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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO DE INFORMATICA E ESTATISTICA
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Felipe de Souza da Costa
Irenio Lima Jesus de Aragão
Lucas Jacques
Lucas Vieira
Nildo Wilpert Júnior

Gestão de Bibliotecas Universitárias Com a Implementação do Customer
Relationship Management (CRM)

Florianópolis, outubro de 2013.
1 INTRODUÇÃO
Com os avanços tecnológicos, o crescimento da produção científica, técnica e
tecnológica, as facilidades ao acesso à informação são imensas, fazendo com que a hegemonia
das bibliotecas universitárias (BUs) seja abalada.
Hoje as BUs disputam espaço com diversos outros recursos informacionais, dentre
eles a internet, com todos os seus segmentos como, bibliotecas virtuais, sites, repositórios,
fóruns de discussão, etc. Isso faz com que as bibliotecas universitárias tenham que buscar
meios de cativar seus potencias usuários.
É neste cenário que se apresenta o Customer Relationship Management (CRM), que
propõem uma gestão com foco no cliente. O CRM associado a outras formas de tecnologia da
informação (TI) passa a ser uma linha estratégica para definição de tecnologias (como Business
Intelegence, Data Mining, etc.) a serem implantadas para melhorar o desempenho da
organização e o alcance dos seus objetivos.
2 GESTÃO DE BIBLIOTECAS
As organizações que atuam com base no conhecimento e baseiam suas ações na
compreensão do ambiente e de suas necessidades são chamadas de organizações do
conhecimento. Elas são alavancadas pelas fontes de informação e pela competência de seus
membros.
Desta forma as BUs tem extrema importância dentro das Instituições de Ensino
Superior (IES), pois são a base para o desenvolvimento de ensino, pesquisa e extensão. Em
uma época em que o conhecimento é reconhecido com fator primordial da inovação as
Bibliotecas universitárias destacam-se, pois disponibilizam o conhecimento acadêmico para a
sociedade.
As BUs tem a função de servir como repositórios e disseminadoras de conhecimento.
Tornam-se o elemento de ligação entre o conhecimento produzido pela comunidade
acadêmica e os usuários que necessitam desse conhecimento.
Devido a sua importância as BUs deve se adaptar, buscando melhorar seus processos
internos e os serviços oferecidos aos seus clientes. Buscando novos resultados e
desempenhos, como agilidade e eficiência.
Muita ênfase se da aos processos internos, que com certeza são de grande relevância
para a qualidade de uma BU, no entanto muitas vezes é esquecido que todo este trabalho
interno tem como objetivo final o acesso do usuário a informação. Muitas bibliotecas
universitárias levam em conta as indicações de alguns grupos de usuários, em geral
professores, nos seus processos de seleção. No entanto a visão centrada no cliente ainda não
está amplamente difundida e incorporada.
Segundo Vogt (2004) ao se procurar na literatura especializada de biblioteconomia por
termos como “satisfação do cliente” ou “orientação para o cliente” os resultados são escassos.
Percebesse que as bibliotecas raramente discutem o tópico, isso aponta para a necessidade
básica de informação.
Vogt (2004, p.4) salienta que o objetivo do trabalho da biblioteca “é satisfazer tantos
clientes quanto possível por meio da melhor utilização dos seus recursos”.
Um cliente de biblioteca é muito mais do que uma pessoa que simplesmente empresta
livros. Pode-se considerar um cliente todas aquelas pessoas que entram em contato com a
biblioteca de diversas formas. Pessoas que utilizam as dependências da biblioteca, que
participam de um evento cultural, ou que buscam uma informação, etc.
Desta forma a visão do cliente torna-se necessária para que seja feito um
levantamento sobre os produtos e serviços oferecidos pela BU. No entanto a avaliação de
satisfação é pouco realizada, e quando realizadas as BUs não possuem mecanismos para
transformar dados em resultados.
Implantar o CRM em uma BU serve para melhorar o atendimento e os serviços
prestados aos cliente e também como uma experiência para implantação em outros setores
das IES.

3 CRM: UMA FILOSOFIA CENTRADA NOS CLIENTES
Devido à busca por resultados as organizações têm se tornado enxutas e eficientes.
Com o objetivo de melhorar ainda esse aspecto surgiu o marketing de relacionamento, que
identificou a necessidade de centralizar o cliente nas empresas, o que criou uma nova forma
de gestão, o Customer Relatioship Management (CRM).
Existem muitas definições para o CRM, para Fox e Stead (2001), o CRM é o
estabelecimento, desenvolvimento, manutenção e otimização da relação cliente/empresa. O
CRM coloca as necessidades do cliente no coração do negócio, atingindo essas necessidades
através de estratégias, pessoas, tecnologia e processos organizacionais.
Rodgers e Howleet (2006, p.6) ainda dizem que as aplicações de TI são ferramentas
que permitem às organizações implementar essas estratégias.
Desta forma o CRM define a ideia de centralização do cliente, com o intuito de
identificar (ou reformular, ou criar) os processos da organização tornando o atendimento ao
cliente o melhor possível.
O CRM tem diversos objetivos, entre eles: gerenciar o relacionamento com os clientes;
personalizar as ofertas para cada cliente; coordenar as comunicações em cada ponto de
contato com o cliente; e capturar e analisar as informações de diferentes canais de
comunicação, de modo que se aprenda continuamente.
Existem diversos modelos de implantação de CRM, iremos focar no modelo proposto
por Peppers e Rogers (2004) “a cadeia de valor do CRM” que é um modelo cíclico constituído
de quatro passos básicos: identificar, diferenciar, interagir e personalizar.
Os quatro passos do modelo estão descritos a seguir:
1º passo – Identificar: Consiste em coletar o maior numero de dados sobre os clientes da
organização a fim de identifica-los, conhece-los e criar a base para um relacionamento.
O sistema deve coletar informações sobre clientes individuais através de diversas
fontes, centralizar os dados de forma clara e repassar os dados ao pessoal relevante dentro ou
fora da organização.
2º passo – Diferenciar: Consiste em diferenciar os clientes quanto ao seu valor para empresa e
quanto a sua necessidade de serviços. Desta forma a empresa pode focar seus esforços para
aproveitar os clientes que ela considera de maior valor e personalizar seu comportamento
baseado na necessidade individual de seus clientes.
3º passo – Interagir: Analisa os dados obtidos nos dois primeiros passos e busca identificar e
aplicar as melhores formas de interação e comunicação da empresa com o cliente.
Considerando para isso tanto custo e preferencia, bem como as formas mais uteis para retorno
de informação sobre o cliente e seu comportamento.
4º passo – Personalizar: Esse passo busca adequar o comportamento das atividades
desenvolvidas pela organização para um melhor atendimento ao cliente.
Desta forma a organização, através da criação e adaptação de serviços, personaliza a
relação com cada cliente de uma forma continua. Assim, à medida que avança o
relacionamento entre organização e cliente, torna-se possível aprender mais sobre ele e
readaptar a forma de atendimento.
A aplicação deste modelo serve para qualquer organização, mas para uma implantação
eficaz elas devem levar em conta cinco elementos: estratégia, segmentação, tecnologia,
processo e organização.
Diversos tipos de estratégia podem afetar o CRM. A estratégia serve, entre outras
coisas, para gerenciar como ocorrerá a segmentação, o estabelecimento de preço, e quais os
canais de comunicação com o cliente.
A segmentação serve para dividir a concentração de produtos no mercado, mas
também para avaliar o valor dos clientes para a organização.
A tecnologia é necessária para armazenamento e processamento dos dados coletados
sobre os clientes bem como para auxilio na tomada de decisões.
Os processos são uma das pessoas chaves para obtenção de sucesso em um modelo de
CRM, devendo ser repensados e reestruturados para que o relacionamento com o cliente
ocorra de forma eficaz.
Por fim a organização esta relacionada à forma que a empresa irá se estruturar para a
implementação do CRM. A definição de como e de quem assumirá o projeto, bem como a
necessidade de conhecimento e comprometimento de todos é necessária para obtenção de
sucesso.

4 APLICAÇÃO DE CRM EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS
Considerando o modelo proposto por Peppers e Rogers (2004) constituído dos quatro
passos básicos descritos anteriormente será feita uma adaptação para o contexto das
Bibliotecas Universitárias.
1º passo – Identificar: No caso das BUs pode-se considerar os clientes como sendo os
alunos, os professores e funcionários da IES à qual a biblioteca está vinculada e o publico em
geral, ou seja, pessoas que não fazem parta da instituição mas utilizam alguns dos serviços
disponibilizados pelas BUs.
Os dados referentes a professores e funcionários podem ser conseguidos através do
setor de RH, já os dados dos alunos através da matricula ou até mesmo do vestibular.
É possível também capturar os dados referentes às necessidades informacionais dos
alunos através das disciplinas onde eles estão matriculados e através dos planos de ensino de
professores ou departamentos.
Desta forma o primeiro passo a ser implantado seria uma rotina de migração de dados
de todos os usuários já citados para o sistema utilizado pela BU. Outros dados ainda podem ser
obtidos através de cadastro de usuários ou do mapeamento da utilização dos seus serviços.
No caso do publico em geral não há a necessidade de obtenção de dados,
considerando-se que este não faz parte dos clientes alvos da biblioteca. Caso seja percebida a
necessidade outras bases de dados poderão ser incluídas nesta etapa de identificação.
As BUs, poderão, portanto, identificar claramente os seus clientes e entender a for
com que eles se relacionam com ela.
2º passo – Diferenciar: ainda é possível diferenciar os clientes pelo seu valor. Os
professores, por exemplo, podem ser considerados de alto valor, pois através de indicações e
sugestões de bibliografias acabam influenciando e estimulando um grande publico a recorrer à
biblioteca. Desta forma poderiam ser ofertados serviços e atendimento diferenciado para os
professores. Como balcão de atendimento prioritário, maior prazo no empréstimo de livros,
prioridade nas filas de reserva de livros, entre diversos outros.
Com relação às necessidades dos clientes é possível a diferenciação, por exemplo, por
tipo de curso, necessidade por semestre, qualificação, etapa de desenvolvimento de suas
pesquisas, etc.
3º passo – Interagir: a interação pode ocorrer de diversas formas, como por telefone,
internet, e-mail, etc. A utilização de tecnologias tornará o serviço mais ágil e criará maior
possibilidade de registro e retorno de informações, alimentando assim a base de dados da
biblioteca.
4º passo – Personalizar: Personalizar não significa atender de forma única cada
cliente. Mas através dos dados já coletados selecionar possíveis grupos de clientes e verificar a
possibilidade de criação de serviços especificou ou a customização de serviços já existentes.
A forma de implementação das etapas citadas, bem como os exemplos, servem de
forma genérica para as bibliotecas universitárias, ressaltando-se que modificações podem ser
necessárias. Mas a proposta de CRM é viável, tanto para as BUs como para diversas outras
organizações dentro e fora das IES.
Uma diferença notável no caso das BUs é que os clientes, diferente dos clientes das
empresas de bem de consumo, tem um tempo de participação limitado. Pode-se considerar
como clientes de longo prazo os professores e servidos da IES, já os alunos, por terem um
tempo determinado para realização de curso são clientes com grande rotatividade. Por este e
todos os outros motivos já citados é necessário que os dados referentes aos clientes sejam
sempre atualizados.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se que alguns cuidados devem ser tomados quanto à implantação do CRM,
como um planejamento detalhado de como se dará a implantação e execução do sistema. O
ideal seria um planejamento especifico para a BU, traçando seus objetivos e metas, mas
dificilmente isto ocorre, sendo necessário adaptar-se ao planejamento geral realizado pela
organização.
É possível concluir que a implantação do CRM é plenamente viável às bibliotecas
universitárias nas diversas IES espalhadas pelo Brasil. Com algumas modificações e adaptações
para a realidade da BU ele pode se tornar uma ótima ferramenta para gestão. Trazendo com
ele diversas vantagens, entre elas:






Maior interação com o cliente;
Melhoria nos serviços prestados e oferecidos para o cliente;
Melhoria no planejamento e na qualidade das decisões;
Melhoria na estrutura organizacional para facilitar o fluxo de informação;
Transformação da cadeia de valor, oferecendo sistemas melhores com qualidade,
rapidez e diferentes serviços.

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA DEPARTAMENTO DE INFORMATICA E ESTATISTICA SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Felipe de Souza da Costa Irenio Lima Jesus de Aragão Lucas Jacques Lucas Vieira Nildo Wilpert Júnior Gestão de Bibliotecas Universitárias Com a Implementação do Customer Relationship Management (CRM) Florianópolis, outubro de 2013.
  • 2. 1 INTRODUÇÃO Com os avanços tecnológicos, o crescimento da produção científica, técnica e tecnológica, as facilidades ao acesso à informação são imensas, fazendo com que a hegemonia das bibliotecas universitárias (BUs) seja abalada. Hoje as BUs disputam espaço com diversos outros recursos informacionais, dentre eles a internet, com todos os seus segmentos como, bibliotecas virtuais, sites, repositórios, fóruns de discussão, etc. Isso faz com que as bibliotecas universitárias tenham que buscar meios de cativar seus potencias usuários. É neste cenário que se apresenta o Customer Relationship Management (CRM), que propõem uma gestão com foco no cliente. O CRM associado a outras formas de tecnologia da informação (TI) passa a ser uma linha estratégica para definição de tecnologias (como Business Intelegence, Data Mining, etc.) a serem implantadas para melhorar o desempenho da organização e o alcance dos seus objetivos.
  • 3. 2 GESTÃO DE BIBLIOTECAS As organizações que atuam com base no conhecimento e baseiam suas ações na compreensão do ambiente e de suas necessidades são chamadas de organizações do conhecimento. Elas são alavancadas pelas fontes de informação e pela competência de seus membros. Desta forma as BUs tem extrema importância dentro das Instituições de Ensino Superior (IES), pois são a base para o desenvolvimento de ensino, pesquisa e extensão. Em uma época em que o conhecimento é reconhecido com fator primordial da inovação as Bibliotecas universitárias destacam-se, pois disponibilizam o conhecimento acadêmico para a sociedade. As BUs tem a função de servir como repositórios e disseminadoras de conhecimento. Tornam-se o elemento de ligação entre o conhecimento produzido pela comunidade acadêmica e os usuários que necessitam desse conhecimento. Devido a sua importância as BUs deve se adaptar, buscando melhorar seus processos internos e os serviços oferecidos aos seus clientes. Buscando novos resultados e desempenhos, como agilidade e eficiência. Muita ênfase se da aos processos internos, que com certeza são de grande relevância para a qualidade de uma BU, no entanto muitas vezes é esquecido que todo este trabalho interno tem como objetivo final o acesso do usuário a informação. Muitas bibliotecas universitárias levam em conta as indicações de alguns grupos de usuários, em geral professores, nos seus processos de seleção. No entanto a visão centrada no cliente ainda não está amplamente difundida e incorporada. Segundo Vogt (2004) ao se procurar na literatura especializada de biblioteconomia por termos como “satisfação do cliente” ou “orientação para o cliente” os resultados são escassos. Percebesse que as bibliotecas raramente discutem o tópico, isso aponta para a necessidade básica de informação. Vogt (2004, p.4) salienta que o objetivo do trabalho da biblioteca “é satisfazer tantos clientes quanto possível por meio da melhor utilização dos seus recursos”. Um cliente de biblioteca é muito mais do que uma pessoa que simplesmente empresta livros. Pode-se considerar um cliente todas aquelas pessoas que entram em contato com a biblioteca de diversas formas. Pessoas que utilizam as dependências da biblioteca, que participam de um evento cultural, ou que buscam uma informação, etc. Desta forma a visão do cliente torna-se necessária para que seja feito um levantamento sobre os produtos e serviços oferecidos pela BU. No entanto a avaliação de satisfação é pouco realizada, e quando realizadas as BUs não possuem mecanismos para transformar dados em resultados.
  • 4. Implantar o CRM em uma BU serve para melhorar o atendimento e os serviços prestados aos cliente e também como uma experiência para implantação em outros setores das IES. 3 CRM: UMA FILOSOFIA CENTRADA NOS CLIENTES Devido à busca por resultados as organizações têm se tornado enxutas e eficientes. Com o objetivo de melhorar ainda esse aspecto surgiu o marketing de relacionamento, que identificou a necessidade de centralizar o cliente nas empresas, o que criou uma nova forma de gestão, o Customer Relatioship Management (CRM). Existem muitas definições para o CRM, para Fox e Stead (2001), o CRM é o estabelecimento, desenvolvimento, manutenção e otimização da relação cliente/empresa. O CRM coloca as necessidades do cliente no coração do negócio, atingindo essas necessidades através de estratégias, pessoas, tecnologia e processos organizacionais. Rodgers e Howleet (2006, p.6) ainda dizem que as aplicações de TI são ferramentas que permitem às organizações implementar essas estratégias. Desta forma o CRM define a ideia de centralização do cliente, com o intuito de identificar (ou reformular, ou criar) os processos da organização tornando o atendimento ao cliente o melhor possível. O CRM tem diversos objetivos, entre eles: gerenciar o relacionamento com os clientes; personalizar as ofertas para cada cliente; coordenar as comunicações em cada ponto de contato com o cliente; e capturar e analisar as informações de diferentes canais de comunicação, de modo que se aprenda continuamente. Existem diversos modelos de implantação de CRM, iremos focar no modelo proposto por Peppers e Rogers (2004) “a cadeia de valor do CRM” que é um modelo cíclico constituído de quatro passos básicos: identificar, diferenciar, interagir e personalizar. Os quatro passos do modelo estão descritos a seguir: 1º passo – Identificar: Consiste em coletar o maior numero de dados sobre os clientes da organização a fim de identifica-los, conhece-los e criar a base para um relacionamento. O sistema deve coletar informações sobre clientes individuais através de diversas fontes, centralizar os dados de forma clara e repassar os dados ao pessoal relevante dentro ou fora da organização. 2º passo – Diferenciar: Consiste em diferenciar os clientes quanto ao seu valor para empresa e quanto a sua necessidade de serviços. Desta forma a empresa pode focar seus esforços para aproveitar os clientes que ela considera de maior valor e personalizar seu comportamento baseado na necessidade individual de seus clientes.
  • 5. 3º passo – Interagir: Analisa os dados obtidos nos dois primeiros passos e busca identificar e aplicar as melhores formas de interação e comunicação da empresa com o cliente. Considerando para isso tanto custo e preferencia, bem como as formas mais uteis para retorno de informação sobre o cliente e seu comportamento. 4º passo – Personalizar: Esse passo busca adequar o comportamento das atividades desenvolvidas pela organização para um melhor atendimento ao cliente. Desta forma a organização, através da criação e adaptação de serviços, personaliza a relação com cada cliente de uma forma continua. Assim, à medida que avança o relacionamento entre organização e cliente, torna-se possível aprender mais sobre ele e readaptar a forma de atendimento. A aplicação deste modelo serve para qualquer organização, mas para uma implantação eficaz elas devem levar em conta cinco elementos: estratégia, segmentação, tecnologia, processo e organização. Diversos tipos de estratégia podem afetar o CRM. A estratégia serve, entre outras coisas, para gerenciar como ocorrerá a segmentação, o estabelecimento de preço, e quais os canais de comunicação com o cliente. A segmentação serve para dividir a concentração de produtos no mercado, mas também para avaliar o valor dos clientes para a organização. A tecnologia é necessária para armazenamento e processamento dos dados coletados sobre os clientes bem como para auxilio na tomada de decisões. Os processos são uma das pessoas chaves para obtenção de sucesso em um modelo de CRM, devendo ser repensados e reestruturados para que o relacionamento com o cliente ocorra de forma eficaz. Por fim a organização esta relacionada à forma que a empresa irá se estruturar para a implementação do CRM. A definição de como e de quem assumirá o projeto, bem como a necessidade de conhecimento e comprometimento de todos é necessária para obtenção de sucesso. 4 APLICAÇÃO DE CRM EM BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS Considerando o modelo proposto por Peppers e Rogers (2004) constituído dos quatro passos básicos descritos anteriormente será feita uma adaptação para o contexto das Bibliotecas Universitárias. 1º passo – Identificar: No caso das BUs pode-se considerar os clientes como sendo os alunos, os professores e funcionários da IES à qual a biblioteca está vinculada e o publico em geral, ou seja, pessoas que não fazem parta da instituição mas utilizam alguns dos serviços disponibilizados pelas BUs. Os dados referentes a professores e funcionários podem ser conseguidos através do setor de RH, já os dados dos alunos através da matricula ou até mesmo do vestibular.
  • 6. É possível também capturar os dados referentes às necessidades informacionais dos alunos através das disciplinas onde eles estão matriculados e através dos planos de ensino de professores ou departamentos. Desta forma o primeiro passo a ser implantado seria uma rotina de migração de dados de todos os usuários já citados para o sistema utilizado pela BU. Outros dados ainda podem ser obtidos através de cadastro de usuários ou do mapeamento da utilização dos seus serviços. No caso do publico em geral não há a necessidade de obtenção de dados, considerando-se que este não faz parte dos clientes alvos da biblioteca. Caso seja percebida a necessidade outras bases de dados poderão ser incluídas nesta etapa de identificação. As BUs, poderão, portanto, identificar claramente os seus clientes e entender a for com que eles se relacionam com ela. 2º passo – Diferenciar: ainda é possível diferenciar os clientes pelo seu valor. Os professores, por exemplo, podem ser considerados de alto valor, pois através de indicações e sugestões de bibliografias acabam influenciando e estimulando um grande publico a recorrer à biblioteca. Desta forma poderiam ser ofertados serviços e atendimento diferenciado para os professores. Como balcão de atendimento prioritário, maior prazo no empréstimo de livros, prioridade nas filas de reserva de livros, entre diversos outros. Com relação às necessidades dos clientes é possível a diferenciação, por exemplo, por tipo de curso, necessidade por semestre, qualificação, etapa de desenvolvimento de suas pesquisas, etc. 3º passo – Interagir: a interação pode ocorrer de diversas formas, como por telefone, internet, e-mail, etc. A utilização de tecnologias tornará o serviço mais ágil e criará maior possibilidade de registro e retorno de informações, alimentando assim a base de dados da biblioteca. 4º passo – Personalizar: Personalizar não significa atender de forma única cada cliente. Mas através dos dados já coletados selecionar possíveis grupos de clientes e verificar a possibilidade de criação de serviços especificou ou a customização de serviços já existentes. A forma de implementação das etapas citadas, bem como os exemplos, servem de forma genérica para as bibliotecas universitárias, ressaltando-se que modificações podem ser necessárias. Mas a proposta de CRM é viável, tanto para as BUs como para diversas outras organizações dentro e fora das IES. Uma diferença notável no caso das BUs é que os clientes, diferente dos clientes das empresas de bem de consumo, tem um tempo de participação limitado. Pode-se considerar como clientes de longo prazo os professores e servidos da IES, já os alunos, por terem um tempo determinado para realização de curso são clientes com grande rotatividade. Por este e todos os outros motivos já citados é necessário que os dados referentes aos clientes sejam sempre atualizados.
  • 7. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Percebe-se que alguns cuidados devem ser tomados quanto à implantação do CRM, como um planejamento detalhado de como se dará a implantação e execução do sistema. O ideal seria um planejamento especifico para a BU, traçando seus objetivos e metas, mas dificilmente isto ocorre, sendo necessário adaptar-se ao planejamento geral realizado pela organização. É possível concluir que a implantação do CRM é plenamente viável às bibliotecas universitárias nas diversas IES espalhadas pelo Brasil. Com algumas modificações e adaptações para a realidade da BU ele pode se tornar uma ótima ferramenta para gestão. Trazendo com ele diversas vantagens, entre elas:      Maior interação com o cliente; Melhoria nos serviços prestados e oferecidos para o cliente; Melhoria no planejamento e na qualidade das decisões; Melhoria na estrutura organizacional para facilitar o fluxo de informação; Transformação da cadeia de valor, oferecendo sistemas melhores com qualidade, rapidez e diferentes serviços.