A estagnação econômica que afeta o Brasil no momento tende a se agravar se Dilma Roussef for reeleita haja vista ela não ter condições de superar os imensos desafios econômicos do País nos marcos do modelo neoliberal em vigor. Com Dilma Roussef, a depressão econômica virá inevitavelmente após a etapa de estagflação em que vivemos. Em contrapartida, Aécio Neves teria mais condições de minimizar os efeitos da crise atual devido ao apoio que teria dos detentores do capital financeiro nacional e internacional ao contrário de um governo Dilma Roussef. A única forma de Dilma Roussef superar a crise atual seria adotar um modelo econômico que privilegiasse os interesses nacionais e não os do capital financeiro nacional e internacional. Esta possibilidade não existe porque o PT não tem credibilidade para liderar nacionalmente uma ruptura com o capital financeiro nacional e internacional.
SOCIAL REVOLUTIONS, THEIR TRIGGERS FACTORS AND CURRENT BRAZIL
Cenários do brasil pós eleições presidenciais
1. 1
CENÁRIOS DO BRASIL PÓS-ELEIÇÕES PRESIDENCIAIS
Fernando Alcoforado*
É propósito deste artigo traçar o cenário do Brasil após as eleições presidenciais nos
planos econômico e social considerando duas alternativas: 1) vitória de Dilma Roussef;
e, 2) vitória de Aécio Neves. Tanto com Dilma Roussef quanto com Aécio Neves, a
estagnação atual da economia brasileira em que se encontra no momento se acentuará
devendo ocorrer simultaneamente com a elevação da inflação das quais resultará o
fenômeno da estagflação. Muito provavelmente, crescerá o déficit no balanço de
pagamentos devido à queda na receita de exportação e ao aumento das remessas de
lucros e dividendos pelas empresas multinacionais que cresceram de forma
extraordinária nos últimos anos, superando em muito o valor das remessas de juros da
dívida externa.
Diante da perspectiva de aumento do déficit no balanço de pagamentos, o governo
federal, tanto com Dilma Roussef quanto com Aécio Neves, elevará a taxa básica da
economia (Selic) para atrair a entrada de dólares visando a cobertura do déficit no
balanço de pagamentos. A tentativa do governo federal de atrair a entrada de dólares
visando a cobertura do déficit no balanço de pagamentos poderá ser mais bem sucedida
com o governo Aécio Neves do que com o governo Dilma Roussef porque a
credibilidade do candidato do PSDB junto aos investidores externos é maior do que a da
candidata do PT. A manifestação da revista The Economist contrária à política
econômica do governo Dilma Roussef e do Financial Times a favor de Aécio Neves
demonstra esta afirmativa.
Tanto quanto a entrada de dólares para cobertura do déficit no balanço de pagamentos, o
investimento direto estrangeiro, por sua vez, tende a também a cair devido à provável
queda no crescimento da economia brasileira. Nenhum investidor externo investiria no
Brasil com uma economia estagnada como se encontra no momento. Diferentemente de
Dilma Roussef, Aécio Neves terá mais condições de reverter esta tendência de queda do
investimento estrangeiro direto porque sua credibilidade junto aos investidores externos
é maior do que a da candidata do PT. A manifestação da revista The Economist
contrária à política econômica do governo Dilma Roussef e do Financial Times a favor
de Aécio Neves demonstra esta afirmativa.
Uma das consequências do aumento da taxa Selic será o desincentivo ao investimento
na atividade produtiva agravando ainda mais a estagnação da economia brasileira. A
estagnação da economia brasileira fará com que haja também queda da arrecadação do
governo em todos os níveis fazendo com que não haja recursos públicos para
investimento em quantidade suficiente para investir na infraestrutura econômica e
social, bem como para manter os programas sociais de transferência de renda como o
“Bolsa Família”. Racionalmente, para fazer frente à queda na arrecadação pública, o
governo federal deveria reduzir drasticamente os gastos de custeio que implicaria na
redução de ministérios que hoje totaliza 39 e de mais de 20 mil cargos comissionados,
racionalização do serviço público, além do combate sem tréguas à corrupção. Muito
dificilmente, Dilma Roussef adotaria essas medidas porque comprometeria os interesses
de seus aliados políticos, ao contrário de Aécio Neves que já afirmou que agiria desta
forma.
2. A estagnação da economia brasileira e o aumento das taxas de juros bancárias
contribuirão para a queda nos investimentos públicos e privados e consequentemente da
geração de emprego e renda para a população do Brasil. Esta situação fará com que haja
um agravamento da situação social do País. A taxa de desemprego que é atualmente de
20,8% da população economicamente ativa e não 4,9% como informa o governo federal
tenderá a crescer nos próximos anos. Muito dificilmente, um futuro governo Dilma
Roussef seria bem sucedido na reversão da tendência ao aumento do desemprego haja
vista não ter credibilidade para atrair capitais externos para investir no Brasil e fazer
com que os investidores residentes no Brasil invistam na expansão da capacidade
produtiva nacional. O aumento da taxa de desemprego fará com que aumentem as
tensões sociais que se agudizarão ainda mais com o aumento das taxas de inflação. Em
contrapartida, um governo Aécio Neves teria mais credibilidade para atrair capitais
externos, tornar possível o investimento privado nacional e combater a inflação com o
incremento da oferta de bens e serviços proporcionada pelo aumento dos investimentos
na economia.
Os governos Dilma Roussef ou Aécio Neves deverão manter a abertura da economia
brasileira que, a partir de 1990, agravou a situação da indústria brasileira que perdeu
competitividade devido aos entraves representados pelo Custo Brasil (taxas de juros
reais elevadas, altíssima carga tributária, altos custos trabalhistas, elevados custos do
sistema previdenciário, legislação fiscal complexa e ineficiente, alto custo da energia
elétrica, infraestrutura precária e falta de mão de obra qualificada). Uma das soluções
para evitar esta situação seria reduzir as taxas de juros, a carga tributária e a tarifa de
energia, promover a melhoria da infraestrutura e qualificar melhor a mão de obra que
faz parte do programa do candidato Aécio Neves. O governo Dilma Roussef teve 4 anos
para implementar estas ações e não fez. A verdadeira reversão da tendência à
desindustrialização do Brasil deveria contemplar, em última instância, a substituição do
modelo neoliberal em vigor pelo modelo nacional desenvolvimentista que nenhum dos
candidatos teria coragem de realizar.
As reservas internacionais que alcançaram US$ 370 bilhões em junho de 2013 tende a
apresentar uma progressão negativa devido à perspectiva de déficit crescente no balanço
de pagamentos em conta corrente. Haverá redução das reservas internacionais que
passariam a ser utilizadas para a cobertura do déficit no balanço de pagamentos. Este
problema não deve ser negligenciado porque o Brasil possui 370 bilhões de dólares em
reservas internacionais que pode precisar recorrer a elas nos próximos meses se os
investidores externos perderem fé no crescimento econômico do País que apresenta
queda em sua evolução recente e deixarem de investir no Brasil. Entre os candidatos
Dilma Roussef e Aécio Neves, este último teria maiores chances de evitar a regressão
das reservas internacionais porque teria mais credibilidade para atrair capitais externos.
Tem sido crescente a destinação dos recursos do orçamento para o pagamento dos juros
e amortizações da dívida pública interna que correspondem a 43,98% do orçamento.
Mantida a tendência de destinar mais recursos para o pagamento de juros e
amortizações da dívida pública, haverá menos recursos disponíveis pelo governo
(federal, estaduais e municipais) para investir na infraestrutura econômica e social. Para
fazer frente a esta situação, o governo federal deveria reduzir drasticamente os gastos de
custeio que implicaria na redução de ministérios que hoje totaliza 39 e de mais de 20
mil cargos comissionados, combater sem tréguas à corrupção, bem como renegociar
com os credores visando o alongamento do pagamento da dívida. Entre os candidatos
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3. Dilma Roussef e Aécio Neves, este último teria maiores chances de adotar essas
medidas.
Pelo exposto, fica evidenciado que a estagnação econômica que afeta o Brasil no
momento tende a se agravar se Dilma Roussef for reeleita haja vista ela não ter
condições de superar os imensos desafios econômicos do País nos marcos do modelo
neoliberal em vigor. Com Dilma Roussef, a depressão econômica virá inevitavelmente
após a etapa de estagflação em que vivemos. Em contrapartida, Aécio Neves teria mais
condições de minimizar os efeitos da crise atual devido ao apoio que teria dos
detentores do capital financeiro nacional e internacional ao contrário de um governo
Dilma Roussef. A única forma de Dilma Roussef superar a crise atual seria adotar um
modelo econômico que privilegiasse os interesses nacionais e não os do capital
financeiro nacional e internacional. Esta possibilidade não existe porque o PT não tem
credibilidade para liderar nacionalmente uma ruptura com o capital financeiro nacional
e internacional.
*Fernando Alcoforado, 74, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em
Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor
universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento
regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São
Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo,
1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do
desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,
http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel,
São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era
Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social
Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG,
Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora,
Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global
(Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011) e Os Fatores Condicionantes do
Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), entre outros.
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