1. O documento discute o índice glicêmico de alimentos e sua relação com obesidade e diabetes, analisando estudos sobre como dietas com baixo índice glicêmico podem afetar a resposta glicêmica, saciedade e composição corporal.
2. Há evidências de que dietas com alto índice glicêmico podem aumentar os níveis de açúcar no sangue, favorecendo ganho de peso e desenvolvimento de diabetes, enquanto dietas com baixo índice glicêmico podem
2. 10
1 INTRODUÇÃO
As alterações na prática dietética, somadas à diminuição ou falta da atividade física, são os
maiores responsáveis ambientais para o atual aumento da prevalência da obesidade e diabetes.
Vários têm sido os esforços para reduzir a prevalência dessas doenças. Nas décadas de 1960 e
1970, houve uma tendência de considerar os carboidratos como fator importante para o ganho de
peso, desviando-se a atenção da gordura para o carboidrato, na hipótese de um nutriente atuar
como principal promotor do excesso de ingestão energética e de ganho de peso (SARIS, 2003).
Nas décadas de 1980 e 1990, inúmeros ensaios foram realizados para avaliar a resposta glicêmica
produzida pelas diferentes fontes de carboidratos, principalmente, pelo amido (MENEZES, 2002).
Atualmente, o alvo tem sido o papel do chamado Índice Glicêmico dos alimentos (IG) sobre a
obesidade e as doenças a ela relacionadas.
O IG foi estudado e publicado no ano 1981 por David Jenkins et al. Na Universidade de Toronto,
no Canadá, como uma arma para a satisfação das necessidades nutricionais de diabetes mellitus
tipo 1 (DM 1). Baseado no conceito de que os carboidratos simples (mono e dissacarídeos)
induziam um aumento do nível de açúcar no sangue mais rápido e mais elevado do que os
carboidratos complexos (polissacarídeos) e que os diferentes alimentos, independente de seu
conteúdo total, têm uma proporção diferente de carboidratos complexos e simples. O IG é
definido como o percentual de aumento da área abaixo da curva glicêmica produzida por um
alimento em relação à área correspondente produzida pela ingestão da mesma quantidade de um
alimento referência (pão branco ou glicose - 50g de carboidrato glicêmico). Este índice mostra,
indiretamente, como cada alimento comporta-se em termos de velocidade de digestão e absorção.
Dessa forma, é possível comparar os índices glicêmicos produzidos pelos alimentos quando
consumidos após diferentes tipos de preparo, processamento e armazenamento (SAMPAIO et al.,
2007).
O conceito de CG foi introduzido e pode ser interpretado como uma medida da demanda de
insulina induzida pela dieta. Quanto maior a CG do alimento, maior seu efeito insulinogênico e
maior a elevação esperada nos níveis plasmáticos de glicose (SILVA e MELO, 2006).
3. 11
Com a redução do IG da dieta, tem-se menor demanda insulínica, melhor manutenção da
glicemia e redução da lipidemia. Estes fatores, claramente, têm importante papel na prevenção e
no tratamento das doenças crônicas como obesidade, diabetes, doenças cardíacas e até alguns
tipos de cânceres (HALPEN e RODRIGUES, 2008).
O DM (DM) é uma doença de evolução crônica, associada a inúmeras complicações micro e
macrovasculares, e cuja prevalência atual no Brasil, atinge 284.266 mil habitantes (DATASUS,
2008).
Níveis aumentados de glicose pós-prandial e de demanda de insulina estão associados ao
aumento da gravidade do quadro clínico da doença. O controle da glicemia é considerado o
principal objetivo no tratamento do DM, sendo as técnicas dietéticas responsáveis pela prevenção
da hiperglicemia pós-prandial importantes na limitação das complicações (SILVA e MELO,
2006).
O IG tem sido investigado como potencial ferramenta no manejo dietoterápico dos portadores de
DM. Seu papel já está sendo reconhecido por entidades mundiais como a Sociedade Americana
de Diabetes (American Diabetes Society, ADA), European Association for the Study of Diabete,
Canadian Diabetes Association e a World Health Organization. Dietas com baixo IG podem,
teoricamente, beneficiar o controle metabólico do DM por diminuírem a hiperglicemia pós-
prandial precoce e o risco de hipoglicemia no estado pós-absortivo.
A obesidade pode ser definida como o grau de armazenamento de gordura no organismo
associado a riscos para a saúde devido a sua relação com várias complicações metabólicas. A
base da doença é o processo indesejável do balanço energético positivo, resultando no ganho de
peso. No entanto, a obesidade é definida em termos de excesso de peso. O índice de massa
corporal (IMC) é o índice recomendado para a medida da obesidade em nível populacional e na
prática clínica (Ministério da Saúde, 2006).
Alguns autores (JENKINS, 2002) constataram que as dietas de alto IG apresentam menor poder
de saciedade, resultando em excessiva ingestão alimentar, favorecendo o aumento do peso
corporal. Além disso, o consumo de tais dietas pode alterar o perfil lipídico e a secreção
insulínica, favorecendo o aparecimento de doenças cardiovasculares e de DM. Tem sido sugerido
4. 12
(PAWLAK, 2001) que tal ingestão aumenta a secreção de insulina, a qual é considerada como
um fator de risco independente para o ganho de peso. O consumo de alimentos de alto IG parece
desencadear uma seqüência de eventos hormonais, o que limita a disponibilidade de combustível
metabólico no período pós-prandial, levando à fome e à ingestão alimentar excessiva (LUDWIG,
2002).
Por outro lado, a ingestão de alimentos de baixo IG pode diminuir a secreção de hormônios
contra-regulatórios proteolíticos, como o cortisol, hormônio do crescimento e glucagon,
estimulando a síntese protéica (LUDWIG, 2002).
Alguns estudiosos vêem o IG como não fidedigno, visto que o mesmo não considera as porções
reais consumidas por um indivíduo, sugerindo, assim, como melhor preditor de risco de doenças
crônicas, entre as quais a obesidade (BELL e SEARS, 2003), que inclui, concomitantemente, o
IG do alimento e a quantidade de carboidratos disponíveis na porção de alimento consumida.
Vários estudos têm sido realizados com o objetivo de identificar o papel do Índice Glicêmico dos
alimentos sobre o apetite, a saciedade, a composição corporal e o controle da glicemia.
Jenkins et al. (1981), ao publicarem a primeira lista com valores de índice glicêmico de 62
alimentos, evidenciaram diferentes IGs produzidos pelos alimentos, e propuseram que os mesmos
eram necessários para suplementar as tabelas de composição dos alimentos utilizadas nos
cálculos de dietas para indivíduos diabéticos, considerando-se que os carboidratos dos alimentos
apresentam diferentes respostas glicêmicas quando testados em condições padronizadas
(Menezes e Lajolo, 2002).
Segundo Ludwig (1999), a hiperinsulinemia e a hipoglucagonemia observadas após a ingestão de
alimentos de alto IG, tendem a acelerar o metabolismo muscular e hepático, reduzindo a
produção de glicose hepática e suprimindo a lipólise. Há, então, aumento dos níveis dos
hormônios contra-regulatórios, provocando aumento da fome e da ingestão em uma tentativa de
restaurar a homeostase energética.
No estudo de Brand-Miller (2002), a resposta glicêmica observada após a ingestão dos alimentos
é afetada tanto pela qualidade quanto pela quantidade de carboidrato ingerido em uma refeição. A
dieta de alto IG apresentou maior teor de carboidratos do que a de baixo IG. Assim, a maior área
5. 13
abaixo da curva de resposta glicêmica observada após a ingestão dos alimentos de alto IG em
relação aos de baixo IG não pode ser atribuída simplesmente ao efeito do IG.
Bouché e cols. (2002) realizaram um estudo onde o objetivo foi verificar o efeito da ingestão de
alimentos diferindo em IG no metabolismo de glicose e lipídeos. Não foram observadas
diferenças significantes no total de energia ou na composição de macronutrientes das dietas
ingeridas entre os tratamentos, a ingestão da dieta de baixo IG resultou na redução da gordura do
tronco e aumento da massa livre de gordura. Este estudo foi o primeiro que buscou avaliar os
efeitos do IG por um período maior de tempo.
Spieth e cols. (2000) avaliaram o efeito da ingestão de dieta de baixo IG em relação à dieta
reduzida em gordura no tratamento da obesidade infantil. O estudo envolveu 107 crianças com
média de idade de 10 anos. Os participantes receberam aconselhamento dietético e recomendação
para aumentarem a prática de atividades físicas. Tal dieta era composta por 55-60% de
carboidratos, 15-20% de proteínas, 25-30% de gorduras. A dieta de baixo IG foi baseada num
modelo de “Pirâmide Modificada”, cuja base é composta por vegetais e frutas, seguidos de
proteína, grãos, e cujo ápice é composto por açúcares e alimentos refinados. Essa dieta
apresentou 45-50% de carboidratos, 20-25% de proteínas, 30-35% de gorduras. Os resultados
mostraram maior redução nos valores de IMC no grupo de baixo IG. Apesar de a redução do
IMC ser um dado interessante, deve-se ressaltar que o ideal seria que mudanças na composição
corporal das crianças também tivessem sido avaliadas nesse estudo.
Ball e cols. (2003) realizaram um estudo para investigar os efeitos metabólicos, hormonais e o
efeito na saciedade em 16 adolescentes com sobrepeso associado à ingestão de refeição típica de
baixo IG, ou refeição substituta de baixo IG, ou refeição de alto IG. Os participantes ingeriram
dietas de baixo IG no jantar e na ceia. No dia seguinte, o desjejum e o almoço servido
apresentaram o mesmo valor de IG. Após o almoço, os participantes realizaram atividades leves e
foram instruídos a consumirem lanches que possuíssem os mesmos alimentos, tanto para o grupo
de alto quanto o de baixo IG, os quais eram oferecidos até que os participantes ficassem
satisfeitos. No entanto, não houve diferença na sensação de fome entre as refeições. O lanche foi
requisitado mais cedo pelo grupo de alto IG. Porém, uma vez requerido, não houve diferença na
ingestão energética entre os grupos.
6. 14
Alfenas e Mattes (2005) avaliaram o efeito da ingestão de dietas diferindo em IG no apetite e no
balanço energético. As dietas testadas foram compostas por alimentos apresentando composição
de macronutrientes, densidade calórica, teor de fibras e palatabilidade semelhantes. O apetite, a
glicemia e a insulinemia foram determinados antes e durante duas horas após a ingestão do
desjejum e do almoço. A ingestão energética foi avaliada durante todo o estudo. Os resultados
demonstraram que não houve diferenças na resposta glicêmica e insulinêmica, nos parâmetros
subjetivos de fome e na ingestão energética entre os tratamentos. Esse estudo não sustentou a
hipótese de que a ingestão de alimentos diferindo em IG afeta o apetite de modo distinto. Este
apresenta grande relevância científica, em função da preocupação dos autores em isolar o efeito
do IG na ingestão, controlando os possíveis fatores interferentes (teor de macronutrientes, de
fibras, densidade energética e palatabilidade dos alimentos testados) nas respostas avaliadas.
A ADA, a European Association for the Study of Diabete, a Canadian Diabetes Association e a
World Health Organization, têm recomendado a utilização do IG como ferramenta auxiliar na
escolha dos alimentos, pois o IG é um sensível indicador do impacto que os alimentos causam na
resposta glicêmica e é de fácil aplicação prática. A utilização do IG na seleção de alimentos deve
sempre considerar a metodologia empregada na sua obtenção, não devendo ser utilizado de forma
isolada e, sim, como um parâmetro complementar da composição do alimento (Menezes e Lajolo,
2002).
O consumo de alimentos com elevado IG poderia levar a uma exaustão progressiva das células
beta pancreáticas, levando à hiperglicemia (Ludwig, 2002).
Uma dieta com alimentos com baixa carga glicêmica (produto do IG de um alimento e o total de
carboidratos deste alimento), associada ao elevado consumo de fibras, particularmente dos
cereais integrais, é capaz de reduzir o risco de desenvolvimento de DM (Willett e Schulze, 2002 e
2004).
Segundo a ADA, ainda não existem evidências suficientes para a introdução de recomendações
dietéticas embasadas no IG dos alimentos para o tratamento do DM e sugere, ainda, que tal
conceito é muito complexo e restritivo, o que limitaria a sua importância e utilidade prática
(FRANZ, BANTLE, BEEBE, et al., 2002).
7. 15
A Food and Agriculture Organization (FAO) / World Health Organization (WHO), a European
Association for the Study of Diabetes e a Canadian Diabetes Association reconhecem a
aplicabilidade clínica do IG em diabéticos e em indivíduos com tolerância diminuída à glicose e
considera que, na escolha dos alimentos, o IG seja utilizado como um indicador útil do impacto
dos mesmos na resposta glicêmica (FAO, 1997).
Uma dieta com baixo IG pode, teoricamente, melhorar o manejo do DM, por diminuir a
hiperglicemia pós-prandial precoce e o risco de hipoglicemia no estado pós-absortivo (Ludwig,
2002)
O Estudo Europeu Prospectivo de Complicações do Diabetes, realizou estudo com pacientes com
DM tipo 1. Foi observado um aumento significativo nos níveis de hemoglobina glicada com o
aumento no IG da dieta (Buyken, Toeller e Heitkamp, 2001).
Diante de tais controvérsias, a presente revisão de literatura objetivou analisar as evidências
científicas apresentadas em artigos publicados, buscando elucidar as reais relações entre o índice
glicêmico dos alimentos, a prevalência da obesidade e o controle da DM e apresentar, através da
adaptação da Tabela Internacional de IG, alguns alimentos e seus respectivos valores de IG e CG
(Apêndice 1).
Entretanto a comunidade científica não chegou ainda a um consenso quanto à realidade da
conexão do índice glicêmico com a obesidade e DM. Dessa forma surgiu o interesse em avaliar o
índice glicêmico e sua representatividade na prevalência da obesidade e no controle do DM.
8. 16
2 DESENVOLVIMENTO
A composição química é um importante fator na escolha dos alimentos. Guias de alimentação
orientam que 55 a 60% da energia da dieta deve ser proveniente de carboidratos. De acordo com
estes, fontes como cereais, raízes, leguminosas, frutas e vegetais devem ser preferencialmente
escolhidos, frisando que alguns alimentos consumidos em sua forma integral contêm outros
nutrientes que não o carboidrato (MENEZES e LAJOLO, 2002).
Alimentos ricos em carboidratos, particularmente açúcar refinado e deficientes em proteínas,
podem induzir super consumo de alimentos e conseqüentemente obesidade. Isso ocorre,
provavelmente, porque esses alimentos apresentam elevado índice glicêmico (IG), e
recentemente dietas com baixo IG têm sido indicadas no tratamento da obesidade (REID E
HETHERINGTON, 1997).
Em estudo realizado por Ludwig et al.,2002, com adolescentes obesos (% peso ideal >120) que
receberam dietas com diferentes IGs (alto, médio e baixo), foi observado o comportamento de
alguns hormônios (insulina, glucagon, hormônio do crescimento), glicose e ácidos graxos séricos.
Os autores sugeriam que a dieta com elevado IG induz alterações hormonais (hiperinsulinemia e
hipoglucagonemia) e metabólicas (redução da produção hepática de glicose e ácidos graxos por
elevada incorporação de glicose pelas células musculares e hepáticas). Isso pode limitar a
disponibilidade dos combustíveis metabólicos, fazendo com que os obesos, na refeição seguinte,
tenham uma tendência a exceder nas quantidades consumidas, por apresentarem maior fome, por
meio de uma espécie de mecanismo compensatório para manter a homeostase energética. Assim,
seriam contra-indicadas dietas hipocalóricas com elevado IG, por estimularem posterior
hiperfagia, prejudicando tanto a programação de perda de peso, quanto à manutenção de peso
após o emagrecimento.
Os carboidratos da dieta são digeridos ao longo do trato gastrintestinal em diferentes velocidades.
Isto gera diferenciadas produções de resposta glicêmica (MENEZES e LAJOLO, 2002). O nível
da resposta glicêmica modifica-se de acordo com o nível glicêmico dos alimentos ingeridos em
uma refeição. O feijão, por exemplo, por ser uma leguminosa e apresentar em sua composição
aproximadamente 14% de carboidratos, 8,5% de fibras e 4,8% de proteínas, apresenta resposta
glicêmica reduzida, já o arroz apresenta em sua composição aproximadamente 24,2% de
9. 17
carboidratos, 0,1% de fibra e 2,0% de proteínas, possuindo assim uma resposta glicêmica alta.
Quando ingeridos juntos a resposta glicêmica do arroz aumenta em relação à do feijão
(MENEZES e LAJOLO, 2002).
Durante as décadas de 80 e 90, inúmeros ensaios foram realizados para avaliar a resposta
glicêmica produzida pelas diferentes fontes de amido, em diversos países. Para auxiliar a seleção
de alimentos e possibilitar a comparação de resultados obtidos com diferentes alimentos e por
diferentes pesquisadores foi criado o IG. O IG classifica os alimentos com base no potencial
aumento da glicose sangüínea em relação a um alimento padrão (JENKINS et al., 1981).
Segundo a FAO/WHO (1998), diversos aspectos metodológicos devem ser considerados na
determinação do IG dos alimentos. O teste deve ser realizado em jejum, pela manhã, e uma
bebida padrão (chá, água, café) pode ser oferecida. O pão branco ou a glicose podem ser
utilizados como alimento-referência. A resposta glicêmica é normalmente medida no sangue
capilar, sendo possível converter o IG de um alimento da escala do pão branco para a escala da
glicose, utilizando-se o fator 0,7. O alimento-teste e o alimento-referência devem conter a mesma
quantidade de carboidrato, a qual normalmente é de 50 g, podendo ser de 25 g.
A seguir estão listados alguns aspectos metodológicos para a determinação do IG.
10. 18
Quadro 1
Aspectos metodológicos para a determinação do IG
Quantidade de alimento: quantidade fixa de carboidrato glicêmico (50g)
Horário: período da manhã (jejum 10-12hs)
Acompanhamento: utilizar sempre mesmo (água, chá)
Número de indivíduos: mínimo=6, ideal=10
Padrão: glicose (glicose=100%) ou pão (Wolever et al., 1985) (pão=100%),
realizar 3x/indivíduo
Intervalos e tempo total: saudáveis: 15-15 min. (1a h), 30-30 min. (2a h), até 120
min.; diabéticos: 30-30 min., até 180 min.
Tipo de sangue: capilar (fácil, < variabilidade) x venoso
Cálculo: regra trapezoidal, excluindo área abaixo do jejum
IG= (área sob curva glicêmica alimento/ área sob curva glicêmica padrão) x 100
Fonte: FAO/WHO (1998)
Segundo Menezes e Lajolo (2002), “O IG é definido como o percentual de aumento da área
abaixo da curva glicêmica produzida por um alimento em relação à área correspondente
produzida pela ingestão da mesma quantidade de um alimento referência”.
O conceito do índice glicêmico pode ser considerado uma extensão da hipótese da fibra dietética,
sugerindo que a absorção lenta dos nutrientes de alguns alimentos seria benéfica à saúde. O
índice glicêmico da dieta habitual é um indicador da qualidade do carboidrato da dieta consumida
(JENKINS et al. 2002).
11. 19
TABELA 1
Assim, podemos comparar os IGs produzidos pelos alimentos quando consumidos após
diferentes tipos de preparo, processamento e armazenamento (MENEZES e LAJOLO, 2002).
A importância dos estudos sobre IG está vinculada aos possíveis efeitos fisiológicos e
terapêuticos de dietas com baixos índices glicêmicos para indivíduos saudáveis, obesos,
diabéticos e hiperlipidêmicos (FAO/WHO, 1998) (DanoneVitapole/FAO, 2001), podendo ser
observado aumento no controle do diabetes, aumento do nível plasmático de HDL-colesterol,
diminuição dos níveis plasmáticos de triglicérides, melhoria na performance física e aumento da
sensação de saciedade.
Sabe-se que dietas com baixo IG promovem sensação de saciedade, prolongando o período de
reincidência da fome e reduzindo o consumo calórico nas refeições subseqüentes (LUDWIG,
2000).
O que explica as diferentes respostas glicêmicas dos alimentos é a presença de fatores intrínsecos
e extrínsecos que influem na velocidade de digestão e absorção do amido. E são estes fatores que
são de fundamental importância para a manutenção de IG reduzido em certos alimentos
(MENEZES e LAJOLO, 2002).
Fatores intrínsecos de um alimento podem influenciar o seu impacto na glicemia, dentre os quais:
a sua forma física (suco versus fruta inteira), o grau de processamento, o tipo de amido (amilose
versus amilopectina) e a preparação (método e tempo de cocção), bem como o tipo específico ou
variedade do alimento (SHEARD, CLARCK e BRAND-MILLER, et al., 2004).
12. 20
Alimentos com um baixo grau de gelatinização do amido, como o macarrão, possuem menores
valores de IG. Legumes e arroz parboilizado, exemplos de alimentos com elevada razão
amilose/amilopectina, tendem a ter menores valores de IG. Alimentos ricos em betaglucano,
como o farelo de aveia, também podem proporcionar efeito benéfico na resposta glicêmica.
TAPOLA et al (2005).
Variáveis extrínsecas, como a co-ingestão de proteína e gordura, os níveis de glicose de jejum ou
pré-prandiais e o grau de resistência à insulina também podem alterar o efeito de um determinado
alimento sob a glicemia. A gordura e a proteína podem modificar a resposta glicêmica dos
alimentos e aumentar a secreção de insulina, respectivamente. Entretanto, tem sido demonstrado
que, nas quantidades presentes na maioria dos alimentos, gordura e proteína não alteram
significativamente a resposta glicêmica (WOLEVER et al., 1994).
Na tabela 2, estão listados alguns dos fatores que influenciam o IG dos alimentos.
TABELA 2
13. 21
Quadro 2
Fatores que influenciam o IG
Fatores que diminuem o índice glicêmico Fatores que aumentam o índice glicêmico
1. Presença de amilopectina / amilose; 1. Ausência de amilopectina /amilose;
2. Frutose; 2. Glicose;
3. Galactose; 3. Batata
4. Fibras viscosas: guar, beta-glucan; 4. Ausência de fibras viscosas: guar, beta-
glucan;
5. Arroz integral; 5. Carboidrato em partículas pequenas ou
dissolvido em água (refrigerantes);
6. Partículas grandes; 6. Arroz branco completamente desprovido
do seu farelo;
7. Presença de inibidores da amilase: 7. Ausência de inibidores da amilase:
lectinas, fitatos; lectinas, fitatos;
8. Presença de proteínas e gorduras na 8. Ausência de proteínas e gorduras nas
refeição; refeições;
Fonte: Adaptado de Jenkins et al, 2002.
Em relação às recomendações do uso de IG no controle de doenças por órgãos mundiais de saúde
tem-se que:
• A ADA (1994) tem, ao longo destes anos, questionado a utilidade clínica do índice
glicêmico e recomenda que a prioridade nas recomendações nutricionais seja dada à
quantidade e não ao tipo de carboidrato.
• A American Heart Association (Krauss et al., 2000) não reconhece o uso do IG na
prevenção e tratamento de doenças.
• Já para Wolever (1997), a divergência de resultados se deve à não-padronização nos
métodos de obtenção do IG. Nem todos os autores que descreveram sobre o tema
adotaram a mesma metodologia. Também vale a pena ressaltar que o tipo de
processamento a que o alimento é submetido deve ser amplamente descrito.
• A European Association for the Study of Diabetes (1995) recomenda que a porcentagem
do valor energético total de carboidratos e de ácidos graxos monoinsaturados cis esteja de
14. 22
acordo com a tolerância individual do paciente, e, ainda, que os lipídios totais não devem
ultrapassar 30% da energia. Com relação aos carboidratos, dá preferência aos alimentos
com baixo IG ou ricos em fibras solúveis.
Na determinação do IG, é importante que todas as condições experimentais sejam consideradas e
que a metodologia adotada seja criteriosamente seguida, a fim de garantir a reprodutibilidade e
aplicabilidade dos resultados (MENEZES e LAJOLO, 2002).
A Austrália é o país mais avançado em termos de conhecimento sobre o IG dos alimentos e sobre
programas educacionais voltados ao consumidor. Autoridades de Saúde Pública da Austrália
planejam criar um programa que ajude os consumidores na seleção dos alimentos. Este programa
envolve a inclusão do IG no rótulo dos alimentos (MENEZES e LAJOLO, 2002).
A FAO/WHO (1998) também reconhece, na seleção de alimentos, a validade da aplicação clínica
do IG em diabéticos e indivíduos com intolerância à glicose.
O Workshop Glycemic index and health: the quality of the evidence, realizado pela FAO e pela
empresa Danone Vitapole (Bandol, França), discutiu a utilização de IG e descobriu que o IG
provê bases fisiológicas para classificar os alimentos de acordo com sua glicemia pós prandial.
Os diferentes IGs dos alimentos apresentam implicações na saúde pública.
Em relação ao controle de peso, prevenção e controle de doenças cardiovasculares, diabetes,
câncer, e função cognitiva, são necessários alguns estudos básicos epidemiológicos (MENEZES e
LAJOLO, 2002).
Reconhece-se que a aplicação clínica do IG tem sido questionada por alguns pesquisadores e
órgãos, sendo necessária à realização de pesquisas conjuntas (MENEZES e LAJOLO, 2002).
Existem muitas controvérsias entre clínicos e pesquisadores que questionam a relevância e a
praticidade do IG. As controvérsias persistem, mas em um ponto os participantes concordam.
Este ponto relaciona-se com a necessidade de realização de estudos prospectivos, clínicos de
longa duração com alimentos de baixo IG e de baixa carga glicêmica (Glycemic Load) para
avaliar seus efeitos na prevenção e tratamento de diversas doenças (MENEZES e LAJOLO,
2002).
15. 23
O conceito de carga glicêmica (CG) foi introduzido em 1997, por pesquisadores da Harvard
University (Salmeron et al., 1997).
Segundo Foster-Powell, Holt e Brand –Miller (2002), a CG visa quantificar o efeito
glicêmico de uma porção de alimento (produto entre a quantidade de carboidrato glicêmico e
o IG do alimento), portanto representa o efeito da qualidade e quantidade de um determinado
carboidrato, enquanto o IG representa somente a qualidade do carboidrato.
A ADA alega que o IG é de difícil utilização na prática clinica. Mas, na última década, alguns
nutricionistas australianos incorporaram o uso do IG no planejamento alimentar (MENEZES e
LAJOLO, 2002).
Brand-Miller e Gilbertson (2001) realizaram um estudo com mais de 100 crianças diabéticas tipo
1 e demonstraram o sucesso da incorporação do controle através de IG nos planejamentos
alimentares. Este trabalho mostra os aspectos práticos para a utilização de alimentos de baixo IG
(MENEZES e LAJOLO, 2002).
As dietas de baixo IG são de fácil aplicação prática, pois consiste na substituição de alimentos de
acordo com seu IG, não restringem a variedade alimentar e não aumentam a ingestão de lipídeos
(MENEZES e LAJOLO, 2002).
Deve-se dar mais importância para os alimentos com elevado teor de carboidratos como pães,
arroz e não se preocupar com alimentos de reduzido teor de carboidratos, como a cenoura, por
exemplo, e não se preocupar com pequenas diferenças entre os valores de IG (de 30 ou 40%).
Substituir, na refeição, metade dos carboidratos totais por alimentos de baixo IG resulta na
redução de 15 unidades no IG total da dieta (MENEZES e LAJOLO, 2002).
Para calcular IG em refeições mistas basta ter o valor do IG e o conteúdo de carboidrato dos
alimentos. Esta estimativa por cálculo é mais precisa quando a refeição não é rica em lipídios, o
elevado conteúdo de lipídios tende a reduzir o impacto dos carboidratos nos níveis de glicose
plasmática (MENEZES e LAJOLO, 2002).
Quadro 3
Equação para estimativa do Índice Glicêmico
IG = IG x Teor CHO disponível na porção do alimento/ 100
16. 24
2.1 OBESIDADE
A obesidade integra o grupo de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (DANTs), traz aos
profissionais desafios para o entendimento de sua determinação, acompanhamento e apoio à
população nas diferentes fases do curso de vida. Ela é um dos fatores de risco mais importantes
para outras doenças não transmissíveis, com destaque especial para as doenças cardiovasculares e
diabetes (Ministério da Saúde, 2006).
Além da pré-diposição genética, o excesso de peso resultante da combinação do baixo consumo
de frutas, legumes e verduras fonte de fibras e substâncias antioxidantes, alto consumo de
gorduras saturadas, de açúcares e de álcool associados a pouca atividade física, podem apresentar
diferentes conseqüências em relação ao desenvolvimento de dislipidemias e doença coronariana
(Ministério da Saúde, 2006).
Os esforços para reduzir a prevalência de obesidade têm enfocado três variáveis em particular,
sendo elas o aumento nos níveis diários de atividade física, a redução na ingestão total de
gorduras e a limitação do consumo de açúcar e carboidratos rapidamente digeridos (SAMPAIO e
cols, 2007).
A obesidade representa um dos principais problemas de saúde mundial. Embora os custos
econômicos da obesidade sejam enormes, não existe atualmente qualquer dieta eficaz para
tratamento deste problema (ALFENAS e PAIVA, 2007).
Do mesmo modo que o DM (DM) tipo II ou a tolerância à glicose diminuída é, hoje, considerado
parte da chamada síndrome metabólica ou de resistência à insulina, que tem ainda os seguintes
componentes: hiperinsulinemia, obesidade central (abdominal), hipertensão arterial, dislipidemia,
microalbuminúria, etc. O quadro de DM se desenvolve em obesos após período de intolerância à
glicose, quando a glicemia se mostra acima dos valores normais, o que conduz, na maioria dos
casos, a um estado de hiperinsulinemia (Ministério da Saúde, 2006).
Assim, mais recentemente, o alvo tem sido o papel do chamado IG dos alimentos sobre a
obesidade e as doenças a ela relacionadas (SAMPAIO e cols, 2007).
17. 25
Tem-se observado que a ingestão de dietas hipocalóricas resultado da ativação dos mecanismos
homeostáticos, conduzem para um aumento da fome e uma diminuição na taxa metabólica basal
(ALFENAS e PAIVA, 2007).
Foi afirmado que dietas que possuem IG elevado têm uma potência de saciedade inferior
comparada a dietas de baixo IG. Portanto, a ingestão de alimentos de baixo IG pode desempenhar
um papel na prevenção e tratamento diabetes e doenças cardiovasculares afetando o risco para
obesidade. Em um estudo de crossover, após um pernoite rápido, indivíduos receberam refeições
testes de alto, médio ou baixo IG tendo composição semelhante em macronutrientes, fibras e
palatabilidade. Cinco horas depois da ingestão de refeições de alto IG, foi verificado alto nível de
fome e consumo de energia (ALFENAS e PAIVA, 2007).
Sugere-se que as respostas hormonais, associadas às dietas com elevado IG, como a
hiperinsulinemia, promovem ganho de peso excessivo, provavelmente, por diminuir os níveis
circulantes de combustíveis metabólicos, por estimular a fome e por favorecer a estocagem de
gordura (SAMPAIO e cols, 2007, ALFENAS e PAIVA, 2007).
Serviços especializados em atendimento nutricional, normalmente, elaboram dietas
hipoenergéticas para perda de peso, apoiadas no hábito do indivíduo. Assim, caso haja um padrão
de ingestão alimentar de alto IG/CG, existe a possibilidade de o mesmo ser reproduzido na dieta
prescrita (SAMPAIO e cols, 2007).
Nos anos de 2003 e 2004, foi realizado um estudo com 420 indivíduos. Desses, 80 preencheram
os critérios de inclusão: diagnóstico nutricional de obesidade (índice de massa corporal
≥30kg/m2, de acordo com a World Health Organization) e idade igual ou superior a 20
anos.Entre os dados disponíveis nas fichas clínicas dos indivíduos que integraram a amostra,
foram coletados: idade, sexo, índice de massa corporal e recordatório alimentar de ingestão
habitual prévia ao início do acompanhamento nutricional (SAMPAIO e cols, 2007).
Este estudo foi realizado com objetivo de conhecer os alimentos que mais freqüentemente
interferiram no IG das dietas ingeridas, foram listados aqueles consumidos por, pelo menos, 50%
dos indivíduos.
18. 26
Segundo SAMPAIO e cols, 2007, Foi baixa a variedade de alimentos consumidos por, pelo
menos, 50% dos indivíduos. Do grupo de laticínios, apenas leite de vaca (integral ou
desnatado) e queijo foram citados, respectivamente por 65,0% e 73,8% dos entrevistados.
Dentre frutas e hortaliças foram referidos: alface (61,3%), cenoura (60,0%), batata inglesa
(53,8%), tomate (53,8%), banana (50,0%) e mamão (50,0%). Do grupo de carnes em geral
houve citação apenas de frango (86,3%) e de carne bovina (82,5%). Como cereais e
leguminosas referência a arroz (88,8%), pão francês (78,8%) e feijão (72,5%). Do grupo dos
açúcares houve citação apenas de açúcar refinado (62,5%) e, do grupo de óleos e gorduras,
apenas óleo de soja (100,0%). Entre os diversos, foi citado o café (73,8%) e refrigerante
(50,0%).
Os resultados mostraram que o desjejum em comparação às demais, foi a refeição do dia com
maiores porcentagens de moderado e alto IG. Dentre os alimentos mais freqüentes, os que mais
contribuíram para a elevação desse IG foram o pão e o açúcar refinado. Os produtos lácteos, por
terem baixo IG, ajudaram a diminuir o IG do desjejum (SAMPAIO e cols, 2007).
Quanto ao lanche da manhã, foi observada maior prevalência de baixo IG, provavelmente devido
às frutas que geralmente, são consumidas nessa refeição (SAMPAIO e cols, 2007).
O almoço foi a refeição mais adequada. A presença de hortaliças (apesar de algumas não serem
consumidas por, ao menos, 50% dos indivíduos) nesta refeição, bem como do feijão, ajudou a
reduzir a contribuição dos alimentos de alto IG, como arroz, batata e refrigerante, para o balanço
de IG no final da refeição (SAMPAIO e cols, 2007).
Os lanches da tarde se mostraram inadequados com IGs altos e moderados, provavelmente
devido ao consumo de café adoçado com açúcar refinado e o consumo de pão branco. Porém o
consumo de frutas e produtos lácteos contribuiu para diminuir o IG (SAMPAIO e cols, 2007).
Já o jantar mostrou-se contrariamente ao almoço, pois muitos indivíduos trocaram a refeição
tradicional por lanches contendo pães e bebidas adoçadas com açúcar refinado (SAMPAIO e
cols, 2007).
A ceia foi a refeição com maior percentual de abstinência, não sendo realizada por mais da
metade dos pacientes (52,5%) (SAMPAIO e cols, 2007).
19. 27
Pode-se afirmar que o IG global das dietas confirma tal inadequação, com apenas pouco mais de
21% dos obesos consumindo dietas de baixo IG e prevalecendo dietas de IG moderado, como
confirmado pela média de índice glicêmico das dietas desta população, que foi 59,23 (SAMPAIO
e cols, 2007).
A carga glicêmica diária, que traduz a quantidade e a qualidade dos carboidratos consumidos,
mostrou-se mais insatisfatória ainda que o índice glicêmico das dietas, pois 91,2% das mesmas
mostraram-se inadequadas (SAMPAIO e cols, 2007).
Em um estudo conduzido por Bouche et al. 2006, homens que foram submetidos a uma dieta de
baixo IG por cinco semanas obtiveram significativa redução do tecido adiposo, em comparação
com aqueles que receberam dieta de alto IG. Essa redução na massa gorda foi acompanhada de
uma redução de leptina, lipase lipoprotéica e lipáse hormônio-sensível (ALFENAS e PAIVA,
2007).
Entretanto, não houve diferença significativa no peso corporal entre as duas dietas, contudo, a
massa magra tendeu a aumentar com a dieta de baixo IG. Vários mecanismos foram propostos
para explicar esse processo: redução de carboidrato e aumento da oxidação lipídica, redução da
lipogênese no tecido adiposo e redução da lipáse lipoprotéica responsável pelo armazenamento
de ácidos graxos no tecido adiposo (ALFENAS e PAIVA, 2007).
Em outro estudo, a ingestão de dieta de baixos ou altos IG por oito dias consecutivos não
obtiveram mudanças significativas no peso corporal, IMC, massa magra ou massa gorda.
Contudo, ingestão de dieta de baixo IG propiciou uma redução de peso, IMC e massa gorda com
diferente de zero (ALFENAS e PAIVA, 2007).
A relativa influência do IG dos alimentos na saciedade e, conseqüentemente, no controle da
obesidade gera muitas controvérsias. Mas alguns pequenos estudos feitos com humanos sugerem
que carboidratos de baixo IG suprimem a fome mais efetivamente que carboidratos de alto IG
(ALFENAS e PAIVA, 2007). Segue abaixo quadro contendo os efeitos da ingestão de dietas de
baixo índice glicêmico sobre a obesidade.
20. 28
Quadro 4
Efeitos da ingestão de dietas de baixo índice glicêmico sobre a obesidade
1. Menor elevação pós prandial da glicemia; (Jenkins – 990, 1992)
2. Redução da produção diária de insulina; (Bertelsen – 1993 e Jones – 1993)
3. Diminuição da excreção urinária de peptídeo-C; (Jenkins – 1989, 1992)
4. Supressão prolongada de ácidos graxos no plasma; (Jenkins – 1990 e Bertelsen-1993)
5. Redução da produção de catecolaminas; (Jenkins – 1990)
6. Redução do colesterol total e do LDL-colesterol; (Jenkins-1993, Arnold-1993 e Cohn-1964)
7. Redução da síntese hepática de colesterol; (Jones – 1993)
8. Diminuição dos níveis de apolipoproteina B; (Jenkins – 1989)
9. Diminuição dos níveis de ácido úrico; (Jenkins – 1995)
10. Aumento da excreção urinária de ácido úrico; (Jenkins – 1995)
São necessários mais estudos específicos com populações para avaliar o quanto dietas de alto e
baixo IG (contendo alimentos de mesmo volume, energia, densidade, composição de
macronutrientes, fibras e palatabilidade) afeta a energia ingerida, composição corporal, e peso
corporal durante um período de tempo biologicamente significante (ALFENAS e PAIVA, 2007).
21. 29
2.2 DIABETES MELLITUS
O mecanismo pelo qual dietas com alto IG poderiam interferir no controle glicêmico não está
totalmente elucidado. Alimentos com alto IG elevam rapidamente as concentrações plasmáticas
de glicose e de insulina, o que altera os mecanismos de regulação da homeostase da glicose e o
efeito da transição do estado pós-prandial para o estado pós-absortivo (AUGUSTIN et al., e
LUDWIG, 2002)
O consumo de refeições com baixo IG diminui a elevação pós-prandial de hormônios intestinais e
de insulina, e a absorção prolongada dos carboidratos mantém a supressão dos ácidos graxos
livres (AGL) e a resposta contra-regulatória. Com a diminuição na concentração dos AGL e com
o aumento do quociente respiratório, decorrente da insulinização tecidual, a glicose é retirada da
circulação mais rapidamente (JENKINS et al., 2002).
Assim, uma dieta com baixo IG pode, teoricamente, melhorar o manejo do DM, por diminuir a
hiperglicemia pós-prandial precoce e o risco de hipoglicemia no estado pós-absortivo (LUDWIG,
2002).
Em relação ao controle metabólico de indivíduos portadores de DM, estudos têm mostrado uma
melhora do controle glicêmico após o seguimento de dietas com baixo IG. Em 10 desses estudos,
foram observadas menores concentrações de glicose pós-prandial nos indivíduos que seguiram
estas dietas. É esperado que, após uma duração média de 10 semanas, uma redução de 0,4 pontos
percentuais nos níveis de Hemoglobina glicada dos pacientes que seguiram dietas com baixo IG
seja obtida. (BRAND-MILLER et al., 2003)
22. 30
Figura 1. Possíveis mecanismos para a associação de dieta com alto índice glicêmico e risco de
DM.
A hipótese para explicar estes mecanismos se baseia no fato de que o consumo crônico destes
alimentos eleva a glicemia pós-prandial de forma acentuada. Esse efeito pode levar a um estado
de hiperglicemia constante, acarretando aumento da demanda insulínica, aumento permanente da
concentração de hormônios contra regulatórios circulantes, ativação da lípase hormônio sensível
e elevação dos níveis pós-prandiais tardios de ácidos graxos livres circulantes, resultando em
resistência insulínica. Na resistência insulínica, há elevação dos requerimentos de insulina, o que
pode levar à exaustão das células beta pancreática e instauração do diabetes. Desta forma, a
qualidade dos carboidratos consumidos na dieta pode afetar de modo expressivo a resposta
metabólica do organismo (WILLETT e cols, 2002)
Por outro lado, os alimentos de baixo IG são absorvidos mais lentamente que os de alto IG,
resultando em elevações glicêmicas mais lentas, minimizando a elevação insulínica pós-prandial.
Assim, a ingestão de alimentos de baixo IG pode auxiliar na redução da glicemia e insulinemia
em diabéticos do Tipo 1, e do Tipo 2 (GROSS, 2002 e BUYKEN, 2001)
23. 31
As evidências atuais sugerem que dietas com alto teor de fibras, especialmente fibras solúveis,
interferem positivamente na melhora do metabolismo de lipídeos e glicídeos, possibilitando sua
aplicação clínica no tratamento do DM. Os suplementos nutricionais enriquecidos com fibras,
rotineiramente prescritos aos diabéticos, podem configurar um importante coadjuvante à terapia
farmacológica e ter uma maior aceitação terapêutica. As fibras solúveis podem favorecer o
diabético, uma vez que, diminuem o tempo de esvaziamento gástrico e de trânsito intestinal,
retardam a absorção de glicose, com conseqüente queda da glicemia pós-prandial. (HODGE et
al,2004)
A maioria dos estudos clínicos investigou o efeito hipolipemiante de 4 fibras solúveis: fibra da
aveia, psylium, guar e pectina.A composição nutricional da aveia compreende três grupos de
carboidratos. O primeiro grupo é de fácil digestão. O segundo grupo forma o principal
componente do mingau de aveia, a mucilagem de aveia; e a terceira fração é constituída por
carboidratos semelhantes à frutose que não precisam de insulina para sua decomposição e que são
importantes na alimentação dos diabéticos. A adição de b-glucana, presente em grande
quantidade no farelo de aveia, tem demonstrado reduzir o índice glicêmico (IG) dos alimentos
ingeridos e a absorção de colesterol. Recomenda-se que os alimentos com baixo IG substituam,
sempre que possível, os com alto IG, porque podem ser úteis no controle da glicemia e dos níveis
de lipídeos plasmáticos, independentemente do seu conteúdo em fibras. (HODGE et al,2004)
Embora os alimentos com alto teor de fibras tenham, frequentemente baixo índice glicêmico, o
conteúdo de fibras não é o único fator que contribui para o retardo da digestão dos carboidratos.
Desse modo, existe discrepância entre o conteúdo de fibras e o IG de alguns alimentos, que não
são particularmente ricos em fibras, mas possuem baixo índice glicêmico como: aveia, trigo
integral, arroz parboilizado e integral, feijões, maça, laranja, leite, etc. No tratamento
dietoterápico do diabético, tem-se como prática a utilização de alimentos com baixo IG, com o
objetivo do retardo no aparecimento de complicações como as microangiopatias. A eficiência no
controle glicêmico com o aumento do consumo de fibras solúveis é demonstrada em diversos
estudos. (HODGE et al,2004)
Diferentes estudos têm verificado a associação entre o conteúdo de fibras da dieta e a incidência
de diabetes do tipo. O estudo prospectivo Melbourne Collaborative Cohort study, envolvendo
31.641 indivíduos não diabéticos, entre 40 e 69 anos, investigou esta associação. O consumo
24. 32
alimentar foi utilizado questionário de freqüência, sendo avaliado o consumo de fibras, o IG e a
CG dos alimentos ingeridos. Ao final de quatro anos, 365 casos de diabetes foram identificados e
os dados referentes ao consumo alimentar, IG e CG foram classificados em quintis. Desta forma,
o consumo de dietas de alto IG foi positivamente associado ao aumento do risco para
desenvolvimento de diabetes do Tipo 2. Tal risco foi menor para o total de carboidrato
consumido, não sendo observada associação entre o consumo de fibras e o diabetes. Além disso,
sugere-se que para que as fibras sejam capazes de favorecer o controle glicêmico, em diabéticos
do Tipo 2, é necessário o consumo acima de 50 g/dia e que a palatabilidade e os efeitos
gastrintestinais desta quantidade podem não ser bem toleradas por todos (HODGE et al,2004 e
CAVALCANTE et al,2004)
Muitos estudos discutem os efeitos do IG dos alimentos no controle glicêmico de diabéticos do
Tipo 2. No entanto, no diabetes do Tipo 1, o aconselhamento dietético adequado também
representa um importante componente do tratamento, por evitar dosagens excessivas de insulina
pré-prandial, com episódios de hipoglicemia, e por favorecer o controle glicêmico a longo prazo.
Neste contexto, poucos estudos relacionam o IG no controle glicêmico de pacientes diabéticos do
Tipo 1(GIACCO et al, 2000)
Para verificar a efetividade do consumo de fibras no controle glicêmico, 63 diabéticos do Tipo 1,
com idade média de 28 ± 9 anos, participaram de um estudo clínico randomizado .Nas primeiras
quatro semanas do estudo, os voluntários consumiram o padrão de dieta que estavam habituados.
Nas 24 semanas seguintes, os mesmos foram aleatoriamente divididos em dois grupos, um
consumindo dieta com alto teor de fibras (50 g/dia, n = 32) e outro com baixo teor de fibras (15
g/dia, n = 31). Os participantes foram instruídos a monitorar suas glicemias e a preencher
diariamente seu recordatório alimentar. Ao final do período teste, as medidas da hemoglobina
glicada e da glicose plasmática de jejum foram significantemente reduzidas no grupo que
consumiu dieta com alto teor de fibras, em relação ao grupo consumindo baixo teor. No entanto,
a dieta com alto conteúdo de fibras continha em média 39,1 ± 8,8 g/dia. Tal dieta contém teor de
fibras elevado que ultrapassa o valor de ingestão adequada (AI – Adequate Intake) para fibra,
estimado em 38 g/dia para homens e 25 g/dia para mulheres. Além disso, os autores não
apresentaram o conteúdo de fibras solúveis das dietas testadas, o que poderia interferir nos
resultados. Alguns participantes deste grupo (44%) relataram desconfortos gastrintestinais, que
25. 33
certamente foram causados pela grande quantidade de fibras consumida (INSTITUTE OF
MEDICINE, 2002)
O EURODIAB (Estudo Europeu Prospectivo de Complicações do Diabetes), realizado com
pacientes com DM tipo I, com idade média de 32,9 ± 10,2 anos, com registro alimentar de três
dias, examinado a fim de relacionar o IG da dieta e o controle glicêmico desses pacientes. A
análise dos dados coletados indicou que a hemoglobina glicada aumentou significantemente, com
o aumento do IG da dieta. Apesar da associação positiva observada, os autores do estudo não
deixam clara a maneira como foi calculado o IG dos alimentos, o que pode ter influenciado na
classificação dos alimentos como de alto ou baixo IG, dificultando assim a comparação desse
estudo com outros já publicados (BUYKEN et al., 2001).
Considerando em longo prazo, que um pobre controle glicêmico aumenta a incidência de
complicações macrovasculares nos portadores de DM, observa-se, conforme resultados dos
diversos estudos, que dietas com baixo IG poderiam de fato beneficiar o controle glicêmico e
provavelmente reduzir o risco de complicações do DM. Cabe salientar, também, que a melhora
no controle glicêmico, observada com dietas de baixo IG, pode ser comparada àquela resultante
do uso da insulina lispro e da terapia com arcabose (HELLER et al. e HOLMAN et al., 1999).
Em relação ao efeito dessas dietas sobre o metabolismo dos lipídios em pacientes com DM, os
resultados não são consistentes. Uma melhora nos níveis de colesterol total e de LDL - colesterol
foi observada em alguns estudos, porém em outros não (SILVA e MELLO, 2006).
26. 34
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com as evidências estudadas e apresentadas através dessa revisão, foi possível
entender que o uso de dietas de baixo IG, juntamente com uma diminuição de alimentos de alto
IG, contribui para o controle da obesidade, apesar de a situação ponderal não estar associada ao
IG ou à CG, mas sim, à influência progressiva desses dois fatores sobre o ganho de peso. Foi
possível constatar que as dietas de alto IG influenciam o ganho de peso, a partir do momento que
em estas promovem saciedade em curto prazo e, ainda, fazem com que o indivíduo se alimente
mais vezes para saciar a sua fome. Geralmente, nos hábitos alimentares deste indivíduo, estão
incluídos, em sua maioria, alimentos de alto IG que, quando consumidos repetidamente, são
responsáveis pelo ganho de peso.
Foi observado que os alimentos de alto IG reduzem a produção de glicose hepática e suprimem a
lipólise, pois tendem a acelerar o metabolismo muscular e hepático e promover a
hiperinsulinemia e a hipoglucagonemia.
Já a aplicação do IG para o controle do DM ainda é controversa. Foi possível concluir que há
melhora no controle glicêmico e auxilio na prevenção do risco de morte por doenças
cardiovasculares, quando dietas de baixo IG são consumidas, pois o IG é determinante do
controle glicêmico pós-prandial. IG e CG são utilizados como indicadores qualitativos e
quantitativos dos carboidratos que afetam a glicemia, porém, por não haver comprovação da
eficácia isolada de ambos, vê-se necessária a junção destes com outras estratégias dietéticas para
um melhor acompanhamento dietoterápico do indivíduo portador do DM.
Todavia, ainda são necessários estudos pertinentes e mais fidedignos sobre ambos os assuntos
para melhor embasar e sustentar tais hipóteses.
O consumo de frutas e vegetais, a escolha por produtos integrais e menos processados, bem como
o consumo limitado de batatas e arroz branco, são medidas que contribuem para reduzir o IG da
dieta. A inclusão de leguminosas na alimentação diária também é uma opção.
Apesar de a maioria das frutas apresentarem IG baixo, deve-se ter maior controle da quantidade
de frutas como manga, mamão e abacaxi, as frutas tropicais, pois essas frutas apresentam alto IG.
27. 35
Preferir produtos de padaria como pães de centeio, cevada ou aveia ao invés de pães de farinha
branca processada, e utilizar habitualmente a adaptação da Tabela Internacional de IG, irá
promover resultados positivos na redução do IG da dieta, pois esta tabela é de capital importância
na elaboração de dietas para aumentar a eficácia da estratégia preventiva na obesidade e no
diabetes mellitus.
Visto que a ingestão de alimentos com baixo IG agrega benefícios ao comensal, a exclusão dos
alimentos de IG elevado não é totalmente necessária, pois o consumo de uma refeição
contemplando altos e baixos IGs tornam o IG final da refeição intermediário.
A escolha alimentar não deve ser baseada somente em um componente isolado do alimento. É
necessário considerar o conteúdo nutricional total de um alimento e o que ele representa dentro
da composição geral da alimentação, sempre levando em consideração as regras básicas da boa
nutrição como porcionamento e fracionamento das refeições para garantir uma adequação
alimentar que auxilie nos controles metabólicos e na melhora da qualidade de vida.
28. 36
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JENKINS DJA. Glycaemic index of 102 complex carbohydrate foods in patients with
diabetes. Nutr Res. 1994;14:651-69.
31. 39
APÊNDICE A
TABELA DE ÍNDICE
GLICÊMICO
INTERNATIONAL TABLE OF GLYCEMIC
INDEX AND GLYCEMIC LOAD VALUES: 2002
Kaye Foster-Powell, Susanna HA Holt, and Janette C Brand-Miller.
Adaptada e traduzida por Leandro Martinho Tarabal e Natália Soares Figueiredo.
32. 40
Bolos e Muffins
Índice Glicêmico
Carga Glicêmica Tamanho
Alimentos em Relação a glicose =
por porção da porção
100
Produtos de Padaria a a a
Bolos a a a
Bolo de Banana feito com açúcar 58,75 22,5 100
Bolo de banana feito sem açúcar 68,75 20 100
Bolo de chocolate 34,23 18,01 100
Pão de Ló Plano 73,01 26,98 100
Bolo de Baunilha 37,83 26,62 100
Croissant 117,54 29,82 100
Folhado 103,50 26,31 100
Broinha Simples 368 32 100
Panquecas tipo Waffle 217,14 45,71 100
Muffins a a a
Maçã feito com açúcar 73,33 21,66 100
Maçã feito sem açúcar 80 15 100
Maçã, aveia 108 28 100
Coco e mel 120 32 100
Banana, aveia e mel 130 34 100
Cenoura 108,77 35,08 100
Chocolate 106 30 100
Panqueca 83,75 48,75 80
33. 41
Bebidas
Índice Glicêmico em Carga Glicêmica Tamanho da
Alimento
Relação à glicose = 100 por porção Porção
Bebidas a a a
Coca-Cola a a a
Coca-Cola 53 14 250 ml
Fanta 68 23 250 ml
Bebida de soja e banana 30 7 250 ml
Bebida de soja e chocolate 34 8 250 ml
Sucos a a a
Suco de Maçã 44 13 250 ml
Suco de cenoura 43 10 250 ml
Suco de Laranja 50 13 250 ml
Suco de abacaxi sem açúcar 46 16 250 ml
Yakult, leite fermentado com
Lactobacilus casei 46 6 65 ml
Bebidas para Esportes a a a
Gatorade 78 12 250 ml
Sports Plus 74 13 250 ml
Sustagen 43 21 250 ml
Bebidas feitas à base de
a a a
energéticos
Build-Up baunilha com fibras 41 14 250 ml
Chocolate quente feito com água
quente 51 11 250 ml
Leite de vaca 45 12 250 ml
Quick chocolate 41 5 250 ml
Quick morango dissolvido em
água 64 5 250 ml
Quick morango dissolvido em
1,5% de leite 35 4 250 ml
34. 42
Pães
Carga
Índice Glicêmico em Tamanho
Alimento Glicêmica por
Relação à Glicose = 100 da Porção
porção
Pães a a a
Baguete 316,66 50 100
Pão de Leite 315 33,33 100
Pães feitos à base de cevada a a a
100% farinha de cevada 223,33 30 100
Pão de trigo-sarraceno a a a
Pão de trigo- com 50% de Trigo branco 156,66 33,33 100
Pão de Frutas a a a
Pão doce de frutas 146,66 20 100
Pão de hambúrguer 203,33 30 100
Pães sem Glúten a a a
Pão sem glúten com grãos 263,33 33,33 100
Pão branco sem glúten 236,66 36,66 100
Pão sem glúten com fibras 230 30 100
Pão de Aveia a a a
Pão com semente de aveia 216,66 40 100
Pão de farelo de aveia a a a
Pão de aveia com 50% de sabor 166,66 30 100
Pão de Centeio a a a
Pão de semente de centeio 193,33 26,66 100
Pães de centeio especiais a a a
Pão preto de centeio 253,33 33,33 100
Pão de centeio light 226,66 33,33 100
Pão de Trigo a a a
Pão com semente de trigo 173,33 33,33 100
Pão branco de trigo 236,66 -- 100
Pão branco com fibras solúveis a a a
Pão branco + 15 mg de fibra psyllium 136,66 23,33 100
Pão branco enriquecido com fibras a a a
Pão branco com alta quantidade de fibras 67 96 a
Pão branco enriquecido com amido a a a
Fibra branca 256,66 36,66 100
Pão com sabor trigo 173,33 20 100
Pães especiais de trigo a a a
Pão com grãos de trigo 113,33 -- 100
35. 43
Cereais I
Índice Glicêmico Carga
Tamanho
Alimento em Relação à Glicêmica
da Porção
Glicose = 100 por porção
Cereais do café da manhã a a a
All Bran (Kellogg’s) 100 13,33 100
All Bran Aveia e frutas 130 23,33 100
All Bran fibras e soja 110 13,33 100
Mingau de Cevada 256,66 66,66 100
Farelo de aveia 500 20 100
Mingau 42 9 250 ml
Mingau tradicional de aveia 51 11 250 ml
Mingau Instantâneo a a a
Aveia (Quacker) 66 17 250 ml
Barras de Cereal Matinal a a a
Kellogg's 240 56,66 100
Cereal e Milho a a a
Milho 39,33 11,33 100
Trigo 36 10,66 100
Mingau de milho 109 -- 250 ml
Espiga de Milho a a a
Espiga de milho fervida com sal
por dois minutos 32 9,33 100
Centeio, grãos integrais 68 26 100
Cereais II
Índice Glicêmico Carga Tamanho
Alimento em Relação à Glicose Glicêmica da
= 100 por porção Porção
Arroz branco a a a
Risoto 46 24 100
Arroz branco fervido 46 20 100
Arroz branco fervido com sal e
congelado de 16 a 20 horas 35,33 13,33 100
Arroz branco fervido por 13
minutos e depois cozido por dez 69,33 20,66 100
minutos
Arroz parboilizado 48 17,33 100
Trigo a a a
36. 44
Semente de trigo cozida 60 22 100
Semolina a a a
Semolina assada 36,66 -- 100
Biscoitos a a a
Cream Cracker 260 44 100
Biscoito de água e sal 284 52 100
Produtos lácteos e alternativas
Carga Tamanho
Índice Glicêmico
Alimentos Glicêmica da
em Relação à Glicose = 100
por porção Porção
Produtos lácteos e alternativas a a a
Cremes a a a
Creme feito em casa com leite e
açúcar 43 61 100
Sorvete 122 16 100
Sorvete metade baunilha, metade
114 -- 100
chocolate
Sorvete sabor chocolate 136 16 100
Sorvetes com baixa taxa de
a a a
gordura
Baunilha 100 6 100
Leite 11 15 a
Leite de vaca fresco 31 3 250 ml
Leite de vaca fermentado 11 3 250 ml
Leite condensado 122 34 100
Leite sem gordura com chocolate e
adoçante 24 3 250 ml
Leite sem gordura com açúcar 34 49 250
Mousse preparado com água a a a
Chocolate 2% de gordura 62 6 100
Manga 1,8% de gordura 66 8 100
Morango 2,3% de gordura 64 6 100
Pudim a a a
Pudim de chocolate feito com leite 47 7 100
Pudim de baunilha feito com leite 40 6 100
Iogurte a a a
Iogurte de frutas com baixas
calorias 7 1 100
37. 45
Iogurte de frutas com açúcar 16,5 5 100
Iogurte de morango com baixas
calorias 15,5 4,5 100
Iogurte desnatado de manga 11,5 1,5 100
Iogurte desnatado de morango 11,5 1,5 100
Dieta diária de produtos
a a a
alternativos com base na soja
Leite de soja 0 mg Ca 44 8 250 ml
Leite de soja 120 mg Ca 36 6 250 ml
Bebida de soja com banana 30 7 250 ml
Bebida de soja com chocolate 34 8 250 ml
Iogurte de soja, pêssego e manga, 250 ml
2% de gordura, açúcar 62,5 16,25
38. 46
Frutas/Legumes/Vegetais
Índice Glicêmico Carga Tamanho
Alimento em Relação à Glicose Glicêmica da
= 100 por porção Porção
Maçã 33,3 47,57 100
Maçã, seca (Austrália) 17,4 ± 5 0,6 100
Suco de maçã sem açúcar 16 4,8 100
Damasco 47,5 4,2 100
Damascos secos (Austrália) 50 ± 7 13,3 100
Xarope de damasco 53,3 75,8 100
Banana madura amarela 42,5 10,8 100
Banana levemente não 9,17
35 100
amadurecida
Banana muito madura 40 10 100
Cerejas cruas 18,3 2,5 100
Fruta-do-conde crua 45 ± 2 8,3 100
Tâmaras secas 217 ± 21 70 100
Pão de frutas 56,6 97 100
Uva 41 7,5 100
Suco de uva sem açúcar 48 69 250 ml
Laranjas, não especificadas
42,5 5 100
(Canadá)
Suco de laranja concentrado sem 76
açúcar 53 250 ml
Pêssego 23,3 3,3 100
Pêssego enlatado em calda 43,3 7,5 100
Pêra 27,5 3,3 100
Abacaxi 55 ± 7 5 100
Suco de abacaxi sem açúcar 18,4 6 100
Ameixa 20 2,5 100
Ameixas secas, descaroçadas 48,3 ± 4 16,7 100
Uvas passa 107± 11 47 100
Melão 54 ± 9 3,3 100
Morangos frescos 33,3 ± 7 0,83 100
Geléia de morango 170 ± 10 33,3 100
Barras de frutas processadas –
300 ± 12 77 100
morango
Suco de tomate sem açúcar 15,2 ± 4 1,6 100
Melancia 60 ± 13 3,3 100
39. 47
Infasoy TM, à base de soja, sem
55 ± 6 4 100 mL
leite
Karicare TM comida de iniciação 35 ± 5 2 100 mL
Nan-1 TM comida para bebês, com
30 ± 6 2 100 mL
ferro
S-26 TM comida para bebês 36 ± 6 3 100 mL
Cereal de maçã, damasco e banana 75 ± 8 9,3 100
Mingau cremoso 79 ± 8 7 100
Pudim de arroz 79 ± 6 8 100
Frango e talharim com vegetais,
56 ± 11 4,2 100
coado
Milho verde e arroz 54,2 ± 13 8,3 100
Vegetais
Abóbora 93,7 133,7 100
Milho doce com mel 46,25 66,25 100
Vegetais com raízes
Beterraba 80 113,7 100
Mandioca cozida 46 12 100
Nabos 121,25 15 100
Cenoura 20 28,75 100
Batatas
Batatas fritas no microondas 50 71,3 100
Batata cozida em água fervente 67,3 11,3 100
Batatas fritas 50 14,6 100
Batata doce 29,3 42 100
Bolinho de batata 34,6 16 100
Tapioca
Tapioca fervida com leite 32,4 46 100
Legumes e nozes
Feijões secos, tipo não
24 7,3 100
especificado
Feijões-fava 18,7 ± 7 3,3 100
Feijões-brancos, secos, cozidos em
20 6 100
água fervente
Feijões comuns (EUA) 5 15,3 4 100
Feijão preto de molho durante a
13,3 3,3 100
noite, cozidos por 45 min
Lentilhas, tipo não especificado 19,3 3,3 100
Ervilha verde fervida 15 1,3 100
Soja, seca, cozida em água
10 ± 5 0,6 100
fervente
40. 48
Alimentos para recém-nascidos e produtos de suporte nutricional
Índice Glicêmico Carga Tamanho
Alimento em Relação à Glicose Glicêmica da
= 100 por porção Porção
Infasoy TM, à base de soja, sem
55 ± 6 4 100 mL
leite
Karicare TM comida de iniciação 35 ± 5 2 100 mL
Nan-1 TM comida para bebês, com
30 ± 6 2 100 mL
ferro
S-26 TM comida para bebês 36 ± 6 3 100 mL
Cereal de maçã 75 ± 8 9,3 100
Mingau cremoso 79 ± 8 7 100
Pudim de arroz 79 ± 6 8 100
Frango e talharim com vegetais,
56 ± 11 4,2 100
coado
Milho verde e arroz 54,2 ± 13 8,3 100
Produtos de Suporte Nutricional
Baunilha 10 ± 4 2,5 100mL
Enercal Plus 27 ± 13 10,1 100mL
Ensure 21,1 ± 8 8 100mL
Ensure baunilha 19,2 ± 3 6,4 100mL
Barra Ensure TM, brownie de
113,2 ± 3 21 100
calda de chocolate
Resource Diabetic TM, baunilha 100mL
14,3 ± 3 3,4
francesa
Resource Diabetic TM, chocolate 100mL
7±4 3
suíço
Suco de laranja engrossado 100mL
Resource TM, com consistência de 20 ± 9 7,5
mel
Suco de laranja engrossado 100mL
Resource TM, com consistência de 22,7 ± 7 8
néctar
Bebida de fruta Resource TM, 100mL
16,8 ± 8 6,7
sabor pêssego
Sustagen de chocolate 12,4 ± 4 5,2 100mL
Sustagen com fibras extras 13,2 ± 4 6 100mL
Ultracal TM com fibra 17 5,1 100 mL
Pudim de sustagen de baunilha 10,8 ± 3 5,2 100
41. 49
Massas/Açúcares/Outros
Índice Glicêmico Carga Tamanho
Alimento em Relação à Glicose Glicêmica da
= 100 por porção Porção
Massa e macarrão
Macarrão cabelo de anjo 25 11,1 100
Pasta de milho sem glúten 4,4 ± 10 17,8 100
Fettucine, ovo 17,8 ± 4 8,3 100
Macarrão instantâneo 25,5 ± 5 25,5 ± 5 100
Linguine grosso 23,8 11,6 100
Ravióli, farinha de trigo, recheado 100
21,6 ± 1 8,3
de carne, cozido em água fervente
Talharim de arroz, fresco 22,2 ± 4 8,3 100
Espaguete com proteínas fervido
15 7,7 100
por 7 minutos
Espaguete branco fervido por 5 100
17,8 8,3
minutos
Pizzas
Queijo 60 86 100
Queijo Parmesão e tomates 80 114 100
Pão branco com toppings
Pão branco com manteiga, queijo e 100
leite de vaca 27,5 37,5
Pão branco com manteiga 59 84 100
Lanches e Doces
Burger Rings TM, sabor churrasco 180 ± 16 56 100
Chocolate ao leite simples com 68 ± 5 14 100
sacarose
Chocolate ao leite simples, baixo 70 ± 16 16 100
teor de açúcar com maltitol
Chocolate branco Milky Bar 88 ± 6 26 100
Salgadinhos de milho, simples, 84 ± 4 22 100
temperados com sal
Barra de fruta recheada de 100 ± 8 34 100
damasco
Life Savers ® , bala de hortelã 233,3 ± 6 70 100
M & M's ® , amendoim 110 ± 3 20 100
Nutella ® , pasta de chocolate e 165 ± 4 20 100
avelã
Castanhas de caju, salgadas 44 ± 5 6 100
Amendoins 26 ± 6 2 100
42. 50
Pipocas
Pipoca, simples, cozida em 275 ± 7 30 100
microondas
Batatas chips, simples, temperadas 114 20 100
com sal
Lanche, Apple Cinnamon – maçã e 80 ± 8 24 100
canela
Açúcar
Glicose porção 50 g (dextrose) 85
Glicose porção 25 g com aveia 92
Glicose consumida com Ginseng 780 80 100
46 g de glicose + 15 g de extratos 100
790 ± 3 60
de fibra de maçã e laranja
50 g de glicose + 14,5 g de goma 100
620 60
guar
50 g de glicose + 14,5 g de goma 100
570 60
de aveia
100 g de glicose + 20 g de goma 100
850 90
arábica
Glicose consumida com
refeições
Com bife grelhado, queijo e
manteiga 55
Mel 128 28 100
50 g de maltose 1050 ± 12 110 100
100 g de sacarose 65
Lactose 86 100
Produtos com menor índice de carboidratos
Chocolate sem açúcar 14 20 100
Barras de proteína 30 43 100
Mini bolo de morango 43 61 100
Mousse de chocolate branco 40 57 100
Cappucino 47 67 100
Sopas 100
Feijão preto 64 92 100
Ervilha verde 66 94 100
Lentilhas 44 63 100
Refeições mistas 100
Nuggets de frango 46 66 100
Peixe 38 54 100
Tortas e bifes 45 64 100
43. 51
Sushi, salmão 48 69 100
Sushi com algas, vinagre e arroz 55 79 100
Alimentos tradicionais da América do Sul 100
Bolo de milho 72 102 100
Feijão Preto 30 43 100
Tortilha de milho 52 74 100
Tortilha de milho com purê de batata, tomate 78 111 100
Tortilha de trigo 30 43 100