% ao ano, aproximando-se mais do ritmo de crescimento do total da população (1%).
O contingente populacional com menos de 34 anos deverá apresentar aproximadamente, o
mesmo volume até 2020, apresentando taxas médias de crescimento negativas de 5%.
Também, neste grupo, o equilíbrio entre a população para ambos os sexos será: uma mulher
para cada homem.
O envelhecimento populacional fica mais explícito ao se comparar a evolução da idade
mediana da população paulista. No ano 2010, a divisão populacional em volumes iguais
está concentrada nas faixas de idade de 25 a 29 anos e 30 a 34 anos. Já em 2020, esse
coorte deverá ser registrado na idade de 35 a 39 anos. Outro dado interessante, que
confirma as alterações na estrutura etária, é relativo ao grupo etário de maior destaque em
volume. Em 2010, esse grupo é de 25 a 29 anos, enquanto em 2020 esse destaque deverá
ficar com a parcela populacional com idades entre 35 e 39 anos, que representa justamente
o grupo etário de 25 a 29 anos, 10 anos depois.
O grupo jovem, com idades entre 15 e 29 anos, deverá ser composto por 9.997 mil pessoas
em 2020, volume bastante semelhante ao registrado em 2010, que é de 10.508 mil. Esse
comportamento deverá manter estável a pressão por novos empregos, no futuro.
32. 26
A maior queda de crescimento populacional estará concentrada nos jovens dos 25 aos 29
anos, 11% em 10 anos, passando de 9% para 7% no total da população.
A população que se encontra na faixa dos 20 aos 24 anos deverá ser composta por 3.339
mil pessoas em 2020, volume bastante semelhante ao projetado para 2010, que é de 3.498
mil pessoas. Este grupo diminui a sua participação na composição da pirâmide de 8% em
2010 para 7% em 2020.
Os jovens na faixa etária dos 15 aos 19 anos deverão contar com 3.316 mil pessoas em
2020, um crescimento de 0,15% ao ano.
Já a população menor de 15 anos, em 2020, deverá permanecer praticamente inalterada. O
contingente populacional situado na faixa dos 10 a 14 anos diminuirá 3% em 2020 em
relação a 2010 e sua participação no total da população passará de 8% em 2010 para 7% em
2020. A população jovem da faixa etária dos 20 aos 24 anos diminui a sua participação na
composição da pirâmide de 8% em 2010 para 7% em 2020.
Gráfico 2.9. - Projeção da População no Estado de São Paulo em 2020
10 8 6 4 2 0 2 4 6 8 10
00 a 04
05 a 09
10 a 14
15 a 19
20 a 24
25 a 29
30 a 34
35 a 39
40 a 44
45 a 49
50 a 54
60 a 64
65 a 69
70 a 74
75 e mais
Homem Mulher
55 a 59
Fonte: SEADE e IBGE.
33. 27
Esse comportamento demográfico apresentado para o Estado de São Paulo permite dizer
que, no futuro, não há tendência de aumento da pressão resultante na área de educação.
Neste sentido há uma garantia da cobertura da população com idade regular para cursar o
ensino fundamental, poderá trabalhar com uma perspectiva segura de manutenção dos
níveis de demandas em um patamar estável e constante.
Entretanto, o aproveitamento desta janela demográfica proporcionaria o dinamismo e o
crescimento econômico, se essas pessoas fossem preparadas em termos educacionais e de
qualificação profissional para um mercado de trabalho que será cada vez mais competitivo.
A área de saúde infantil também contará com volumes uniformes nos próximos 10 anos,
auxiliando no planejamento de serviços especiais para essa população infantil, como o
dimensionamento estável de doses de vacina e serviços de saúde para a população infantil.
As análises realizadas decorrem de projeções que guardam implícitas em seus resultados
hipóteses de comportamento esperado para os componentes demográficos.
34. 28
3. VIDA E FAMÍLIA
O estudo do cenário ao qual o jovem paulista está inserido envolve diversas dimensões que
vão muito além das áreas de educação, saúde, trabalho e segurança. Tais dimensões
constituem os pilares de incorporação do jovem na sociedade e o contexto pelo qual o
jovem se relaciona com esta. Assim, a família se apresenta como grupo social primário
possuindo funções específicas no desenvolvimento de crianças e jovens. Podem-se destacar
entre estas funções as relacionadas com o desenvolvimento das capacidades mentais e
sociais, tanto como físicas e emocionais, perspectivando o desenvolvimento saudável desta
parcela da população.
Inicialmente, um dos principais problemas que afligem os jovens é a inserção no mercado
de trabalho, uma vez que cada vez mais há o sentimento por parte da juventude de que a
sua importância como ser social passa pela afirmação profissional. A busca por emprego,
escolha de área profissional, salário, instabilidade profissional, ambiente competitivo do
mercado, dentre outros, são fatores conflitantes nesta fase da vida. Além disso, numa
sociedade, que ainda carrega em si certo grau de conservadorismo, porém cada vez mais
dinâmica, as mudanças de valores geram resistências e conflitos, que influenciam
principalmente a faixa etária jovem da população. Portanto, a problemática do jovem não
apenas envolve sua individualidade, mas também o seu relacionamento com a família e a
sociedade. Além disso, pressões sociais, famílias desestruturadas e insegurança pública
contaminam o ambiente onde o jovem está inserido.
Na década de 1990, estudos apontaram que o modelo de família baseado no chefe homem
provedor mostrava-se em transformação. Dentre os motivos, podem-se destacar as
conjunturas econômicas desfavoráveis e a crescente precarização do mercado de trabalho.
Assim, a sobrevivência e/ou manutenção do padrão de vida da família passou a depender
cada vez mais de um esforço familiar coletivo, havendo maior divisão entre seus membros
para a composição da renda familiar.
35. 29
Com isso, investigar a inserção feminina no mercado de trabalho tomando por base a
família implica ter em mente que as mudanças registradas nos padrões demográficos (queda
da fecundidade e da mortalidade, aumento de separações e o avanço da expectativa de vida
da população) afetam diretamente o modo de vida das famílias. Tais mudanças impactam
na redução do número médio de filhos e do tamanho médio das famílias, bem como na
alteração do perfil etário de seus componentes. Estudos também têm identificado mudanças
na configuração típica das famílias, com a redução das organizações familiares formadas
por casal com filhos onde o homem é o chefe da família, isto é, a típica família nuclear que,
no entanto, continua predominante.
Neste capítulo, inicialmente são apresentadas as mudanças nas estruturas familiares,
destacando-se a inserção da mulher no mercado de trabalho e sua posição no núcleo
familiar. Por fim, é apresentada a conclusão, com os principais resultados encontrados.
Dentre as bases de dados utilizadas neste capítulo, menciona-se a Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD), que investiga diversas características socioeconômicas,
como as características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação.
Foram usados os dados para os anos de 2001 a 2008, com relação às características das
famílias. Além desta base, também foram utilizadas a Relação Anual de Informações
Sociais (RAIS) e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). As
informações contidas nestes bancos de dados são fornecidas anualmente por todos os
estabelecimentos (públicos e privados) operando no país e incluem uma grande quantidade
de informações sobre o perfil socioeconômico dos respectivos empregados. Com relação
aos dados sobre casamentos, utilizou-se a base da Fundação Sistema Estadual de Análise de
Dados (SEADE).
Assim, mais importante do que aprofundar-se nas diferenças entre homens e mulheres no
mercado de trabalho, é destacar o principal objetivo deste capítulo, mostrando os efeitos
resultantes das recentes transformações sociais na estrutura familiar no Estado de São
Paulo.
36. 30
3.1. MUDANÇAS NAS ESTRUTURAS FAMILIARES
A vida familiar vem sendo afetada não apenas pela redução da fecundidade e da
mortalidade, mas também pelos processos econômicos e a inserção das mulheres no
mercado de trabalho. Antes de se analisar as mudanças nas estruturas familiares, é
importante introduzir tal fenômeno socioeconômico de inserção da mulher no mercado de
trabalho.
3.1.1. Inserção da Mulher no Mercado de Trabalho
As recentes transformações sociais ainda não redefiniram as relações de gênero no âmbito
das responsabilidades domésticas. O crescimento da participação da mulher no mercado de
trabalho vem submetendo as trabalhadoras a uma dupla jornada. Assim, entender as
peculiaridades do mercado de trabalho na perspectiva de gênero é fundamental para
subsidiar a construção de políticas públicas eficazes de redução das desigualdades entre
sexos e da inserção de uma nova geração no mercado de trabalho, em que a participação
feminina é cada vez maior.
A participação da mulher no mercado de trabalho além de crescente é ainda maior quando
se restringe a análise para os jovens abaixo de 30 anos (gráfico 3.1.). Tal participação em
2009 é de 40,9% no total do mercado de trabalho e 42,1% para o grupo até 30 anos de
idade, chegando a 44,5% e 46,7%, respectivamente, segundo projeção para 2020.
37. 31
Gráfico 3.1. – Participação Feminina no Mercado de Trabalho
Obs.: cores mais claras (a partir de 2010) indicam projeção para o respectivo ano.
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS/2001-2008 e CAGED/2009.
Esta maior participação da mulher entre os jovens até 30 anos, com relação ao total do
mercado de trabalho, impacta numa tendência de maior participação feminina no futuro
para as faixas etárias acima de 30 anos, visto que, por exemplo, a geração entre 20 e 30
anos hoje pertencerá à faixa entre 30 e 40 anos em 2020.
3.1.2. Participação da Mulher no Grupo Familiar
A relação entre trabalho e família e interferência do mercado de trabalho na organização da
família alteram as relações de gênero e de geração em seu interior, afetando a distribuição
interna de poder e a divisão do trabalho entre os diferentes membros do grupo familiar.
Apesar de demograficamente as mulheres corresponderem em média a 51,6% da população
do Estado de São Paulo, elas ainda são minoria da posição de chefe de família. Entretanto,
38. 32
tal participação vem crescendo ano após ano, sendo de 35,2% em 2008, podendo atingir um
patamar de 44,9% em 2020. (Gráfico 3.2.)
Gráfico 3.2. – Participação Feminina na População e como Chefe de Família
0%
10%
20%
30%
40%
50%
Proporçãode mulheres
napopulação
Proporçãode mulheres
chefesde família
Obs.: cores mais claras (a partir de 2009) indicam projeção para o respectivo ano.
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
Este comportamento crescente da participação das mulheres como chefe de família nos
lares paulistas não se observa para todas as faixas etárias. Como pode se observar na tabela
3.1., a distribuição dos chefes de família por faixa etária: o grupo até 19 anos representa
apenas 0,8% das famílias e a faixa acima de 30 anos de idade corresponde a quase 87% das
famílias. Vale também mencionar que 64,8% dos chefes de família são homens.
39. 33
Tabela 3.1. – Distribuição dos Chefes de Família por Faixa Etária
Faixa Etária
Homens Mulheres Total
Quantidade % Quantidade % Quantidade %
até 19 anos 42.071 0,5 62.744 1,3 104.815 0,8
20 a 24 anos 344.175 3,9 237.748 5,0 581.923 4,3
25 a 29 anos 753.909 8,6 359.915 7,6 1.113.824 8,2
acima de 30 anos 7.635.833 87,0 4.098.682 86,1 11.734.515 86,7
Total 8.775.988 100,0 4.759.089 100,0 13.535.077 100,0
Fonte: PNAD/2008.
É importante frisar que a análise destas tendências deve levar em consideração a proporção
de cada uma destas faixas etárias na população. Para a faixa mais jovem da população (de
15 a 19 anos), na verdade, há uma tendência de queda da participação. Para a faixa seguinte
(de 20 a 24 anos), apesar de haver uma tendência de aumento da participação feminina, tal
tendência é menos intensa do que as tendências de alta para as faixas de 25 a 29 anos e
acima de 30 anos de idade.
40. 34
Gráfico 3.3. – Participação Feminina como Chefe de Família por Faixa Etária
20%
30%
40%
50%
60%
70%
até 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
acima de 30 anos
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
As últimas décadas vêm apontando para uma transformação na estrutura familiar. Muitas
mulheres jovens, por opção ou por contingência, vivem sozinhas e talvez nunca constituam
uma família. Ao contrário, aquelas que ainda jovens integram como cônjuges um núcleo
familiar também não têm garantia de que esta situação continue quando estiverem mais
velhas. Muitas continuarão com seus cônjuges na primeira união; enquanto outras passarão
pela experiência da dissolução da união e de um novo casamento; podendo ser ainda chefes
de família com filhos e sem parceiros. Neste contexto, o gráfico 3.4 apresenta as
características conjugais dos grupos familiares, segundo a respectiva chefia para chefes de
família até 30 anos de idade.
41. 35
Gráfico 3.4. – Distribuição dos Jovens Chefes de Família por Situação Conjugal
11,9%
24,7%
52,5%
10,8%
Mulher com cônjuge
Mulher sem cônjuge
Homem com cônjuge
Homem sem cônjuge
Fonte: PNAD/2008.
Ao se introduzir a situação conjugal dos jovens que são chefes de família, inicialmente
percebe-se que em sua maioria são homens com cônjuge. Os gráficos 3.5. e 3.6. apresentam
a evolução da situação conjugal por gênero.
42. 36
Gráfico 3.5. – Situação Conjugal das Mulheres Jovens Chefes de Família
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Mulher sem companheiro(a)
Mulher com companheiro
Mulher com companheira
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
43. 37
Gráfico 3.6. – Situação Conjugal dos Homens Jovens Chefes de Família
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Homem sem companheira(o)
Homem com companheira
Homem com companheiro
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
Como se pode observar, há uma tendência de aumento da proporção de mulheres com
companheiro e tendência oposta de mulheres sem companheiro. Quando comparado tal
cenário com o dos homens chefes de família até 30 anos de idade, há uma suave tendência
de queda da proporção de homens com companheira(o) e aumento da de homens sem
companheira. Vale mencionar o aparecimento de uma pequena proporção de casais do
mesmo sexo. Entretanto, não é clara uma tendência nesta parcela da população, visto que,
além do pequeno número relativo (0,5% para as mulheres e 0,25% para os homens), talvez
haja uma subestimação das declarações dos casais de mesmo sexo. Tal fato pode ser
decorrência da falta de reconhecimento oficial de uniões entre pessoas do mesmo sexo no
Brasil, que até o presente tem ocorrido apenas em algumas decisões judiciais.
44. 38
Considerando os casamentos oficiais registrados nos cartórios de registro civil do Estado de
São Paulo, primeiramente observa-se uma tendência de crescimento da taxa de
nupcialidade, atingindo 6,2 casamentos para cada mil habitantes. Apesar da projeção para
2020 apontar para uma taxa próxima às taxas da segunda metade da década de 1980, os
últimos anos indicam um aumento da ocorrência de segundos casamentos, que em 2008
representaram 14% das uniões legais para os homens e 11% para as mulheres.
Gráfico 3.7. – Evolução das Taxas de Casamentos Legais
Fonte: Elaboração própria com base em dados da SEADE.
Além disso, observa-se pela distribuição de casamentos em 2008 no Estado de São Paulo
(Tabela 3.2.) que, em média, os homens se casam com mulheres mais jovens, que é
evidenciado pelo fato de a idade média dos primeiros casamentos ser de 29 anos para os
homens e 27 anos para as mulheres. Estudos apontam para o adiamento da formalização
matrimonial que pode ser relacionado dentre outros fatores, a maior permanência na escola,
sobretudo para as mulheres, assim como a presença crescente delas no mercado de trabalho.
45. 39
Tabela 3.2. – Distribuição de Casamentos por Faixa Etária
Casamentos
Idade da Mulher
Até 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos Acima de 30 anos Total
Idade
do
Homem
Até 19 anos 4.445 2.159 442 143 7.189
20 a 24 anos 16.551 28.067 9.369 2.837 56.824
25 a 29 anos 6.313 28.796 32.578 11.278 78.965
Acima de 30 anos 1.906 11.298 29.573 69.899 112.676
Total 29.215 70.320 71.962 84.157 255.654
Fonte: Fundação Seade.
Ao se considerar a presença de filhos na família, observa-se que, independente do gênero,
as famílias com filhos são maioria dentre as em que o chefe de família tem até 29 anos.
Gráfico 3.8. – Distribuição dos Jovens Chefes de Família segundo a Presença de Filhos
25,3%
11,4%
34,5%
28,8%
Mulher com filhos
Mulher sem filhos
Homem com filhos
Homem sem filhos
Fonte: PNAD/2008.
Considerando as mulheres chefes de família, nota-se que a proporção de famílias com
filhos vem em tendência de queda, enquanto que as sem filhos vem aumentando. Assim,
projeta-se que em 2020, dentre as famílias, cujas chefes são mulheres, haverá uma
46. 40
proporção próxima entre as mulheres com e sem filhos. Tais tendências também são
observadas entre os homens chefes de família; entretanto, em 2013, projeta-se que as
famílias com chefes sem filhos ultrapassarão o número das com chefes com filhos. Em
2020, as projeções indicam que os homens chefes de família sem filhos devem chegar a
58,7% do total, com a proporção dos com filhos chegando a 41,3%.
Gráfico 3.9. – Proporção de Mulheres Jovens Chefes de Família com e sem Filhos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Mulher sem filhos
Mulher com filhos
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
47. 41
Gráfico 3.10. – Proporção de Homens Jovens Chefes de Família com e sem Filhos
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
Homem sem filhos
Homem com filhos
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
Vale mencionar a situação considerando toda a população. Neste caso, as tendências são
suavizadas: com 67% dos chefes de família com filhos e 33% dos chefes sem filhos para
2008, independente do gênero; e com projeção para 2020 indicando que, dentre as mulheres
chefes de família, 65% com filhos e 35% sem filhos, e dentre os homens, 55% e 45%,
respectivamente.
3.1.3. Arranjos Familiares Completos
Após apresentar as estruturas familiares por situação conjugal e pela presença de filhos
separadamente, apresenta-se agora a combinação de ambos os aspectos para a população,
caracterizando-se os arranjos familiares completos. Observa-se que a estrutura familiar
“tradicional”, com homem chefe de família e com cônjuge e filhos, corresponde a 5,5
48. 42
milhões de famílias num total de 13,5 milhões (41,2%). Já quando a mulher é a chefe de
família, a estrutura familiar de maior destaque é a sem cônjuge e com filhos (2,3 milhões),
correspondendo a 16,8% do total de famílias.
Tabela 3.3. – Distribuição dos Chefes de Família por Estrutura Familiar
Grupo Família
Chefe de Família
Homens % Mulheres % Total %
Jovens
(até 30
anos)
sem cônjuge e sem filhos 181.079 15,9 128.697 19,5 309.776 17,2
com cônjuge e com filhos 607.523 53,3 138.991 21,0 746.514 41,5
sem cônjuge e com filhos 13.177 1,2 316.777 48,0 329.954 18,3
com cônjuge e sem filhos 338.376 29,7 75.942 11,5 414.318 23,0
Total
sem cônjuge e sem filhos 929.817 10,6 1.229.282 25,8 2.159.099 16,0
com cônjuge e com filhos 5.576.863 63,5 911.917 19,2 6.488.780 47,9
sem cônjuge e com filhos 275.650 3,1 2.274.711 47,8 2.550.361 18,8
com cônjuge e sem filhos 1.993.658 22,7 343.179 7,2 2.336.837 17,3
Fonte: PNAD/2008.
Analisando-se esta distribuição dos chefes de família ao longo do tempo, é possível
observar um aumento da proporção de famílias com chefe sem cônjuge e filhos. O mesmo
ocorre para as famílias com cônjuge e sem filhos. O que corrobora para a conclusão
anterior sobre o aumento das famílias sem filhos, independente do gênero do chefe. Com
relação às famílias com filhos, primeiramente nota-se uma queda da proporção de chefes de
família com cônjuge. Entretanto, para os chefes de família sem cônjuge e com filhos, há
uma queda entre os jovens, enquanto que para a população como um todo, tal grupo
apresenta aumento. Vale ressaltar a mudança de tendência entre a década de 90 e após
2000, na população de jovens até 30 anos. A tendência de aumento da proporção de chefes
de família sem cônjuge e com filhos é quebrada no início dos anos 2000, passando a
apresentar um comportamento de queda.
49. 43
Gráfico 3.11. – Proporção dos Chefes de Família por Estrutura Familiar
13,4% 14,3% 17,3% 20,8% 19,7% 17,5%
23,0%
30,2%
14,9%
18,2%
18,8%
19,6%
14,4% 21,3%
18,3%
11,1%
60,1% 54,8% 47,9% 39,8% 54,1% 48,6% 41,5%
35,5%
11,6% 12,8% 16,0% 19,7%
11,8% 12,6%
17,2%
23,2%
1992 2001 2008 2020 1992 2001 2008 2020
População Jovens
sem cônjuge e sem filhos
com cônjuge e com filhos
sem cônjuge e com filhos
com cônjuge e sem filhos
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
Abrindo-se as proporções por gênero, percebem-se padrões diferentes entre homens e
mulheres. Enquanto que para os homens, a evolução das estruturas familiares é semelhante
entre os jovens e toda a população; para as mulheres, há exceção para o grupo de sem
cônjuge e sem filhos que tem tendências opostas. A evolução deste grupo na população
feminina é oposta à observada para as mulheres jovens e para os homens. Além disso,
independente do gênero, entre os jovens, é clara uma tendência de aumento da participação
deste grupo entre as famílias. Já para o grupo com cônjuge e com filhos, há uma tendência
de queda ao longo do período analisado, porém isto se deve basicamente as famílias com
chefes homens uma vez que as com chefes mulheres apontam para um aumento da
participação deste grupo. O comportamento de queda da participação do grupo de chefes de
família sem cônjuge e com filhos, mencionado anteriormente, pode agora ser detalhado. Tal
tendência deve-se a forte queda da participação deste grupo entre as mulheres chefes de
família. Por fim, para o grupo com cônjuge e sem filhos, há tendência de aumento da
50. 44
participação tanto para mulheres como para homens, independente da análise se restringir
aos jovens ou a toda a população.
Gráfico 3.12. – Proporção das Mulheres Chefes de Família por Estrutura Familiar
1,5% 3,2% 7,2% 10,1%
2,4% 4,2%
11,5%
22,9%
65,6% 60,4%
47,8% 38,8%
76,2% 68,9%
48,0% 22,6%
3,1% 9,5%
19,2%
26,1%
5,4%
11,2%
21,0%
30,4%
29,9% 26,9% 25,8% 25,1%
15,9% 15,7% 19,5%
24,1%
1992 2001 2008 2020 1992 2001 2008 2020
População Jovens
sem cônjuge e sem filhos
com cônjuge e com filhos
sem cônjuge e com filhos
com cônjuge e sem filhos
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
51. 45
Gráfico 3.13. – Proporção dos Homens Chefes de Família por Estrutura Familiar
16,4% 18,4%
22,7%
29,6%
23,5% 23,1%
29,7%
36,2%1,9%
2,6%
3,1%
4,1%
0,8% 1,2%
1,2%
1,6%
74,8% 71,5% 63,5% 51,0%
64,8% 64,4% 53,3% 39,8%
6,9% 7,6% 10,6%
15,3%
10,9% 11,3%
15,9%
22,5%
1992 2001 2008 2020 1992 2001 2008 2020
População Jovens
sem cônjuge e sem filhos
com cônjuge e com filhos
sem cônjuge e com filhos
com cônjuge e sem filhos
Fonte: Elaboração própria com base na PNAD.
3.2. CONCLUSÃO
O ambiente ao qual o jovem está inserido na sociedade é fundamental para o seu saudável
desenvolvimento. Áreas como saúde, educação, trabalho e segurança envolvem o jovem
durante sua vida. Entretanto, sob estas áreas, está o alicerce que provém estrutura para o
desenvolvimento do jovem na sociedade. Assim, destaca-se a família que dá o suporte da
problemática da juventude paulista.
As transformações sociais ocorridas nos últimos 20 anos vêm provocando mudanças
intensas na estrutura familiar paulista. A evolução específica dos padrões demográficos
com queda da fecundidade e da mortalidade, aumento de separações e o avanço da
expectativa de vida da população, juntamente com a inserção da mulher no mercado de
trabalho, teve impacto direto no modo de vida das famílias.
52. 46
Dado este cenário, este capítulo objetivou apresentar o perfil da família paulista, bem como
sua evolução e perspectivas. Dentre os principais resultados apresentados, pode-se destacar
os seguintes: primeiramente, a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho,
principalmente entre os jovens, saindo de 39% em 2001 e, segundo projeção, chegando a
47% em 2020. Tal percentual começa a se aproximar da proporção de mulheres na
população do Estado de São Paulo, que é um pouco acima dos 50%.
Tal movimento vem sendo acompanhado por uma crescente participação da mulher como
chefe de família. Projeta-se que em 2020, 45% das famílias paulistas serão chefiadas por
mulheres. Entretanto esta evolução não é homogênea entre as faixas etárias, podendo-se
destacar o maior crescimento nas faixas de 25 a 29 anos e acima dos 30 anos de idade;
sendo esta primeira faixa a com maior representatividade entre as jovens chefes de família.
Vale destacar, ainda, que, em média, os homens continuam casando-se com mulheres mais
jovens. No entanto, a idade média dos primeiros casamentos é de 29 anos para os homens e
27 anos para as mulheres. A tendência de aumento desta idade média é apontada por
diversos estudos pelo adiamento da formalização matrimonial, podendo ser relacionado
dentre outros fatores, pela maior permanência na escola, sobretudo para as mulheres, assim
como a presença crescente delas no mercado de trabalho.
Quando analisada a composição familiar, percebe-se que este aumento da participação da
mulher jovem como chefe de família dá-se por aumento da proporção de famílias em que a
mulher possui um cônjuge. Além disso, nota-se que as famílias em que estas mulheres não
possuem filhos também contribuem para este cenário. Analisando-se os arranjos familiares
em que o jovem é chefe de família, observa-se aumento da participação de famílias em que
o chefe vive sem cônjuge e sem filhos e com cônjuge e sem filhos, independente do gênero
deste chefe. Já para o grupo com cônjuge e com filhos, há queda da participação, devido
aos homens, visto que entre as mulheres a participação deste grupo vem aumentando. Por
fim, para o grupo sem cônjuge e com filhos, também há queda da proporção entre as
famílias, porém isto se deve à forte redução da participação deste grupo entre as mulheres
jovens chefes de família.
53. 47
Com isso, as análises e projeções foram concluídas, apresentando o perfil da família
paulista como alicerce para o desenvolvimento do jovem, visando à contextualização da
problemática da juventude.
54. 48
4. SAÚDE
O novo cenário socioeconômico brasileiro, com melhoria no acesso aos serviços de saúde e
saneamento, e aumento da escolaridade, vem influenciando sensivelmente a qualidade de
vida dos jovens. A redução dos níveis de mortalidade infanto-juvenil e o aumento de
longevidade da população têm impacto sobre os sistemas de saúde, educação e previdência
social, dentre outros. Este cenário traz grandes desafios ao Estado, principalmente no que
tange às políticas públicas destinadas à juventude.
Sendo a transição entre a infância e a vida adulta, a adolescência se caracteriza por
alterações em diversos níveis – físico, mental e social – e representa para o indivíduo um
processo de distanciamento de formas de comportamento e privilégios típicos da infância e
de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir os deveres e
papéis sociais do adulto. Assim, o jovem está inserido num contexto dinâmico de
transformações, e o atendimento de suas necessidades com relação à saúde envolve uma
gama complexa de dimensões.
Para o estudo da população jovem paulista, com relação à saúde, foram utilizadas diversas
bases de dados. Vale mencionar que inicialmente buscou-se trabalhar com as faixas etárias
de 10 a 14 anos, 15 a 19 anos, 20 a 24 anos e 25 a 29 anos, quando disponíveis. Assim, a
faixa de 10 a 20 anos de idade, utilizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como
fase de adolescência, foi expandida para abranger os jovens adultos até 29 anos de idade.
A principal fonte de dados usada foi o DATASUS, que se caracteriza pela coleta,
processamento e disseminação de informações sobre saúde. Assim, o DATASUS
disponibiliza informações que podem servir para subsidiar análises objetivas da situação
sanitária, tomadas de decisão baseadas em evidências e elaboração de programas de ações
de saúde. As bases do DATASUS estão distribuídas pelos seguintes grandes tópicos:
Indicadores de Saúde; Assistência à Saúde; Epidemiológicas e Morbidade; Rede
Assistencial; Estatísticas Vitais; Demográficas e Socioeconômicas; Inquéritos e Pesquisas;
e Saúde Suplementar. Além destas bases, merece destaque a Pesquisa Nacional por
55. 49
Amostra de Domicílios (PNAD), que investiga diversas características socioeconômicas,
como as características gerais da população, de educação, trabalho, rendimento e habitação.
Tal pesquisa apresenta, para os anos de 1998, 2003 e 2008, características sobre saúde da
população. Outra base bastante utilizada para caracterizar o cenário atual de saúde da
população jovem paulista é a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009 (PeNSE), que
investiga diversos fatores de risco e proteção à saúde dos adolescentes, junto aos escolares
do 9º ano do ensino fundamental das 26 capitais estaduais e do Distrito Federal. Por fim,
também foram usados dados, sobre o percentual de mães adolescentes, da Fundação
Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE).
Este capítulo busca abordar as principais dimensões que caracterizam o cenário atual ao
qual o jovem pertence. Inicialmente são apresentadas as características da população jovem
paulista com relação à saúde, abordando desde a questão da nutrição e atividade física,
passando pelo consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas e chegando à saúde sexual e
reprodutiva desta parcela da população. Após esta contextualização da saúde da juventude,
são apresentados os cenários de demanda por serviços de saúde e sua respectiva oferta por
parte dos recursos físicos e humanos no que tange aos estabelecimentos e profissionais de
saúde, respectivamente. Em seguida, dados estes cenários e suas respectivas séries
históricas, projetam-se as tendências para a área de saúde do Estado de São Paulo no ano de
2020. Por fim, apresenta-se a conclusão com os principais resultados encontrados neste
capítulo.
4.1. CARACTERIZAÇÃO DA SAÚDE DOS JOVENS
4.1.1. Nutrição e Obesidade
O crescimento demográfico e urbanização ocorridos no mundo nas últimas décadas
mudaram o estilo de vida e a qualidade do que é consumido, favorecendo o sedentarismo, a
56. 50
restrição da necessidade de gasto de energia para as atividades diárias e para o trabalho.
Além disso, a industrialização provocou significativas mudanças nos hábitos. Comer
passou a ser uma ação relativamente constante, sem relação direta com a necessidade
biológica de alimento e cada vez menos sujeita ao ritmo das refeições.
A condição nutricional na juventude depende do preenchimento adequado das necessidades
nutricionais na infância. É consenso que alimentação e nutrição adequadas são requisitos
essenciais para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Padrões alimentares pouco saudáveis e sedentarismo estão correlacionados com as doenças
crônicas não transmissíveis (DCNT). Estimativas globais indicam que tais doenças
determinam cerca de 60% do total de mortes que ocorrem em todo o mundo e quase metade
do total da carga de doenças. No Brasil, estima-se que as DCNT respondam por quase dois
terços do total das mortes por causa conhecida (Ministério da Saúde, 2006). Nas capitais
dos estados brasileiros, a proporção de mortes por DCNT aumentou em mais de três vezes
entre as décadas de 1930 e de 1990. No mundo, um pequeno conjunto de fatores de risco
responde pela grande maioria das mortes por DCNT e por fração substancial da carga de
doenças devida a essas enfermidades, destacando-se, dentre esses fatores, padrões não
saudáveis de alimentação e insuficiente atividade física.
Neste contexto, o mecanismo primário para o sobrepeso e obesidade é o aumento da
ingestão de energia e a redução dos gastos energéticos. Assim, a obesidade expressa o
relacionamento entre nutrição e sedentarismo. O tempo gasto em atividades sedentárias
reduz o dispêndio de energia e consequentemente leva ao sobrepeso e obesidade (Currie,
2008). Por este motivo, este item está subdividido em duas partes: Alimentação e Atividade
Física.
Alimentação
Em todas as sociedades a alimentação não é apenas a satisfação de uma necessidade
biológica, mas também, o critério de identidade de grupos, refletindo relações sociais e
econômicas, formas de pensamento e hierarquias de valores. Mais especificamente, dentre
57. 51
os fatores que influenciam os hábitos alimentares dos jovens, pode-se destacar: condições
socioeconômicas, grau de instrução da família, cultura, meio urbano ou rural, estilos de
vida da família, vínculo afetivo e estímulos emocionais, dinâmica/tamanho do grupo
familiar, disponibilidade de alimentos, e influência de propaganda e mídia, lazer, esporte,
grupo de amigos, escola e trabalho.
Entre os hábitos considerados saudáveis, estudos indicam o consumo de frutas e hortaliças
como potencial fator de proteção para excesso de peso, doenças cardiovasculares e diabetes
tipo 2 (World Health Organization, 2005). Entretanto, a literatura aponta para o aumento do
consumo de alimentos não saudáveis, ricos em açúcares e gorduras, na dieta dos
adolescentes brasileiros.
As doenças específicas mais relacionadas à nutrição são: anemia ferropriva, desnutrição,
diabetes, verminoses, insuficiência renal, fibrose cística, anorexia nervosa, bulimia,
compulsão alimentar, doenças inflamatórias intestinais, hiperlipidemia, obesidade.
Dentre estas, destaca-se a obesidade que é consequência de uma interação de fatores
genéticos, metabólicos e do meio ambiente. Pesquisas epidemiológicas mostram que jovens
com sobrepeso apresentam maior probabilidade para o desenvolvimento de doenças
crônicas não transmissíveis. Estudos demonstram que adolescentes que permanecem com
sobrepeso apresentam fatores de risco cardiovasculares aumentados. Além disso, obesos
têm maior risco em desenvolver câncer digestivo. O excesso de carga sobre as articulações
favorece as lesões das superfícies articulares.
Pela tabela 4.1, é possível observar uma tendência de aumento da proporção de pessoas
com sobrepeso ao longo das faixas etárias da população, independente do gênero. Cabe
destacar que dentre os jovens entre 10 e 20 anos de idade, a proporção de homens com
sobrepeso é o dobro da proporção de mulheres na mesma situação.
58. 52
Tabela 4.1. - Estado Nutricional dos Usuários da Atenção Básica
no Estado de São Paulo2
Faixa Etária Gênero Ano Baixo Peso Peso Normal Sobrepeso
Abaixo de 9 anos
Masculino
2005 9,6% 82,9% 7,5%
2006 9,0% 83,4% 7,6%
2007 9,0% 83,5% 7,5%
Feminino
2005 9,8% 81,8% 8,4%
2006 9,3% 82,5% 8,2%
2007 8,8% 83,1% 8,0%
Entre 10 e 20 anos
Masculino
2005 8,9% 38,2% 38,2%
2006 10,9% 37,4% 37,4%
2007 10,8% 36,9% 36,9%
Feminino
2005 5,9% 76,6% 17,5%
2006 5,8% 77,7% 16,4%
2007 5,4% 77,5% 17,1%
Entre 20 e 60 anos
Masculino
2005 3,0% 47,3% 49,7%
2006 3,6% 50,3% 46,2%
2007 5,0% 46,1% 48,9%
Feminino
2005 3,7% 41,0% 55,3%
2006 3,7% 40,6% 55,7%
2007 4,0% 40,0% 56,0%
Fonte: DATASUS - Estado Nutricional - Usuários da Atenção Básica - São Paulo.
Considerando os estudantes do 9º. Ano do ensino fundamental, a PeNSE identificou a
frequência semanal de consumo de alimentos considerados como marcadores de
alimentação saudável (feijão, legumes e verduras, frutas e leite) e de alimentação não
saudável (frituras, embutidos, biscoitos e bolachas, guloseimas e refrigerantes). Definiu-se
como indicador de alimentação saudável, o consumo de legumes e verduras, frutas e leite
em cinco dias ou mais na semana, e de alimentação não saudável, o consumo de embutidos,
biscoitos e refrigerantes em cinco dias ou mais na semana.
2
Para a faixa etária Abaixo dos 9 anos, tem-se: Baixo Peso para a relação Peso/Altura abaixo do percentil 10;
Peso Normal para relação Peso/Altura maior ou igual ao percentil 10 e menor que o percentil 97; Sobrepeso
para relação Peso/Altura maior ou igual ao percentil 97. Para a faixa etária Entre 10 e 20 anos, tem-se: Baixo
Peso para percentil de Índice de Massa Corpórea (IMC) por idade abaixo de 5; Peso Normal para percentil de
IMC por idade maior ou igual a 5 e menor que 85; Sobrepeso para o percentil de IMC por idade maior ou
igual a 85. Para a faixa etária Entre 20 e 60 anos, tem-se: Baixo Peso para valores de IMC abaixo de 18,5;
Peso Normal para valores de IMC maior ou igual a 18,5 e menor que 25; Sobrepeso para valores de IMC
maior ou igual a 25.
59. 53
Dentre os resultados, destaca-se que para os marcadores de alimentação saudável para o
Brasil, foram verificados maiores percentuais de consumo para o feijão, sendo mais elevado
entre os escolares do sexo masculino (68,3%), e entre escolares das escolas públicas
(65,8%). No consumo de hortaliças não foram observadas diferenças significativas entre os
gêneros (feminino – 31,3% e masculino – 31,2%). Dos escolares do 9º ano do ensino
fundamental das escolas privadas, 34,3% consumiram hortaliças em cinco dias ou mais na
última semana. Para os escolares das escolas públicas o percentual foi de 30,4%.
Tabela 4.2 - Percentual de Escolares com Consumo Alimentar por Marcador
Local
Alimento marcador de hábito saudável Alimento marcador de hábito não saudável
Feijão (%) Frutas (%) Guloseimas (%) Refrigerante (%)
Brasil 62,6 31,5 50,9 37,2
São Paulo 69,8 36,0 54,9 39,6
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009.
Para a cidade de São Paulo, as frutas frescas foram consumidas em cinco dias ou mais por
36,0% dos escolares, acima da média nacional, o mesmo ocorrendo com o consumo de
feijão. Entretanto, com relação aos alimentos marcadores de hábito não saudável, os
estudantes de São Paulo também apresentaram consumo acima da média nacional. Vale
ressaltar ainda que o consumo de guloseimas superou o consumo de frutas frescas, tanto no
nível municipal como no nível nacional, o mesmo ocorrendo com o consumo de
refrigerante (Tabela 4.2).
Além disso, pela tabela abaixo, pode-se ainda observar que as mulheres apresentam um
padrão alimentar mais saudável do que os homens, com um maior consumo de frutas e
hortaliças, e menor consumo de carnes com excesso de gordura.
60. 54
Tabela 4.3. - Percentual de Jovens por Consumo de Frutas, Hortaliças e Carne
Faixa Etária Gênero Ano Frutas Hortaliças
Carne com
excesso de
gordura
Entre 18 e 24 anos
Masculino
2006 15,8%* 30,4% 62,9%
2007 33,6% 26,8% 48,7%
2008 42,5% 30,1% 54,8%
Feminino
2006 31,6% 51,6% 39,8%
2007 44,3% 45,5% 27,3%
2008 51,7% 38,9% 27,9%
Entre 25 e 34 anos
Masculino
2006 30,0% 48,6% 56,9%
2007 34,8% 44,0% 44,0%
2008 59,1% 37,7% 53,2%
Feminino
2006 47,3% 70,8% 32,1%
2007 53,2% 51,4% 37,5%
2008 54,4% 49,1% 27,8%
* Estimado, dado que informação não é disponível
Fonte: DATASUS - Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito
telefônico.
Por outro lado, em contraste com a obesidade, vale mencionar os padrões alimentares não
saudáveis como desnutrição, anorexia e bulimia, que envolvem questões sociais e/ou
emocionais. A desnutrição por ser um estado de carência protéico-calórica, quando o
organismo apresenta desaceleração, interrupção ou involução do processo de crescimento
de desenvolvimento, com prejuízos bioquímicos, funcionais e anatômicos que podem ser
reversíveis ou não. Cabe destacar a diferença entre desnutrição e transtornos alimentares
como anorexia e bulimia. Enquanto na primeira há o predomínio do componente
socioeconômico, na anorexia e bulimia, o componente relevante é o emocional, destacando-
se a desagregação de vínculos familiares e dificuldades de adaptação social. A literatura
indica que a taxa de morbimortalidade alcança de 5% a 15% dos casos pesquisados de
anorexia e parece tratar-se de um fenômeno em expansão. Com relação à bulimia, estudos
epidemiológicos apontam uma prevalência do transtorno de 2% na população geral e de
cerca de 30% em obesos que procuram serviços especializados para tratamento de
obesidade.
61. 55
Por fim, vale frisar que os padrões alimentares não saudáveis na vida adulta têm sua origem
na juventude.
Atividade Física
O avançar da idade é acompanhado de uma tendência a um declínio do gasto energético
médio diário à custa de uma menor atividade física. Isso decorre basicamente de fatores
comportamentais e sociais como o aumento dos compromissos estudantis e/ou
profissionais. Alguns fatores contribuem para um estilo de vida menos ativo. A
disponibilidade de tecnologia, o aumento da insegurança e a progressiva redução dos
espaços livres nos centros urbanos (onde vive a maior parte das crianças brasileiras)
reduzem as oportunidades de lazer e de uma vida fisicamente ativa, favorecendo atividades
sedentárias, tais como: assistir a televisão, jogar videogames e utilizar computadores.
Com a existência de associação entre sedentarismo e obesidade, criar o hábito de vida ativo
na infância e na adolescência poderá reduzir a incidência de obesidade e doenças
cardiovasculares na idade adulta.
Um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma redução da incidência de várias
doenças crônico-degenerativas, bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular e
geral. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para
melhorar o funcionamento do organismo e reduzir a prevalência de obesidade. Ainda, é
mais provável que uma criança fisicamente ativa se torne um adulto também ativo. Em
consequência, do ponto de vista de saúde pública e medicina preventiva, promover a
atividade física na infância e na adolescência significa estabelecer uma base sólida para a
redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta, contribuindo, desta forma, para
uma melhor qualidade de vida.
A prática de atividade física pela população tornou-se uma questão de saúde ainda na
década de 1990. Muitos estudos enfatizam a importância da construção do hábito da prática
de atividade física já na infância (Seabra, 2008).
62. 56
Os resultados revelam que, para o Estado de São Paulo no ano de 2008, 41,8% dos jovens
entre 15 e 19 anos declararam que não tinham praticado atividade física nos três meses
anteriores ao período de amostragem da PNAD. Além disso, metade dos jovens entre 15 e
29 anos não praticava atividade física. Entretanto, para os que praticavam alguma atividade
física, a duração desta no dia era acima de 30 minutos para aproximadamente 95% dos
jovens.
Tabela 4.4. - Quantidade Média de Dias por Semana que Pratica Exercício Físico ou
Esporte
Quantidade de Dias
14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos
(%) (%) (%) (%)
Não pratica exercícios 26,9 41,8 53,4 56,8
1 a 2 dias por semana 39,5 33,8 26,8 22,9
De 3 a 4 dias por semana 20,6 13,6 10,8 11,5
De 5 a 6 dias por semana 3,8 5,7 5,2 4,9
Todos os dias 9,1 5,1 3,9 3,9
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Obs.: Crianças até 13 anos não participaram deste item na PNAD/2008.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008.
Observa-se que por volta de 11-13% dos jovens entre 15 e 29 anos de idade praticam
exercícios de 3 a 4 dias por semana, e apenas 4-5% praticam exercícios todos os dias.
63. 57
Tabela 4.5. - Duração Média da Atividade Física no Dia que Pratica Exercício Físico
ou Esporte
Duração
14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos
(%) (%) (%) (%)
Não pratica exercícios 26,9 41,8 53,4 56,8
Menos de 20 minutos 0,5 0,4 0,4 1,0
20 a 29 minutos 1,6 1,1 1,1 1,7
30 minutos ou mais 71,0 56,6 45,0 40,4
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Obs.: Crianças até 13 anos não participaram deste item na PNAD/2008.
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008.
Quando se analisa a proporção de jovens que praticam atividade física suficiente3
entre os
anos de 2006 e 2008; por volta de 11%, entre 18 e 34 anos de idade, apresentam um quadro
de rotina de prática de atividade física, com comportamento de tendência relativamente
constante.
Tabela 4.6. – Percentual de Jovens que Praticam Atividade Física Suficiente
Faixa Etária Ano % Atividade Física Suficiente
2006 9,1%
Entre 18 e 24 anos 2007 13,8%
2008 10,3%
2006 11,8%
Entre 25 e 34 anos 2007 11,8%
2008 11,7%
Fonte: DATASUS - Vigitel - Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito
telefônico.
3
Adultos que praticam atividades de intensidade leve ou moderada por pelo menos 30 minutos diários em 5
ou mais dias da semana ou atividades de intensidade vigorosa por pelo menos 20 minutos diários em 3 ou
mais dias da semana.
64. 58
Os motivos pelos quais as crianças e adolescentes têm sido menos ativos passam pelo
crescimento do tempo em frente à TV, Internet e videogame, menos aulas de educação
física nas escolas, menos opções de lazer ativo, em função da violência intraurbana e
mobilidade urbana, aumento da frota automobilística e a preocupação dos pais com a
segurança (Rodríguez, 2005).
A OMS recomenda que crianças não devem estar mais que uma ou duas horas em frente à
TV e videogame diariamente. O tempo em frente à TV está associado ao consumo de
alimentos calóricos, refrigerante e baixo consumo de frutas e vegetais, além de pouco gasto
de energia (Currie, 2008).
Os resultados da PeNSE mostraram que 79,5% dos escolares brasileiros frequentando o 9º
ano do ensino fundamental assistiam TV por duas ou mais horas diárias. Na PNAD do ano
de 2008, para o Estado de São Paulo, este percentual é de 85,8% para os jovens entre 10 e
14 anos de idade e 69,4% para os entre 15 e 19 anos de idade.
Tabela 4.7. - Quantidade Média de Horas por Dia, Assistindo TV
Quantidade de Horas
10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos
(%) (%) (%) (%)
Não assiste televisão 1,7 4,3 4,7 4,5
Menos de 1 hora 4,1 12,4 17,5 16,3
1 a menos de 2 horas 8,4 13,9 17,0 18,1
2 a menos de 3 horas 21,1 24,1 25,5 25,9
3 a menos de 4 horas 22,2 18,2 15,0 17,0
4 a menos de 5 horas 17,0 10,7 8,4 8,1
5 horas ou mais 25,5 16,4 12,0 10,2
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008.
65. 59
Outro fator indicativo de hábito sedentário é o longo uso de computadores ou videogames,
observa-se que cerca de 40% dos jovens entre 10 e 19 anos utilizam computador ou vídeo
game por 2 ou mais horas diárias.
Tabela 4.8. - Quantidade Média de Horas por Dia, Usando Computador ou
Videogame
Quantidade de Horas
10 a 14 anos 15 a 19 anos 20 a 24 anos 25 a 29 anos
(%) (%) (%) (%)
Não usa computador ou jogo de videogame 31,6 30,6 41,6 51,1
Menos de 1 hora 13,6 13,2 13,3 11,4
1 a menos de 2 horas 15,1 13,9 13,0 12,5
2 a menos de 3 horas 15,7 13,8 12,3 10,8
3 a menos de 4 horas 9,0 11,1 7,5 6,0
4 a menos de 5 horas 6,2 6,6 3,8 2,5
5 horas ou mais 8,9 10,8 8,5 5,8
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2008.
4.1.2. Consumo de álcool, fumo e drogas ilícitas
A adolescência é um período da vida em que o indivíduo inicia o processo de busca da sua
identidade, e, alguns hábitos são formados, os quais podem persistir na vida adulta, dentre
eles os hábitos relacionados ao uso de álcool, fumo e outras drogas. Durante este período
ocorrem modificações somáticas, psicológicas e sociais importantes no indivíduo.
Consumo de bebida alcoólica
Muitas vezes por busca de aceitação pelo grupo ao qual está envolvido, o jovem tem sua
iniciação precoce ao uso de bebida alcoólica, sendo às vezes incentivado pelos próprios
pais por questões socioculturais.
66. 60
Pesquisas recentes sobre os efeitos do álcool no cérebro de adolescentes mostram que essa
substância, quando consumida num padrão considerado nocivo, afeta as regiões
responsáveis por habilidades como memória, aprendizado, autocontrole e principalmente a
motivação. (Campos, 2009)
Muitos dos casos de alcoolismo têm sua origem ainda na adolescência. O consumo abusivo
de álcool é um pré-requisito para o que é definido como alcoolismo. Para a maioria das
pessoas, o consumo de álcool gera pouco ou nenhum risco de se tornar um vício.
Entretanto, há fatores que geralmente contribuem para que o uso de álcool se transforme
em alcoolismo. Tais fatores podem incluir o ambiente social em que a pessoa vive, a saúde
emocional e psíquica, e a predisposição genética.
O tratamento do alcoolismo é complexo e depende do estado do paciente e de seu
engajamento no processo de cura. O alcoolismo pode potencialmente resultar em condições
(doenças) psicológicas e fisiológicas, assim como, na morte.
Apesar de a legislação brasileira proibir a venda de bebida alcoólica para menores de 18
anos, observa-se que seu consumo atual entre os escolares, avaliado pelo consumo feito nos
últimos 30 dias, foi de 27,3% para o Brasil e de 28,8% para a cidade de São Paulo. (Tabela
4.9).
Tabela 4.9. - Percentual de Escolares com Consumo de Bebida Alcoólica
Local Total (%)
Sexo Dependência administrativa da escola
Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%)
Brasil 27,3 28,1 26,5 29,5 26,8
São Paulo 28,8 31,9 25,7 34,1 27,7
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009.
Dentre os consumidores atuais, a forma mais comum que tiveram para adquirir a bebida
alcoólica foi através de festas (36,6%), seguido da compra em mercado, loja, supermercado
67. 61
ou bar (19,3%). Outros 15,8% dos escolares que consumiram bebida alcoólica, nos últimos
30 dias, adquiriram com amigos e 12,6%, na própria casa (Gráfico 4.1).
Gráfico 4.1 - Local ou Forma que os Escolares adquiriram Bebida Alcoólica
4,5%
19,3%
3,3%
2,1%
15,8%
12,6%
36,6%
5,8%
Não tomou bebida alcoólica
Mercado,loja, bar ou supermercado
Vendedor de rua
Deu dinheiro para outro comprar
Com amigos
Na própria casa
Em uma festa
Outro modo
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009.
Entretanto, consumir álcool em 30 dias é pouco indicativo do nível de consumo. Assim,
vale expandir esta análise para a situação de embriaguez. A PeNSE mostra que mais de
20% dos estudantes já passaram por episódio de embriaguez. Tal fato ocorre em proporções
semelhantes entre homens e mulheres, havendo uma pequena diferença entre os alunos de
escolas públicas e privadas, com os primeiros apresentando 2 pontos percentuais a mais
com relação à experiência de embriaguez.
68. 62
Tabela 4.10. - Percentual de Escolares que Já Experimentaram Algum Episódio de
Embriaguez
Local Total (%)
Sexo Dependência administrativa da escola
Feminino (%) Masculino (%) Privada (%) Pública (%)
Brasil 22,1 21,1 23,3 19,4 22,8
São Paulo 21,0 20,8 21,2 19,3 21,3
Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2009.
Juntamente com a existência de algum episódio de embriaguez em uma parcela bastante
jovem da população, há também outro fato pré-requisito de alcoolismo, que é o percentual
de 15-20% dos jovens entre 18 e 34 anos de idade com quadro de consumo abusivo de
álcool4
.
Tabela 4.11. – Percentual de Jovens com Consumo Abusivo de Álcool
Faixa Etária Ano % Consumo Álcool
2006 *
Entre 18 e 24 anos 2007 20,6%
2008 14,4%
2006 16,2%
Entre 25 e 34 anos 2007 16,7%
2008 15,9%
* Informação não disponível
Fonte: DATASUS - Vigitel
Em complemento às informações apresentadas anteriormente, é possível também analisar a
demanda do SUS por problemas provenientes do consumo de álcool entre os jovens de 10 a
29 anos de idade. Considerando as internações por transtornos mentais e comportamentais
devido ao uso de álcool, observa-se que 8,7% das internações em 2009 envolveram jovens,
4
O Ministério da Saúde considera excesso de bebida alcoólica quando há consumo de cinco ou mais doses na
mesma ocasião em um mês, no caso dos homens, ou quatro ou mais doses, no caso das mulheres.
69. 63
sendo crescente de acordo com o aumento da faixa etária. No geral, há uma tendência de
queda da participação de jovens nas internações por este motivo.
Gráfico 4.2. – Proporção de Internações no SUS devido ao Consumo de Álcool
(Transtornos Comportamentais)
8,8% 8,2%
7,2%
5,9%
3,7%
3,2%
2,8%
2,3%
0,9%
0,7%
0,6%
0,4%
0,1%
0,1%
0,1%
0,1%
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
14%
1998 2001 2005 2009
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
Fonte: DATASUS
Analisando-se as internações no SUS por doença alcoólica do fígado, também há uma
tendência de queda da participação de jovens entre os casos, sendo de 2,7% das internações
em 2009. Vale lembrar que tal doença é somatizada, mostrando seus efeitos após um longo
período de consumo abusivo de álcool, e consequentemente apresentando-se em idade mais
avançada. Apenas como ilustração, em 2009, 84,3% das internações envolviam pessoas
com idade acima dos 40 anos. Assim como nas internações por transtornos mentais e
comportamentais devido ao uso de álcool, aqui também há uma proporção crescente de
internações segundo o aumento da faixa etária.
70. 64
Gráfico 4.3. – Proporção de Internações no SUS devido ao Consumo de Álcool
(Doença Alcoólica do Fígado)
4,0%
3,4%
2,2% 2,0%
1,4%
1,0%
1,0%
0,5%
0,3%
0,1%
0,2%
0,2%
0,2%
0,0%
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
1998 2001 2005 2009
10 a 14 anos
15 a 19 anos
20 a 24 anos
25 a 29 anos
Fonte: DATASUS
Fumo
Segundo a OMS, o tabaco é um dos determinantes mais importantes para o
desencadeamento das doenças crônicas e líder nas causas de mortes preveníveis no mundo.
Os problemas de saúde relacionados ao tabaco são resultantes da duração (anos de fumo) e
da intensidade (número de cigarros fumados). Assim, a saúde pública precisa buscar formas
de prevenção ou pelo menos de retardamento da iniciação ao hábito de fumar (Currie,
2008).
Os resultados da PeNSE mostraram que 24,2% dos escolares brasileiros experimentaram o
cigarro alguma vez, o mesmo percentual foi encontrado para a cidade de São Paulo. Além
deste dado, de acordo com a tabela abaixo, aproximadamente 5% dos atuais fumantes e ex-
fumantes iniciaram a fumar antes dos 9 anos de idade, apresentando um acumulado de mais
de 30% quando se considera até os 14 anos. Observa-se que quase metade das pessoas