1. Adaptação de ESCOLOVAR
A semente da verdade
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2. Há muito tempo, na
China, viveu um
menino que
gostava muito de
flores.
Com mãos
dedicadas, Ping,
assim se chamava
ele, cultivava
orquídeas e outras
flores, bambus e
pequenos arbustos
e ainda árvores de
fruto.
3. Cada planta tocada
por ele crescia
viçosa e forte.
Todos os
habitantes do
império gostavam
também muito de
flores e tratavam-
-nas com igual
carinho.
5. O Imperador
gostava muito de
pássaros e de
outros animais
mas, acima de
tudo, preferia as
flores.
Todos os dias,
cultivava o seu
próprio jardim.
6. O tempo passou e o
imperador , de idade
avançada e sem
filhos ou parentes
próximos, precisou
de escolher um
sucessor.
7. Quem poderia
ser o seu sucessor?
Como o poderia
escolher?
Dado que gostava
tanto das flores,
decidiu deixar que
fossem elas a
escolher por ele.
8. No dia seguinte,
enviou mensageiros
a todos os cantos
do império com uma
ordem: os meninos
deveriam dirigir-se
ao palácio.
Imediatamente,
milhares de
pequenos súbditos
tomaram o caminho
do palácio.
9. O imperador aguardou
que todas as crianças
chegassem.
Apareceu, então,
montado no seu cavalo
branco, com um ar
feliz.
“Crianças”, disse ele,
com voz determinada,
“preciso de escolher o
meu sucessor de entre
vocês. Para isso,
tenho uma tarefa muito
especial para vos dar.”
10. Então, mostrou-lhes
muitas sementes de
flores.
“Tenho aqui estas
sementes. Quero que
as levem e as
cultivem. Quem me
trouxer a flor mais
bonita, mais cuidada,
ao fim de um ano,
será o meu
sucessor”.
11. Os pais sonhavam
que os seus filhos
tinham sido
escolhidos como
sucessores do
Imperador e os
meninos esperavam
com ilusão o mesmo.
12. Quando Ping
recebeu a sua
semente das mãos
do Imperador, foi o
menino mais feliz
de todos. Estava
seguro que poderia
cultivar a flor mais
formosa. Ele era um
excelente jardineiro.
13. Quando chegou a
casa, encheu um
vaso com terra
fértil. Depois, com
mil cuidados,
colocou a semente
nela.
16. Ping começou a
preocupar-se.
Decidiu pôr terra
num vaso maior. Na
sua inocência,
pensou que esse
deveria ser um
factor importante
para o início da
vida de uma planta.
Em seguida,
mudou a semente.
17. Esperou algum tempo
mas nada aconteceu.
Ping desesperava. É
que, por mais que
Ping se esforçasse, a
semente não brotava.
O menino fez tudo o
que podia: adubou
mais a terra, colocou
o vaso ao sol, regou a
semente com água
nascente, mas os
seus esforços de
nada valeram.
23. “Não conseguiste
cultivar una planta
tão bonita como a
minha.”, disse-lhe
o vizinho.
“Já cultivei muitas
flores melhores
que a tua.”
retorquiu Ping.
24. Ping estava muito triste
mas o pai reconfortou-o:
“Fizeste o melhor que
pudeste. A tua dedicação
foi extrema, mas a semente
não brotou. Não te envergo-
nhes, filho. Diz a verdade ao
Imperador. Talvez seja esta
a lição que o imperador
deseje que tu aprendas:
algumas vezes, a verdade
não é tão bonita como uma
flor, mas precisamos de a
encarar com coragem para
vencer grandes desafios.”
26. Sentado no seu trono,
o Imperador examinava
minuciosamente as
plantas. Perguntava a
cada criança que lição
aprendera com a
semente e todas
respondiam ter apren-
dido sobre o talento, a
perseverança e o dom
necessário para fazer a
semente brotar.
27. Que linda era aquela
enorme quantidade
de flores! Porém, o
Imperador permane-
cia sério e não dizia
uma palavra. Sua
Majestade não
esboçava sequer um
sorriso.
28. Finalmente,
aproximou-se de
Ping, que inclinou a
cabeça, cheio de
vergonha, esperando
ser repreendido. “Se
o imperador não
aprovou aquelas
plantas maravilhosas, o
que não dirá do meu
vaso contendo apenas
terra? ”, pensou o
rapaz, receoso.
29. Ping fora-se atrasando
intencionalmente e,
quando deu conta, era
o último da fila.
“Vejamos”, pergun-
tou-lhe o imperador,
aproximando-se e
falando com voz grave,
“O que tens aí para me
mostrar? Hum… Por
que trouxeste um vaso
vazio?”
30. Ping começou a
chorar e respondeu:
“Senhor, pus a
semente que me
deu na terra, reguei-
-a e tratei-a com
todos os cuidados
mas não germinou.
Pu-la num vaso
maior mas tão
pouco a situação
melhorou.”.
31. “Esperei o ano
inteiro… mas nada.
Estou envergonhado
e peço perdão...
Talvez tenha sido
falta de sorte, mas
dedicação não me
faltou.”
E concluiu: “Reflecti
muito sobre qual
seria a minha atitude
e optei por dizer a
verdade, relatar-lhe
meu esforço e rogar-
- lhe perdão.”
32. Quando o
Imperador escutou
estas palavras,
sorriu, abraçou
Ping e exclamou,
eufórico:
“Encontrei!
Encontrei uma
pessoa digna de
ser o próximo
Imperador!”
E dava pulos de
alegria, como uma
criança.
33. “Não te envergonhes,
rapaz. Deste o teu
melhor. Levanta a ca-
beça. És o meu futuro
sucessor.”
“E vós”, disse o
Imperador, dirigindo-
se aos outros,
“Prestai atenção:
Hoje, o valor que
prevaleceu foi a ver-
dade, a honestidade.”
34. E, dirigindo-se
novamente para Ping,
continuou:
“Vou-te explicar: eu
tinha queimado todas
as sementes antes de
as entregar às
crianças. Nenhuma
poderia germinar,
jamais. Portanto,
entre todas as
crianças que aqui
estão, tu foste a
única que cultivou a
semente da verdade.”
35. Voltando-se nova-
mente para os
seus pequenos
súbditos, rematou:
“Admiro a grande
valentia de Ping de
comparecer diante
de mim com a sua
verdade vazia.
Assim, concedo-
-lhe o título de
«Imperador da
China»”.
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