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     Organização dos tempos e espaços escolares: dimensões do trabalho
            pedagógico no Brasil no século XIX e início do século XX



   Resumo
   A organização dos tempos e dos espaços escolares fez-se presente nos debates sobre a
   instrução no Brasil, de forma mais intensa, no século XIX e no início do século XX. Tal
   processo de organização esteve diretamente relacionado com os métodos de ensino que
   se propunham a oferecer melhores resultados e ampliar a oferta de ensino através da
   racionalização do uso do tempo e do espaço escolar. Por sua vez, os novos métodos são
   propostos na época em que o ideário de modernidade, de civilização e de consolidação
   de um Estado nacional se fez mais presente. Diante dessas tantas mudanças, é
   necessário refletir sobre aspectos pedagógicos que tangenciam toda essa reestruturação
   da instrução, que culminará, no início do século XX com a implantação das escolas
   graduadas, corporificadas no projeto dos grupos escolares. Este artigo apresenta uma
   revisão bibliográfica relacionada a esta temática. A partir da pesquisa pode-se
   identificar a relação entre a organização dos tempos e espaços escolares e os impactos
   para o trabalho pedagógica, refletindo numa constante demanda formativa para os
   professores.

   Palavras-chave: Educação brasileira; espaços escolares; métodos de ensino;
   organização do trabalho pedagógico; tempos escolares.

   Abstract
   The organization of school time and space presented itself in debates about education in
   Brazil, more intense in the XIX and beginning of the XX century. This process of
   organization was directly related to teaching methods that they proposed to offer better
   results and expand the provision of education through the rational use of school time
   and space. In turn, the new methods are proposed at the time the ideas of modernity,
   civilization and consolidation of a national state has become more present. Given these
   many changes, it is necessary to reflect on pedagogical aspects that graze this whole
   restructuring of education, which will culminate in beginning of the XX century with
   the establishment of graduate schools, embodied in the design of school groups. This
   article presents a literature review related to this subject. From the research we can
   identify the relationship between the organization of school time and space and impacts
   on the pedagogical work, reflecting a constant demand for training teachers.

   Keywords: Brazilian education; Organization of educational work; School spaces;
   School times; Teaching methods.




I Encontro Luso-Brasileiro sobre Trabalho Docente VI Encontro Brasileiro da Rede Estrado
                                    Período: 02 a 05/11/11
    http://www.lusobrastd.com/trabalhosoriginais/Organiza%E7%E3o_dos_tempos_e_es
                         pa%E7os_escolares__dimens%F5es_do_trab
     alho_pedag%F3gico_no_Brasil_no_s%E9culo_XIX_e_in%EDcio_do_s%E9culo_XX.doc
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Introdução



                                                Históricos eles também, o espaço e o tempo
                                                escolares     foram    sendo     produzidos
                                                diferenciadamente ao longo da nossa história
                                                da educação e se constituíram em dois
                                                grandes desafios enfrentados para se criar,
                                                no Brasil, um sistema de ensino primário ou
                                                elementar que viesse atender, minimamente
                                                que fosse, às necessidades impostas pelo
                                                desenvolvimento      social     e/ou      às
                                                                            i
                                                reivindicações da população .


       Partindo dos referenciais contemporâneos, se formos convidados a pensar numa
escola e descrevê-la, de certo, a representação da maioria das pessoas será bastante
diferenciada das diversas representações que existiram ao longo da História da
Educação Brasileira.
       Faria Filho apresenta um ponto de vista que delineia qual noção de escola era
comum à época.
                       Herdamos do período colonial um número muito reduzido de escolas
                       régias ou de cadeiras públicas de primeiras letras. Eram escolas cujos
                       professores eram reconhecidos ou nomeados pelos órgãos de governos
                       responsáveis pela instrução e funcionavam em espaços improvisados,
                       geralmente, na casa dos professores, os quais algumas vezes, recebiam
                       uma pequena ajuda para o pagamento do aluguel. (FARIA FILHO,
                       2000, p. 144)

       Naquela época, havia a previsão de implantação de escolas, no entanto, não
existia uma regulamentação específica acerca da estrutura física necessária para a oferta
do ensino. À despeito da inexistência da regulamentação para o funcionamentoii das
instituições escolares, Vidal e Faria Filho destacam que este era um anseio da
sociedade, desde o Brasil setecentista, não se restringindo apenas a questão espacial,
mas também temporal.
                       Reclamada desde o século XVIII (Cardoso, 1998), a construção de
                       espaços adequados para o ensino, bem como a definição de tempos de
                       aprendizagem, estava relacionada não apenas à possibilidade de a
                       escola vir a cumprir as funções sociais que lhe foram crescentemente
                       delegadas mas, também, à produção da singularidade da instituição
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                       escolar e da cultura que lhe é própria. (FARIA FILHO e VIDAL,
                       2000, p. 20)


        No entanto, frente a mobilizações em prol da institucionalização dos espaços de
aprendizagem, a realidade comum à época é descrita tanto por Vasconcelos (2005)
quanto por Faria Filho (2000), a qual atendia a prerrogativas legais relativas à
implantação de escolas, mas estavam aquém do que a sociedade e os ideais políticos
demandavam.
        Vasconcelos afirma que
                       O século XIX no Brasil caracteriza-se, com relação à educação, como
                       o momento histórico em que se firma, pelas necessidades impostas ao
                       sistema de vida constituído na época, a educação doméstica. E
                       particularmente os seus agentes: os mestres das Casas que se
                       ocupavam da prática de educar no espaço doméstico meninas e
                       meninos das camadas abastadas da sociedade.
                       No entanto, da mesma forma como esse século é palco da ampliação
                       sem precedentes da prática de educação doméstica, também ela vai
                       fragilizando-se diante das pressões do Estado e cedendo lugar à escola
                       formal, que surge tanto como transformação do sistema vigente quanto
                       como negação do espaço doméstico da educação (VASCONCELOS,
                       2005, p.223).

        Para Faria Filho (2000, p. 140), “Até então a escola que existia funcionava, na
maioria das vezes, nas casas dos professores, ou sobretudo, nas fazendas, em espaços
precários [...].”
        Todos os aspectos mencionados acima, no contexto do Brasil Império e no início
da Primeira República, convergem para a necessidade de se pensar sobre a organização
e estruturação dos tempos e dos espaços escolares. Tal preocupação revelava um ideário
civilizatório iluminista, o qual tinha como base a ampliação das “possibilidades de
acesso de um número maior de pessoas às instituições e práticas civilizatórias.” (FARIA
FILHO, 2000, p. 140.). O ideário de modernidade também impulsionou novas práticas
educativas, as quais foram mais fortemente percebidas no final do Império e na Primeira
Repúblicaiii, principalmente no que se refere aos temas relacionados à higiene, à moral e
ao civismo.
        Martinez de Shueler e Gonçalves Gondra (2008) apresentam aspectos de como
essa reconfiguração da escola relacionou-se com o conceito de modernidade.
                       No que se refere aos pontos que o Inspetor pernambucano pôde ver na
                       Capital do Império, as escolas municipais mantidas pela Câmara
                       Municipal, a Escola de São Sebastião e de São José, erigidas na
                       década de 1870, foram positivamente destacadas não apenas pelo
                       aspecto moderno e grandioso da arquitetura (os “palácios escolares”),
4


                       mas pela adoção de novos métodosiv e programas de ensino, nos
                       quais surgiam alguns elementos da modernidade pedagógica
                       (Nunes, 2000): a adoção do ensino seriado e graduado em três anos ou
                       séries, das classes simultâneas e da forma escolar organizada sob um
                       novo modelo com novos espaços, tempos e modos de funcionamento
                       escolar. Modernidade que também implicava em um único prédio
                       escolar, específico para a instrução de crianças de ambos os sexos;
                       vários professores, homens e mulheres, inclusive um especialmente
                       destinado ao ensino de música; a presença de uma hierarquia na gestão
                       do ensino e de novas funções no espaço escolar (diretor, inspetor,
                       professor, bedéis, servente, jardineiro). (p. 441-442)


       É importante destacar, como mencionado por Martinez de Shueler e Gonçalves
Gondra, que a adoção de novos métodos de ensino contribuiu para corporificar o ideário
modernista, pois os mesmos trazem, no seu bojo, elementos organizadores dos tempos e
dos espaços escolares, inclusive com orientações e determinações bastante detalhadas
sobre o uso dos materiais, a organização espaço-temporal da classe e das atividades, e
da metodologia utilizada.
       Para este trabalho, decidiu-se discutir a organização do trabalho pedagógico,
considerando a estruturação dos tempos e espaços escolares no Brasil, no século XIX e
no início do século XX, a partir dos novos métodos de ensino. Desse modo, acredita-se
ser possível compreender como as diretrizes para a estruturação dos tempos e dos
espaços escolares impactou a organização do trabalho pedagógico, diferenciando-o das
proposições implementadas com as Reformas Pombalinas. Este artigo encontra-se
dividida em grandes tópicos. O primeiro aborda os tempos escolares e suas implicações
pedagógicas, e, o segundo, os espaços escolares e suas implicações pedagógicas. Apesar
da separação do tempo e do espaço para fins de detalhamento de cada um, se faz
necessário destacar que ambos mantêm uma relação de interdependência e influenciam-
se, como será percebido em passagens dos capítulos em que essas duas dimensões se
complementam.
       As fontes utilizadas para esta pesquisa são, essencialmente, de origem
bibliográfica, privilegiando-se aquelas que situadas dentro da nova historiografia da
educação brasileira e discutem a institucionalização da educação e os métodos de
ensino, no recorte temporal que compreende ao final do Império, a fim de encontrar
evidências da relação entre a estruturação dos tempos e espaços escolares e as suas
implicações para a organização do trabalho pedagógico.


A organização dos tempos escolares e suas implicações pedagógicas
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       Como foi mencionado na introdução deste trabalho, a organização dos tempos
escolares relacionou-se ao ideário de modernidade – estratégia para o fortalecimento do
Estado nacional – e fomentou a incorporação da concepção eficientista no contexto
educacional.
       As discussões em torno do tempo e do seu uso, conforme Vidal e Faria Filho
(2000) era tema recorrente nos discursos das elitesv, ao mesmo tempo em que sinalizam
aspectos do ponto de vista da organização do trabalho pedagógico em função do tempo.
                        Essa preocupação, que se refere ao tempo e à sua utilização, escolar
                        ou não, não era apanágio das elites mineiras nas primeiras décadas dos
                        oitocentos. Estava no cerne mesmo da modernidade, e não poderia
                        deixar de ser um aspecto central no interior dos processos de
                        escolarização. A discussão voltava-se, por um lado, para a relação
                        entre a escola e outras instituições ou ocupações sociais (família,
                        trabalho...), pretendendo fazer com que os pais, sobretudo, tomassem
                        consciência da importância da escola e fizessem com que seus (suas)
                        filhos (as) a freqüentassem [sic] regularmente.
                        No entanto, essa não era, parece-nos, a questão principal. O aspecto
                        central, aqui, referia-se ao fato de que mais e mais ia-se afirmando o
                        tempo escolar que precisava estar em constante diálogo com os outros
                        tempos sociais. Esse tempo escolar pouco a pouco assumia, nos
                        discursos da época, uma especificidade, traduzida na percepção mais
                        produtiva do ensino, possível a partir da repartição e da organização
                        seqüencial [sic] dos conteúdos escolares, necessárias às atividades dos
                        alunos-monitores na sua relação com o grupo de aprendizes
                        (divisões): uma das principais características do método mútuo.
                        (VIDAL e FARIA FILHO, 2000, 22-23)

       O momento histórico em que essas constatações e contestações acerca do tempo
vão se disseminando, coincide com a intensificação das discussões sobre a ineficiência
do método de ensino individual, cuja principal característica é o fato de que o professor,
mesmo quando tinha vários alunos, continuava ensinando aos alunos individualmente.
(FARIA FILHO, 2000).
       Para Faria Filho (2000, p. 140-141)
                        O método individual caracterizava-se, pois, pelo fato de os alunos
                        ficarem muito tempo sem o contato direto com o professor, fazendo
                        com que a perda de tempo fosse grande e a indisciplina um problema
                        sempre presente. [...]
                        Nessas circunstâncias, podemos calcular, numa época em que se
                        procurava afirmar a necessidade de se utilizar racionalmente o tempo,
                        ensinando rápido e de maneira mais econômica possível, o quanto tal
                        método era criticado.
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       Inácio (2003) apresenta um relatório produzido por Marink em 1828, o qual trata
sobre o uso do tempo no método individual. Estudos como o apresentado a seguir
permitiram a conclusão de que o método individual só se adequava à instrução
doméstica.
                      Figuremos porém uma escola com todas as condições favoráveis[:]
                      um bom professor, uma reunião de 40 alunos em um local
                      suficientemente grande, bem arejado, etc, uma disciplina firme sem
                      ser brutal, e vejamos quais os resultados que aqui se podem obter do
                      sistema individual .
                      Admitamos três horas de escola de manhã, e três de tarde: uma hora e
                      meia será de manhã e de tarde consagrada à leitura, uma hora à
                      escrita, e meia ao cálculo. Visto que vamos sempre por suposições
                      nada nos impede de supor ainda que o professor tem o talento de se
                      fazer amar, e temer; que por isso
                      nunca será obrigado a fazer advertências, e a punir; que não será
                      interrompido por visitas estranhas, ou das autoridades, e que
                      finalmente consagra todo o tempo à instrução de seus alunos. Vê-se
                      pois que 1 e ½ hora de leitura dividida por 40 alunos dão dois minutos
                      e 15 segundos a cada um, sendo porém repetida à tarde a lição de
                      leitura tocam 4 1/2 minutos por dia a cada um. Duas horas diárias de
                      escrita dão a cada aluno três minutos, incluindo-se neste espaço o
                      tempo que o Professor gasta em aparar penas, debuxar, etc. Resta-nos
                      uma hora diária para a lição de cálculo, a qual pela mesma sorte
                      dividida dá 1 1/2 minuto a cada aluno, sendo este tempo apenas
                      suficiente para examinar os cadernos, comparar os resultados com
                      outros achados anteriormente, porque seria fisicamente impossível
                      poder o professor efetuar as operações com cada um dos seus alunos.
                      Assim pois supondo uma multidão de circunstâncias favoráveis, que
                      nunca jamais se podem encontrar, temos que, no sistema individual,
                      cada aluno tem por dia 4 1/2 minutos de lição de leitura, 3 de escrita, e
                      1/2 de cálculo.
                      Porém porquanto tempo poderia um professor, por mais robusta que
                      fosse a sua constituição, resistir a um tão monótono e continuo
                      trabalho? E dado mesmo o caso que resistisse, quão mesquinhos
                      seriam os resultados para os alunos!
                      Entretanto quase todas as escolas do 2º grau e muitas do 1º são
                      freqüentadas por mais de 70 alunos, e por isso muito menor espaço de
                      tempo vem a tocar a cada um.
                      Tal é em miniatura o sistema individual, que infelizmente é o único,
                      que conhecemos, e isso mesmo com todos os defeitos que ele sempre
                      acarreta na prática (SP 236, folha 2 – verso, folha 3 frente).
                      (MARINK, 1828 apud INÁCIO, 2003, p. 60-61)

       Se o método individual era criticado pelo uso ineficiente do tempo, o método
lancasterianovi – também conhecido como mútuo ou monitorial – implantado
oficialmente no Brasil através da Lei de 15 de outubro de 1827, mostrava-se mais
apropriado, pois trabalhando no sistema monitorial era possível atingir um número
maior de estudantes e acelerar o processo de aprendizagem, pois o professor formava os
alunos mais experientes para atuarem como monitores e deixava ao encargo destes o
7


trabalho com as atividades pedagógicas.
       Assim, um dos grandes alicerces característicos da eficiência do método era
atribuído ao fato de que os estudantes permaneciam
                        [...] o tempo todo ocupados e vigiados pelos colegas e o
                        estabelecimento de uma intensa emulação entre os estudantes, o tempo
                        necessário ao aprendizado das primeiras letras seria bastante
                        abreviado em comparação ao método individual. (FARIA FILHO,
                        2000, p. 141)


       Contudo, a eficiência não advinha apenas dos aspectos apontados por Faria Filho
(2000), mas também à rígida rotina própria do método lancasteriano, como se pode
observar em Miranda e Cury (2008)
                        A disciplina era algo a ser atingido e a palmatória era um dos
                        caminhos eficazes para isso. Além é claro, do controle sobre o tempo
                        escolar, com seus toques de entrada e saída, sendo as aulas divididas
                        entre os horários de 8:00 às 11:00 hs da manhã e da 14:00 às 17:00 hs
                        da tarde.
                        Tudo deveria ser regido, tal qual uma orquestra que por nenhuma
                        hipótese poderia perder o compasso. Ao entrar nas salas, os alunos
                        deveriam cumprimentar o seu mestre, em seguida retirar o chapéu e
                        pendurá-lo no local indicado com seu nome. Após essa primeira etapa,
                        os alunos deveriam encaminhar-se aos seus bancos e sentar-se
                        silenciosamente, a sua frente já estavam os materiais que deveriam ser
                        utilizados por eles durante a aula, que foram colocados nas mesas,
                        meia hora antes do toque de entrada pelos então monitores. (p. 5-6)


       Siqueira (2007, p. 110), também contribui para debate acerca do tempo escolar
afirmando que “na escola de ensino mútuo o tempo era uma ferramenta essencial
porque permitia o domínio das ações didáticas e o controle sobre a divisão das
disciplinas que se tinha de instruir. Tudo era regulado pela ação do relógio.”
       Este mesmo autor ainda apresenta a organização das atividades pedagógicas,
longo do dia numa escola que adota o método lancasteriano. Cabe destacar a
semelhança entre a distribuição das atividades apresentada por Siqueira com a descrição
sobre o tempo escolar supracitado, com base em Miranda e Cury (2008).
       As práticas de ensino da leitura e da escrita também foram influenciadas pela
necessidade de racionalização do tempo, pois a sociedade começava a requerer
processos mais velozes de leitura e de escrita. Vidal (2000, p. 500) afirma que “nos anos
20 e 30, surgiu novamente a discussão acerca da escrita mais adaptada à modernidade
[...]”. Complementando sua argumentação, Vidal busca fundamentos Orminda
Marquesvii, para aprofundar ainda mais a sua análise “[...] a sociedade moderna
demandava uma escrita clara, legível e rápida. Como meio de comunicação, a escrita
8


deveria ser eficiente na economia de tempo tanto para a leitura [...] quanto para a técnica
de escrever.” (2000, p. 501)
       Considerando a demanda existente à época, Vidal explica minuciosamente como
se dava o processo de preparação para a escritaviii.
                        A partir de exercícios preparatórios, quando a criança era instada a apurar o
                        controle dos movimentos da mão e do antebraço, seja com desenhos no ar ou
                        no papel, iniciava-se o aprendizado do traçado das letras, palavras e frases. A
                        caligrafia muscular prescrevia uma escrita de tipo inclinada e sem talhe,
                        obtida por tração e não pressão, resultado da unidade entre o movimento dos
                        músculos do antebraço e da mão, a postura corporal do aluno na carteira, a
                        posição levemente oblíqua do caderno, o ritmo regular do traçado da letra e
                        manutenção do lápis ou da pena constantemente sobre o papel. O ritmo era
                        controlado por palmas ou canções elaboradas para o exercício. À medida que
                        se aperfeiçoava o trabalho, reduzia-se paulatinamente seu tempo de execução.
                        (VIDAL, 2000, p. 501)


       A chamada caligrafia muscular, descrita acima, atendeu a uma demanda social
de sintonização dos tempos escolares com os tempos sociais, que, cada vez mais
pressupunham agilidade, velocidade, rapidez.
       Em relação à leitura Vidal (2000) tece as seguintes considerações
                        Os anos 20 trouxeram, entretanto, outros desafios ao leitor. A
                        aceleração do crescimento urbano, a proposta de escolarização de
                        massas, a contabilização mais pormenorizada do tempo e a profusão
                        de informações impunham uma leitura mais ágil e individualizada que
                        a oral. A leitura silenciosa despontou como resposta aos apelos da
                        nova sociedade moderna. (p. 506)

       Naquele contexto, as implicações pedagógicas da nova forma de ler e de
escrever demandaram formação dos professores não apenas para a compreensão do
funcionamento dos métodos, mas, sobretudo, para a aprendizagem sobre os novos
materiais que se incorporaram ao ensino e sobre a configuração espacial da sala de aula,
em adequação ao método adotado.

A organização dos espaços escolares e suas implicações pedagógicas



       Assim como a racionalização do uso do tempo foi incorporada à organização
pedagógica, em atendimento ao ideário de modernidade, a estruturação do espaço
escolar também foi alvo de debates no transcurso do século XIX e no início do século
XX.
                        A questão do espaço para abrigar a escola pública primária começou a
                        aparecer especialmente a partir da segunda década do século XIX, em
                        algumas cidades da então Colônia, e, posteriormente à independência,
                        em várias províncias do Império, quando intelectuais e políticos
                        puseram em circulação o debate em torno da necessidade de se adotar
9


                       um novo método de ensino nas escolas brasileiras: o método mútuo
                       [...]. Afirmavam que a maneira pela qual estava organizada a escola,
                       com o professor ensinando cada aluno individualmente, mesmo
                       quando sua classe era formada por vários alunos (método individual),
                       impedia que a instrução pudesse ser generalizada para um grande
                       número de indivíduos, tornando a escola dispendiosa e pouco eficiente
                       (VIDAL e FARIA FILHO, 2005, p.47).

       Para além da precariedade, já mencionada, da maioria das escolas existentes no
século XIX, o discurso higienista ganhou corpo e, juntamente com as proposições dos
novos métodos de ensino, a exemplo do lancasteriano, com vistas à melhoria da saúde e
bem-estar da população.
                       As questões de salubridade neste período envolviam desde as boas
                       condições dos prédios onde eram efetuadas as aulas de primeiras
                       letras, tendo que ter salas limpas e arejadas, até mesmo, a própria
                       higiene pessoal, pois as epidemias e os tantos outros problemas de
                       saúde eram elementos que atingiam diretamente o bom andamento da
                       instrução. (MIRANDA e CURY, 2008, p. 7)

       Outro aspecto importante a ressaltar é o fato de que o sucesso da instrução seria
diretamente proporcional às condições físicas das escolas.

                       Uma escola mais rápida, mais barata e com um professor mais bem
                       formado era o que clamavam nossos políticos e intelectuais. O método
                       preconizado, utilizado largamente na Europa, possibilitava, segundo
                       seus defensores, que um único professor desse aula para até 1.000
                       alunos. Bastava, para isso, que ele contasse com espaço e materiais
                       adequados e, sobretudo, com a ajuda
                       dos alunos-monitores. Todos reconheciam que para abrigar dezenas
                       ou, mesmo, centenas de aprendizes fazia-se necessária a construção de
                       novos espaços escolares. Mais que isso: tais espaços eram
                       considerados uma condição imprescindível para o bom êxito da
                       empresa escolar que se defendia. Esse espaço deveria levar em conta
                       não apenas a quantidade de alunos mas também a mobilidade dos
                       monitores por entre as turmas, a mobilidade das turmas dentro da
                       classe, a necessidade de pendurar “cartazes”
                       e outras peças na parede, dentre outras inovações propostas. (FARIA
                       FILHO e VIDAL, 2000, p. 22)

       Da afirmação de Faria Filho e Vidal, destaca-se ainda a questão dos materiais
escolares (cartazes, peças) começaram a serem introduzidos formalmente como apoio à
prática do professor. Assim, a organização do espaço também gerou implicações na
prática do professor, que precisou incorporar a nova configuração da sala de aula
simultaneamente ao surgimento da cultura material escolar, que, com a criação dos
grupos escolares consolidou-se como elementos característicos e próprios do fazer
pedagógico.
10


       Com o mesmo rigor com que as rotinas de atividades diárias, o método
lancasteriano propôs uma série de exigências em relações ao espaço físico, a começar
pela adequação entre a quantidade de estudantes e as dimensões das salas de aulas.
                       [...] Para uma escola com 240 alunos o tamanho da sala deveria ser de
                       17 metros e 30 centímetros de comprimento por 8 metros e 90
                       centímetros de largura.
                       Com duzentos e quarenta alunos essa escola funcionaria com 16
                       classes, sendo que cada classe possuiria 15 alunos. 137 Essas classes
                       de 15 alunos sentariam em carteiras e bancos justapostos em lugares
                       determinados. (SIQUEIRA, 2006, p. 107)

       Especificando as condições ideais do espaço físico escolar, Siqueira afirma que
                       Uma escola de ensino mútuo deveria ter a forma de um quadrilongo
                       com duplo comprimento da sua largura e estar preferivelmente situada
                       em alguma altura do solo. Também deveria estar situada em um
                       quarteirão populoso de modo que os estudos não fossem perturbados
                       pelo barulho exterior, tendo-se o cuidado de dar ao teto da sala altura
                       suficiente para que se pudesse nela circular o ar necessário à
                       respiração dos discípulos.
                       As janelas deveriam estar situadas nos dois maiores lados paralelos e
                       aberta a dois metros do solo. Desse modo os discípulos não podiam se
                       distrair com o que acontecesse no exterior da escola. As janelas de
                       balanço eram preferíveis pela razão de se poderem facilmente
                       manobrar por meio de uma corda.
                       O pavimento da escola deveria ser feito de uma camada de salitre, de
                       tijolos ou de tábuas; estas eram preferíveis por não acumular poeira e
                       não exigirem freqüentes reparos.
                       A porta da sala deveria estar situada perto do estrado do professor a
                       fim de que se pudesse observar a ordem de entrada e saída dos
                       discípulos sem ter que sair do lugar.
                       A ante-sala, local onde os discípulos eram reunidos antes da aula,
                       consistia em uma sala que precedia sempre a das classes. Aí ficavam
                       nas paredes os cabides para guardar os chapéus e um depósito para
                       água, com um vaso por baixo e copos de folhas de flandres.
                       As latrinas deveriam estar situadas no pátio ou no quintal da casa de
                       modo que o professor pudesse observar os meninos por meio de uma
                       janela que ficava próxima às classes dos alunos ou discípulos.
                       O Estrado situado deveria está situado em uma extremidade da sala
                       sobre o qual se punha a mesa do professor e as mesas menores dos
                       monitores gerais. A elevação desse estrado e suas dimensões eram
                       proporcionais ao tamanho da sala; todavia o máximo que se podia
                       conceber era 65 centímetros de altura, 5 metros de comprimento e 2
                       de largura. A ele se subia por um degrau e era rodeado por um
                       baluarte. (2006, p. 107-108)

       Em Inácio (2003) ainda é possível encontrar a especificação sobre o teto e as
paredes.
                       [...] O teto deve ser elevado de 20 a 25 palmos do solo a fim de evitar-
                       se a rápida corrupção do ar interior. Pode ser de qualquer matéria, mas
                       convém muito que seja sempre de cor branca. As paredes devem
                       também ser de cor branca, empregando-se, de preferência, para este
11


                         fim um reboque de cal, e areia, em razão de ficar muito mais durável,
                         e fixo, do que a que é dada a pincel. Na parte inferior serão
                         guarnecidas de uma barra de cor escura e fixa de seis palmos de altura.
                         (p. 80)


          Inácio (2003) destaca, de forma crítica, a demanda pela organização espacial da
escola.
                         A definição e o ordenamento do espaço escolar, assim como a
                         disposição dos sujeitos e objetos nele contidos, têm no segundo
                         quartel do século XIX uma relação direta com o ideal de
                         racionalização e ordenação da sociedade. Organizar o processo
                         educativo, dotando-o de um espaço especificamente projetado para a
                         tarefa de ensinar, tem íntima relação com o desejo de disciplinar,
                         controlar e normalizar as condutas dos sujeitos envolvidos nesse
                         processo, sobretudo professores e alunos. As descrições dos trabalhos
                         encontradas no Compendio explicativo sobre o methodo de ensino
                         mútuo, na Memória de Peregrino e de forma menos detalhadas nas
                         dissertações dos alunos da Escola Normal nos permitem ver
                         claramente como os ideais de racionalização permearam todas as
                         dimensões do processo educativo escolar. (p. 97)


          Mesmo diante do notório controle e normalização – necessários ao projeto
civilizador – Faria Filho e Vidal (2000) constatam que
                         Apesar de posto desde a segunda metade do século XVIII, o debate
                         em torno da constituição de espaços dedicados ao ensino e da fixação
                         de tempos de permanência na escola teria que esperar até meados da
                         última década do século XIX, primeiro em São Paulo e, depois, em
                         vários estados brasileiros, para assumir a forma mais acabada da
                         proposta dos grupos escolares. Neles, e por meio deles, os
                         republicanos buscaram dar a ver a própria República e seu projeto
                         educativo exemplar e, por vezes, espetacular. (p. 24)

          Da mesma forma que o método mútuo propunha uma estrutura física adequada,
os grupos escolares foram implantados com base num projeto arquitetônico imponente,
com proporções monumentais.
                         Monumentais, os grupos escolares, na sua maioria, eram construídos a
                         partir de plantas-tipo em função do número de alunos, em geral 4, 8
                         ou 10 classes, em um ou dois pavimentos, com nichos previstos para
                         biblioteca escolar, museu escolar, sala de professores e administração.
                         Edificados simetricamente em torno de um pátio central ofereciam
                         espaços distintos para o ensino de meninos e de meninas. À divisão
                         formal da planta, às vezes, era acrescido um muro, afastando
                         rigidamente e evitando a comunicação entre os dois lados da escola.
                         Esses prédios tinham entradas laterais diferentes para os sexos. Apesar
                         de padronizados em planta, os edifícios assumiam características
                         diversas, sendo-lhes alteradas as fachadas. (FARIA FILHO e VIDAL,
                         2000, p. 25)
12


       Naquela época, a organização do espaço escolar caminhou pari passu com o
projeto de Estado nacional e os ideários de civilização e modernidade. No bojo das
diferentes propostas de racionalização dos espaços, as questões da formação de
professores e das mudanças na sua prática de ensino tangenciam todo processo de
reconfirguração destes espaços, apesar de não terem sido objeto de estudo deste
trabalho, é importante que seja mencionado.


Considerações Finais


       A pretensão de refletir sobre a organização dos tempos e espaços escolares e a
sua relação com a organização do trabalho pedagógico, descortinou algumas
descobertas, das quais se destacam: a compreensão do tempo e do espaço escolar como
dimensões do trabalho pedagógico, assim sendo, é imprescindível não perder de vista
tais dimensões quando da elaboração de propostas de ensino e da organização do
trabalho pedagógico em si (definição de métodos, técnicas, estratégias); a ampliação do
conceito de tempo e espaço escolares, para além da “matéria”, ou seja, não apenas o
tempo e o espaço físico, mas os aspectos subjetivos, os ritmos e os espaços de ação, nos
quais professores e estudantes agenciam sabres, culturas e práticas; as necessidades
formativas postas aos educadores frente às novas configurações dos tempos e dos
espaços escolares.
       No que tange o objeto de estudo deste texto, são significativas as contribuições
de Souza (2004) e Faria Filho e Vidal (2000), por suscitarem novas janelas de
questionamentos e interrogações propícias para estudos futuros, inclusive contrapondo
com a realidade vivenciada nos dias atuais. Não para “cobrar do passado” as respostas
do presente, mas para refletir sobre os “porquês” que co-habitam os espaços de trabalho
de tantos educadores.
                        [...] precariedade dos edifícios escolares, alta seletividade do ensino
                        primário, carência de mobiliário e material didático, falta de
                        uniformidade e padronização do ensino, dificuldade de emprego dos
                        métodos modernos de ensino e de cumprimento integral dos
                        programas escolares, dificuldades de provimento de professores nas
                        escolas isoladas, baixos salários dos professores e precárias condições
                        de trabalho. (SOUZA, 2004, P.124).

                        Pois, como plurais, espaços e tempos fazem parte da ordem social e
                        escolar. Sendo assim, são sempre pessoais e institucionais, individuais
                        e coletivos, e a busca de delimitá-los, controlá-los, materializando-os
                        em quadros de anos/séries, horários, relógios, campainhas, ou em
13


                         salas específicas, pátios, carteiras individuais ou duplas, deve ser
                         compreendida como um movimento que teve ou propôs múltiplas
                         trajetórias de institucionalização da escola. Daí, dentre outros
                         aspectos, a sua força educativa e sua centralidade no aparato escolar.
                         (FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 23)

        Espera-se poder lançar luz sobre esses pontos que, de alguma forma, ainda são
marcantes e presentes na cultura e nas práticas escolares contemporâneas.




i
   FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 20.
ii
     Não havia ainda regulação específica relacionada à estrutura física e da organização dos
tempos escolares.
iii
      Cf. CARVALHO, M. M. C. de. (2003) A escola e a República e outros ensaios.
CARVALHO, M. M. C. de. (1998) Molde nacional e fôrma cívica: higiene, moral e trabalho
no projeto da Associação Brasileira de Educação (1924 – 1931). 1998; HORTA, J. S. B.. (1994)
O hino, o sermão e a ordem do dia: regime autoritário e a educação no Brasil (1930 – 1945).
1994; SOUZA, R. F. de. (1998) Templos de civilização: a implantação da escola primária
graduada no Estado de São Paulo (1890 – 1910).
iv
    Grifos meus.
v
    Os autores situam a discussão sobre o tempo na sociedade mineira, no entanto, entendendo que
o ideário da modernidade era generalizado no Brasil, pode-se estender a necessidade de
discussão sobre essa temática para as demais localidades.
vi
     Para Inácio (2003) [...] toda a estrutura se baseia no ensino dos alunos por eles mesmos: os
mais adiantados servindo de professores àqueles que sabem menos. O método mútuo previa a
instrução simultânea dos alunos, com a utilização de monitores, como são chamados aqueles
que ensinam seus colegas [...]. (p. 62)
vii
     Professora de Prática de Ensino da Escola de Professores e diretora da Escola Primária que
desenvolveu experimentos relacionados ao ensino da escrita.
viii
      Em atendimento às prescrições higiênicas, para uma boa aprendizagem da escrita a escola
deveria ser equipada com carteiras adequadas à estatura dos estudantes e fixas no chão, evitando
a mobilidade. Além disso, a aprendizagem inicial dava-se com o uso de ardósias e,
posteriormente, em cadernos de caligrafia. (VIDAL, 2000)


Referências


FARIA FILHO, L. M.. Instrução elementar no século XIX. In: LOPES, E.; FARIA
FILHO, L. M.; VEIGA, C. G.. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte:
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INÁCIO, M. S.. O processo de escolarização e o ensino de primeiras letras em
Minas Gerais (1825-1852). UFMG, 2003. (Dissertação de Mestrado).

MARTINEZ de SHUELER, A. F. e GONÇALVES GONDRA, J.. Reformas educativas,
viagem e comparação no Brasil oitocentista: o caso de Uchoa Cavalcanti (1879).
Educação e Pesquisa, São Paulo, v.34, n.3, p. 437-448, set./dez. 2008. Disponível em:
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14



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Organização dos tempos e espaços escolares

  • 1. 1 Organização dos tempos e espaços escolares: dimensões do trabalho pedagógico no Brasil no século XIX e início do século XX Resumo A organização dos tempos e dos espaços escolares fez-se presente nos debates sobre a instrução no Brasil, de forma mais intensa, no século XIX e no início do século XX. Tal processo de organização esteve diretamente relacionado com os métodos de ensino que se propunham a oferecer melhores resultados e ampliar a oferta de ensino através da racionalização do uso do tempo e do espaço escolar. Por sua vez, os novos métodos são propostos na época em que o ideário de modernidade, de civilização e de consolidação de um Estado nacional se fez mais presente. Diante dessas tantas mudanças, é necessário refletir sobre aspectos pedagógicos que tangenciam toda essa reestruturação da instrução, que culminará, no início do século XX com a implantação das escolas graduadas, corporificadas no projeto dos grupos escolares. Este artigo apresenta uma revisão bibliográfica relacionada a esta temática. A partir da pesquisa pode-se identificar a relação entre a organização dos tempos e espaços escolares e os impactos para o trabalho pedagógica, refletindo numa constante demanda formativa para os professores. Palavras-chave: Educação brasileira; espaços escolares; métodos de ensino; organização do trabalho pedagógico; tempos escolares. Abstract The organization of school time and space presented itself in debates about education in Brazil, more intense in the XIX and beginning of the XX century. This process of organization was directly related to teaching methods that they proposed to offer better results and expand the provision of education through the rational use of school time and space. In turn, the new methods are proposed at the time the ideas of modernity, civilization and consolidation of a national state has become more present. Given these many changes, it is necessary to reflect on pedagogical aspects that graze this whole restructuring of education, which will culminate in beginning of the XX century with the establishment of graduate schools, embodied in the design of school groups. This article presents a literature review related to this subject. From the research we can identify the relationship between the organization of school time and space and impacts on the pedagogical work, reflecting a constant demand for training teachers. Keywords: Brazilian education; Organization of educational work; School spaces; School times; Teaching methods. I Encontro Luso-Brasileiro sobre Trabalho Docente VI Encontro Brasileiro da Rede Estrado Período: 02 a 05/11/11 http://www.lusobrastd.com/trabalhosoriginais/Organiza%E7%E3o_dos_tempos_e_es pa%E7os_escolares__dimens%F5es_do_trab alho_pedag%F3gico_no_Brasil_no_s%E9culo_XIX_e_in%EDcio_do_s%E9culo_XX.doc
  • 2. 2 Introdução Históricos eles também, o espaço e o tempo escolares foram sendo produzidos diferenciadamente ao longo da nossa história da educação e se constituíram em dois grandes desafios enfrentados para se criar, no Brasil, um sistema de ensino primário ou elementar que viesse atender, minimamente que fosse, às necessidades impostas pelo desenvolvimento social e/ou às i reivindicações da população . Partindo dos referenciais contemporâneos, se formos convidados a pensar numa escola e descrevê-la, de certo, a representação da maioria das pessoas será bastante diferenciada das diversas representações que existiram ao longo da História da Educação Brasileira. Faria Filho apresenta um ponto de vista que delineia qual noção de escola era comum à época. Herdamos do período colonial um número muito reduzido de escolas régias ou de cadeiras públicas de primeiras letras. Eram escolas cujos professores eram reconhecidos ou nomeados pelos órgãos de governos responsáveis pela instrução e funcionavam em espaços improvisados, geralmente, na casa dos professores, os quais algumas vezes, recebiam uma pequena ajuda para o pagamento do aluguel. (FARIA FILHO, 2000, p. 144) Naquela época, havia a previsão de implantação de escolas, no entanto, não existia uma regulamentação específica acerca da estrutura física necessária para a oferta do ensino. À despeito da inexistência da regulamentação para o funcionamentoii das instituições escolares, Vidal e Faria Filho destacam que este era um anseio da sociedade, desde o Brasil setecentista, não se restringindo apenas a questão espacial, mas também temporal. Reclamada desde o século XVIII (Cardoso, 1998), a construção de espaços adequados para o ensino, bem como a definição de tempos de aprendizagem, estava relacionada não apenas à possibilidade de a escola vir a cumprir as funções sociais que lhe foram crescentemente delegadas mas, também, à produção da singularidade da instituição
  • 3. 3 escolar e da cultura que lhe é própria. (FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 20) No entanto, frente a mobilizações em prol da institucionalização dos espaços de aprendizagem, a realidade comum à época é descrita tanto por Vasconcelos (2005) quanto por Faria Filho (2000), a qual atendia a prerrogativas legais relativas à implantação de escolas, mas estavam aquém do que a sociedade e os ideais políticos demandavam. Vasconcelos afirma que O século XIX no Brasil caracteriza-se, com relação à educação, como o momento histórico em que se firma, pelas necessidades impostas ao sistema de vida constituído na época, a educação doméstica. E particularmente os seus agentes: os mestres das Casas que se ocupavam da prática de educar no espaço doméstico meninas e meninos das camadas abastadas da sociedade. No entanto, da mesma forma como esse século é palco da ampliação sem precedentes da prática de educação doméstica, também ela vai fragilizando-se diante das pressões do Estado e cedendo lugar à escola formal, que surge tanto como transformação do sistema vigente quanto como negação do espaço doméstico da educação (VASCONCELOS, 2005, p.223). Para Faria Filho (2000, p. 140), “Até então a escola que existia funcionava, na maioria das vezes, nas casas dos professores, ou sobretudo, nas fazendas, em espaços precários [...].” Todos os aspectos mencionados acima, no contexto do Brasil Império e no início da Primeira República, convergem para a necessidade de se pensar sobre a organização e estruturação dos tempos e dos espaços escolares. Tal preocupação revelava um ideário civilizatório iluminista, o qual tinha como base a ampliação das “possibilidades de acesso de um número maior de pessoas às instituições e práticas civilizatórias.” (FARIA FILHO, 2000, p. 140.). O ideário de modernidade também impulsionou novas práticas educativas, as quais foram mais fortemente percebidas no final do Império e na Primeira Repúblicaiii, principalmente no que se refere aos temas relacionados à higiene, à moral e ao civismo. Martinez de Shueler e Gonçalves Gondra (2008) apresentam aspectos de como essa reconfiguração da escola relacionou-se com o conceito de modernidade. No que se refere aos pontos que o Inspetor pernambucano pôde ver na Capital do Império, as escolas municipais mantidas pela Câmara Municipal, a Escola de São Sebastião e de São José, erigidas na década de 1870, foram positivamente destacadas não apenas pelo aspecto moderno e grandioso da arquitetura (os “palácios escolares”),
  • 4. 4 mas pela adoção de novos métodosiv e programas de ensino, nos quais surgiam alguns elementos da modernidade pedagógica (Nunes, 2000): a adoção do ensino seriado e graduado em três anos ou séries, das classes simultâneas e da forma escolar organizada sob um novo modelo com novos espaços, tempos e modos de funcionamento escolar. Modernidade que também implicava em um único prédio escolar, específico para a instrução de crianças de ambos os sexos; vários professores, homens e mulheres, inclusive um especialmente destinado ao ensino de música; a presença de uma hierarquia na gestão do ensino e de novas funções no espaço escolar (diretor, inspetor, professor, bedéis, servente, jardineiro). (p. 441-442) É importante destacar, como mencionado por Martinez de Shueler e Gonçalves Gondra, que a adoção de novos métodos de ensino contribuiu para corporificar o ideário modernista, pois os mesmos trazem, no seu bojo, elementos organizadores dos tempos e dos espaços escolares, inclusive com orientações e determinações bastante detalhadas sobre o uso dos materiais, a organização espaço-temporal da classe e das atividades, e da metodologia utilizada. Para este trabalho, decidiu-se discutir a organização do trabalho pedagógico, considerando a estruturação dos tempos e espaços escolares no Brasil, no século XIX e no início do século XX, a partir dos novos métodos de ensino. Desse modo, acredita-se ser possível compreender como as diretrizes para a estruturação dos tempos e dos espaços escolares impactou a organização do trabalho pedagógico, diferenciando-o das proposições implementadas com as Reformas Pombalinas. Este artigo encontra-se dividida em grandes tópicos. O primeiro aborda os tempos escolares e suas implicações pedagógicas, e, o segundo, os espaços escolares e suas implicações pedagógicas. Apesar da separação do tempo e do espaço para fins de detalhamento de cada um, se faz necessário destacar que ambos mantêm uma relação de interdependência e influenciam- se, como será percebido em passagens dos capítulos em que essas duas dimensões se complementam. As fontes utilizadas para esta pesquisa são, essencialmente, de origem bibliográfica, privilegiando-se aquelas que situadas dentro da nova historiografia da educação brasileira e discutem a institucionalização da educação e os métodos de ensino, no recorte temporal que compreende ao final do Império, a fim de encontrar evidências da relação entre a estruturação dos tempos e espaços escolares e as suas implicações para a organização do trabalho pedagógico. A organização dos tempos escolares e suas implicações pedagógicas
  • 5. 5 Como foi mencionado na introdução deste trabalho, a organização dos tempos escolares relacionou-se ao ideário de modernidade – estratégia para o fortalecimento do Estado nacional – e fomentou a incorporação da concepção eficientista no contexto educacional. As discussões em torno do tempo e do seu uso, conforme Vidal e Faria Filho (2000) era tema recorrente nos discursos das elitesv, ao mesmo tempo em que sinalizam aspectos do ponto de vista da organização do trabalho pedagógico em função do tempo. Essa preocupação, que se refere ao tempo e à sua utilização, escolar ou não, não era apanágio das elites mineiras nas primeiras décadas dos oitocentos. Estava no cerne mesmo da modernidade, e não poderia deixar de ser um aspecto central no interior dos processos de escolarização. A discussão voltava-se, por um lado, para a relação entre a escola e outras instituições ou ocupações sociais (família, trabalho...), pretendendo fazer com que os pais, sobretudo, tomassem consciência da importância da escola e fizessem com que seus (suas) filhos (as) a freqüentassem [sic] regularmente. No entanto, essa não era, parece-nos, a questão principal. O aspecto central, aqui, referia-se ao fato de que mais e mais ia-se afirmando o tempo escolar que precisava estar em constante diálogo com os outros tempos sociais. Esse tempo escolar pouco a pouco assumia, nos discursos da época, uma especificidade, traduzida na percepção mais produtiva do ensino, possível a partir da repartição e da organização seqüencial [sic] dos conteúdos escolares, necessárias às atividades dos alunos-monitores na sua relação com o grupo de aprendizes (divisões): uma das principais características do método mútuo. (VIDAL e FARIA FILHO, 2000, 22-23) O momento histórico em que essas constatações e contestações acerca do tempo vão se disseminando, coincide com a intensificação das discussões sobre a ineficiência do método de ensino individual, cuja principal característica é o fato de que o professor, mesmo quando tinha vários alunos, continuava ensinando aos alunos individualmente. (FARIA FILHO, 2000). Para Faria Filho (2000, p. 140-141) O método individual caracterizava-se, pois, pelo fato de os alunos ficarem muito tempo sem o contato direto com o professor, fazendo com que a perda de tempo fosse grande e a indisciplina um problema sempre presente. [...] Nessas circunstâncias, podemos calcular, numa época em que se procurava afirmar a necessidade de se utilizar racionalmente o tempo, ensinando rápido e de maneira mais econômica possível, o quanto tal método era criticado.
  • 6. 6 Inácio (2003) apresenta um relatório produzido por Marink em 1828, o qual trata sobre o uso do tempo no método individual. Estudos como o apresentado a seguir permitiram a conclusão de que o método individual só se adequava à instrução doméstica. Figuremos porém uma escola com todas as condições favoráveis[:] um bom professor, uma reunião de 40 alunos em um local suficientemente grande, bem arejado, etc, uma disciplina firme sem ser brutal, e vejamos quais os resultados que aqui se podem obter do sistema individual . Admitamos três horas de escola de manhã, e três de tarde: uma hora e meia será de manhã e de tarde consagrada à leitura, uma hora à escrita, e meia ao cálculo. Visto que vamos sempre por suposições nada nos impede de supor ainda que o professor tem o talento de se fazer amar, e temer; que por isso nunca será obrigado a fazer advertências, e a punir; que não será interrompido por visitas estranhas, ou das autoridades, e que finalmente consagra todo o tempo à instrução de seus alunos. Vê-se pois que 1 e ½ hora de leitura dividida por 40 alunos dão dois minutos e 15 segundos a cada um, sendo porém repetida à tarde a lição de leitura tocam 4 1/2 minutos por dia a cada um. Duas horas diárias de escrita dão a cada aluno três minutos, incluindo-se neste espaço o tempo que o Professor gasta em aparar penas, debuxar, etc. Resta-nos uma hora diária para a lição de cálculo, a qual pela mesma sorte dividida dá 1 1/2 minuto a cada aluno, sendo este tempo apenas suficiente para examinar os cadernos, comparar os resultados com outros achados anteriormente, porque seria fisicamente impossível poder o professor efetuar as operações com cada um dos seus alunos. Assim pois supondo uma multidão de circunstâncias favoráveis, que nunca jamais se podem encontrar, temos que, no sistema individual, cada aluno tem por dia 4 1/2 minutos de lição de leitura, 3 de escrita, e 1/2 de cálculo. Porém porquanto tempo poderia um professor, por mais robusta que fosse a sua constituição, resistir a um tão monótono e continuo trabalho? E dado mesmo o caso que resistisse, quão mesquinhos seriam os resultados para os alunos! Entretanto quase todas as escolas do 2º grau e muitas do 1º são freqüentadas por mais de 70 alunos, e por isso muito menor espaço de tempo vem a tocar a cada um. Tal é em miniatura o sistema individual, que infelizmente é o único, que conhecemos, e isso mesmo com todos os defeitos que ele sempre acarreta na prática (SP 236, folha 2 – verso, folha 3 frente). (MARINK, 1828 apud INÁCIO, 2003, p. 60-61) Se o método individual era criticado pelo uso ineficiente do tempo, o método lancasterianovi – também conhecido como mútuo ou monitorial – implantado oficialmente no Brasil através da Lei de 15 de outubro de 1827, mostrava-se mais apropriado, pois trabalhando no sistema monitorial era possível atingir um número maior de estudantes e acelerar o processo de aprendizagem, pois o professor formava os alunos mais experientes para atuarem como monitores e deixava ao encargo destes o
  • 7. 7 trabalho com as atividades pedagógicas. Assim, um dos grandes alicerces característicos da eficiência do método era atribuído ao fato de que os estudantes permaneciam [...] o tempo todo ocupados e vigiados pelos colegas e o estabelecimento de uma intensa emulação entre os estudantes, o tempo necessário ao aprendizado das primeiras letras seria bastante abreviado em comparação ao método individual. (FARIA FILHO, 2000, p. 141) Contudo, a eficiência não advinha apenas dos aspectos apontados por Faria Filho (2000), mas também à rígida rotina própria do método lancasteriano, como se pode observar em Miranda e Cury (2008) A disciplina era algo a ser atingido e a palmatória era um dos caminhos eficazes para isso. Além é claro, do controle sobre o tempo escolar, com seus toques de entrada e saída, sendo as aulas divididas entre os horários de 8:00 às 11:00 hs da manhã e da 14:00 às 17:00 hs da tarde. Tudo deveria ser regido, tal qual uma orquestra que por nenhuma hipótese poderia perder o compasso. Ao entrar nas salas, os alunos deveriam cumprimentar o seu mestre, em seguida retirar o chapéu e pendurá-lo no local indicado com seu nome. Após essa primeira etapa, os alunos deveriam encaminhar-se aos seus bancos e sentar-se silenciosamente, a sua frente já estavam os materiais que deveriam ser utilizados por eles durante a aula, que foram colocados nas mesas, meia hora antes do toque de entrada pelos então monitores. (p. 5-6) Siqueira (2007, p. 110), também contribui para debate acerca do tempo escolar afirmando que “na escola de ensino mútuo o tempo era uma ferramenta essencial porque permitia o domínio das ações didáticas e o controle sobre a divisão das disciplinas que se tinha de instruir. Tudo era regulado pela ação do relógio.” Este mesmo autor ainda apresenta a organização das atividades pedagógicas, longo do dia numa escola que adota o método lancasteriano. Cabe destacar a semelhança entre a distribuição das atividades apresentada por Siqueira com a descrição sobre o tempo escolar supracitado, com base em Miranda e Cury (2008). As práticas de ensino da leitura e da escrita também foram influenciadas pela necessidade de racionalização do tempo, pois a sociedade começava a requerer processos mais velozes de leitura e de escrita. Vidal (2000, p. 500) afirma que “nos anos 20 e 30, surgiu novamente a discussão acerca da escrita mais adaptada à modernidade [...]”. Complementando sua argumentação, Vidal busca fundamentos Orminda Marquesvii, para aprofundar ainda mais a sua análise “[...] a sociedade moderna demandava uma escrita clara, legível e rápida. Como meio de comunicação, a escrita
  • 8. 8 deveria ser eficiente na economia de tempo tanto para a leitura [...] quanto para a técnica de escrever.” (2000, p. 501) Considerando a demanda existente à época, Vidal explica minuciosamente como se dava o processo de preparação para a escritaviii. A partir de exercícios preparatórios, quando a criança era instada a apurar o controle dos movimentos da mão e do antebraço, seja com desenhos no ar ou no papel, iniciava-se o aprendizado do traçado das letras, palavras e frases. A caligrafia muscular prescrevia uma escrita de tipo inclinada e sem talhe, obtida por tração e não pressão, resultado da unidade entre o movimento dos músculos do antebraço e da mão, a postura corporal do aluno na carteira, a posição levemente oblíqua do caderno, o ritmo regular do traçado da letra e manutenção do lápis ou da pena constantemente sobre o papel. O ritmo era controlado por palmas ou canções elaboradas para o exercício. À medida que se aperfeiçoava o trabalho, reduzia-se paulatinamente seu tempo de execução. (VIDAL, 2000, p. 501) A chamada caligrafia muscular, descrita acima, atendeu a uma demanda social de sintonização dos tempos escolares com os tempos sociais, que, cada vez mais pressupunham agilidade, velocidade, rapidez. Em relação à leitura Vidal (2000) tece as seguintes considerações Os anos 20 trouxeram, entretanto, outros desafios ao leitor. A aceleração do crescimento urbano, a proposta de escolarização de massas, a contabilização mais pormenorizada do tempo e a profusão de informações impunham uma leitura mais ágil e individualizada que a oral. A leitura silenciosa despontou como resposta aos apelos da nova sociedade moderna. (p. 506) Naquele contexto, as implicações pedagógicas da nova forma de ler e de escrever demandaram formação dos professores não apenas para a compreensão do funcionamento dos métodos, mas, sobretudo, para a aprendizagem sobre os novos materiais que se incorporaram ao ensino e sobre a configuração espacial da sala de aula, em adequação ao método adotado. A organização dos espaços escolares e suas implicações pedagógicas Assim como a racionalização do uso do tempo foi incorporada à organização pedagógica, em atendimento ao ideário de modernidade, a estruturação do espaço escolar também foi alvo de debates no transcurso do século XIX e no início do século XX. A questão do espaço para abrigar a escola pública primária começou a aparecer especialmente a partir da segunda década do século XIX, em algumas cidades da então Colônia, e, posteriormente à independência, em várias províncias do Império, quando intelectuais e políticos puseram em circulação o debate em torno da necessidade de se adotar
  • 9. 9 um novo método de ensino nas escolas brasileiras: o método mútuo [...]. Afirmavam que a maneira pela qual estava organizada a escola, com o professor ensinando cada aluno individualmente, mesmo quando sua classe era formada por vários alunos (método individual), impedia que a instrução pudesse ser generalizada para um grande número de indivíduos, tornando a escola dispendiosa e pouco eficiente (VIDAL e FARIA FILHO, 2005, p.47). Para além da precariedade, já mencionada, da maioria das escolas existentes no século XIX, o discurso higienista ganhou corpo e, juntamente com as proposições dos novos métodos de ensino, a exemplo do lancasteriano, com vistas à melhoria da saúde e bem-estar da população. As questões de salubridade neste período envolviam desde as boas condições dos prédios onde eram efetuadas as aulas de primeiras letras, tendo que ter salas limpas e arejadas, até mesmo, a própria higiene pessoal, pois as epidemias e os tantos outros problemas de saúde eram elementos que atingiam diretamente o bom andamento da instrução. (MIRANDA e CURY, 2008, p. 7) Outro aspecto importante a ressaltar é o fato de que o sucesso da instrução seria diretamente proporcional às condições físicas das escolas. Uma escola mais rápida, mais barata e com um professor mais bem formado era o que clamavam nossos políticos e intelectuais. O método preconizado, utilizado largamente na Europa, possibilitava, segundo seus defensores, que um único professor desse aula para até 1.000 alunos. Bastava, para isso, que ele contasse com espaço e materiais adequados e, sobretudo, com a ajuda dos alunos-monitores. Todos reconheciam que para abrigar dezenas ou, mesmo, centenas de aprendizes fazia-se necessária a construção de novos espaços escolares. Mais que isso: tais espaços eram considerados uma condição imprescindível para o bom êxito da empresa escolar que se defendia. Esse espaço deveria levar em conta não apenas a quantidade de alunos mas também a mobilidade dos monitores por entre as turmas, a mobilidade das turmas dentro da classe, a necessidade de pendurar “cartazes” e outras peças na parede, dentre outras inovações propostas. (FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 22) Da afirmação de Faria Filho e Vidal, destaca-se ainda a questão dos materiais escolares (cartazes, peças) começaram a serem introduzidos formalmente como apoio à prática do professor. Assim, a organização do espaço também gerou implicações na prática do professor, que precisou incorporar a nova configuração da sala de aula simultaneamente ao surgimento da cultura material escolar, que, com a criação dos grupos escolares consolidou-se como elementos característicos e próprios do fazer pedagógico.
  • 10. 10 Com o mesmo rigor com que as rotinas de atividades diárias, o método lancasteriano propôs uma série de exigências em relações ao espaço físico, a começar pela adequação entre a quantidade de estudantes e as dimensões das salas de aulas. [...] Para uma escola com 240 alunos o tamanho da sala deveria ser de 17 metros e 30 centímetros de comprimento por 8 metros e 90 centímetros de largura. Com duzentos e quarenta alunos essa escola funcionaria com 16 classes, sendo que cada classe possuiria 15 alunos. 137 Essas classes de 15 alunos sentariam em carteiras e bancos justapostos em lugares determinados. (SIQUEIRA, 2006, p. 107) Especificando as condições ideais do espaço físico escolar, Siqueira afirma que Uma escola de ensino mútuo deveria ter a forma de um quadrilongo com duplo comprimento da sua largura e estar preferivelmente situada em alguma altura do solo. Também deveria estar situada em um quarteirão populoso de modo que os estudos não fossem perturbados pelo barulho exterior, tendo-se o cuidado de dar ao teto da sala altura suficiente para que se pudesse nela circular o ar necessário à respiração dos discípulos. As janelas deveriam estar situadas nos dois maiores lados paralelos e aberta a dois metros do solo. Desse modo os discípulos não podiam se distrair com o que acontecesse no exterior da escola. As janelas de balanço eram preferíveis pela razão de se poderem facilmente manobrar por meio de uma corda. O pavimento da escola deveria ser feito de uma camada de salitre, de tijolos ou de tábuas; estas eram preferíveis por não acumular poeira e não exigirem freqüentes reparos. A porta da sala deveria estar situada perto do estrado do professor a fim de que se pudesse observar a ordem de entrada e saída dos discípulos sem ter que sair do lugar. A ante-sala, local onde os discípulos eram reunidos antes da aula, consistia em uma sala que precedia sempre a das classes. Aí ficavam nas paredes os cabides para guardar os chapéus e um depósito para água, com um vaso por baixo e copos de folhas de flandres. As latrinas deveriam estar situadas no pátio ou no quintal da casa de modo que o professor pudesse observar os meninos por meio de uma janela que ficava próxima às classes dos alunos ou discípulos. O Estrado situado deveria está situado em uma extremidade da sala sobre o qual se punha a mesa do professor e as mesas menores dos monitores gerais. A elevação desse estrado e suas dimensões eram proporcionais ao tamanho da sala; todavia o máximo que se podia conceber era 65 centímetros de altura, 5 metros de comprimento e 2 de largura. A ele se subia por um degrau e era rodeado por um baluarte. (2006, p. 107-108) Em Inácio (2003) ainda é possível encontrar a especificação sobre o teto e as paredes. [...] O teto deve ser elevado de 20 a 25 palmos do solo a fim de evitar- se a rápida corrupção do ar interior. Pode ser de qualquer matéria, mas convém muito que seja sempre de cor branca. As paredes devem também ser de cor branca, empregando-se, de preferência, para este
  • 11. 11 fim um reboque de cal, e areia, em razão de ficar muito mais durável, e fixo, do que a que é dada a pincel. Na parte inferior serão guarnecidas de uma barra de cor escura e fixa de seis palmos de altura. (p. 80) Inácio (2003) destaca, de forma crítica, a demanda pela organização espacial da escola. A definição e o ordenamento do espaço escolar, assim como a disposição dos sujeitos e objetos nele contidos, têm no segundo quartel do século XIX uma relação direta com o ideal de racionalização e ordenação da sociedade. Organizar o processo educativo, dotando-o de um espaço especificamente projetado para a tarefa de ensinar, tem íntima relação com o desejo de disciplinar, controlar e normalizar as condutas dos sujeitos envolvidos nesse processo, sobretudo professores e alunos. As descrições dos trabalhos encontradas no Compendio explicativo sobre o methodo de ensino mútuo, na Memória de Peregrino e de forma menos detalhadas nas dissertações dos alunos da Escola Normal nos permitem ver claramente como os ideais de racionalização permearam todas as dimensões do processo educativo escolar. (p. 97) Mesmo diante do notório controle e normalização – necessários ao projeto civilizador – Faria Filho e Vidal (2000) constatam que Apesar de posto desde a segunda metade do século XVIII, o debate em torno da constituição de espaços dedicados ao ensino e da fixação de tempos de permanência na escola teria que esperar até meados da última década do século XIX, primeiro em São Paulo e, depois, em vários estados brasileiros, para assumir a forma mais acabada da proposta dos grupos escolares. Neles, e por meio deles, os republicanos buscaram dar a ver a própria República e seu projeto educativo exemplar e, por vezes, espetacular. (p. 24) Da mesma forma que o método mútuo propunha uma estrutura física adequada, os grupos escolares foram implantados com base num projeto arquitetônico imponente, com proporções monumentais. Monumentais, os grupos escolares, na sua maioria, eram construídos a partir de plantas-tipo em função do número de alunos, em geral 4, 8 ou 10 classes, em um ou dois pavimentos, com nichos previstos para biblioteca escolar, museu escolar, sala de professores e administração. Edificados simetricamente em torno de um pátio central ofereciam espaços distintos para o ensino de meninos e de meninas. À divisão formal da planta, às vezes, era acrescido um muro, afastando rigidamente e evitando a comunicação entre os dois lados da escola. Esses prédios tinham entradas laterais diferentes para os sexos. Apesar de padronizados em planta, os edifícios assumiam características diversas, sendo-lhes alteradas as fachadas. (FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 25)
  • 12. 12 Naquela época, a organização do espaço escolar caminhou pari passu com o projeto de Estado nacional e os ideários de civilização e modernidade. No bojo das diferentes propostas de racionalização dos espaços, as questões da formação de professores e das mudanças na sua prática de ensino tangenciam todo processo de reconfirguração destes espaços, apesar de não terem sido objeto de estudo deste trabalho, é importante que seja mencionado. Considerações Finais A pretensão de refletir sobre a organização dos tempos e espaços escolares e a sua relação com a organização do trabalho pedagógico, descortinou algumas descobertas, das quais se destacam: a compreensão do tempo e do espaço escolar como dimensões do trabalho pedagógico, assim sendo, é imprescindível não perder de vista tais dimensões quando da elaboração de propostas de ensino e da organização do trabalho pedagógico em si (definição de métodos, técnicas, estratégias); a ampliação do conceito de tempo e espaço escolares, para além da “matéria”, ou seja, não apenas o tempo e o espaço físico, mas os aspectos subjetivos, os ritmos e os espaços de ação, nos quais professores e estudantes agenciam sabres, culturas e práticas; as necessidades formativas postas aos educadores frente às novas configurações dos tempos e dos espaços escolares. No que tange o objeto de estudo deste texto, são significativas as contribuições de Souza (2004) e Faria Filho e Vidal (2000), por suscitarem novas janelas de questionamentos e interrogações propícias para estudos futuros, inclusive contrapondo com a realidade vivenciada nos dias atuais. Não para “cobrar do passado” as respostas do presente, mas para refletir sobre os “porquês” que co-habitam os espaços de trabalho de tantos educadores. [...] precariedade dos edifícios escolares, alta seletividade do ensino primário, carência de mobiliário e material didático, falta de uniformidade e padronização do ensino, dificuldade de emprego dos métodos modernos de ensino e de cumprimento integral dos programas escolares, dificuldades de provimento de professores nas escolas isoladas, baixos salários dos professores e precárias condições de trabalho. (SOUZA, 2004, P.124). Pois, como plurais, espaços e tempos fazem parte da ordem social e escolar. Sendo assim, são sempre pessoais e institucionais, individuais e coletivos, e a busca de delimitá-los, controlá-los, materializando-os em quadros de anos/séries, horários, relógios, campainhas, ou em
  • 13. 13 salas específicas, pátios, carteiras individuais ou duplas, deve ser compreendida como um movimento que teve ou propôs múltiplas trajetórias de institucionalização da escola. Daí, dentre outros aspectos, a sua força educativa e sua centralidade no aparato escolar. (FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 23) Espera-se poder lançar luz sobre esses pontos que, de alguma forma, ainda são marcantes e presentes na cultura e nas práticas escolares contemporâneas. i FARIA FILHO e VIDAL, 2000, p. 20. ii Não havia ainda regulação específica relacionada à estrutura física e da organização dos tempos escolares. iii Cf. CARVALHO, M. M. C. de. (2003) A escola e a República e outros ensaios. CARVALHO, M. M. C. de. (1998) Molde nacional e fôrma cívica: higiene, moral e trabalho no projeto da Associação Brasileira de Educação (1924 – 1931). 1998; HORTA, J. S. B.. (1994) O hino, o sermão e a ordem do dia: regime autoritário e a educação no Brasil (1930 – 1945). 1994; SOUZA, R. F. de. (1998) Templos de civilização: a implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo (1890 – 1910). iv Grifos meus. v Os autores situam a discussão sobre o tempo na sociedade mineira, no entanto, entendendo que o ideário da modernidade era generalizado no Brasil, pode-se estender a necessidade de discussão sobre essa temática para as demais localidades. vi Para Inácio (2003) [...] toda a estrutura se baseia no ensino dos alunos por eles mesmos: os mais adiantados servindo de professores àqueles que sabem menos. O método mútuo previa a instrução simultânea dos alunos, com a utilização de monitores, como são chamados aqueles que ensinam seus colegas [...]. (p. 62) vii Professora de Prática de Ensino da Escola de Professores e diretora da Escola Primária que desenvolveu experimentos relacionados ao ensino da escrita. viii Em atendimento às prescrições higiênicas, para uma boa aprendizagem da escrita a escola deveria ser equipada com carteiras adequadas à estatura dos estudantes e fixas no chão, evitando a mobilidade. Além disso, a aprendizagem inicial dava-se com o uso de ardósias e, posteriormente, em cadernos de caligrafia. (VIDAL, 2000) Referências FARIA FILHO, L. M.. Instrução elementar no século XIX. In: LOPES, E.; FARIA FILHO, L. M.; VEIGA, C. G.. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 135 – 150. INÁCIO, M. S.. O processo de escolarização e o ensino de primeiras letras em Minas Gerais (1825-1852). UFMG, 2003. (Dissertação de Mestrado). MARTINEZ de SHUELER, A. F. e GONÇALVES GONDRA, J.. Reformas educativas, viagem e comparação no Brasil oitocentista: o caso de Uchoa Cavalcanti (1879). Educação e Pesquisa, São Paulo, v.34, n.3, p. 437-448, set./dez. 2008. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/ep/v34n3/en_v34n3a02.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2011.
  • 14. 14 MIRANDA, V. I.; CURY, C. E.. INSTRUIR PARA CIVILIZAR: O LANCASTERIANISMO NA PARAÍBA OITOCENTISTA 1822 a 1864. Anais do XIII Encontro Estadual de História. Guarabira, 2008. Disponível em: <http://www.anpuhpb.org/anais_xiii_eeph/textos/ST%2006%20- %20Itacyara%20Viana%20Miranda%20TC.PDF>. Acesso em: 12 jul. 2011. SIQUEIRA, L.. DE LA SALLE A LANCASTER: os métodos de ensino na Escola de Primeiras letras sergipana (1825-1875). UFS, 2006. (Dissertação de Mestrado) SOUZA, R. F. de. Espaço da educação e da civilização: origens dos grupos escolares no Brasil. In: SAVIANI, D. et al. O legado educacional do Século XX. Campinas, SP: Autores Associados, 2004, p.33-84. VASCONCELOS, M. C. C.. A casa e os seus mestres: a educação doméstica como prática das elites no Brasil de oitocentos. PUCRJ, 2004. (Tese de Doutorado). VIDAL, D. G. Escola nova e processo educativo. In: LOPES, Eliana; FARIA FILHO, Luciano Mendes; VEIGA, Cynthia Greive. 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2000. p. 497 – 517. ____________; FARIA FILHO, L. M.. As lentes da história: estudos de história e historiografia da educação no Brasil. São Paulo: Autores Associados, 2005. ____________; ____________________. Os tempos e os espaços escolares no processo de institucionalização da escola primária no Brasil. Revista Brasileira de Educação. Mai/Jun/Jul/Ago 2000 Nº 14, p. 19-34.