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O PROFESSOR E O DEPUTADO 
Autor: Luiz Carlos Lemos 
O Amigo Leitor, permita 
Primeiro, pedir a Deus 
Que ilumine os versos meus. 
No assunto que vou tratar. 
O caso é muito sério 
E eu não faço mistério 
Do lado que vou ficar. 
O Senhor Onipotente 
De Toda Sabedoria 
Vai me ajudar neste dia 
A cumprir minha missão. 
Que eu possa, fielmente 
Retratar à minha gente 
A estória em questão. 
Ao Leitor, neste momento 
Eu só peço a caridade 
De me escutar com bondade 
E um pouco de paciência. 
A estória que eu conto 
Presenciei, ponto a ponto 
Pra contar com transparência. 
Pois bem, foi numa cidade 
Chamada de Cafundó, 
Situada, vejam só: 
No país do Carnaval, 
Que esse fato se deu. 
A testemunha fui eu 
Se conto, não leve a mal. 
Conforme vi no jornal 
Numa sessão do Plenário 
De modo bem temerário 
Um tal “Senhor Deputado” 
Sem ter o menor temor 
Declarou que o Professor 
Era um desocupado. 
O fato virou manchete 
Fez furor em toda Imprensa 
Uns diziam: “É ofensa!” 
Já outros, acharam certo. 
O Deputado valente, 
Sorria, todo contente, 
Se achando muito esperto. 
Sendo, pois, um deputado, 
Metido a sabichão, 
Notou que a situação 
Muito lhe favorecia. 
“Eu estou em evidência, 
E esta experiência 
Vou repetir todo dia!” 
No dia seguinte estava 
De novo, lá na bancada. 
A palavra lhe foi dada 
E ele assim falou: 
“Caros correligionários 
Eu sou contra salafrários! 
Indignado eu estou! 
Grande salva de palmas 
Ecoou pelo salão. 
Deputados de plantão 
Aplaudiram o “herói” 
Quem não é achincalhado 
Não se sente acovardado 
Porque não sabe onde dói! 
E continua a falar 
O “Ilustre Deputado”: 
“Ontem eu fui chamado 
Nesta mesa, pra depor. 
Pediram-me opinião 
Sobre importante questão 
Que eu falasse, por favor. 
A questão era a greve 
Dos Professores, minha gente. 
Eu ponderei, seriamente 
E mandei o meu recado: 
Falando com destemor, 
Eu disse que o Professor 
Era um desocupado! 
E disse mais, meus amigos, 
Pois não teme quem não deve. 
Eu disse que essa greve 
Não tinha o menor sentido. 
O professor se contente! 
Já ganha o suficiente 
Por que faz tanto alarido? 
Um bando de exploradores 
Isto sim, é o que eles são! 
Explorando a Nação 
Achando que são os reis! 
Já chega de confusão 
Chamemos a sua atenção 
Mostrando a força das Leis! 
O Plenário veio abaixo 
Com o aplauso retumbante 
O Deputado, importante, 
Achava-se o maioral. 
Os colegas aplaudiam 
Elogios proferiam 
Ao discurso genial. 
Mas, quando se fez silêncio 
Ali, naquele ambiente 
E o Deputado, contente 
Da tribuna ia sair 
Lá do fundo do salão, 
Pro espanto da multidão, 
Uma voz se fez ouvir: 
“Com licença, Deputado, 
Espere só mais um pouco. 
Talvez eu seja um louco 
No que pretendo fazer.
Mas peço, com educação 
Dê-se sua permissão 
Pois quero lhe responder!” 
O deputado assustou-se 
Com a firmeza da voz. 
E perguntou, já feroz, 
A que devo essa ousadia? 
Por acaso, eu te conheço? 
Ofensa eu não esqueço... 
Cuidado com a valentia! 
E o Professor, muito calmo, 
Disse ao Deputado: 
Eu sou o “desocupado” 
Conforme disse o senhor. 
Mas aqui não me atrapalho 
Pois vivo do meu trabalho 
Honesto, de Professor. 
O senhor falou primeiro 
Seus colegas aplaudiram 
Sem pensar no que ouviram 
Se era justo ou não. 
Vou então lhe responder 
E este povo vai ver 
Quem tem, de fato, razão. 
Respondendo ao seu discurso 
Eu começo lhe dizendo 
O povo inteiro está vendo 
Quem só não vê é o senhor 
Que, na luta pela vida, 
Quem sofre mais, nessa lida 
É o pobre do professor. 
Teria o senhor coragem 
De aqui, neste plenário 
Declarar o seu salário 
Sem esconder um vintém? 
Quem é que tem mais dinheiro? 
O senhor é fazendeiro... 
E o professor nada tem! 
E quantas horas por dia, 
Quantos dias por semana 
O senhor, que se ufana, 
Trabalha mesmo, em verdade? 
Se eu trabalhasse tanto, 
Deputado, eu te garanto 
Vivia de caridade! 
Todo dia eu me levanto 
Às cinco horas, Doutor. 
Eu sou um trabalhador 
E não tenho carro não! 
E não vou pelo atalho, 
E para ir ao trabalho 
Eu pego é condução. 
E o senhor, Seu deputado, 
Já andou de condução? 
Já ficou de prontidão 
Num ponto, de madrugada? 
Senhor já foi assaltado 
E logo depois machucado, 
Só porque não tinha nada? 
Às sete horas começo 
O primeiro expediente. 
Ao meio dia é que a gente 
Engole e sai com pressa.. 
E depois, mais condução, 
Outra escola, outra missão 
E a luta recomeça! 
E quando a noite chega 
Sem ao menos ter jantado 
Outra escola, Deputado, 
Ainda vou enfrentar. 
São três turnos, todo dia 
E o senhor inda dizia 
Que sou um desocupado!!! 
E nessa hora, Doutor, 
Por favor, me diga onde 
Onde é que senhor se esconde 
Pra ninguém lhe encontrar? 
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E um segurança armado 
Que nunca me deixa entrar! 
Será que está na piscina 
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Será que em reunião 
Fechada, neste plenário? 
Pelo que eu já aprendi, 
O senhor só vem aqui 
Pra receber o salário! 
E o meu salário, Doutor. 
Quando chega o fim do mês, 
Já foi todo de uma vez 
Pois pobre paga o que deve. 
Com o salário defasado 
O Professor, explorado 
Declarou que está em greve! 
Desocupado, Doutor? 
Tenha um pouco de respeito! 
O senhor, que foi eleito 
Pelo voto deste povo! 
O povo votou errado 
Mas se for achincalhado 
Pode não votar de novo! 
Ainda tem outra coisa 
Que eu quero lhe dizer. 
Se o senhor quer entender, 
Por favor, preste atenção. 
Nada há, mais importante 
Para o povo, neste instante, 
Do que a Educação. 
Se o senhor é letrado, 
Se escreve e fala bem, 
O senhor deve isto a quem, 
Senão a seu professor? 
A juventude carece
Do saber, que enaltece 
A todo trabalhador! 
Imagine, pois, o mundo 
Sem escolas, sem cultura! 
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De todo e qualquer progresso! 
E o senhor, um Deputado, 
Não estaria assentado 
Na cadeira de um Congresso! 
E como eu te conheço, 
Nem é preciso falar... 
Não sabendo trabalhar 
Em serviço mais pesado, 
Como ia sobreviver, 
Sem trabalhar, sem comer, 
O meu caro deputado? 
Falar contra o professor, 
Tentando manchar-lhe o nome 
Vai é condenar à fome 
Toda nossa juventude! 
Sem preparo, sem escola, 
Ela vai “correr sacola”, 
Sem achar quem lhe ajude! 
Chamar de desocupado 
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Eu não aceito... e protesto 
Só um louco age assim. 
Por tamanha negligência 
Há de vir a conseqüência 
E vai ser muito ruim... 
O povo está informado 
E sabe quem tem razão, 
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E jornais já informaram 
Seu discurso deprimente 
E o povo está ciente 
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Espere só, Seu Doutor, 
A Justiça nunca falha 
Difamar a quem trabalha 
É falar sem ter noção! 
Mas, se disso o senhor gosta, 
Espere pela resposta 
Do povo, na eleição! 
Nem vaga de professor 
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Diga então, meu amigo, 
Pra se livrar do perigo, 
Como é eu vai se virar? 
Terminando, eu peço a Deus 
Que tenha dó do senhor. 
Que ofendeu o professor 
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Professor sempre eu serei 
Com orgulho, pois eu sei 
Que meu trabalho é honrado. 
Agora, eu me pergunto, 
E a resposta eu não sei. 
De acordo com a Lei, 
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Quem hoje está eleito 
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De ser sempre Deputado?... 
Terminando, o Professor 
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Onde está o Deputado? 
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Na hora de falar sério 
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E dá razão a quem tem. 
Professores, sempre unidos, 
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Que trabalha, diligente. 
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Roteiros de muita dor 
Onde houver fé e amor 
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O PROFESSOR E O DEPUTADO

  • 1. O PROFESSOR E O DEPUTADO Autor: Luiz Carlos Lemos O Amigo Leitor, permita Primeiro, pedir a Deus Que ilumine os versos meus. No assunto que vou tratar. O caso é muito sério E eu não faço mistério Do lado que vou ficar. O Senhor Onipotente De Toda Sabedoria Vai me ajudar neste dia A cumprir minha missão. Que eu possa, fielmente Retratar à minha gente A estória em questão. Ao Leitor, neste momento Eu só peço a caridade De me escutar com bondade E um pouco de paciência. A estória que eu conto Presenciei, ponto a ponto Pra contar com transparência. Pois bem, foi numa cidade Chamada de Cafundó, Situada, vejam só: No país do Carnaval, Que esse fato se deu. A testemunha fui eu Se conto, não leve a mal. Conforme vi no jornal Numa sessão do Plenário De modo bem temerário Um tal “Senhor Deputado” Sem ter o menor temor Declarou que o Professor Era um desocupado. O fato virou manchete Fez furor em toda Imprensa Uns diziam: “É ofensa!” Já outros, acharam certo. O Deputado valente, Sorria, todo contente, Se achando muito esperto. Sendo, pois, um deputado, Metido a sabichão, Notou que a situação Muito lhe favorecia. “Eu estou em evidência, E esta experiência Vou repetir todo dia!” No dia seguinte estava De novo, lá na bancada. A palavra lhe foi dada E ele assim falou: “Caros correligionários Eu sou contra salafrários! Indignado eu estou! Grande salva de palmas Ecoou pelo salão. Deputados de plantão Aplaudiram o “herói” Quem não é achincalhado Não se sente acovardado Porque não sabe onde dói! E continua a falar O “Ilustre Deputado”: “Ontem eu fui chamado Nesta mesa, pra depor. Pediram-me opinião Sobre importante questão Que eu falasse, por favor. A questão era a greve Dos Professores, minha gente. Eu ponderei, seriamente E mandei o meu recado: Falando com destemor, Eu disse que o Professor Era um desocupado! E disse mais, meus amigos, Pois não teme quem não deve. Eu disse que essa greve Não tinha o menor sentido. O professor se contente! Já ganha o suficiente Por que faz tanto alarido? Um bando de exploradores Isto sim, é o que eles são! Explorando a Nação Achando que são os reis! Já chega de confusão Chamemos a sua atenção Mostrando a força das Leis! O Plenário veio abaixo Com o aplauso retumbante O Deputado, importante, Achava-se o maioral. Os colegas aplaudiam Elogios proferiam Ao discurso genial. Mas, quando se fez silêncio Ali, naquele ambiente E o Deputado, contente Da tribuna ia sair Lá do fundo do salão, Pro espanto da multidão, Uma voz se fez ouvir: “Com licença, Deputado, Espere só mais um pouco. Talvez eu seja um louco No que pretendo fazer.
  • 2. Mas peço, com educação Dê-se sua permissão Pois quero lhe responder!” O deputado assustou-se Com a firmeza da voz. E perguntou, já feroz, A que devo essa ousadia? Por acaso, eu te conheço? Ofensa eu não esqueço... Cuidado com a valentia! E o Professor, muito calmo, Disse ao Deputado: Eu sou o “desocupado” Conforme disse o senhor. Mas aqui não me atrapalho Pois vivo do meu trabalho Honesto, de Professor. O senhor falou primeiro Seus colegas aplaudiram Sem pensar no que ouviram Se era justo ou não. Vou então lhe responder E este povo vai ver Quem tem, de fato, razão. Respondendo ao seu discurso Eu começo lhe dizendo O povo inteiro está vendo Quem só não vê é o senhor Que, na luta pela vida, Quem sofre mais, nessa lida É o pobre do professor. Teria o senhor coragem De aqui, neste plenário Declarar o seu salário Sem esconder um vintém? Quem é que tem mais dinheiro? O senhor é fazendeiro... E o professor nada tem! E quantas horas por dia, Quantos dias por semana O senhor, que se ufana, Trabalha mesmo, em verdade? Se eu trabalhasse tanto, Deputado, eu te garanto Vivia de caridade! Todo dia eu me levanto Às cinco horas, Doutor. Eu sou um trabalhador E não tenho carro não! E não vou pelo atalho, E para ir ao trabalho Eu pego é condução. E o senhor, Seu deputado, Já andou de condução? Já ficou de prontidão Num ponto, de madrugada? Senhor já foi assaltado E logo depois machucado, Só porque não tinha nada? Às sete horas começo O primeiro expediente. Ao meio dia é que a gente Engole e sai com pressa.. E depois, mais condução, Outra escola, outra missão E a luta recomeça! E quando a noite chega Sem ao menos ter jantado Outra escola, Deputado, Ainda vou enfrentar. São três turnos, todo dia E o senhor inda dizia Que sou um desocupado!!! E nessa hora, Doutor, Por favor, me diga onde Onde é que senhor se esconde Pra ninguém lhe encontrar? O telefone, ocupado. E um segurança armado Que nunca me deixa entrar! Será que está na piscina Da sua rica mansão? Será que em reunião Fechada, neste plenário? Pelo que eu já aprendi, O senhor só vem aqui Pra receber o salário! E o meu salário, Doutor. Quando chega o fim do mês, Já foi todo de uma vez Pois pobre paga o que deve. Com o salário defasado O Professor, explorado Declarou que está em greve! Desocupado, Doutor? Tenha um pouco de respeito! O senhor, que foi eleito Pelo voto deste povo! O povo votou errado Mas se for achincalhado Pode não votar de novo! Ainda tem outra coisa Que eu quero lhe dizer. Se o senhor quer entender, Por favor, preste atenção. Nada há, mais importante Para o povo, neste instante, Do que a Educação. Se o senhor é letrado, Se escreve e fala bem, O senhor deve isto a quem, Senão a seu professor? A juventude carece
  • 3. Do saber, que enaltece A todo trabalhador! Imagine, pois, o mundo Sem escolas, sem cultura! Seria a sepultura De todo e qualquer progresso! E o senhor, um Deputado, Não estaria assentado Na cadeira de um Congresso! E como eu te conheço, Nem é preciso falar... Não sabendo trabalhar Em serviço mais pesado, Como ia sobreviver, Sem trabalhar, sem comer, O meu caro deputado? Falar contra o professor, Tentando manchar-lhe o nome Vai é condenar à fome Toda nossa juventude! Sem preparo, sem escola, Ela vai “correr sacola”, Sem achar quem lhe ajude! Chamar de desocupado Um trabalhador honesto Eu não aceito... e protesto Só um louco age assim. Por tamanha negligência Há de vir a conseqüência E vai ser muito ruim... O povo está informado E sabe quem tem razão, Rádio, televisão, E jornais já informaram Seu discurso deprimente E o povo está ciente De todos, que te apoiaram! Espere só, Seu Doutor, A Justiça nunca falha Difamar a quem trabalha É falar sem ter noção! Mas, se disso o senhor gosta, Espere pela resposta Do povo, na eleição! Nem vaga de professor O senhor terá, então. Não temos “corrupção” Como matéria escolar. Diga então, meu amigo, Pra se livrar do perigo, Como é eu vai se virar? Terminando, eu peço a Deus Que tenha dó do senhor. Que ofendeu o professor E não está preocupado. Professor sempre eu serei Com orgulho, pois eu sei Que meu trabalho é honrado. Agora, eu me pergunto, E a resposta eu não sei. De acordo com a Lei, Que rege o nosso Estado, Quem hoje está eleito Será que tem o direito De ser sempre Deputado?... Terminando, o Professor Sentou-se, aliviado. Ele tinha extravasado Um sentimento oprimido. Olharam por todo lado. Onde está o Deputado? Não sei... já tinha sumido! Neste país é assim: Tudo envolto em mistério. Na hora de falar sério Não aparece ninguém. Só uma coisa me anima Deus vê tudo, lá de cima E dá razão a quem tem. Professores, sempre unidos, Lutando por seus direitos São homens, não são perfeitos Mas buscam, honestamente Melhorar a condição De toda uma nação Que trabalha, diligente. Problemas todos nós temos Roteiros de muita dor Onde houver fé e amor Fatalmente venceremos! Estes versos escrevemos Somente pra declarar: Solidários, irmanados, Onde existir explorados Rimando, vamos lutar! **********************