Este documento resume três eventos científicos realizados pelas principais instituições de ensino superior de Campos: a Uenf, a UFF e o IFF. Estes eventos reuniram centenas de estudantes e pesquisadores e discutiram temas como ciência, religião, educação e desenvolvimento regional. Alunos premiados durante os eventos demonstraram como a iniciação científica influencia seu futuro acadêmico.
Evento científico reúne três instituições de ensino
1.
2. Nesta Edição
Evento científico reúne três instituições
Fermento
03
Na Rota da Ciência 04 na massa
Em 16 anos, a Uenf qualificou e titulou cerca de 4
Toda a riqueza da argila 06 mil pessoas, sendo 1,7 mil mestres ou doutores. E não
Produtos ambientalmentes corretos se trata de qualquer diploma: segundo o índice IGC
08
do MEC, a Uenf está entre as 15 melhores universida-
A inspiração que vem do barro 09 des do Brasil. De que forma esta nova massa crítica
estaria influindo nos rumos do desenvolvimento do
Sobreviventes da destruição 10 Norte/Noroeste Fluminense? Esta é a questão-chave
desta edição.
Jovem, com ares de gente grande 12 Por exemplo: com a decadência da cana, a ativida-
Energia sem limites 16 de ceramista na Baixada Campista ganhou expressão
em produção e em absorção de trabalhadores. Mas
Entrevista / Silvério de Paiva Freitas 18 a exploração da argila tem sido desordenada, e os
produtos gerados por nossas olarias têm tido pouco
Pela melhoria da Educação 20 valor agregado. Como a Universidade poderia ajudar?
As pesquisas indicam a importância do levantamento
Expediente prévio das áreas a serem exploradas e apontam alter-
nativas para a reutilização das cavas ao final da explo-
ração. Novos produtos, econômica e ambientalmente
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF recomendados, também estão entre as contribuições
dos pesquisadores da Uenf, em parceria com empre-
Governador do Estado Diretor do CBB
sários e com agências de fomento como a Faperj.
Sérgio Cabral Arnoldo Rocha Façanha
Também entrevistamos estudantes premiados du-
Secretário de Ciência e Tecnologia Diretor do CCT rante o Congresso Fluminense de Iniciação Científi-
Alexandre Cardoso Alexandre de Moura Stumbo ca, realizado em junho, com organização conjunta da
Uenf, IFF (antigo Cefet Campos) e UFF. Embora ainda
Reitor Diretora do CCH jovens e iniciantes na jornada acadêmica, eles já par-
Almy Junior Cordeiro de Carvalho Teresa de Jesus Peixoto Faria ticipam de pesquisas de relevância nacional e podem
ser vistos como os cientistas do amanhã.
Vice-reitor Diretor do CCTA Todo mundo diz que a educação precisa melho-
Antonio Abel Gonzalez Carrasquilla Hernán Maldonado Vásquez rar e que um passo fundamental é a qualificação dos
professores da rede pública. Pois bem: a Uenf aderiu
Equipe Ascom a um esforço proposto pelo MEC e está reservando
Fúlvia D’Alessandri e Gustavo Smiderle (jornalistas responsáveis) centenas de vagas em seus cursos de licenciatura, já
Felipe Moussallem (projeto gráfico) a partir deste mês de agosto, para qualificar profissio-
Alexsandro Cordeiro e Marcus Cunha (diagramação) nais da rede pública do Norte/Noroeste Fluminense.
As universidades participantes vão definir os critérios
Nilza Franco Portela (técnica de nível superior)
de seleção dos candidatos, mas é certo que eles não
Elizabeth Cordeiro Silva (auxiliar técnico-administrativo) vão precisar enfrentar o vestibular.
Maria da Penha R. OLiveira e Diego M.S. Leandro Na entrevista em formato pingue-pongue, o pró-
(estagiários, distribuição) reitor de Extensão e Assuntos Comunitários da Uenf,
Silvério de Paiva Freitas, analisa os avanços e os garga-
Ascom: (22) 2739-7119 / 0800-025-2004 / uenf@uenf.br los na implementação do diálogo entre o meio acadê-
Reitoria: (22) 2739-7003
mico e os demais setores da sociedade regional. Se-
gundo Silvério, o meio acadêmico está tentando fazer
www.uenf.br
a sua parte para construir uma nova sociedade, mas
Tiragem: 10 mil exemplares - Distribuição: gratuita e dirigida esta construção é tarefa de todos — inclusive da gente
Impresso por: Hansen Graphics Ltda. que faz e que lê a revista NOSSA UENF. Boa leitura!
02
3. Evento científico
reúne três instituições
Congresso e Mostra de Pós movimentaram a Uenf no início de junho
O maior evento científico da região ficou ain- Iniciação Científica da UFF — o reitor da Uenf, Almy O diretor do Instituto de Ciências da Socie-
da maior este ano, com a união das três maio- Junior, disse que a articulação das três instituições dade e Desenvolvimento Regional da UFF, José
res instituições de ensino superior de Campos: se constituía “num dos momentos mais ricos da Luís Vianna da Cruz, registrou não apenas a
a Universidade Estadual do Norte Fluminense história da Uenf ”.
Darcy Ribeiro (Uenf ), a Universidade Federal Ele ressaltou as con-
Fluminense (UFF) e o Instituto Federal Flumi- tribuições históricas
nense (IFF, antigo Cefet Campos). Juntos, eles da UFF, presente em
realizaram, de 01 a 04/06, o Congresso Flumi- Campos há 47 anos,
nense de Iniciação Científica e Tecnológica, que sendo pioneira na
teve como tema central “Ciência e Religião no implantação de um
Terceiro Milênio”. Paralelamente, foi realizada a núcleo distante de
9ª Mostra de Pós-Graduação da Uenf, que discu- sua sede, bem como
tiu a temática “Política institucional acadêmica”. do IFF, cuja história
Na abertura do evento — que congregou o 14º está chegando ao
Encontro de Iniciação Científica da Uenf, o 6º Cir- centenário neste
cuito de Iniciação Científica do IFF e a 2ª Jornada de ano de 2009.
No alto, abertura do Congresso de Iniciação Científica; acima, sessão de Posters
03
4. Na rota da
ciência
convergência entre as instituições públicas, mas
também o papel da pesquisa na formação pro-
fissional e o desafio da contribuição das univer-
sidades para o desenvolvimento regional. José
Luís citou particularmente o paradoxo da vinda
de grandes investimentos para a região e a pers-
pectiva do “desastre social, urbano e ambiental”,
que é preciso prevenir ou minorar. Alunos de IC tomam gosto pela pesquisa e
A reitora do IFF, Cibele Daher Botelho Mon-
teiro, lembrou a tradição da antiga Escola Téc- almejam carreira acadêmica
nica Federal de Campos, posteriormente Cefet
A participação em projetos de Iniciação 10/07/09, em Feira de Santana (BA).
Campos, na área do ensino. Realçou o papel
Científica é fundamental para que o aluno de A participação no projeto de pesquisa “Me-
mais recente de atuar também na pesquisa e
graduação possa decidir melhor o seu futuro. lhoramento de milho pipoca da Uenf e a intera-
na extensão, numa experiência de união entre
A opinião é compartilhada por alunos que inte- ção com produtores rurais do Norte e Noroeste
diferentes níveis de educação. Cibele também
gram projetos de pesquisa e foram premiados Fluminense” levou o aluno Cássio Vittorazzi,
acentuou a importância da integração entre as
durante o 14º Encontro de Iniciação Científica do 9º período de Agronomia, a desejar con-
instituições.
da Uenf, como Érica da Silva Lopes, do 7º pe- tinuar na área acadêmica após a graduação.
Na palestra de abertura da 9.ª Mostra de Pós-
ríodo de Engenharia e Ciência dos Materiais, e — Sempre quis fazer agronomia, porque
Graduação da Uenf, o pesquisador Wilson Savino,
Cássio Vittorazzi, do 9º período de Agronomia. meus pais são produtores rurais. Quero conse-
da Fiocruz, falou sobre a importância de uma polí-
— A Iniciação Científica nos permite sa- guir agora uma vaga no mestrado em Produção
tica continuada de cooperação internacional na for-
ber que caminho gostaríamos de seguir: se Vegetal da Uenf e continuar na área de pesquisa
mação de jovens imunologistas do terceiro mundo.
permanecemos na área acadêmica ou se par- — diz Cássio, que teve a orientação do professor
Temperando o relato com histórias pessoais, carre-
timos para o mercado de trabalho — diz Éri- Antônio Teixeira do Amaral Junior, do Laborató-
gadas de afetividade e humanidade, Savino mostrou
ca, que ingressou na Uenf através da reserva rio de Melhoramento Genético Vegetal (LMGV ).
como a política governamental de aproximação
de vagas para estudantes de escola pública. Caio Antônio Figueiredo de Andrade, que está
com a América Latina e a África permitiu, do lado
Seu trabalho de pesquisa, intitulado “Carac- concluindo o curso de Ciências Biológicas, também
da oferta de financiamento, a realização de muitos
terização da cinza da palha de cana-de-açúcar já sabe que continuará atuando como pesquisador.
projetos com países dessas duas regiões.
com vistas ao emprego como pozolana em ma- Um dos premiados durante o 14º Encontro de Inicia-
Em palestra sobre o tema “A religião (e a ir-
teriais cimentícios”, teve a orientação do profes- ção Científica da Uenf, Caio já tem projeto de mestra-
religão) dos cientistas”, no âmbito do Congresso
sor Guilherme Chagas Cordeiro, do Laboratório do e possível orientador na Universidade Federal de
Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica,
de Engenharia Civil Viçosa (UFV), o profes-
o professor Luís Carlos Petry, da PUC-SP, afirmou
(Leciv), e foi apre- sor Renato Freire.
que a religião não é algo destoante do universo
sentado também — Vou pes-
científico. Ele lembrou que muitos daqueles que
no Encontro quisar no mes-
fundamentaram a ciência acreditavam na idéia
Nacional sobre trado a fauna
de Deus. Na sua opinião, a Academia deve ser
Aproveitamen- da Restinga
um local de debates e de amplas opiniões e não
to de Resíduos de Iquipari,
de “caça às bruxas”. Em outras palavras, mesmo
na Construção área que é
assuntos que hoje são considerados inapropria-
(Enarc 2009), forte candida-
dos, porque não podem ser adaptados à lógica
que ocor- ta a unidade de
científica, devem ser debatidos.
reu de 8 a pre-
— Hoje nós não estamos mais sendo capa-
zes de reduzir tudo ao método científico.
Estamos numa fase em que precisamos
construir uma outra posição, que alguns
designam multidisciplinaridade. Esta é
uma tarefa do porvir — disse Petry, que
pessoalmente não é religioso.
Pela Uenf, participaram do evento 343
estudantes de Iniciação Científica e 157 estu-
dantes de Pós-Graduação, tanto em apresen-
tações orais quanto em pôsteres.
04
5. servação, mas sobre a qual quase não se tem
estudos. Já fiz o inventário de 14 espécies exis-
Trabalhos premiados durante
Encontro de IC
tentes no local — diz Caio, cujo trabalho de
Iniciação Científica, orientado pelo professor
Carlos Ramon Ruiz Miranda, do Laboratório
de Ciências Ambientais (LCA), tem como título
o
“Aspectos populacionais e comportamentais CBB e a interação com produtores rurais do
de Iguana iguana (Squamata: Iguanidae) em “-Glucosidade do intestino médio de Aedes Norte e Noroeste Fluminense”
uma área de restauração florestal de uma mata aegypti e sua atividade de agregação de heme”. Cássio Vitorazzi
Magda Delorence Lugon Orientador: Antônio Teixeira do Amaral Junior
ciliar periodicamente alagada em Porto Rico”. (LMGV )
Orientadora: Marilvia Dansa de Alencar Pe-
Na Iniciação Científica, Evelyn de tretski (LQFPP) “Caracterização do processo de rigor mortis
Almeida Campos, do 7º período de
“Aspectos populacionais e comportamentais de dos músculos Longissimus dorsi e Triceps bra-
Ciências Sociais, teve a possibilida- chii de ovinos (Ovis vignei)”
Iguana iguana (Squamata: Iguanidae) em uma
de de participar de um grande proje- área de restauração florestal de uma mata ciliar Júlio César Cassaro Pinto
to de pesquisa, que reúne a Uenf e a periodicamente alagada em Porto Rico” Fábio da Costa Henry (LTA)
UFRJ. O objetivo do projeto é desco- Caio Antônio Figueiredo de Andrade
brir como se dá o mercado informal Orientador: Carlos Ramon Ruiz-Miranda (LCA) CCT
“Desenvolvimento de uma interface de hardware
de solo nas favelas das maiores ci- “A matéria orgânica transportada na interface para controle de atuadores e sensores para o Robô
dades do Brasil e da América Latina. da Bacia do Rio Paraíba do Sul para a Costa” PAMDA”
— Fizemos o levantamento de dados em Phillipe Mota Machado Élisson Michael
Orientador: Carlos Eduardo de Rezende (LCA) Orientadora: Sahudy Montenegro González
diversas comunidades de Campos, como
“Análise da regulação do Promotor Salt, em (LCMAT)
Margem da Linha, Baleeira, Lagoa do Vigá-
Arhabidopsis thaliana, através de expressão “Caracterização da cinza da palha de cana-de-
rio, Vila Tamarindo, Complexo Matadouro/
transiente e transformação estável via Agrobac- açúcar com vistas ao emprego como pozolana
Tira Gosto/Goiabal, entre outros — diz Eve- terium tumefaciens”. em materiais cimentícios”
lyn, que teve a orientação da professora Te- Fernanda Bueno Barbosa Érica da Silva Lopes
resa Peixoto, do Laboratório de Estudo do Orientador: Gonçalo Apolinário de Souza Filho (LBT) Orientador: Guilherme Chagas Cordeiro (Leciv)
Espaço Antrópico (Leea) do Centro de Ci- “Comparação imunoquímica e hemorrágica “Estudo de estrutura das ligas de Ti-Nb-Mo com
ências do Homem (CCH) da Uenf. O título entre a serpente africana Bitis arietans e a ser- ENE termicamente tratadas”
do projeto é “Mercados informais de solo pente brasileira Bothrops atrox” Márcia Almeida Silva
e mobilidade residencial Thais Louvain de Souza Orientadora: Lioudmila Aleksandrovna Ma-
Orientador: Wilmar Dias da Silva (LBR) tlakhova (Lamav)
dos pobres em Campos
dos Goytacazes”. CCTA “Técnicas de percepção em jogo fisicamente interativo”
“Estabelecimento de minijardins de diferentes Sanya Carvalho dos Santos
genótipos de goiabeiras e araçazeiros multi- Orientador: Luis Antônio Rivera Escriba (LC-
plicados previamente por sementes ou por MAT)
estaquia de ramos herbáceos” “Processamento sísmico 2D com preservação
Aluna: Maria Isabela da Costa Terra de amplitude, marinho na Bacia de Pelotas”
Orientadora: Cláudia Sales Marinho (LFIT) Matheus Cabral Ribeiro
“Expressão desordenada de receptores- Orientador: Luiz Geraldo Loures (Lenep/CCT)
de estrógeno (RE-) e receptores de “Estudo de amostras de biodiesel exóticas atra-
progesterona (RP) em úteros de vés da técnica de lente térmica”
vacas com adenomiose” Luiz Fernando Milleri Sangiorgio
Bárbara S. Gonçalves da Silva Orientadora: Maria Priscila Pessanha de Castro (LCFIS)
Orientador: Eulógio Queiroz de Car-
valho (LSA) CCH
“Características da mobilidade residencial dos
“Preparação de biocatalisa-
pobres nas favelas e do mercado informal urba-
dor para obtenção de bio-
no na Região Norte Fluminense”
diesel pela rota etílica”
Evelyn de Almeida Campos
Vanessa Vicente Vieira
Orientadora: Teresa Peixoto (Leea/CCH)
Andrade
Orientador: Victor Haber “Religião e juventude: imagens e narrativas de
Perez (LTA/Uenf ) lideranças religiosas nas favelas”
Natália dos Santos Silveira
“Melhoramento de
Orientadora: Wânia Amélia Belchior Mesquita
milho pipoca da Uenf
(Lesce/CCH)
05
6. Toda
a riqueza
da argila
Pesquisas da Uenf indicam que é necessário implementar nova metodologia
para racionalizar exploração e diminuir os custos ambientais
Sedimentos trazidos pelo Rio rias situadas na Baixada Campista. de conciliar a atividade econômica
Paraíba do Sul há cerca de cinco Um dos pilares da economia local, com a preservação ambiental.
mil anos — no período conhecido o extrativismo de argila, no entanto, Estudos feitos pelo Laboratório
como pós-regressão marinha — for- produziu um rastro de destruição de Engenharia Civil (Leciv) da Uenf
maram os depósitos de argila que na paisagem campista. Hoje, pes- mostram a necessidade de imple-
hoje alimentam as cerca de 100 ola- quisadores da Uenf tentam rever- mentar uma nova metodologia de
ter este quadro, buscando formas exploração do solo, não mais base-
ada no empirismo e na intuição. A
exploração de qualquer área, por
exemplo, não pode começar sem
que se tenha ideia do que será
encontrado lá dentro. Isso evita
uma situação comum no mu-
nicípio: o abandono de jazidas
nas quais o material encontra-
do não é considerado adequa-
do.
— As áreas de jazida es-
tão ficando cada vez mais
valorizadas e também mais
escassas, o que exige um
planejamento mais apu-
rado do uso do solo e da
preservação dessas áreas
— afirma o professor Jo-
nas Alexandre, que co-
ordena as pesquisas do
Leciv nesta área.
Segundo o professor,
é importante que sejam fei-
06
7. Prof. Jonas Alexandre
serva que a Uenf de Campos (RCC), na qual os pes- para o setor — diz o professor Jo-
tem pesquisado- quisadores da Uenf, em parceria nas Alexandre.
res nas áreas agrí- com o Sebrae, prestam informações A instalação do Centro Voca-
colas que podem aos ceramistas sobre como melho- cional Tecnológico de Cerâmica da
complementar os rar seus produtos para obter o selo Escola Técnica Estadual João Barce-
projetos de reuso de qualidade. los Martins também contou com a
das cavas de ma- — Outro projeto nosso é a cen- participação dos pesquisadores do
neira eficiente. É tral de preparo de massa, que vem Lamav e do Leciv na elaboração da
necessário ainda mobilizando os ceramistas. Para grade curricular, especificação de
que os produtores isso, é necessário que haja associa- equipamentos e definição do layout
possam dispor de tivismo, o que é muito importante dos laboratórios.
assistência técnica
e de linhas de cré-
dito, além de vias Áreas de cana
transformadas em jazidas
de escoamento.
— O reuso das
tas prospecções com o intuito de cavas já é uma exigência dos órgãos
montar um perfil do solo. Além de ambientais para a obtenção da licen- O aumento das áreas de explo- são consumidas 150 mil toneladas
apontar as características da argila ça de exploração das jazidas. A su- ração de argila, em Campos, está di- de argila seca. Isto significa uma
para fins cerâmicos, o perfil do solo gestão apresentada é uma alternati- retamente ligado ao declínio da ca- área escavada de 42,8 hectares por
também serve para avaliar o seu va que tem por objetivo transformar na-de-açúcar. Diante da dificuldade ano, caso fosse utilizada 100% da
possível uso agrícola — uma das al- gradualmente a cultura extrativista em manter a produção, pequenos matéria-prima no processo.
ternativas apontadas pelos pesqui- em agrícola. Através de financia- e médios proprietários optaram, — No entanto, a falta de uma
sadores para aproveitamento das mentos direcionados (do Estado, nos últimos anos, por arrendar suas metodologia do uso da argila faz
cavas após a sua exploração. município ou governo federal), o terras para a exploração de argila. com que o consumo total alcance
— As amostras coletadas devem município pode, em curtos perío- O grande problema é que, quan- áreas ainda maiores — diz o pro-
ser analisadas em laboratório para dos, suprir necessidades agrícolas do estas voltam para as mãos dos fessor, que iniciou as pesquisas em
que sejam conhecidas as proprieda- regionais e destacar-se também no proprietários, na maioria das vezes 1994, quando fazia o seu mestrado
des que poderão ser obtidas após a cenário como exportador de deter- encontram-se completamente inviá- na Uenf.
queima da argila. O ideal é que isto minadas culturas — afirma. veis para o retorno à agricultura. As olarias de Campos produzem
seja feito por um órgão credencia- Algumas ideias dos pesquisa- — Quem arrenda busca solu- cerca de 90 milhões de peças por
do ao poder público (estadual ou dores da Uenf já foram colocadas cionar problemas financeiros, mas mês, em sua maioria lajotas para ve-
municipal), capaz de desenvolver em prática, como o Laboratório de quando retoma as terras a situação dação e para laje, blocos estruturais,
projetos agrícolas de interesse mú- Cerâmica Vermelha (Labcerv) da Fe- é ainda mais grave. Isso ocorre por- tijolos maciços e decorativos. Juntas,
tuo — diz o professor. norte/Tecnorte, que tem por objeti- que as escavações são feitas em alta as cerca de 100 olarias situadas no
Artigo publicado por Jonas Ale- vo fazer a certificação dos produtos. profundidade, o que acaba invia- município geram aproximadamente
xandre e colaboradores mostra um Sua implantação contou com a parti- bilizando o solo para uso agrícola, três mil empregos diretos.
exemplo de reuso de áreas escava- cipação de pesquisadores do Leciv e gerando graves problemas sociais — — De uma maneira isolada, ain-
das dentro de parâmetros técnicos. do Lamav (Laboratório de Materiais diz o professor Jonas Alexandre. da temos jazidas para muitos anos.
No estudo, a reutilização destas ca- Avançados). O coordenador técnico Observações de campo, feitas Mas isso depende da projeção do
vas com culturas de milho, feijão e do projeto — que teve um aporte de em nove jazidas, mostraram que as crescimento urbano, agropecuário
quiabo apresentou lucratividade. R$ 150 mil do Governo do Estado escavações vão até uma profundi- e industrial do município — diz Jo-
Segundo o pesquisador, ainda po- do Rio de Janeiro — foi o professor dade média de três metros, limita- nas Alexandre, cujas pesquisas vêm
deriam ser implementadas culturas Carlos Maurício. da geralmente pelo nível do lençol ajudando a caracterizar a argila de
que fazem parte das tradições regio- Com o apoio do Sebrae, tam- freático ou por camadas arenosas. Campos, apontando qual a mais
nais, como abacaxi e coco. Ele ob- bém foi montada a Rede Cerâmica Segundo o professor, a cada mês adequada a cada peça.
07
8. Produtos
ambientalmente
Limo –
resíduo
do papel
corretos
Minimizar os impactos am-
bientais e, ao mesmo tempo,
vezes mais quando era obrigada a
despejar o lodo em aterros.
gerar produtos mais econômicos. Outra parceria, com a empresa
Com este objetivo, o Laboratório ArcellorMital Tubarão, de aço bru-
de Materiais Avançados da Uenf to, está viabilizando a pesquisa de
(Lamav) vem desenvolvendo pes- outro resíduo industrial: a lama
quisas que incorporam resíduos de alto forno, gerada no proces-
às peças cerâmicas pro- so siderúrgico. Os pesquisadores
duzidas em Campos. Di- da Uenf já chegaram à conclusão
versos projetos já contam de que uma incorporação de 5%
Resíduo do
com a parce- deste resíduo na massa cerâmica
papel sendo ria de empre- gera uma economia energética da
incorporado à sas e olarias ordem de 20%, sem interferir na
argila
situadas no qualidade do material.
município. — A lama de alto forno tem
— Cerca de 10 cerâmicas cerca de 25% a 30% de carbono
08 de Campos já estão incor- e poder calorífico de 2 mil kcal/
porando o lodo que sobra kg. Vamos agora entrar na fase de
da produção de papel à testes, mas já há cerâmicas usan-
massa de blocos de veda- do este resíduo em Três Rios (RJ)
Fotos: Carlos Maurício Fontes Vieira
ção (tijolos furados). Rico e nos Estados do Espírito Santo e
em celulose, esse material São Paulo — afirma Carlos Maurí-
ainda gera economia de cio, lembrando que já foram feitos
energia, pois a necessidade estudos para saber os níveis de
de lenha é menor — conta emissões de gases poluentes, que
o professor Carlos Maurício ficaram dentro dos padrões esta-
Fontes Vieira, que coordena belecidos.
as pesquisas no Lamav. Em outra linha de pesquisa,
Através de uma parceria com a o Lamav vem desenvolvendo um
empresa de papel Copapa, de San- produto cerâmico de elevado va-
resíduo
to Antônio de Pádua (RJ), a lor agregado: o adoquim (bloco
de rochas Uenf fez testes para saber a de cerâmica para pavimentação
ornamentais viabilidade da utilização do de ruas). O projeto de inovação
resíduo misturado à argila. tecnológica tem financiamento da
Garantida a qualidade dos produ- Faperj e conta com a coordenação
tos, as olarias passaram a receber da Cerâmica Stilbe, de Campos.
uma quantia em dinheiro da Co- Os primeiros adoquins deverão
papa para fazer a incorporação ser produzidos no segundo semes-
do lodo à massa. Segundo Carlos tre deste ano. Por enquanto, está
Maurício, a empresa gastava três sendo pesquisada a melhor formu-
9. A inspiração
que
barro
lação da massa, que deve ter gran-
de resistência ao peso do tráfego,
tanto leve quanto pesado. Além
disso, foi construído um forno
do tipo abóbada com capacidade
vem do
para suportar temperaturas de até A argila que molda os tijolos vas para agricultura e piscicultura; veu fazer o curso para tentar me- 09
1.100ºC. feitos em Campos também vem qualificação de matéria-prima para lhorar suas peças, feitas de bagaço
Carlos Maurício também atua ajudando a despertar a veia artís- uso em revestimentos, tijolos e te- de cana. Já a professora Elizabeth
como parceiro da Cerâmica Sar- tica de muita gente. Iniciado em lhas; produção e comercialização; Vieira busca um equilíbrio maior
dinha, contemplada em edital da 2000, o projeto Caminhos de Barro e novos materiais. com a natureza.
Faperj com projeto que tem por começou com a ideia de capacitar — Hoje o projeto Caminhos de — Quando venho aqui, saio
objetivo dar uma destinação am- as mulheres dos trabalhadores das Barro treina não só a parte artística muito satisfeita. O curso levanta
bientalmente correta ao resíduo da olarias da Baixada Campista. Hoje, quanto a industrial. Além de obje- a autoestima. Acho que é porque
serragem de rocha ornamental de muitas delas, além de desenvolver tos artísticos, os alunos aprendem a quando mexemos com o barro nos
Santo Antônio de Pádua por meio o artesanato e, a partir dele, garan- produzir garrafas para alambiques, harmonizamos com a terra — diz
da incorporação em massa de pla- tir o seu sustento, já atuam como potes para doces, enfeites de ani- Elizabeth, que é formada em Letras
queta de revestimento extrudado. multiplicadoras do projeto. versário, entre outros objetos que (Português-Inglês).
Também estão sendo estudados É o caso de Vera Lúcia Ribeiro, podem ser comercializados — diz,
outros resíduos, como os do cor- que há sete anos fez o curso na Es- acrescentando que, só dentro do
te da cinza do bagaço da cana-de- cola de São Sebastião, onde mora, Núcleo do projeto, na Uenf, já fo-
açúcar e da lenha do eucalipto, e hoje é multiplicadora do projeto. ram formadas 40 pessoas. Há ainda
bem como o chamote (rejeito da Sua prima Eudicéia Cardoso de Al- satélites no distrito de São Sebas-
queima dos tijolos). meida faz hoje o curso na Uenf e tião e um outro a ser im-
Outra linha de pesquisa do La- conta que já consegue arrecadar plantado em Saturnino
mav tem por objetivo desenvolver até um salário mínimo por mês Braga, para atender às
revestimento cerâmico prensado com a comercialização de seus pro- comunidades locais.
(como grês porcelanato, usado em dutos. A artesã Ivanete
piso), um produto de alto valor — Já fiz de tudo um pouco: doce, Maria Neves Fer-
agregado. Mas esse tipo de produ- quentinha. Agora faço peças como nandes resol-
ção requer um modelo de indús- fruteiras, vasos, bijuterias, que co-
tria completamente diferente do mercializo em casa. O trabalho aju-
que existe no município. Ele cal- da a tirar os problemas da cabeça.
cula que, para a instalação de uma Não tinha experiência nenhuma
fábrica de revestimento prensado, com artesanato em argila, mas não
seria necessário um investimento foi difícil — conta Eudicéia.
de, pelo menos, R$ 20 milhões. Segundo o professor Jonas Ale-
— Já há alguns ceramistas inte- xandre, o Caminhos de Barro faz
ressados em produzir, em Campos, parte do projeto “Plataforma Ce-
pastilhas de revestimento — diz râmica”, do Governo do Estado,
Carlos Maurício, acrescentando que visa a incrementar a produção
que o município tem condições cerâmica em todo o Estado. Coube
favoráveis para este tipo de inves- à Uenf a incumbência de adminis-
timento, como facilidade de es- trar as atividades ou projetos que
coamento da produção (porto), pudessem auxiliar o polo de Cam-
insumo energético (gás) e ainda pos. O projeto, que envolve vários
está perto dos grandes mercados laboratórios da Uenf, divide-se nas
consumidores. áreas de artesanato; reuso de ca-
10. Sobreviventes
Bugio - Foto de Marcio Marcelo de Morais
da
destruição
Pesquisa da Uenf mostra que a incidência de primatas é
maior nos fragmentos da Mata Atlântica que estão em
melhor estado de conservação
Quanto melhor o estado de con- submetida, a Mata Atlântica abriga seis espé-
servação da mata, maior a incidên- cies de primatas nativos em seus remanescen-
cia de primatas como o bugio e tes florestais situados no Estado do Rio de
o macaco-prego. É o que pôde Janeiro: além do bugio e do macaco-prego,
observar a bióloga Roberta alvo da pesquisa, também podem ser encon-
Miranda de Araújo em trados o muriqui (Brachyteles arachnoides E.
sua pesquisa de mes- Geoffroy, 1806), o sauá (Callicebus persona-
trado pelo Programa tus E. Geoffroy, 1812), o mico-leão-dourado
de Pós-Graduação (Leontopithecus rosalia Linnaeus, 1766) e
em Ecologia e Recur- o sagüi-da-serra-escuro (Callithrix aurita E.
sos Naturais da Uenf. Geoffroy, 1812).
A pesquisa, concluída — O bugio é a espécie que mais se encon-
recentemente, mostra tra ameaçada de extinção, devido à destruição
que há maior quantidade de seu habitat. Já o macaco-prego ainda não
destas espécies em frag- se encontra ameaçado de extinção, mas vem
mentos maiores de mata, sendo alvo de caçadores e comercializado ile-
localizados em áreas prote- galmente por traficantes de animais silvestres
gidas e em relevos montanho- — afirma Roberta.
sos. Segundo a pesquisadora, os resultados
Intitulada “Ocorrência e densidade po- evidenciam a importância de se criar novas
pulacional de bugio (Alouatta guariba La- unidades de conservação, o que a longo pra-
cépède, 1799) e macaco-prego (Cebus nigri- zo poderia contribuir para a manutenção dos
tus Erxleben, 1777) em fragmentos de Mata habitats necessários à viabilidade das espé-
Atlântica no Rio de Janeiro”, a pesquisa cies. Outra alternativa relevante para a manu-
teve a orientação da professora Paula Pro- tenção da biodiversidade ainda presente, de
cópio de Oliveira, da Fundação Biodiver- acordo com Roberta, seria o estabelecimento
sitas para a Conservação da Biodiversidade, de corredores florestais.
e co-orientação do professor Carlos Ramon — Estudos com primatas possuem grande
Ruiz-Miranda, do Laboratório de Ciências relevância porque estes mamíferos podem
Ambientais (LCA) da Uenf. ser usados como indicadores de conservação
Apesar da intensa devastação a que foi de áreas, na criação de unidades de conserva-
10
11. Pressão antrópica
ção e na recuperação de áreas degra-
dadas — diz, acrescentando que os re-
sultados da pesquisa podem contribuir
para o desenvolvimento de estratégias
atinge animais
de manejo e conservação das espécies
de primatas.
As áreas escolhidas para a realiza-
ção da pesquisa foram as unidades de
conservação estaduais e federais pre-
sentes no Estado do Rio de Janeiro, Segundo Roberta, os primatas são vítimas da for- Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São
bem como a região da Bacia Hidrográ- te pressão antrópica (provocada pela ação humana) Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul,
fica do Rio São João, que abrange os da região de baixada. Um exemplo são as queimadas o bugio passa a maior parte do tempo em árvores
municípios de Silva Jardim, Casimiro que ocorrem nas fazendas existentes ao redor das de 15 a 20 metros de altura, sendo pouco ativo. Tal
de Abreu, Rio Bonito, Cabo Frio e São unidades de conservação que, muitas vezes, invadem inatividade é considerada uma estratégia compor-
Pedro da Aldeia. as áreas protegidas. Outra ameaça constante aos re- tamental que evoluiu por ser energeticamente eco-
— Não há quase estudos sobre a manescentes florestais da Mata Atlântica fluminense nômica.
ecologia do bugio e do macaco-prego. são o desmatamento e a baixa fiscalização florestal. O macaco-prego, que ocorre nas regiões Sul
Nosso objetivo foi verificar a ocor- — Hoje as áreas florestais do Estado estão pre- e Sudeste, possui o mais diversificado habitat de
rência das espécies em unidades de sentes principalmente em regiões montanhosas, ocorrência entre os primatas neotropicais, utilizan-
conservação, bem como relacionar as menos acessíveis, pouco restando nas planícies, do todos os estratos arbóreos, bem como mangue e
consequências do processo de frag- margem de rios e lagoas, bem como nos ecossiste- restinga. É onívoro e vive em grupos de cinco a 30
mentação florestal sobre suas popula- mas litorâneos — afirma. indivíduos, sendo capaz de utilizar ferramentas ou
ções — afirma. Endêmico da Mata Atlântica do sudeste/sul de estratégias durante o forrageamento.
Macaco-Prego _ Foto de Roberta Miranda de Araújo
11
12. Arte:
Marcus Cunha | Uenf
Jovem, com ares de
gente grande
Em 16 anos Uenf formou quase 4 mil profissionais,
dos quais 1,7 mil são mestres ou doutores
Se as universida- 16 de agosto de 1993, quando foi ministrada a A base desta mudança é a formação de gente
des vivessem o tem- primeira aula no atual campus Leonel Brizola, qualificada para fazer a diferença. Desde sua im-
po de uma pessoa, a o nascimento da primeira universidade pública plantação, a Uenf já graduou 2.131 profissionais
Uenf hoje seria uma ado- regional gerava intensas expectativas. (posição 01/07/09) e titulou 1.717 mestres ou
lescente completando — Todos esperavam que
16 anos. E como a vida a Uenf fizesse por Campos e
de qualquer indivíduo, pela região o que a Unicamp
a existência da Uenf também se origi- teria feito por Campinas —
nou de um encontro: de um lado, o mais bem- diz o professor Mário Lopes
sucedido movimento popular de Campos nas Machado, um dos líderes do
últimas décadas, que colocou na Constituição movimento pró-Uenf, lem-
Estadual a previsão de criação da Universidade; brando que naquela ocasião
de outro lado, a mente fervilhante de um dos o Norte Fluminense sonhava
brasileiros mais ilustres do século XX, o profes- com a retomada do progres- Mário Lopes Machado,
líder do movimento
sor Darcy Ribeiro, autor do Plano Orientador so de outros tempos. Por pró-UENF
da ‘Universidade do Terceiro Milênio’. isso muita gente se pergunta
Embora ainda seja uma ‘adolescente’, a Uenf onde estariam hoje, 16 anos
já nasceu com jeito de gente grande, com cur- depois, as sementes da trans-
sos de graduação, mestrado e doutorado. Aos formação esperada.
12
13. dação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa car, cerâmica, biodiesel, energias alternativas e
do Estado do Rio de Janeiro). Evaldo é o dono petróleo e gás.
do negócio, uma pequena empresa no ramo de Novos negócios de base tecnológica também
viveiro de mudas, e a Uenf aportou tecnologias estão surgindo da Incubadora Tecnológica de
através de três pesquisadores: os professores Campos dos Goytacazes (TEC Campos), criada
Alexandre Pio Viana e Ricardo Moreira de Souza em 2006 como consórcio envolvendo várias ins-
e a pós-doutoranda Virgínia Silva Carvalho. tituições, capitaneadas pela Uenf e pelo IFF (an-
— Este é o modelo de biofábrica em que a tigo Cefet). A TEC Campos já lançou editais nas
gente acredita, onde a universidade entra com modalidades de pré-incubação, incubação e em-
a tecnologia e o empreendedor com a gestão presa associada — esta, voltada para a inserção de
— avalia o reitor da Uenf, Almy Junior. Vários inovação tecnológica em empresas já estabeleci-
projetos como este, que associam a capacidade das. Mais recentemente, a Uenf constituiu a Itep
científica e tecnológica da Uenf com a iniciati- (Incubadora Tecnológica de Empreendimentos
va empresarial, estão sendo desenvolvidos com Populares), que está adotando metodologias tes-
apoio financeiro da Faperj. Entre eles estão in- tadas e aprovadas pela COPPE/UFRJ para apoiar
tervenções nas áreas de viticultura, cana-de-açú- a economia solidária na região.
Milhares de vagas em cursos
Almy Junior, reitor da Uenf para o produtor rural
doutores (posição em 16/07/09). Para cada mes- A Uenf oferece alguns dos melhores cur- de agricultores, pecuaristas, trabalhadores ru-
tre ou doutor há uma dissertação ou tese, fre- sos do Brasil no campo das ciências agrárias rais e até de gente que mora na cidade. A grade
quentemente abordando questões de interesse (Agronomia, Medicina Veterinária e Zootec- de cursos privilegia temas de interesse rural,
regional. Com gente qualificada, pode-se espe- nia), segundo as avaliações do MEC, mas o como bovinocultura, suinocultura, caprino-
rar um setor produtivo mais dinâmico em todas esforço para qualificar o pessoal que lida com cultura, avicultura, agroecologia e agricultura
as áreas e um setor público dotado de melhores a terra na região tem ido além disso. Todos orgânica, cana-de-açúcar, plantas medicinais,
condições de conceber e implementar políticas os anos, a Universidade oferece mais de 1 mil piscicultura, viticultura, controle de doenças e
públicas. Mas conhecimento não basta; é preciso vagas em dezenas de cursos de curta duração pragas na agricultura, reprodução de animais,
acioná-lo e colocá-lo em prática. através da Semana do Produtor Rural. Neste entre muitos outros. Para o público mais geral há
Um exemplo concreto disto está acontecen- ano, na última semana de julho, o evento che- cursos como “Meio ambiente e saúde pública”,
do em Bom Jesus do Itabapoana, no Noroeste gou a sua quinta versão, com cerca de 1,2 mil “Reciclagem”, “Fabricação de presunto e de lin-
Fluminense, onde acaba de ser implantada a pri- vagas distribuídas entre 62 opções de cursos. guiças”, “A população como agente fiscalizador
meira biofábrica do Estado. Uma fábrica desse Durante a Semana do sanitário” e “O prejuízo do abate clandestino”.
tipo, que vende mudas de alta qualidade gené- Produtor Rural, o cam- — A Semana do Produtor Rural da Uenf parte
tica e livres de doenças, teria sido muito útil no pus da Uenf se torna de uma nova visão da Extensão. Ela proporcio-
período de implantação do polo de fruticultura ponto de encontro na um diálogo entre o pesquisador e o ho-
do Norte/Noroeste Fluminense, já que a importa- mem do campo, no qual todos podem
ção de mudas doentes tem sido apontada como aprender e trocar experiências
um dos fatores para que o programa não tenha — diz o coordenador de Ex-
deslanchado como se esperava. A biofábrica tensão do CCTA/Uenf, pro-
Itamudas é uma iniciativa do empreendedor fessor Fábio Cunha Co-
Evaldo Gonçalves Junior, que buscou parce- elho.
ria na Uenf para a elaboração do projeto
e submissão a um edital
de Inovação Tec-
nológica da
Faperj
(Fun-
13
14. 14
Mais informação, mais cidadania Pedro Cabral | UENF
Um movimento suprapartidário e aberto a Após a segunda sessão da
todas as colorações ideológicas está ganhando Conferência, foi constituído
corpo em Campos com o objetivo de ampliar o um Conselho Implantador
controle social sobre o uso do dinheiro público composto por 12 setores da
no município. Com a participação de dezenas de sociedade, representados
entidades e a coordenação do sociólogo Hamil- por diversos líderes. Com a
ton Garcia, professor da Uenf, um projeto de ex- coordenação do professor
tensão da Universidade redundou na realização Hamilton, eles serão respon-
da I Conferência Local de Controle Social, que sáveis, daqui por diante, pela
teve suas duas primeiras etapas realizadas em ampliação das ações de con-
24/06 e 09/07/09. trole social sob a forma de
A Conferência é fruto do projeto de extensão grupos de trabalho.
“Participação Política e Estado — Implementação Presente à segunda eta-
institucional de ações para o controle social dos pa da Conferência, a direto-
governos locais”, somado à mobilização do Fó- ra Executiva do Instituto de
rum Permanente de Entidades Civis, que envol- Cidadania Fiscal (ICF), Roni
ve duas dezenas de instituições e se reúne perio- Enara, estimulou os campis-
dicamente na Associação Comercial e Industrial tas a criarem o seu próprio A primeira etapa da Conferência ocorreu em 24/06, no IFF
de Campos (Acic). Observatório Social. O ICF é
— Desenhado de maneira ampla, o movimen- uma organização dedicada à disseminação de presentatividade possível e conquistem o apoio
to não pretende substituir as iniciativas que já ações voltadas para a transparência e a qualida- dos órgãos fiscalizadores oficiais. Também está
existem, mas sim articulá-las num espaço comum de da aplicação dos recursos públicos no Brasil. claro que trabalhar em rede, de maneira integra-
propício para o agendamento de ações concretas — A experiência acumulada tem mostrado da e padronizada, facilita o processo local e em-
visando à ampliação da democracia participativa que é preciso mobilizar a sociedade, de forma presta credibilidade ao trabalho do Observatório
no município — explica Hamilton Garcia. que os Observatórios Sociais tenham a maior re- Social de cada cidade, disse Roni Enara.
Graduação Pós-Graduação
Agronomia Licenciatura em Ciências Mestrado e Doutorado Mestrado
Ciência da Computação e Biológicas a Distância Biociências e Biotecnologia Cognição e Linguagem
Informática Licenciatura em Física Ciência Animal Engenharia Civil
Ciências Naturais Engenharia de Produção
Ciências Biológicas Licenciatura em Matemática
Ecologia e Recursos Natu- Políticas Sociais
Ciências Sociais Licenciatura em Pedagogia rais
Engenharia Civil Licenciatura em Química Engenharia de Reservatório
Engenharia de Exploração e Licenciatura em Química a e de Exploração
Produção de Petróleo Distância Engenharia e Ciência dos
Materiais
Engenharia de Produção Medicina Veterinária Genética e Melhoramento
Engenharia Metalúrgica Zootecnia de Plantas
Licenciatura em Biologia Produção Vegetal
Sociologia Política
15. 15
Veja onde está a Uenf
A primeira aula da Uenf foi ministrada em Cam- floresta, incluindo estudos sobre primatas (macaco- Biológicas a distância está implantado nos polos
pos, aos 16 de agosto de 1993, mas hoje a Univer- prego, mico-leão-dourado) e sobre os efeitos da de Bom Jesus do Itabapoana, Itaocara, Itaperuna,
sidade está espalhada por vários cantos do Estado. fragmentação da mata sobre o ecossistema florestal. Macaé, Petrópolis, São Fidélis e São Francisco de
No campus de Macaé (RJ), por exemplo, funciona Em Itaocara, Noroeste Fluminense, a Uenf Itabapoana. Já o curso de Licenciatura em Quími-
o primeiro curso de graduação em Engenharia do realiza boa parte dos experimentos na área agrí- ca a distância, mais recente, funciona nos polos
Petróleo do Brasil e o Programa de Pós-Graduação cola. A Unidade de Apoio à Pesquisa do Centro de Angra dos Reis, Paracambi, Piraí e São Fidélis.
em Engenharia de Reservatório e de Exploração. A de Ciências e Tecnologias Agropecuárias (CCTA/ No início deste ano, a Uenf implantou o dou-
presença da Uenf em Macaé, que começou com a Uenf ) funciona na Estação Experimental da torado interinstitucional (Dinter) em Produção
area do petróleo, em instalações cedidas pelo an- Pesagro-Rio, localizada numa ilha situada no en- Vegetal na Escola Agrotécnica Federal de Ale-
tigo Cefet, hoje inclui o Laboratório de Meteorolo- contro do Rio Pomba com o Rio Paraíba do Sul. gre (Eafa), cidade localizada no Sul do Espírito
gia e abriga projetos para a implantação de cursos De lá surgiu, por exemplo, a primeira variedade Santo. Os doutorandos são professores da pró-
como Engenharia de Meteorologia, Engenharia de milho adaptada às condições do Norte/No- pria Eafa e do Centro de Ciências Agrárias da
Energética e Engenharia Ambiental e Sanitária. roeste Fluminense, o híbrido ‘Uenf506-6’. Em Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Tudo isso num campus construído graças ao espí- nível experimental, já é possível obter produ- Na própria cidade de Campos, a Uenf tam-
rito público de uma família macaense (família Bren- tividades da ordem de 8,5 mil Kg por hectare. bém está presente na Casa de Cultura Villa Ma-
nand), que doou o terreno, e ao apoio da Petrobras Mas é através do Consórcio Cederj — que reú- ria — órgão suplementar dedicado à difusão da
na construção, ainda no final da década de 1990. ne as universidades federais e estaduais do Rio de cultura —, na Estação Experimental do Colégio
Em Rio das Ostras (RJ), o Laboratório de Ci- Janeiro na oferta de ensino a distância — que a Uni- Agrícola Antônio Sarlo e na Estação Evapotrans-
ências Ambientais da Uenf mantém uma unidade versidade se espalha ao longo de todas as regiões pirométrica mantida na sede
remota de apoio à pesquisa na Reserva Biológica do Estado. A Uenf foi uma das pioneiras na adesão da Pesagro-Rio, em Guarus.
União. No local, que abriga uma estação meteoroló- ao Cederj. O curso de Licenciatura em Ciências
gica e uma área laboratorial, pesquisado-
res desenvolvem uma série de pesqui-
sas sobre a vida animal e vegetal na
16. Energia sem limites
Pesquisas apontam novas possibilidades em biocombustíveis,
eliminando o problema da concorrência com a cadeia alimentar
Os biocombustíveis vêm sendo apontados nos investimentos e insumos agrícolas, possam co da produção de biodiesel, existe grande inte-
como uma alternativa para minimizar os impac- crescer em terras degradadas e ainda captar o resse em estudar o emprego de matérias-primas
tos ambientais provocados pelo uso de combus- carbono da atmosfera — diz Perez. não concorrentes com a cadeia alimentar. Neste
tíveis fósseis. Mas até que ponto o etanol e o No campo do biodiesel, também já existem processo, os pesquisadores usam biocatalisa-
biodiesel são energias realmente limpas? Para o alternativas, como as microalgas e os microor- dores (substâncias que atuam em reações de
professor Victor Haber Perez, do Laboratório de ganismos oleaginosos. Particularmente, além de transformação, alterando sua velocidade) consti-
Tecnologia de Alimentos (LTA), é preciso levar capturar gases estufa durante seu crescimento e tuídos por células íntegras de microorganismos
em conta não só os benefícios pontuais destes metabolismo, as microalgas acumulam até 80% ( Whole cells) produtores de lipase (enzimas que
produtos, como toda a sua cadeia produtiva. de sua massa seca em óleo. Já os microorganis- atuam sobre lipídeos) intracelular, imobilizados
— Não podemos esquecer os problemas am- mos oleaginosos (Single cell oils-SCO) podem em suportes de diferentes naturezas.
bientais gerados pelo uso de agrotóxicos duran- acumular durante seu crescimento entre 20 e — Um grande atrativo no desenvolvimento
te o plantio, o lançamento de vinhoto nos rios e 40% de sua massa seca em óleo. desta nova tecnologia é o emprego de biorrea-
seu uso inadequado nas culturas, bem como as — Devido à facilidade de produção, do ponto tores assistidos por campos eletromagnéticos
queimadas dos canaviais e o desmatamento para de vista tecnológico o emprego de SCO constitui de baixa freqüência e intensidade. O biomagne-
a implantação de culturas oleaginosas — afirma, a nossa principal aposta para a produção futura tismo aplicado à Engenharia de Processos é um
acrescentando que é necessário desenvolver e de óleo para fins energéticos não concorrentes assunto relativamente recente, que nosso grupo
implantar tecnologias ambientalmente corretas com a cadeia alimentar — diz o professor. de pesquisa introduziu no Brasil na década de
para se chegar a processos mais limpos. Seu grupo de pesquisa, “Biomagnetismo 1990, mas que na atualidade tem motivado uma
Mas a principal crítica à produção de biocom- Aplicado à Engenharia de Processos da Indústria intensa atividade de pesquisa na comunidade
bustíveis está ligada à competição com a cadeia de Alimentos”, vem trabalhando no desenvolvi- científica internacional — explica o professor.
alimentar humana. Há quem afirme que a pro- mento de processos não convencionais para a Por outro lado, segundo Perez, existe um pre-
dução de matéria-prima para os biocombustíveis produção de biocombustíveis. No caso específi- cedente de aplicação do biomagnetismo na pro-
acarreta a diminuição da produção de alimen-
tos, o que pode contribuir para o encarecimento
destes produtos. O milho cultivado nos Estados
Unidos e a cana-de-açúcar brasileira, usados na
fabricação de etanol, são os produtos mais visa-
dos.
Mas há formas de superar estes problemas.
Uma delas é o etanol obtido a partir de biomassa
(resíduos vegetais ou agroindustriais), também
conhecido como bioetanol ou biocombustível
de segunda geração. Além de não provocar im-
pactos ambientais, este tipo de combustível não
compete com a cadeia alimentar. Atualmente,
o bagaço da cana-de-açúcar tem sido apontado
como principal matéria-prima para a produção
de bioetanol no Brasil. No entanto, ainda não
existe uma tecnologia bem definida para sua im-
plantação em escala industrial.
— O bagaço de cana-de-açúcar é, sem duvida,
uma excelente matéria-prima para a produção
de bioetanol. Mas precisamos estudar outras Pesquisador
fontes naturais de biomassa, que requeiram me- Victor Haber Perez
16
17. dução de etanol por fermentação do melaço de a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e pelo município e de alunos da Uenf em todas as
cana cujos resultados foram publicados na Bio- Geração de Renda da Prefeitura de Quissamã modalidades de pesquisa e extensão. Dentre os
technology Progress em 2007. Agora, a tecnolo- para a implantação do Laboratório de Pesquisa assuntos de pesquisa está o estudo de 22 varie-
gia também será empregada na produção de bio- em Bioetanol de Segunda Geração, no Centro dades de cana-de-açúcar da região com o objeti-
etanol de segunda geração, especificamente na de Tecnologia de Engenho do município. vo de discriminar aquelas com maior potencial
etapa de fermentação, atuando diretamente na — Serão formados recursos humanos em para a produção de bioetanol, assim como o es-
fisiologia celular das leveduras. Neste contexto, atividades de pesquisa, através da participação tudo de outras matérias-primas de interesse na
trabalho conjunto vem sendo desenvolvido com no projeto de alunos universitários subsidiados região — explica.
TESES DEFENDIDAS DE MARÇO A ABRIL DE 2009
BIOCIÊNCIAS E BIOTECNOLOGIA tudo de caso sobre as cooperativas agropecuárias do “Caracterização de rendimento das sementes e do al-
Noroeste Fluminense”. bedo do maracujá para aproveitamento industrial e
“Caracterização de albuminas 2S de Ricinus communis Mestranda: Renata Faria dos Santos obtenção da farinha da casca e pectina”
L. como inibidores de a-amilase e relação estrutura- Orientador: Alcimar das Chagas Ribeiro (Leprod) Mestranda: Eliana Monteiro Soares de Oliveira
atividade de suas principais isoformas, Ric c 1 e Ric Orientador: Eder Dutra de Resende (LTA)
c 3.” “Avaliação e classificação da qualidade de serviços
Doutoranda: Viviane Veiga do Nascimento bancários, segundo a percepção dos clientes” “Efeito da fertilização sobre a fauna do solo e a serra-
Orientadora: Olga Lima Tavares Machado (LQFPP) Mestranda: Alline Sardinha Cordeiro Morais pilheira em plantios florestais no Norte Fluminense”
Orientador: André Luís Policani Freitas (Leprod) Mestranda: Liliana Parente Ribeiro
“Tegumentos de sementes não-hospedeiras como bar- Orientadora: Emanuela da Gama-Rodrigues (LSOL)
reiras contra a penetração do bruquídeo Callosobru- GENÉTICA E MELHORAMENTO DE PLANTAS
chus maculatus: Ênfase no tegumento de sementes de “Fósforo orgânico do solo em sistemas agroflorestais
Albizia sp.” “Avaliação pós-colheita visando melhoramento intra- de cacau no Sul da Bahia”
Mestranda: Amanda Jardim de Souza populacional de genótipos de maracujazeiro amarelo Doutorando: Francisco Costa Zaia
Orientadora: Antônia Elenir Amâncio Oliveira (Passiflora edulis f. flavicarpa) do Programa de Melhora- Orientador: Antônio Carlos da Gama-Rodrigues
(LQFPP) mento Genético da UENF” (LSOL)
Mestranda: Karine Fernandes Ribas Giovannini “Efeito das diferentes classes texturais na dispersão
“Homeostase de Ca2+ e H+ em levedura Saccha- Orientador: Jurandi Gonçalves de Oliveira (LMGV )
romyces cerevisiae: Estresse por altas concentrações do nematóide entomopatogênico Heterorhabditis bau-
de Ca2+ e o papel de calcineurina”. “Estresse salino afeta a performace fotossintética dos jardi LPP7 (Rhabditida: Heterorhabditidae)”
Doutoranda: Flávia Emenegilda da Silva genótipos CB 47-89 e CB 45-3 de cana-de-açúcar (Sac- Mestranda: Carla Cristina da Silva Pinto
Orientador: Lev A. Okorokov (LFBM) charum sp.)” Orientadora: Claudia de Melo Dolinski (LEF)
Mestrando: Wellington Ferreira Campos “Evapotranspiração e função de produção da cultura
“Caracterização de uma Pirofosfatase Inorgânica So- Orientador: Gonçalo Apolinário de Souza Filho (LBT)
lúvel em embriões do carrapato bovino Rhipicephalus do girassol em Campos dos Goytacazes”
microplus” “Caracterização de um banco de germoplasma de ma- Mestranda: Laureana Aparecida Coimbra Pelegrini
Mestrando: Evenilton Pessoa Costa moeiro para estudo da diversidade genética” Orientadora: Elias Fernandes de Sousa (Leag)
Orientador: Carlos Jorge Logullo de Oliveira (LQFPP) Mestranda: Silvana Silva Red Quintal “Qualidade do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f.
Orientador: Alexandre Pio Viana (LMGV ) flavicarpa Degener) armazenado sob refrigeração em
“Cianobactérias — Organização do banco de cepas e
desenvolvimento de métodos de análise de microcis- “Caracterização citológica da espécie silvestre Vascon- condições de atmosfera controlada”
tinas” cellea goudotina (Caricaceae)” Mestranda: Francinaide Oliveira da Silva
Mestranda: Thays Abreu da Silva Mestranda: Emanuelli Narducci da Silva Orientador: Éder Dutra de Resende (LTA)
Orientadora: Denise Saraiva Dagnino (LBT) Orientadora: Telma Nair Santana Pereira (LMGV )
“Desempenho morfoagronômico de linhagens avan- ENGENHARIA CIVIL
“Desenvolvimento de Processo de Produção de cepas
de Mycobacterium bovis CALMETTE-GUERIN (BCG) çadas de abóbora (Cucurbita moschata) com potencial “Análise Espacial da Variabilidade da Resistência à
que expressa fator de virulência de Escherichia coli para o lançamento de novas cultivares” Compressão de um Granito de Campos dos Goytaca-
Enteropatogênica (EPEC)”. Mestranda: Graziela da Silva Barbosa zes”
Mestranda: Halyka Luzório Franzotti Vasconcellos Orientador: Nilton Rocha Leal (LMGV ) Mestranda: Ana Laura Cassiano Dias Ávila
Orientador: Wilmar Dias da Silva (LBR) “Sementes de mamão Carica papaya L.: Estudos mor- Orientador: Aldo Durand Farfán (Leciv)
foanatômicos dos componentes genéticos e dos regu- “Aplicação de lógica difusa na avaliação da capacidade
ECOLOGIA E RECURSOS NATURAIS ladores do crescimento na germinação de carga de fundações profundas”
“Ciclagem de nutrientes na Mata Atlântica de Baixada Doutoranda: Sônia Aparecida dos Santos Mestrando: Bruno Magno Gomes Ramos
na APA da Bacia do Rio São João, RJ: Efeito do tama- Orientador: Roberto Ferreira da Silva (LFIT) Orientador: Fernando Saboya Albuquerque Junior
nho do fragmento” (Leciv)
Doutoranda: Ana Paula da Silva PRODUÇÃO VEGETAL “Desenvolvimento de um equipamento para a avalia-
Orientadora: Dora Maria Villela (LCA) “Análise de crescimento, aspectos fisiológicos e nutri- ção da compressibilidade de enrocamentos devido a
cionais na produção de vitexina em Passifloraceas em processo de degradação”
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO função da adubação” Mestranda: Nájla de Oliveira Vicente Carvalho
“Organização do trabalho e exclusão social: Um es- Doutoranda: Cristiane Miranda Martins Orientador: Paulo César de Almeida Maia (Leciv)
Orientador: Almy Junior Cordeiro de Carvalho (LFIT)
17
18. ENTREVISTA / SILVÉRIO DE PAIVA FREITAS
“Extensão é produção de conhecimento”
A Pró-Reitoria de Extensão da Uenf foi criada em 1999 e, de como “um braço assistencial da universidade pública”. Fala ainda so-
lá para cá, o número de atividades na área de extensão universitária bre a necessidade de o Brasil colher mais frutos do avanço na produ-
teve um grande impulso. Nesta entrevista, o pró-reitor de Extensão da ção científica, responsabilidade que, na sua opinião, não é somente da
Uenf, professor Silvério de Paiva Freitas, fala sobre a importância da comunidade científica, mas também da esfera governamental, através
Extensão dentro da visão moderna que a concebe como instrumento da implementação de políticas públicas que levem em conta a produ-
de intercâmbio entre o saber acadêmico e o saber popular e não mais ção acadêmica. Confira a entrevista:
Nossa Uenf: Teoricamente a extensão uni- Nossa Uenf: O senhor poderia fundamentar ciedade, com a efetivação de novas experiências
versitária deve estar em pé de igualdade com o essa afirmação? de pesquisa-ação e consequentemente o fortale-
ensino e a pesquisa, mas frequentemente isto não Silvério: No aspecto quantitativo, tínhamos 6 cimento do Ensino, da Pesquisa e da Extensão da
ocorre. No caso da Uenf, a ênfase inicial parecia projetos de extensão cadastrados em fins de 2002 Uenf. Enfim, para a Uenf cumprir plenamente a
estar na pesquisa e na pós-graduação, e não no e saltamos para 70 projetos cadastrados em 2009. missão para a qual foi criada, inserindo-se com
ensino de graduação e muito menos na extensão. Em 2002, não tínhamos sequer implementado a lugar destacado na produção científica brasileira
Hoje, 16 anos depois, o senhor diria que houve al- figura do aluno bolsista de extensão, embora já e participando ativamente do desenvolvimento
gum progresso na busca de um melhor equilíbrio tivéssemos há muito tempo o bolsista de Inicia- regional, ela tem que continuar trilhando esse
para esse conhecido ‘tripé’ do ensino-pesquisa- ção Científica, por exemplo. Hoje temos 100 estu- caminho de valorização da extensão, e deve fazer
extensão? dantes bolsistas de extensão — todos necessaria- isso até com mais ênfase do que tem feito.
Silvério: Eu não diria ‘algum’, mas sim um mente com excelente rendimento acadêmico — e Nossa Uenf: O senhor não desconhece que
enorme progresso. A ênfase na pesquisa e pós- outros 119 profissionais bolsistas na modalidade parte do meio acadêmico tende a en-
graduação foi fruto de uma opção deliberada e Universidade Aberta, que foi uma ação pioneira carar o investimento na exten-
acertada dos fundadores da Uenf por um mode- da Uenf na área de extensão. Temos ainda 33 são como distorção ou
lo com forte densidade científica. Isto era funda- multiplicadores que atuam em projetos desvio de foco...
mental para dar consistência a todas as inovações que se transformaram em cartões postais Silvério: Claro
propostas pelo modelo, pois de outra forma se da Uenf, como o Projeto em Direitos que não, mas aqui
correria o risco — muito comum no nosso país — Humanos, DST AIDS, Arte na Escola, é preciso abrir um
de criar novidades que se resumissem à nomen- Caminhos do Barro, Feira Orgânica, parêntese. Grande
clatura dos órgãos e instituições. Então, a base ti- Espaço da Ciência, Semana do Produtor parte dessa resis-
nha que ser uma forte consistência científica, que Rural, entre tantos outros. No ano passa- tência se baseia
se traduziu numa universidade com aproximada- do, a Proex emitiu 4.410 certificados de numa visão supe-
mente a mesma quantidade de cursos graduação participação em eventos e neste ano de rada do que seja a
e programas de pós-graduação. Se você olhar os 2009 já foram emitidos 3.372 certificados extensão univer-
números até hoje, a Universidade formou algo de eventos realizados pelos servidores e sitária.
em torno de 1.600 mestres ou doutores e 2 mil discentes da Uenf.
graduados. Nossa Uenf: E o que estes números sig-
Nossa Uenf: Nós atualizamos esse número nificam?
semana passada: até julho deste ano, foram 1.717 Silvério: Eles indicam um esforço na
mestres/doutores e 2.131 graduados. realização de programas e/ou projetos
Silvério: Pois é, você nota um equilíbrio que individuais ou coletivos, bem como
não é comum por aí... de outras atividades que promovam
Nossa Uenf: Sim, mas ainda não entramos no a excelência da Universidade e o
campo da extensão... fortalecimento das atividades de
Silvério: É o que pretendo fazer agora. A Pró- extensão universitária. Com isso,
Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários estamos proporcionando inter-
(Proex) foi a última a ser institucionalizada, em câmbio entre o saber acadêmico
1999, o que sugere o tal desequilíbrio a que você e o saber popular. Isso nos leva
se referiu na primeira pergunta. Mas desde então, à consolidação do processo te-
o que nós temos visto é uma forte guinada quanti- órico-prático e à viabilização
tativa e qualitativa da Uenf em direção a uma área da relação transformadora
de extensão forte e consistente. entre a Universidade e a so-
18