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Conexões entre a agricultura brasileira
e a indústria gaúcha
Em se tratando da análise do desempenho recente da
economia do RS, talvez o mantra mais repetido entre os eco-
nomistas seja o de que “quando a agropecuária gaúcha vai
bem, a economia gaúcha vai bem (e vice-versa)”. Mais espe-
cificamente, enfatiza-se que a ampliação da participação do
RS na renda nacional está condicionada ao avanço do produ-
to da agropecuária local. Essa máxima vigorou em 12 dos
últimos 13 anos e promete repetir-se em 2014.
As razões dessa interdependência são bastante conheci-
das. Apesar de participar com menos de 10% do Produto
Interno Bruto (PIB) gaúcho, o campo origina significativa
parcela das matérias-primas utilizadas pela indústria de
transformação do Estado (alimentos, fumo, biocombustí-
veis). Além do mais, a agropecuária constitui-se em impor-
tante atividade demandante de bens industriais (insumos,
máquinas, armazéns) e serviços de distribuição e transporte
que são produzidos localmente. Por tudo isso, estima-se que
o agronegócio responda por cerca de um terço da renda do
Estado.
Porém os recorrentes altos e baixos do PIB gaúcho, as-
sociados às variações do produto da agropecuária em mo-
mentos de recuperação e quebra da safra, revelam apenas
parte da dependência do Estado em relação ao agronegócio.
Por sua importância para a produção de grãos, até a década
de 80 do século XX o RS foi conhecido como celeiro do
País. Desde então, a fronteira agrícola avançou mais em
outras regiões, principalmente nas áreas do Cerrado, e o
Estado perdeu protagonismo.
Essa mudança não foi tão impactante para a economia
local, em parte, porque a indústria gaúcha de máquinas e
equipamentos para o agronegócio, nascida para atender ao
mercado regional, aproveitou o estímulo gerado pela expan-
são da produção agrícola nacional. Nos últimos 10 anos, o
Valor Bruto da Produção agrícola do Brasil aumentou 140%,
em um cenário marcado pela alta dos preços internacionais
das commodities agrícolas, pelo avanço da área plantada e
por substanciais ganhos de produtividade. A resultante capi-
talização do produtor rural, aliada à melhoria das condições
de crédito ofertadas para a compra de máquinas e equipa-
mentos, gerou transbordamentos para a indústria gaúcha.
No Estado, estão presentes três Aglomerações Produti-
vas (AP) industriais, especializadas no fornecimento de pro-
dutos para distintas etapas das atividades agropecuárias e
agroindustriais regionais e nacionais. A região dos Coredes
Alto Jacuí e Produção destaca-se pela oferta de produtos
voltados à preparação do solo, à plantação e ao cultivo agrí-
cola (AP Pré-Colheita). Na Fronteira Noroeste, encontra-se a
tradicional indústria de colheitadeiras (AP Colheita), e, com-
pletando o mix industrial, no Noroeste Colonial, está concen-
trada a produção de equipamentos de armazenagem, seca-
gem, limpeza, movimentação e controle de cereais (AP Pós-
-Colheita). Para se ter ideia da importância dessas atividades,
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), o peso das mesmas na indústria de máquinas e equi-
pamentos do RS é superior a 50%.
Em 2013, a produção nacional de máquinas agrícolas
atingiu a marca histórica de 100.000 unidades, tendo o Esta-
do participado com 43,7% desse total. Esse crescimento da
demanda nacional por bens de capital destinados a agricultu-
ra contribuiu decisivamente para o avanço de 62,2% na in-
dústria gaúcha de máquinas e equipamentos entre 2003 e
2013. No mesmo período, a indústria de transformação do
RS cresceu apenas 12,8%.
Assim, se é inegável que a economia gaúcha depende da
agropecuária local, também se fortalece a percepção de que o
avanço da indústria gaúcha está cada vez mais atrelado ao
desempenho da agricultura nacional. No médio prazo, a
expansão da renda agrícola brasileira deve manter-se, geran-
do oportunidades de crescimento para a indústria. Ainda que
os recordes de 2013 não se devam repetir nesse ano, a reto-
mada do Programa Moderfrota (BNDES), anunciada no final
de maio, e a implementação do Plano Nacional de Armaze-
nagem, são medidas que podem dar fôlego adicional para o
setor no RS.
Índices do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola e da produção de
máquinas e equipamentos no Brasil e índice da produção de
máquinas agrícolas no RS — 2003-13
60
90
120
150
180
210
240
270
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Máquinas e equipamentos - RS
VBP agrícola - Brasil
Máquinas agrícolas - Brasil
Legenda:
FONTE: ANFAVEA, IBGE (PIM-PF) e MAPA.
NOTA: Os índices têm como base 2003 = 100.
Rodrigo D. Feix
Economista, Pesquisador da FEE
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Secretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã
FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA
Siegfried Emanuel Heuser
ANO 23 Nº 6
Junho de 2014
Carta
de
Conjuntura FEE
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6
2
Tenha acesso a esta e a outras
publicações em
www.fee.rs.gov.br
Emprego formal: sinais de desaceleração
Os efeitos da desaceleração da atividade econômica so-
bre o mercado de trabalho formal já começam a se tornar
visíveis neste primeiro quartel do ano. Embora se mantenha
a trajetória ascendente do emprego, o ritmo de expansão
diminuiu sensivelmente. A frágil geração de postos no Brasil
evidencia-se nos resultados dos meses de março e abril de
2014, que foram os piores para esses meses desde 1999. Em
março, o saldo entre admissões e desligamentos (sem ajus-
tes) foi de apenas 13.117, enquanto, no mesmo mês de 2013,
havia sido de 112.450. Em abril, o saldo foi de 105.384 pos-
tos frente a 196.913 em abril do ano anterior. No quadrimes-
tre (janeiro a abril de 2014), na série com ajustes, verificou-
-se um aumento de 458.145 pessoas no estoque de emprega-
dos, um crescimento inferior ao registrado no primeiro qua-
drimestre de 2013 (549.064). É o setor de serviços que tem
assegurado a geração de emprego com carteira, respondendo
por um pouco mais da metade do contingente acrescido nos
primeiros quatro meses de 2014, seguido, à distância, pela
indústria de transformação e pela construção civil. A dinâmi-
ca da geração de vagas liderada pelo setor serviços — que,
tradicionalmente, tem baixa produtividade, trabalhadores
com menor escolaridade e salários inferiores aos de boa parte
dos demais setores — está refletindo a atual conjuntura ma-
croeconômica de escasso crescimento e rendimentos em
desaceleração.
Em que pese o resultado positivo da indústria no qua-
drimestre, no mês de abril só esse setor perdeu empregados
(-3.427 contra 40.603 em abril 2013), configurando uma
situação inédita para o mesmo que, desde 2001, pelo menos,
não suprimia postos em abril. Um comportamento totalmente
fora do padrão sazonal que pode ser interpretado como um
processo de ajustes das empresas a um contínuo baixo cres-
cimento do PIB. Possivelmente, os empresários que estavam
evitando demitir, esperando a recuperação econômica no
curto prazo, não estejam mais dispostos a “segurar” o em-
prego.
No ranking da geração de empregos, o Rio Grande do
Sul destacou-se no mês de março de 2014 (saldo de 13.708),
ocupando o segundo lugar, atrás de São Paulo. Já em abril,
passou para a sexta posição (8.589), com São Paulo, Minas
Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Goiás à frente. No Rio
Grande do Sul, como acontece no Brasil, os saldos líquidos
do emprego no presente ano são menores do que os encon-
trados em 2013. Diferentemente do agregado nacional, no
Estado é a indústria de transformação a responsável por
quase a metade das vagas acrescidas no período de janeiro a
abril de 2014, seguida pelo setor serviços e pela construção
civil. No mês de abril, ao contrário do observado no País, o
emprego na indústria de transformação gaúcha ainda teve
fôlego para crescer (2.100 vagas), graças à indústria da bor-
racha, fumo, couros e peles, responsável por grande parte
dos postos criados (2.135).
Um fenômeno interessante a ser observado é o compor-
tamento recente do emprego formal no conjunto das nove
áreas metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador,
Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto
Alegre), que mostrou um resultado aquém ao do interior dos
estados desses aglomerados urbanos. Os dados de março e
abril de 2014 são ilustrativos: enquanto, nas áreas metropoli-
tanas, o emprego ficou praticamente estável em março e
cresceu 0,16% em abril; no interior, expandiu-se 0,19%
(março) e 0,43% (abril). O mesmo movimento pode ser
detectado no ano de 2013, em que o interior do Brasil ultra-
passou as áreas metropolitanas e criou mais empregos com
carteira assinada. Um dos fatores apontados por alguns ana-
listas para explicar essa situação é a política de reajuste real
do salário mínimo, uma vez que as cidades menores costu-
mam depender mais do mínimo para manter a economia
local aquecida.
Pode-se esperar que o mercado de trabalho persiga uma
trajetória de acomodação até, pelo menos, o final do primeiro
semestre de 2014, com baixo nível de desemprego e desace-
leração moderada na criação de vagas formais. As sensíveis
quedas observadas na População Economicamente Ativa
(PEA), nos primeiros meses de 2014, indicam ser pouco
provável que ela volte a crescer e a pressionar a taxa de de-
socupação ao longo do ano.
Saldo entre admitidos e desligados no primeiro quadrimestre do ano, por setores de atividade selecionados, no Brasil e no Rio Grande do Sul — 2013 e 2014
INDÚSTRIA DE
TRANSFORMAÇÃO
CONSTRUÇÃO
CIVIL
COMÉRCIO SERVIÇOS
ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
AGROPECUÁRIA TOTALESTADO
E PAÍS
2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014
Brasil ..... 153.975 98.576 121.013 75.725 -41.811 -60.587 265.278 295.932 25.157 21.763 15.889 20.859 549.064 458.145
RS ......... 38.427 27.843 7.700 7.723 4.035 2.123 23.533 19.300 814 356 2.243 1.642 77.122 59.686
FONTE: MTE/Caged, Lei 4.923/65.
NOTA: Série com ajustes; inclui as informações enviadas fora do prazo.
Maria Isabel Herz da Jornada
Socióloga, Pesquisadora da FEE
Carta
de
Conjuntura FEE
3
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 .
Redução do spread bancário: sim, mas por quanto tempo?
O mês de setembro de 2011 marcou o início de um ciclo
de redução da taxa básica de juros por parte do Banco Cen-
tral (Bacen). Naquele momento, a instituição percebeu sinais
de que a crise internacional não seria superada rapidamente,
e os impactos sobre a economia brasileira poderiam ser ame-
nizados com a redução da taxa de juros. Tal processo levou a
Selic a 7,25% a.a. em outubro de 2012, trazendo a taxa de
juros real ao menor nível da história. No entanto, o Bacen
não foi capaz de sustentar a redução. As pressões inflacioná-
ria e política convergiram para o início de um ciclo de au-
mento em abril de 2013, encerrado apenas no último mês.
Nesse ínterim, o ciclo de redução da Selic foi acompa-
nhado por um movimento de redução do spread bancário. É
válido relembrar que tal dinâmica foi iniciada pelas institui-
ções públicas de crédito em março de 2012. Após o ciclo de
aumento da Selic, questiona-se: até que ponto a redução do
spread pode ser considerada uma conquista mais duradoura?
Tendo como base os níveis de agosto de 2011, o gráfico
mostra que, enquanto a taxa básica de juros esteve 12% me-
nor que a de antes do início do ciclo de redução, o spread
médio foi 17% menor. Ou seja, as taxas de juros cobradas no
mercado ainda não teriam repassado todo o aumento da Se-
lic, mantendo o spread menor.
Contudo é interessante diferenciar o spread conforme o
tipo de empréstimo. Nesse caso, percebe-se que o spread
médio do crédito com recursos direcionados manteve um
patamar 28% inferior ao nível de agosto de 2011. Por outro
lado, o derivado de recursos livres apresentou maior resis-
tência à queda e recompôs-se rapidamente, resultando em um
nível 8% menor do que aquele ao início do período.
Considerando-se o maior peso das instituições públicas
no crédito direcionado, fica evidente que a redução do
spread médio ainda depende da ação governamental para
manter-se. A Selic cedeu. Resta saber por quanto tempo os
bancos públicos irão sustentar esses níveis de spread.
Taxa Selic e spread médio total, com recursos livres e com recursos
direcionados, no Brasil — ago./2011-abr./2014
50,00
60,00
70,00
80,00
90,00
100,00
110,00
Ago./11
Out./11
Dez./11
Fev./12
Abr./12
Jun./12
Ago./12
Out./12
Dez./12
Fev./13
Abr./13
Jun./13
Ago./13
Out./13
Dez./13
Fev./14
Abr./14
Selic ao fim do período
Spread - recursos livres
Spread - total do crédito
Spread - recursos direcionados
Legenda:
FONTE: Bacen.
NOTA: Os índices têm como base ago./2011 = 100.
Bruno Paim
Economista, Pesquisador da FEE
Evolução da arrecadação de ICMS em 2014
A arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Merca-
dorias e Serviços (ICMS), de janeiro a abril de 2014, che-
gou a R$ 8,2 bilhões, com uma taxa de crescimento real de
4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve
uma melhora na maioria dos setores da economia gaúcha,
com destaque para a arrecadação do ICMS da indústria de
transformação, que cresceu 2,6% de janeiro a abril de 2014
em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse setor,
que concentra quase a metade do total do ICMS arrecadado
no Estado, originou um montante de cerca de R$ 4 bilhões
de ICMS no quadrimestre. Tal desempenho pode ser identi-
ficado também com os dados do índice de base fixa da pro-
dução industrial mensal do Rio Grande do Sul, calculada
pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, que, no
acumulado dos três primeiros meses de 2014, teve um au-
mento de 3,2% em relação ao ano anterior. Outro setor que
merece destaque é o comércio atacadista, que registrou um
aumento de 11,6% na arrecadação no quadrimestre, quando
comparado com o mesmo período do ano anterior.
Apenas dois setores apresentaram queda. O primeiro foi
a indústria de beneficiamento, que arrecadou R$ 256 milhões
de janeiro a abril de 2014, um desempenho 1,7% abaixo do
observado no ano anterior. O segundo foi o de serviços e
outros, com uma arrecadação de R$ 774 milhões, também
1,7% menor do que a registrada no mesmo período de 2013.
Entretanto, o montante arrecadado por esses dois setores
(indústria de beneficiamento e serviços e outros) é de R$ 1
bilhão, o que representa somente 25% do total obtido pela
indústria. Estima-se que o desempenho da arrecadação do
ICMS continue com essa tendência positiva ao longo dos
demais meses de 2014, sendo reforçado pelo esperado cres-
cimento da economia gaúcha. Isso acontecendo, há a possibi-
lidade de reduzir-se o déficit orçamentário do Rio Grande do
Sul, que, em 2013, chegou a R$ 1,4 bilhão.
Arrecadação do ICMS, por setores, no Rio Grande do Sul —
jan.-abr./2013 e jan.-abr./2014
SETORES DA ECONOMIA
JAN-ABR/13
(R$ 1.000)
JAN-ABR/14
(R$ 1.000)
VARIAÇÃO
%
Indústria de transformação 3.899 3.998 2,6
Indústria de beneficiamento 260 256 -1,7
Comércio atacadista ........... 1.910 2.132 11,6
Comércio varejista .............. 752 776 3,2
Serviços e outros ................ 788 774 -1,7
Outros setores (1) ................ 201 240 19,9
Total ..................................... 7.810 8.177 4,7
FONTE: Estado do Rio Grande do Sul. Fundação de Economia e Estatística.
FONTE: Arrecadação do ICMS por setores. Disponível em:
FONTE: <http://www.fee.tche.br>. Acesso em: 22.05.2014.
NOTA: Os valores do ICMS estão a preços de 1º de maio de 2014 e foram
deflacionados pelo IGP-DI.
(1) Abrangem produção animal e extração vegetal, indústria extrativa mineral,
indústria de montagem e indústria de acondicionamento e recondicionamento.
Alfredo Meneghetti Neto
Economista, Pesquisador da FEE
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6
4
Tabela 1
Taxas de variação do IPCA e do IGP-M no Brasil — nov./13-abr./14
(%)
IPCA IGP-M
MESES
No Mês No Ano
Acumulada em 12
Meses
No Mês No Ano
Acumulada em 12
Meses
Nov./13 0,54 4,95 5,77 0,29 4,90 5,61
Dez./13 0,92 5,91 5,91 0,60 5,53 5,53
Jan./14 0,55 0,55 5,59 0,48 0,48 5,67
Fev./14 0,69 1,24 5,68 0,38 0,86 5,77
Mar./14 0,92 2,18 6,15 1,67 2,55 7,31
Abr./14 0,67 2,86 6,28 0,78 3,35 7,98
FONTE: IBGE.
FONTE: Fundação Getúlio Vargas.
Gráfico 1
Produção física industrial no Brasil e no
Rio Grande do Sul — jan./09-fev./14
Gráfico 2
Volume de vendas do comércio varejista no Brasil
e no Rio Grande do Sul — jan./09-mar./14
80
90
100
110
120
130
140
Jan./09
Abr./09
Jul./09
Out./09
Jan./10
Abr./10
Jul./10
Out./10
Jan./11
Abr./11
Jul./11
Out./11
Jan./12
Abr./12
Jul./12
Out./12
Jan./13
Abr./13
Jul./13
Out./13
Jan./14
Índice
Brasil RSLegenda:
80
100
120
140
160
180
200
220
Jan./09
Abr./09
Jul./09
Out./09
Jan./10
Abr./10
Jul./10
Out./10
Jan./11
Abr./11
Jul./11
Out./11
Jan./12
Abr./12
Jul./12
Out./12
Jan./13
Abr./13
Jul./13
Out./13
Jan./14
Índice
Brasil RS
Legenda:
FONTE: IBGE. Pesquisa Industrial Mensal — Produção Física.
NOTA: 1. Média móvel trimestral do índice de base fixa mensal com
ajuste sazonal.
2. Os índices têm como base a média de 2002 = 100.
FONTE: IBGE. Pesquisa Mensal de Comércio.
NOTA: 1. Média móvel trimestral do índice de base fixa mensal com
ajuste sazonal.
2. Os índices têm como base a média de 2002 = 100.
Tabela 2
Indicadores selecionados da economia brasileira — nov./13-abr./14
NO MÊS
INDICADORES SELECIONADOS
Nov./13 Dez./13 Jan./14 Fev./14 Mar./14 Abr./14
NO ANO (1)
EM 12
MESES (1)
Taxa de câmbio (US$) (2) .................. 2,30 2,35 2,38 2,38 2,33 2,23 2,33 2,27
Taxa de câmbio efetiva real (3) .......... 94,8 96,3 97,1 96,6 92,9 88,7 93,8 93,3
Taxa básica de juros (% a.a.) (4) ....... 10,00 10,00 10,50 10,75 10,75 11,00 10,75 9,58
Superávit primário (% do PIB) ............ -6,8 -2,5 -4,9 -0,5 -0,9 -4,0 -2,6 -1,9
Balança comercial (US$ milhões) ...... 1.739 2.652 -4.059 -2.125 112 506 -5.566 3.131
Exportações (US$ milhões) ........... 20.861 20.846 16.026 15.934 17.628 19.724 69.312 240.023
Importações (US$ milhões) ........... -19.123 -18.194 -20.085 -18.059 -17.516 -19.218 -74.878 -236.892
Transações correntes (US$ milhões) -5.104 -8.636 -11.539 -7.398 -6.247 -8.291 -33.476 -81.611
FONTE: Banco Central do Brasil.
(1) Valores médios da taxa de câmbio, do índice da taxa de câmbio efetiva real e da taxa básica de juros; resultado acumulado para os demais. (2) Taxa de
câmbio livre do dólar norte-americano (compra e venda) média do período (R$/US$). (3) Índice da taxa de câmbio efetiva real (IPCA), jun./94 = 100. (4) Taxa
vigente no último dia útil do mês.
5
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 .
Gráfico 3
Taxa de desemprego total no Brasil e no
Rio Grande do Sul — nov./13-abr./14
Gráfico 4
Taxa de variação da arrecadação do ICMS
no Rio Grande do Sul — jan./10-abr./14
9,5 9,3 9,5
10,3
11,0 11,1
6,2 6,1 5,7 5,6 6,0 6,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
Nov./13 Dez./13 Jan./14 Fev./14 Mar./14 Abr./14
Brasil RSLegenda:
(%)
0
5
10
15
20
Jan./10
Abr./10
Jul./10
Out./10
Jan./11
Abr./11
Jul./11
Out./11
Jan./12
Abr./12
Jul./12
Out./12
Jan./13
Abr./13
Jul./13
Out./13
Jan./14
Abr./14
(%)
FONTE: PED-RMPA - Convênio FEE, FGTAS, SEADE, DIEESE e a-
poio MTE/FAT.
NOTA: 1. Brasil corresponde ao total das Regiões Metropolitanas de
Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e
São Paulo e o Distrito Federal.
2. Rio Grande do Sul corresponde apenas à Região Metropoli-
tana de Porto Alegre.
FONTE: Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul.
NOTA: Variação acumulada em 12 meses.
Tabela 3
Exportações do Brasil e do Rio Grande do Sul — nov.-abr./14
VARIAÇÃO ACUMULADA NO ANO (%)EXPORTAÇÕES ACU-
MULADAS NO ANO
(US$ FOB milhões) Valor Volume PreçoMESES
RS Brasil
PARTICIPAÇÃO
RS/BR (%)
RS Brasil RS Brasil RS Brasil
Nov./13 23.933 221.333 10,8 46,9 -0,7 17,7 3,5 24,5 -4,0
Dez./13 25.094 242.179 10,4 44,3 -0,2 16,8 4,1 22,6 -4,1
Jan./14 1.077 16.026 6,7 4,0 0,4 -14,6 3,6 21,8 -3,2
Fev./14 2.096 31.960 6,6 -1,0 1,4 -14,9 7,1 16,3 -5,3
Mar./14 3.249 49.588 6,6 -8,0 -2,5 -20,6 2,9 16,0 -5,2
Abr./14 4.905 69.312 7,1 -6,8 -3,0 -20,1 3,6 16,5 -6,3
FONTE DOS DADOS BRUTOS: MDIC/Sistema Alice.
Gráfico 5
Taxa de variação do PIB, acumulada em quatro trimestres, no Brasil
e no Rio Grande do Sul — 1º trim./09-1º trim./14
Gráfico 6
Estimativa de crescimento da lavoura e de suas principais cultu-
ras no Rio Grande do Sul — abr./14
-0,3
7,5
2,7
1,0
2,5
-0,4
6,7
5,1
-1,4
6,3
-4,0
0,0
4,0
8,0
12,0
1ºtrim.
2ºtrim.
3ºtrim.
4ºtrim.
1ºtrim.
2ºtrim.
3ºtrim.
4ºtrim.
1ºtrim.
2ºtrim.
3ºtrim.
4ºtrim.
1ºtrim.
2ºtrim.
3ºtrim.
4ºtrim.
1ºtrim.
2ºtrim.
3ºtrim.
4ºtrim.
1ºtrim.
2009 2010 2011 2012 2013 14
PIB do Brasil PIB do RS
PIB trimestral (Brasil) PIB trimestral (RS)
(%)
:Legenda
-24,3
2,8
1,0
-5,0
6,5
4,7
0,8
-25,0 -5,0 15,0
(%)Trigo
Mandioca
Milho
Fumo
Arroz
Soja
Total da lavoura
FONTE: Levantamento Sistemático da
FONTE: Produção Agrícola.
FONTE: FEE/CIE/NIS.
FONTE: IBGE. Contas Nacionais Trimestrais.
FONTE: FEE/CIE/NIS.
Legenda:
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6
6
Os rumos do Programa Bolsa Família
O Programa Bolsa Família (PBF), desde que foi criado,
em outubro de 2003, vem registrando avanços significativos.
Quando o Governo Federal lançou o Plano Brasil Sem Misé-
ria (BSM), em julho de 2011, com o intuito de superar a
condição de extrema pobreza, incluiu como um dos seus
eixos o de garantia de renda, inserindo o PBF como um pro-
grama fundamental para atingir esse objetivo.
O PBF sofreu alterações importantes nos últimos anos.
Em 2011, houve a ampliação do número de beneficiários e
dos valores transferidos. Em mar./11, ocorreram reajustes
diferenciados para cada tipo de benefício (o maior reajuste,
de 45%, foi para o benefício variável para crianças e adoles-
centes de zero a 15 anos). Além disso, ampliou-se o limite
dos benefícios variáveis de três para cinco, por família.
Também foram criados dois novos benefícios, o Benefício
Variável à Nutriz (BVN) e o Benefício Variável à Gestante
(BVG).
Ampliando os benefícios do PBF, o Governo Federal
lançou o Programa Brasil Carinhoso em maio de 2012, foca-
lizado nas famílias extremamente pobres com crianças de até
seis anos, que passaram a receber um reforço monetário, de
valor variável de acordo com cada família, para completar
R$ 70 mensais per capita. Em novembro de 2012, o Progra-
ma foi estendido para as famílias com crianças de sete a 15
anos e, no mês de fevereiro de 2013, passou a incluir todas
as pessoas beneficiárias do PBF.
A complementação de renda também foi realizada pelos
estados. No Rio Grande do Sul, no ano de 2011, foi criado o
Programa Estadual de Erradicação da Pobreza Extrema —
“RS Mais Igual”, com o objetivo de reduzir os índices de
vulnerabilidade econômica e social e incluir a população em
situação de pobreza extrema na rede de políticas públicas.
Esse programa iniciou repassando R$ 50 às famílias benefi-
ciárias do PBF cuja renda per capita mensal fosse inferior a
R$ 70. Em abril de 2013, ocorreu uma repactuação da com-
plementação, que ampliou esse limite e garantiu uma renda
mensal de R$ 100 per capita para os beneficiários do PBF
com crianças de até seis anos de idade. Até março de 2014, o
Programa já beneficiou 70.000 famílias no Estado.
O PBF repassa quatro tipos de benefícios, os quais so-
frerão reajustes de 10% a partir de junho de 2014. O Benefí-
cio Básico, pago para famílias com renda per capita igual ou
inferior a R$ 70, passará para R$ 77. O Benefício Variável,
pago por criança ou adolescente de zero a 15 anos, gestantes
e/ou nutrizes, limitado a cinco benefícios por família, subirá
de R$ 32 para R$ 35, até o limite de R$ 175 mensais por
família. O Benefício Variável vinculado ao adolescente até
17 anos passará de R$ 38 para R$ 42 mensais, até o limite de
R$ 84 mensais por família. Considerando-se estes últimos
reajustes, o benefício médio do conjunto dos beneficiários do
PBF, que alcançou R$ 150 mensais no mês de abril de 2014,
deverá atingir R$ 167 a partir de junho desse ano.
O montante de recursos transferidos pelo PBF represen-
tou o equivalente a 0,5 % do PIB em 2013, o que é um per-
centual pequeno, dado o elevado número de beneficiários (14
milhões de famílias).
O PBF está atrelado a condicionalidades — os com-
promissos assumidos pelas famílias beneficiárias na área de
saúde, educação e assistência social —, que devem ser cum-
pridas para que continuem a receber o benefício. A despeito
de críticas iniciais à utilização de condicionalidades, o con-
trole sobre as mesmas vem-se expandindo e sendo aperfei-
çoado, devendo gerar efeitos positivos no médio e no longo
prazo.
Em 2006, do total de nove milhões de famílias benefi-
ciárias com perfil saúde (que abrange crianças de até sete
anos e mulheres de 14 a 44 anos), 36% foram acompanha-
das. No segundo semestre de 2013, as famílias beneficiárias
já somavam 11,8 milhões e foram acompanhadas 8,7 mi-
lhões (73%). No Rio Grande do Sul, o número de famílias
com perfil saúde subiu de 265.000 (35% acompanhadas)
para 369.000 (64% acompanhadas) nesse mesmo período,
situando-se abaixo do percentual atingido no País. Das crian-
ças beneficiárias com perfil saúde, cinco milhões (73% do
total) foram acompanhadas no País, no segundo semestre de
2013. Dessas, quase a totalidade (99%) estava com o calen-
dário de vacinação em dia, e a maioria (86%) teve dados
nutricionais coletados. No Rio Grande do Sul, o percentual
de crianças monitoradas com a vacinação em dia foi igual ao
do País (99%) no período, e os dados nutricionais foram
coletados para 91% das crianças. Quanto às gestantes, no
último semestre de 2013, praticamente todas foram acompa-
nhadas (99% do total). Tanto no País quanto no Estado,
cumpriu-se o compromisso de realização em dia do pré-
-natal.
A condicionalidade da educação registrou a frequência
escolar de 15 milhões de crianças e adolescentes beneficiá-
rias do PBF no último bimestre de 2013. Desse total, 96,8%
cumpriram a frequência regular mínima (85%). No Rio
Grande do Sul, as crianças e os adolescentes acompanhados
somaram 459.000, e, desses, 93% tiveram a frequência mí-
nima exigida. Esse monitoramento contribuiu para a redução
do abandono e da evasão escolar. A taxa de permanência das
crianças beneficiárias do PBF na escola é maior em todos os
períodos escolares. Assim, há evidências de que o Programa
contribui para elevar a frequência à escola e para diminuir a
repetência dos alunos beneficiários.
Aliadas à transferência de renda, outras ações visam me-
lhorar a qualidade de vida da população mais vulnerável.
Dentre elas, destacam-se as políticas sociais de valorização
do salário mínimo, de acesso ao crédito e de geração de
emprego e renda. Um exemplo de inclusão da população
mais pobre no mundo do trabalho é o Programa Nacional de
Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec-BSM), que
visa qualificar pessoas de baixa renda, através de cursos
gratuitos, ministrados por Institutos Federais e instituições
do Sistema S. Até março de 2014, já haviam sido realizadas
um milhão de matrículas no País. Portanto, é necessário um
amplo conjunto de medidas para combater a pobreza de
maneira duradoura.
Isabel Rückert
Economista, Pesquisadora da FEE
7
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 .
A saúde no Rio Grande do Sul segundo o novo Idese
No mês de abril de 2014, a Fundação de Economia e Es-
tatística divulgou os resultados do novo Índice de Desenvol-
vimento Socioeconômico (Idese) para o período 2007-10. O
Índice passou por importante revisão metodológica e abarca
em sua versão atual três blocos de indicadores: Educação,
Renda e Saúde. As mudanças realizadas no Índice tornam-no
uma ferramenta mais confiável e precisa para subsidiar deci-
sões sobre a formulação de políticas públicas no Estado.
O Bloco Saúde do novo Idese é composto por três sub-
-blocos: saúde materno-infantil, condições gerais de saúde e
longevidade. A saúde materno-infantil é avaliada a partir da
taxa de mortalidade das crianças menores de cinco anos de
idade e da proporção de nascidos vivos cujas mães realiza-
ram sete ou mais consultas pré-natal. As condições gerais de
saúde são medidas pelo desempenho da taxa de mortalidade
por causas evitáveis e pela proporção de óbitos por causas
mal definidas. Por fim, a longevidade é aferida a partir da
taxa bruta de mortalidade padronizada.
Para o ano de 2010, o Idese apresentou um resultado 4%
superior ao obtido em 2007, passando de 0,699 para 0,727. O
Bloco Saúde contribuiu positivamente para o resultado do
Índice, tendo apresentado a melhor nota entre os três blocos
componentes do indicador em 2010. De fato, enquanto os
índices de Educação e Renda foram, para o ano citado, de
0,654 e 0,724, respectivamente, o Bloco Saúde obteve índice
de 0,803. No entanto, esse bloco foi o que apresentou menor
variação positiva: enquanto Educação e Renda melhoraram,
respectivamente, 4,2% e 6,1% entre 2007 e 2010, o desem-
penho do Bloco Saúde variou apenas 2,0% no mesmo perío-
do.
O resultado positivo do Bloco Saúde é devido, em gran-
de parcela, aos números bastante favoráveis para a longevi-
dade no Estado. O resultado do sub-bloco longevidade foi de
0,842. O sub-bloco saúde materno-infantil também apresen-
tou resultado positivo, com nota de 0,818. Dos três sub-
-blocos utilizados na avaliação da saúde no Estado, a pior
nota relacionou-se às condições gerais de saúde. Esse sub-
-bloco, que engloba indicadores de óbitos por causas mal
definidas e por causas evitáveis, registrou resultado de 0,749
para o ano de 2010. É importante salientar que o fato de o
Bloco Saúde ter apresentado números — de modo agrega-
do — positivos não significa que os serviços de saúde do
Estado gozem de excelência e que os gestores públicos po-
dem deixar de priorizar essa área. Ao contrário, o que se
observa é que a questão da qualidade do atendimento em
saúde ainda é bastante problemática no Estado, apesar da
escassez de indicadores confiáveis e abrangentes.
Um ponto que merece destaque na análise dos resultados
diz respeito a uma imagem distorcida que o leitor poderia
formar a partir do resultado agregado para o Estado. A afir-
mação de que o resultado do Bloco Saúde foi de 0,803 não
deixa transparecer as desigualdades existentes dentro do
Estado. Essas desigualdades são claramente visíveis dentro
da histórica divisão entre as Metades Sul e Norte do Rio
Grande do Sul. O mapa ao lado mostra a diferença entre
essas duas porções do Estado, no que diz respeito ao resulta-
do do Bloco Saúde para o ano de 2010. Percebe-se que os
municípios com as melhores notas estão concentrados, de
modo geral, na porção norte do Estado. Além disso, na re-
gião setentrional, estão localizados todos os municípios com
resultado superior a 0,900.
A tradicional divisão do Estado, em termos de desenvol-
vimento, entre Norte e Sul é também visível quando se divi-
de o Estado em mesorregiões. Em 2010, as mesorregiões que
apresentaram melhor desempenho foram a Nordeste (0,854)
e a Noroeste (0,826). Na outra ponta, os piores desempenhos
foram registrados nas regiões Sudoeste (0,766) e Sudeste
(0,774). Esse fenômeno não é exclusivo aos indicadores de
Saúde, repetindo-se também nos Blocos Renda e Educação.
Reiteradamente, a Metade Sul apresenta indicadores inferio-
res aos da Metade Norte. No período entre 2007 e 2010, as
regiões Sudeste e Sudoeste registraram melhoras no Bloco
Saúde superiores às alcançadas pelo Estado (2,1% e 2,4%
respectivamente, ante uma melhora de 2,0% nos números
agregados para todo o Estado). No entanto, esse desempenho
foi insuficiente para retirar ambas as regiões das piores posi-
ções no ranking estadual do Bloco Saúde.
O município que apresentou o melhor resultado para o
ano de 2010 está localizado na região do Alto Jacuí e trata-se
de um município pequeno: Lagoa dos Três Cantos. Sua nota
no Bloco Saúde foi 0,924. Os Municípios Santo Expedito do
Sul e Nova Bassano apresentaram números igualmente posi-
tivos, de 0,923 e 0,921 respectivamente. Esses são os três
municípios com melhores resultados no bloco. Por outro
lado, Lavras do Sul (0,666), Uruguaiana (0,694) e Itaqui
(0,711) foram os municípios que apresentaram as piores
notas no mesmo quesito. Quando consideramos apenas os
municípios com população superior a 100.000 habitantes, o
município que apresenta o melhor resultado é Bento Gonçal-
ves (0,893). Os Municípios de Caxias do Sul (0,853) e Santa
Cruz do Sul (0,845) vêm logo atrás, seguidos por Porto Ale-
gre (0,809). Por outro lado, Uruguaiana desponta com o pior
resultado em Saúde entre os municípios mais populosos
(0,694).
Idese, do Bloco Saúde, por municípios, no
Rio Grande do Sul — 2010
FONTE: FEE.
Thiago Felker Andreis*
Economista, Pesquisador da FEE
*
O autor agradece à Mariana Pessoa pela confecção do mapa.
Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6
8
Desenvolvimento regional do RS no contexto brasileiro
Recentemente, a Fundação de Economia e Estatística
revisou o dado preliminar do crescimento do Estado em
2013, que atingiu expressivos 6,3%, número bastante supe-
rior ao resultado para o Brasil como um todo, cujo cresci-
mento chegou a 2,3% no mesmo ano. A divulgação desse
número é acompanhada pela tão requisitada participação do
RS na produção total do Brasil, no ano passado, que teria
ficado em torno de 6,4%, recuperando o patamar de 2011. É
interessante a grande obsessão da sociedade e da mídia pelo
tamanho da fatia gaúcha no bolo brasileiro. Embora boa
parte do crescimento seja decorrente de uma “base fraca”,
resultado do retrocesso da economia gaúcha em 2012, pre-
tende-se demonstrar aqui que o desempenho de longo prazo
do Rio Grande do Sul, em comparação com o de outras uni-
dades da Federação, está longe de ser ruim, particularmente
quando se consideram as peculiaridades demográficas do
Estado e o papel do Rio Grande do Sul em uma nação ainda
muito desigual em seu território.
Com a atual participação no Produto Interno Bruto
(PIB) brasileiro, o Rio Grande do Sul é a quarta principal
economia do País, depois de São Paulo, Rio de Janeiro e
Minas Gerais, sendo seguido de perto por Paraná, na quinta
colocação, e Santa Catarina, um pouco mais distante, em
sexto lugar. No entanto, mais importante do que seu tamanho
absoluto, ao longo do período analisado, o Rio Grande do
Sul manteve um PIB per capita em um nível bastante supe-
rior à média brasileira, ao redor dos 16% após a estiagem de
2005, fenômeno que também impactou o Estado em 2012,
como indica o gráfico ao lado. Minas Gerais, por sua vez,
tem um PIB por habitante cerca de 10% inferior à média
brasileira, tendo chegado a ser 19% inferior em 2002. En-
quanto isso, São Paulo, que, em 2007, chegou a um PIBpc
56,7% superior à média nacional, e Rio de Janeiro, com um
máximo de 38,3% de superioridade sobre o país em 2006,
também apresentaram uma leve convergência em direção à
média brasileira, registrando, em 2011, uma superioridade de
50,8% e 33,4% respectivamente.
Portanto, cabe ressaltar que o Rio Grande do Sul per-
tence ao seleto grupo dos oito, dentre 27 unidades da Federa-
ção, que, em 2011, possuíam renda gerada per capita supe-
rior à média nacional, incluindo o Distrito Federal, que está
no topo da lista. A importância disso fica evidente frente ao
tamanho da desigualdade territorial brasileira, em que 13
unidades da Federação, naquele ano, apresentavam uma pro-
dução anual por habitante mais de 40% inferior à média do
País. Isso mostra como o Rio Grande do Sul já se encontra,
há muitos anos, entre os estados brasileiros com maior pro-
dutividade média, o que também se reflete nos seus indica-
dores de desenvolvimento e qualidade de vida, em geral.
Estando o RS em uma condição relativamente mais
avançada, supõe-se que o crescimento puxado pelos ganhos
de produtividade é mais lento do que nos estados mais po-
bres, e a expansão do PIB regional passa a depender mais da
velocidade com que aumentam os fatores produtivos, como é
o caso da mão de obra. Nesse quesito, no entanto, o cresci-
mento gaúcho é muito inferior ao do resto do País. Entre
2002 e 2011, a população do Rio Grande do Sul apresentou
uma taxa de crescimento de cerca de um terço da verificada
na população brasileira e de quase a metade do crescimento
demográfico dos demais estados apresentados no gráfico
(com exceção de Santa Catarina, cuja população cresceu
ainda mais do que a brasileira).
Na corrida pelo desenvolvimento, é desejável que aque-
las regiões do território nacional que possuem um nível infe-
rior de produtividade média logrem alcançar aqueles estados
que hoje se encontram na frente, desde que estes não estejam
ficando mais pobres. É com esse enfoque que uma série de
programas do Governo Federal vem atuando nos últimos 15
anos, em particular no âmbito do Plano Nacional de Desen-
volvimento Regional. Esses programas atuam buscando
“reduzir as desigualdades regionais e ativar os potenciais de
desenvolvimento das regiões no País”. Se a fatia relativa dos
mais ricos diminui e sua renda por habitante está mais pró-
xima da média brasileira, isso é sinal de sucesso e não o
contrário. No entanto, essa conclusão vale apenas quando
olhamos o Brasil como uma nação, e não como um emara-
nhado de unidades federadas que competem entre si, como
de praxe.
Diferença entre o Produto Interno Bruto per capita de estados
selecionados e a média do Brasil — 2002 a 2011
SP
PR
RJ
SC
RS
MG
-20,00%
-10,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
FONTE DOS DADOS BRUTOS: IBGE-Contas Regionais.
NOTA: Os dados do Rio Grande do Sul para 2012 e 2013 são
baseados em estimativas preliminares, que serão revistas pa-
ra a compatibilização com os demais Estados.
Tomás Pinheiro Fiori
Economista, Pesquisador da FEE
CARTA DE CONJUNTURA FEE (elaborada com informações até 05.06.14).
ISSN 1517-7262
A Carta de Conjuntura FEE é uma publicação mensal de responsabilidade dos editorialistas. As opiniões não exprimem um posicionamento oficial da
FEE ou da Secretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã.
Presidente: Adalmir Antonio Marquetti
Diretor Técnico: André Luis Forti Scherer
Diretor Administrativo: Roberto Pereira da Rocha
Conselho Editorial: André Luis Forti Scherer, Ce-
cília Rutkoski Hoff, Fernando Maccari Lara, Renato
Antônio Dal Maso, Míriam De Toni e Martinho Ro-
berto Lazzari.
Núcleo de Dados: Renan Xavier Cortes.
Editoração: Susana Kerschner (revisão) e Jadir
Vieira Espinosa (diagramação).
Fundação de Economia e Estatística
Siegfried Emanuel Heuser
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carta de conjuntura fee ano 23 n.6. jun.-2014

  • 1. ] Conexões entre a agricultura brasileira e a indústria gaúcha Em se tratando da análise do desempenho recente da economia do RS, talvez o mantra mais repetido entre os eco- nomistas seja o de que “quando a agropecuária gaúcha vai bem, a economia gaúcha vai bem (e vice-versa)”. Mais espe- cificamente, enfatiza-se que a ampliação da participação do RS na renda nacional está condicionada ao avanço do produ- to da agropecuária local. Essa máxima vigorou em 12 dos últimos 13 anos e promete repetir-se em 2014. As razões dessa interdependência são bastante conheci- das. Apesar de participar com menos de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho, o campo origina significativa parcela das matérias-primas utilizadas pela indústria de transformação do Estado (alimentos, fumo, biocombustí- veis). Além do mais, a agropecuária constitui-se em impor- tante atividade demandante de bens industriais (insumos, máquinas, armazéns) e serviços de distribuição e transporte que são produzidos localmente. Por tudo isso, estima-se que o agronegócio responda por cerca de um terço da renda do Estado. Porém os recorrentes altos e baixos do PIB gaúcho, as- sociados às variações do produto da agropecuária em mo- mentos de recuperação e quebra da safra, revelam apenas parte da dependência do Estado em relação ao agronegócio. Por sua importância para a produção de grãos, até a década de 80 do século XX o RS foi conhecido como celeiro do País. Desde então, a fronteira agrícola avançou mais em outras regiões, principalmente nas áreas do Cerrado, e o Estado perdeu protagonismo. Essa mudança não foi tão impactante para a economia local, em parte, porque a indústria gaúcha de máquinas e equipamentos para o agronegócio, nascida para atender ao mercado regional, aproveitou o estímulo gerado pela expan- são da produção agrícola nacional. Nos últimos 10 anos, o Valor Bruto da Produção agrícola do Brasil aumentou 140%, em um cenário marcado pela alta dos preços internacionais das commodities agrícolas, pelo avanço da área plantada e por substanciais ganhos de produtividade. A resultante capi- talização do produtor rural, aliada à melhoria das condições de crédito ofertadas para a compra de máquinas e equipa- mentos, gerou transbordamentos para a indústria gaúcha. No Estado, estão presentes três Aglomerações Produti- vas (AP) industriais, especializadas no fornecimento de pro- dutos para distintas etapas das atividades agropecuárias e agroindustriais regionais e nacionais. A região dos Coredes Alto Jacuí e Produção destaca-se pela oferta de produtos voltados à preparação do solo, à plantação e ao cultivo agrí- cola (AP Pré-Colheita). Na Fronteira Noroeste, encontra-se a tradicional indústria de colheitadeiras (AP Colheita), e, com- pletando o mix industrial, no Noroeste Colonial, está concen- trada a produção de equipamentos de armazenagem, seca- gem, limpeza, movimentação e controle de cereais (AP Pós- -Colheita). Para se ter ideia da importância dessas atividades, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o peso das mesmas na indústria de máquinas e equi- pamentos do RS é superior a 50%. Em 2013, a produção nacional de máquinas agrícolas atingiu a marca histórica de 100.000 unidades, tendo o Esta- do participado com 43,7% desse total. Esse crescimento da demanda nacional por bens de capital destinados a agricultu- ra contribuiu decisivamente para o avanço de 62,2% na in- dústria gaúcha de máquinas e equipamentos entre 2003 e 2013. No mesmo período, a indústria de transformação do RS cresceu apenas 12,8%. Assim, se é inegável que a economia gaúcha depende da agropecuária local, também se fortalece a percepção de que o avanço da indústria gaúcha está cada vez mais atrelado ao desempenho da agricultura nacional. No médio prazo, a expansão da renda agrícola brasileira deve manter-se, geran- do oportunidades de crescimento para a indústria. Ainda que os recordes de 2013 não se devam repetir nesse ano, a reto- mada do Programa Moderfrota (BNDES), anunciada no final de maio, e a implementação do Plano Nacional de Armaze- nagem, são medidas que podem dar fôlego adicional para o setor no RS. Índices do Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola e da produção de máquinas e equipamentos no Brasil e índice da produção de máquinas agrícolas no RS — 2003-13 60 90 120 150 180 210 240 270 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Máquinas e equipamentos - RS VBP agrícola - Brasil Máquinas agrícolas - Brasil Legenda: FONTE: ANFAVEA, IBGE (PIM-PF) e MAPA. NOTA: Os índices têm como base 2003 = 100. Rodrigo D. Feix Economista, Pesquisador da FEE GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Secretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuser ANO 23 Nº 6 Junho de 2014 Carta de Conjuntura FEE
  • 2. Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 2 Tenha acesso a esta e a outras publicações em www.fee.rs.gov.br Emprego formal: sinais de desaceleração Os efeitos da desaceleração da atividade econômica so- bre o mercado de trabalho formal já começam a se tornar visíveis neste primeiro quartel do ano. Embora se mantenha a trajetória ascendente do emprego, o ritmo de expansão diminuiu sensivelmente. A frágil geração de postos no Brasil evidencia-se nos resultados dos meses de março e abril de 2014, que foram os piores para esses meses desde 1999. Em março, o saldo entre admissões e desligamentos (sem ajus- tes) foi de apenas 13.117, enquanto, no mesmo mês de 2013, havia sido de 112.450. Em abril, o saldo foi de 105.384 pos- tos frente a 196.913 em abril do ano anterior. No quadrimes- tre (janeiro a abril de 2014), na série com ajustes, verificou- -se um aumento de 458.145 pessoas no estoque de emprega- dos, um crescimento inferior ao registrado no primeiro qua- drimestre de 2013 (549.064). É o setor de serviços que tem assegurado a geração de emprego com carteira, respondendo por um pouco mais da metade do contingente acrescido nos primeiros quatro meses de 2014, seguido, à distância, pela indústria de transformação e pela construção civil. A dinâmi- ca da geração de vagas liderada pelo setor serviços — que, tradicionalmente, tem baixa produtividade, trabalhadores com menor escolaridade e salários inferiores aos de boa parte dos demais setores — está refletindo a atual conjuntura ma- croeconômica de escasso crescimento e rendimentos em desaceleração. Em que pese o resultado positivo da indústria no qua- drimestre, no mês de abril só esse setor perdeu empregados (-3.427 contra 40.603 em abril 2013), configurando uma situação inédita para o mesmo que, desde 2001, pelo menos, não suprimia postos em abril. Um comportamento totalmente fora do padrão sazonal que pode ser interpretado como um processo de ajustes das empresas a um contínuo baixo cres- cimento do PIB. Possivelmente, os empresários que estavam evitando demitir, esperando a recuperação econômica no curto prazo, não estejam mais dispostos a “segurar” o em- prego. No ranking da geração de empregos, o Rio Grande do Sul destacou-se no mês de março de 2014 (saldo de 13.708), ocupando o segundo lugar, atrás de São Paulo. Já em abril, passou para a sexta posição (8.589), com São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Goiás à frente. No Rio Grande do Sul, como acontece no Brasil, os saldos líquidos do emprego no presente ano são menores do que os encon- trados em 2013. Diferentemente do agregado nacional, no Estado é a indústria de transformação a responsável por quase a metade das vagas acrescidas no período de janeiro a abril de 2014, seguida pelo setor serviços e pela construção civil. No mês de abril, ao contrário do observado no País, o emprego na indústria de transformação gaúcha ainda teve fôlego para crescer (2.100 vagas), graças à indústria da bor- racha, fumo, couros e peles, responsável por grande parte dos postos criados (2.135). Um fenômeno interessante a ser observado é o compor- tamento recente do emprego formal no conjunto das nove áreas metropolitanas (Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre), que mostrou um resultado aquém ao do interior dos estados desses aglomerados urbanos. Os dados de março e abril de 2014 são ilustrativos: enquanto, nas áreas metropoli- tanas, o emprego ficou praticamente estável em março e cresceu 0,16% em abril; no interior, expandiu-se 0,19% (março) e 0,43% (abril). O mesmo movimento pode ser detectado no ano de 2013, em que o interior do Brasil ultra- passou as áreas metropolitanas e criou mais empregos com carteira assinada. Um dos fatores apontados por alguns ana- listas para explicar essa situação é a política de reajuste real do salário mínimo, uma vez que as cidades menores costu- mam depender mais do mínimo para manter a economia local aquecida. Pode-se esperar que o mercado de trabalho persiga uma trajetória de acomodação até, pelo menos, o final do primeiro semestre de 2014, com baixo nível de desemprego e desace- leração moderada na criação de vagas formais. As sensíveis quedas observadas na População Economicamente Ativa (PEA), nos primeiros meses de 2014, indicam ser pouco provável que ela volte a crescer e a pressionar a taxa de de- socupação ao longo do ano. Saldo entre admitidos e desligados no primeiro quadrimestre do ano, por setores de atividade selecionados, no Brasil e no Rio Grande do Sul — 2013 e 2014 INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO CONSTRUÇÃO CIVIL COMÉRCIO SERVIÇOS ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AGROPECUÁRIA TOTALESTADO E PAÍS 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 2013 2014 Brasil ..... 153.975 98.576 121.013 75.725 -41.811 -60.587 265.278 295.932 25.157 21.763 15.889 20.859 549.064 458.145 RS ......... 38.427 27.843 7.700 7.723 4.035 2.123 23.533 19.300 814 356 2.243 1.642 77.122 59.686 FONTE: MTE/Caged, Lei 4.923/65. NOTA: Série com ajustes; inclui as informações enviadas fora do prazo. Maria Isabel Herz da Jornada Socióloga, Pesquisadora da FEE Carta de Conjuntura FEE
  • 3. 3 Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 . Redução do spread bancário: sim, mas por quanto tempo? O mês de setembro de 2011 marcou o início de um ciclo de redução da taxa básica de juros por parte do Banco Cen- tral (Bacen). Naquele momento, a instituição percebeu sinais de que a crise internacional não seria superada rapidamente, e os impactos sobre a economia brasileira poderiam ser ame- nizados com a redução da taxa de juros. Tal processo levou a Selic a 7,25% a.a. em outubro de 2012, trazendo a taxa de juros real ao menor nível da história. No entanto, o Bacen não foi capaz de sustentar a redução. As pressões inflacioná- ria e política convergiram para o início de um ciclo de au- mento em abril de 2013, encerrado apenas no último mês. Nesse ínterim, o ciclo de redução da Selic foi acompa- nhado por um movimento de redução do spread bancário. É válido relembrar que tal dinâmica foi iniciada pelas institui- ções públicas de crédito em março de 2012. Após o ciclo de aumento da Selic, questiona-se: até que ponto a redução do spread pode ser considerada uma conquista mais duradoura? Tendo como base os níveis de agosto de 2011, o gráfico mostra que, enquanto a taxa básica de juros esteve 12% me- nor que a de antes do início do ciclo de redução, o spread médio foi 17% menor. Ou seja, as taxas de juros cobradas no mercado ainda não teriam repassado todo o aumento da Se- lic, mantendo o spread menor. Contudo é interessante diferenciar o spread conforme o tipo de empréstimo. Nesse caso, percebe-se que o spread médio do crédito com recursos direcionados manteve um patamar 28% inferior ao nível de agosto de 2011. Por outro lado, o derivado de recursos livres apresentou maior resis- tência à queda e recompôs-se rapidamente, resultando em um nível 8% menor do que aquele ao início do período. Considerando-se o maior peso das instituições públicas no crédito direcionado, fica evidente que a redução do spread médio ainda depende da ação governamental para manter-se. A Selic cedeu. Resta saber por quanto tempo os bancos públicos irão sustentar esses níveis de spread. Taxa Selic e spread médio total, com recursos livres e com recursos direcionados, no Brasil — ago./2011-abr./2014 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00 100,00 110,00 Ago./11 Out./11 Dez./11 Fev./12 Abr./12 Jun./12 Ago./12 Out./12 Dez./12 Fev./13 Abr./13 Jun./13 Ago./13 Out./13 Dez./13 Fev./14 Abr./14 Selic ao fim do período Spread - recursos livres Spread - total do crédito Spread - recursos direcionados Legenda: FONTE: Bacen. NOTA: Os índices têm como base ago./2011 = 100. Bruno Paim Economista, Pesquisador da FEE Evolução da arrecadação de ICMS em 2014 A arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Merca- dorias e Serviços (ICMS), de janeiro a abril de 2014, che- gou a R$ 8,2 bilhões, com uma taxa de crescimento real de 4,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve uma melhora na maioria dos setores da economia gaúcha, com destaque para a arrecadação do ICMS da indústria de transformação, que cresceu 2,6% de janeiro a abril de 2014 em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse setor, que concentra quase a metade do total do ICMS arrecadado no Estado, originou um montante de cerca de R$ 4 bilhões de ICMS no quadrimestre. Tal desempenho pode ser identi- ficado também com os dados do índice de base fixa da pro- dução industrial mensal do Rio Grande do Sul, calculada pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, que, no acumulado dos três primeiros meses de 2014, teve um au- mento de 3,2% em relação ao ano anterior. Outro setor que merece destaque é o comércio atacadista, que registrou um aumento de 11,6% na arrecadação no quadrimestre, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. Apenas dois setores apresentaram queda. O primeiro foi a indústria de beneficiamento, que arrecadou R$ 256 milhões de janeiro a abril de 2014, um desempenho 1,7% abaixo do observado no ano anterior. O segundo foi o de serviços e outros, com uma arrecadação de R$ 774 milhões, também 1,7% menor do que a registrada no mesmo período de 2013. Entretanto, o montante arrecadado por esses dois setores (indústria de beneficiamento e serviços e outros) é de R$ 1 bilhão, o que representa somente 25% do total obtido pela indústria. Estima-se que o desempenho da arrecadação do ICMS continue com essa tendência positiva ao longo dos demais meses de 2014, sendo reforçado pelo esperado cres- cimento da economia gaúcha. Isso acontecendo, há a possibi- lidade de reduzir-se o déficit orçamentário do Rio Grande do Sul, que, em 2013, chegou a R$ 1,4 bilhão. Arrecadação do ICMS, por setores, no Rio Grande do Sul — jan.-abr./2013 e jan.-abr./2014 SETORES DA ECONOMIA JAN-ABR/13 (R$ 1.000) JAN-ABR/14 (R$ 1.000) VARIAÇÃO % Indústria de transformação 3.899 3.998 2,6 Indústria de beneficiamento 260 256 -1,7 Comércio atacadista ........... 1.910 2.132 11,6 Comércio varejista .............. 752 776 3,2 Serviços e outros ................ 788 774 -1,7 Outros setores (1) ................ 201 240 19,9 Total ..................................... 7.810 8.177 4,7 FONTE: Estado do Rio Grande do Sul. Fundação de Economia e Estatística. FONTE: Arrecadação do ICMS por setores. Disponível em: FONTE: <http://www.fee.tche.br>. Acesso em: 22.05.2014. NOTA: Os valores do ICMS estão a preços de 1º de maio de 2014 e foram deflacionados pelo IGP-DI. (1) Abrangem produção animal e extração vegetal, indústria extrativa mineral, indústria de montagem e indústria de acondicionamento e recondicionamento. Alfredo Meneghetti Neto Economista, Pesquisador da FEE
  • 4. Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 4 Tabela 1 Taxas de variação do IPCA e do IGP-M no Brasil — nov./13-abr./14 (%) IPCA IGP-M MESES No Mês No Ano Acumulada em 12 Meses No Mês No Ano Acumulada em 12 Meses Nov./13 0,54 4,95 5,77 0,29 4,90 5,61 Dez./13 0,92 5,91 5,91 0,60 5,53 5,53 Jan./14 0,55 0,55 5,59 0,48 0,48 5,67 Fev./14 0,69 1,24 5,68 0,38 0,86 5,77 Mar./14 0,92 2,18 6,15 1,67 2,55 7,31 Abr./14 0,67 2,86 6,28 0,78 3,35 7,98 FONTE: IBGE. FONTE: Fundação Getúlio Vargas. Gráfico 1 Produção física industrial no Brasil e no Rio Grande do Sul — jan./09-fev./14 Gráfico 2 Volume de vendas do comércio varejista no Brasil e no Rio Grande do Sul — jan./09-mar./14 80 90 100 110 120 130 140 Jan./09 Abr./09 Jul./09 Out./09 Jan./10 Abr./10 Jul./10 Out./10 Jan./11 Abr./11 Jul./11 Out./11 Jan./12 Abr./12 Jul./12 Out./12 Jan./13 Abr./13 Jul./13 Out./13 Jan./14 Índice Brasil RSLegenda: 80 100 120 140 160 180 200 220 Jan./09 Abr./09 Jul./09 Out./09 Jan./10 Abr./10 Jul./10 Out./10 Jan./11 Abr./11 Jul./11 Out./11 Jan./12 Abr./12 Jul./12 Out./12 Jan./13 Abr./13 Jul./13 Out./13 Jan./14 Índice Brasil RS Legenda: FONTE: IBGE. Pesquisa Industrial Mensal — Produção Física. NOTA: 1. Média móvel trimestral do índice de base fixa mensal com ajuste sazonal. 2. Os índices têm como base a média de 2002 = 100. FONTE: IBGE. Pesquisa Mensal de Comércio. NOTA: 1. Média móvel trimestral do índice de base fixa mensal com ajuste sazonal. 2. Os índices têm como base a média de 2002 = 100. Tabela 2 Indicadores selecionados da economia brasileira — nov./13-abr./14 NO MÊS INDICADORES SELECIONADOS Nov./13 Dez./13 Jan./14 Fev./14 Mar./14 Abr./14 NO ANO (1) EM 12 MESES (1) Taxa de câmbio (US$) (2) .................. 2,30 2,35 2,38 2,38 2,33 2,23 2,33 2,27 Taxa de câmbio efetiva real (3) .......... 94,8 96,3 97,1 96,6 92,9 88,7 93,8 93,3 Taxa básica de juros (% a.a.) (4) ....... 10,00 10,00 10,50 10,75 10,75 11,00 10,75 9,58 Superávit primário (% do PIB) ............ -6,8 -2,5 -4,9 -0,5 -0,9 -4,0 -2,6 -1,9 Balança comercial (US$ milhões) ...... 1.739 2.652 -4.059 -2.125 112 506 -5.566 3.131 Exportações (US$ milhões) ........... 20.861 20.846 16.026 15.934 17.628 19.724 69.312 240.023 Importações (US$ milhões) ........... -19.123 -18.194 -20.085 -18.059 -17.516 -19.218 -74.878 -236.892 Transações correntes (US$ milhões) -5.104 -8.636 -11.539 -7.398 -6.247 -8.291 -33.476 -81.611 FONTE: Banco Central do Brasil. (1) Valores médios da taxa de câmbio, do índice da taxa de câmbio efetiva real e da taxa básica de juros; resultado acumulado para os demais. (2) Taxa de câmbio livre do dólar norte-americano (compra e venda) média do período (R$/US$). (3) Índice da taxa de câmbio efetiva real (IPCA), jun./94 = 100. (4) Taxa vigente no último dia útil do mês.
  • 5. 5 Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 . Gráfico 3 Taxa de desemprego total no Brasil e no Rio Grande do Sul — nov./13-abr./14 Gráfico 4 Taxa de variação da arrecadação do ICMS no Rio Grande do Sul — jan./10-abr./14 9,5 9,3 9,5 10,3 11,0 11,1 6,2 6,1 5,7 5,6 6,0 6,1 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 Nov./13 Dez./13 Jan./14 Fev./14 Mar./14 Abr./14 Brasil RSLegenda: (%) 0 5 10 15 20 Jan./10 Abr./10 Jul./10 Out./10 Jan./11 Abr./11 Jul./11 Out./11 Jan./12 Abr./12 Jul./12 Out./12 Jan./13 Abr./13 Jul./13 Out./13 Jan./14 Abr./14 (%) FONTE: PED-RMPA - Convênio FEE, FGTAS, SEADE, DIEESE e a- poio MTE/FAT. NOTA: 1. Brasil corresponde ao total das Regiões Metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo e o Distrito Federal. 2. Rio Grande do Sul corresponde apenas à Região Metropoli- tana de Porto Alegre. FONTE: Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul. NOTA: Variação acumulada em 12 meses. Tabela 3 Exportações do Brasil e do Rio Grande do Sul — nov.-abr./14 VARIAÇÃO ACUMULADA NO ANO (%)EXPORTAÇÕES ACU- MULADAS NO ANO (US$ FOB milhões) Valor Volume PreçoMESES RS Brasil PARTICIPAÇÃO RS/BR (%) RS Brasil RS Brasil RS Brasil Nov./13 23.933 221.333 10,8 46,9 -0,7 17,7 3,5 24,5 -4,0 Dez./13 25.094 242.179 10,4 44,3 -0,2 16,8 4,1 22,6 -4,1 Jan./14 1.077 16.026 6,7 4,0 0,4 -14,6 3,6 21,8 -3,2 Fev./14 2.096 31.960 6,6 -1,0 1,4 -14,9 7,1 16,3 -5,3 Mar./14 3.249 49.588 6,6 -8,0 -2,5 -20,6 2,9 16,0 -5,2 Abr./14 4.905 69.312 7,1 -6,8 -3,0 -20,1 3,6 16,5 -6,3 FONTE DOS DADOS BRUTOS: MDIC/Sistema Alice. Gráfico 5 Taxa de variação do PIB, acumulada em quatro trimestres, no Brasil e no Rio Grande do Sul — 1º trim./09-1º trim./14 Gráfico 6 Estimativa de crescimento da lavoura e de suas principais cultu- ras no Rio Grande do Sul — abr./14 -0,3 7,5 2,7 1,0 2,5 -0,4 6,7 5,1 -1,4 6,3 -4,0 0,0 4,0 8,0 12,0 1ºtrim. 2ºtrim. 3ºtrim. 4ºtrim. 1ºtrim. 2ºtrim. 3ºtrim. 4ºtrim. 1ºtrim. 2ºtrim. 3ºtrim. 4ºtrim. 1ºtrim. 2ºtrim. 3ºtrim. 4ºtrim. 1ºtrim. 2ºtrim. 3ºtrim. 4ºtrim. 1ºtrim. 2009 2010 2011 2012 2013 14 PIB do Brasil PIB do RS PIB trimestral (Brasil) PIB trimestral (RS) (%) :Legenda -24,3 2,8 1,0 -5,0 6,5 4,7 0,8 -25,0 -5,0 15,0 (%)Trigo Mandioca Milho Fumo Arroz Soja Total da lavoura FONTE: Levantamento Sistemático da FONTE: Produção Agrícola. FONTE: FEE/CIE/NIS. FONTE: IBGE. Contas Nacionais Trimestrais. FONTE: FEE/CIE/NIS. Legenda:
  • 6. Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 6 Os rumos do Programa Bolsa Família O Programa Bolsa Família (PBF), desde que foi criado, em outubro de 2003, vem registrando avanços significativos. Quando o Governo Federal lançou o Plano Brasil Sem Misé- ria (BSM), em julho de 2011, com o intuito de superar a condição de extrema pobreza, incluiu como um dos seus eixos o de garantia de renda, inserindo o PBF como um pro- grama fundamental para atingir esse objetivo. O PBF sofreu alterações importantes nos últimos anos. Em 2011, houve a ampliação do número de beneficiários e dos valores transferidos. Em mar./11, ocorreram reajustes diferenciados para cada tipo de benefício (o maior reajuste, de 45%, foi para o benefício variável para crianças e adoles- centes de zero a 15 anos). Além disso, ampliou-se o limite dos benefícios variáveis de três para cinco, por família. Também foram criados dois novos benefícios, o Benefício Variável à Nutriz (BVN) e o Benefício Variável à Gestante (BVG). Ampliando os benefícios do PBF, o Governo Federal lançou o Programa Brasil Carinhoso em maio de 2012, foca- lizado nas famílias extremamente pobres com crianças de até seis anos, que passaram a receber um reforço monetário, de valor variável de acordo com cada família, para completar R$ 70 mensais per capita. Em novembro de 2012, o Progra- ma foi estendido para as famílias com crianças de sete a 15 anos e, no mês de fevereiro de 2013, passou a incluir todas as pessoas beneficiárias do PBF. A complementação de renda também foi realizada pelos estados. No Rio Grande do Sul, no ano de 2011, foi criado o Programa Estadual de Erradicação da Pobreza Extrema — “RS Mais Igual”, com o objetivo de reduzir os índices de vulnerabilidade econômica e social e incluir a população em situação de pobreza extrema na rede de políticas públicas. Esse programa iniciou repassando R$ 50 às famílias benefi- ciárias do PBF cuja renda per capita mensal fosse inferior a R$ 70. Em abril de 2013, ocorreu uma repactuação da com- plementação, que ampliou esse limite e garantiu uma renda mensal de R$ 100 per capita para os beneficiários do PBF com crianças de até seis anos de idade. Até março de 2014, o Programa já beneficiou 70.000 famílias no Estado. O PBF repassa quatro tipos de benefícios, os quais so- frerão reajustes de 10% a partir de junho de 2014. O Benefí- cio Básico, pago para famílias com renda per capita igual ou inferior a R$ 70, passará para R$ 77. O Benefício Variável, pago por criança ou adolescente de zero a 15 anos, gestantes e/ou nutrizes, limitado a cinco benefícios por família, subirá de R$ 32 para R$ 35, até o limite de R$ 175 mensais por família. O Benefício Variável vinculado ao adolescente até 17 anos passará de R$ 38 para R$ 42 mensais, até o limite de R$ 84 mensais por família. Considerando-se estes últimos reajustes, o benefício médio do conjunto dos beneficiários do PBF, que alcançou R$ 150 mensais no mês de abril de 2014, deverá atingir R$ 167 a partir de junho desse ano. O montante de recursos transferidos pelo PBF represen- tou o equivalente a 0,5 % do PIB em 2013, o que é um per- centual pequeno, dado o elevado número de beneficiários (14 milhões de famílias). O PBF está atrelado a condicionalidades — os com- promissos assumidos pelas famílias beneficiárias na área de saúde, educação e assistência social —, que devem ser cum- pridas para que continuem a receber o benefício. A despeito de críticas iniciais à utilização de condicionalidades, o con- trole sobre as mesmas vem-se expandindo e sendo aperfei- çoado, devendo gerar efeitos positivos no médio e no longo prazo. Em 2006, do total de nove milhões de famílias benefi- ciárias com perfil saúde (que abrange crianças de até sete anos e mulheres de 14 a 44 anos), 36% foram acompanha- das. No segundo semestre de 2013, as famílias beneficiárias já somavam 11,8 milhões e foram acompanhadas 8,7 mi- lhões (73%). No Rio Grande do Sul, o número de famílias com perfil saúde subiu de 265.000 (35% acompanhadas) para 369.000 (64% acompanhadas) nesse mesmo período, situando-se abaixo do percentual atingido no País. Das crian- ças beneficiárias com perfil saúde, cinco milhões (73% do total) foram acompanhadas no País, no segundo semestre de 2013. Dessas, quase a totalidade (99%) estava com o calen- dário de vacinação em dia, e a maioria (86%) teve dados nutricionais coletados. No Rio Grande do Sul, o percentual de crianças monitoradas com a vacinação em dia foi igual ao do País (99%) no período, e os dados nutricionais foram coletados para 91% das crianças. Quanto às gestantes, no último semestre de 2013, praticamente todas foram acompa- nhadas (99% do total). Tanto no País quanto no Estado, cumpriu-se o compromisso de realização em dia do pré- -natal. A condicionalidade da educação registrou a frequência escolar de 15 milhões de crianças e adolescentes beneficiá- rias do PBF no último bimestre de 2013. Desse total, 96,8% cumpriram a frequência regular mínima (85%). No Rio Grande do Sul, as crianças e os adolescentes acompanhados somaram 459.000, e, desses, 93% tiveram a frequência mí- nima exigida. Esse monitoramento contribuiu para a redução do abandono e da evasão escolar. A taxa de permanência das crianças beneficiárias do PBF na escola é maior em todos os períodos escolares. Assim, há evidências de que o Programa contribui para elevar a frequência à escola e para diminuir a repetência dos alunos beneficiários. Aliadas à transferência de renda, outras ações visam me- lhorar a qualidade de vida da população mais vulnerável. Dentre elas, destacam-se as políticas sociais de valorização do salário mínimo, de acesso ao crédito e de geração de emprego e renda. Um exemplo de inclusão da população mais pobre no mundo do trabalho é o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec-BSM), que visa qualificar pessoas de baixa renda, através de cursos gratuitos, ministrados por Institutos Federais e instituições do Sistema S. Até março de 2014, já haviam sido realizadas um milhão de matrículas no País. Portanto, é necessário um amplo conjunto de medidas para combater a pobreza de maneira duradoura. Isabel Rückert Economista, Pesquisadora da FEE
  • 7. 7 Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 . A saúde no Rio Grande do Sul segundo o novo Idese No mês de abril de 2014, a Fundação de Economia e Es- tatística divulgou os resultados do novo Índice de Desenvol- vimento Socioeconômico (Idese) para o período 2007-10. O Índice passou por importante revisão metodológica e abarca em sua versão atual três blocos de indicadores: Educação, Renda e Saúde. As mudanças realizadas no Índice tornam-no uma ferramenta mais confiável e precisa para subsidiar deci- sões sobre a formulação de políticas públicas no Estado. O Bloco Saúde do novo Idese é composto por três sub- -blocos: saúde materno-infantil, condições gerais de saúde e longevidade. A saúde materno-infantil é avaliada a partir da taxa de mortalidade das crianças menores de cinco anos de idade e da proporção de nascidos vivos cujas mães realiza- ram sete ou mais consultas pré-natal. As condições gerais de saúde são medidas pelo desempenho da taxa de mortalidade por causas evitáveis e pela proporção de óbitos por causas mal definidas. Por fim, a longevidade é aferida a partir da taxa bruta de mortalidade padronizada. Para o ano de 2010, o Idese apresentou um resultado 4% superior ao obtido em 2007, passando de 0,699 para 0,727. O Bloco Saúde contribuiu positivamente para o resultado do Índice, tendo apresentado a melhor nota entre os três blocos componentes do indicador em 2010. De fato, enquanto os índices de Educação e Renda foram, para o ano citado, de 0,654 e 0,724, respectivamente, o Bloco Saúde obteve índice de 0,803. No entanto, esse bloco foi o que apresentou menor variação positiva: enquanto Educação e Renda melhoraram, respectivamente, 4,2% e 6,1% entre 2007 e 2010, o desem- penho do Bloco Saúde variou apenas 2,0% no mesmo perío- do. O resultado positivo do Bloco Saúde é devido, em gran- de parcela, aos números bastante favoráveis para a longevi- dade no Estado. O resultado do sub-bloco longevidade foi de 0,842. O sub-bloco saúde materno-infantil também apresen- tou resultado positivo, com nota de 0,818. Dos três sub- -blocos utilizados na avaliação da saúde no Estado, a pior nota relacionou-se às condições gerais de saúde. Esse sub- -bloco, que engloba indicadores de óbitos por causas mal definidas e por causas evitáveis, registrou resultado de 0,749 para o ano de 2010. É importante salientar que o fato de o Bloco Saúde ter apresentado números — de modo agrega- do — positivos não significa que os serviços de saúde do Estado gozem de excelência e que os gestores públicos po- dem deixar de priorizar essa área. Ao contrário, o que se observa é que a questão da qualidade do atendimento em saúde ainda é bastante problemática no Estado, apesar da escassez de indicadores confiáveis e abrangentes. Um ponto que merece destaque na análise dos resultados diz respeito a uma imagem distorcida que o leitor poderia formar a partir do resultado agregado para o Estado. A afir- mação de que o resultado do Bloco Saúde foi de 0,803 não deixa transparecer as desigualdades existentes dentro do Estado. Essas desigualdades são claramente visíveis dentro da histórica divisão entre as Metades Sul e Norte do Rio Grande do Sul. O mapa ao lado mostra a diferença entre essas duas porções do Estado, no que diz respeito ao resulta- do do Bloco Saúde para o ano de 2010. Percebe-se que os municípios com as melhores notas estão concentrados, de modo geral, na porção norte do Estado. Além disso, na re- gião setentrional, estão localizados todos os municípios com resultado superior a 0,900. A tradicional divisão do Estado, em termos de desenvol- vimento, entre Norte e Sul é também visível quando se divi- de o Estado em mesorregiões. Em 2010, as mesorregiões que apresentaram melhor desempenho foram a Nordeste (0,854) e a Noroeste (0,826). Na outra ponta, os piores desempenhos foram registrados nas regiões Sudoeste (0,766) e Sudeste (0,774). Esse fenômeno não é exclusivo aos indicadores de Saúde, repetindo-se também nos Blocos Renda e Educação. Reiteradamente, a Metade Sul apresenta indicadores inferio- res aos da Metade Norte. No período entre 2007 e 2010, as regiões Sudeste e Sudoeste registraram melhoras no Bloco Saúde superiores às alcançadas pelo Estado (2,1% e 2,4% respectivamente, ante uma melhora de 2,0% nos números agregados para todo o Estado). No entanto, esse desempenho foi insuficiente para retirar ambas as regiões das piores posi- ções no ranking estadual do Bloco Saúde. O município que apresentou o melhor resultado para o ano de 2010 está localizado na região do Alto Jacuí e trata-se de um município pequeno: Lagoa dos Três Cantos. Sua nota no Bloco Saúde foi 0,924. Os Municípios Santo Expedito do Sul e Nova Bassano apresentaram números igualmente posi- tivos, de 0,923 e 0,921 respectivamente. Esses são os três municípios com melhores resultados no bloco. Por outro lado, Lavras do Sul (0,666), Uruguaiana (0,694) e Itaqui (0,711) foram os municípios que apresentaram as piores notas no mesmo quesito. Quando consideramos apenas os municípios com população superior a 100.000 habitantes, o município que apresenta o melhor resultado é Bento Gonçal- ves (0,893). Os Municípios de Caxias do Sul (0,853) e Santa Cruz do Sul (0,845) vêm logo atrás, seguidos por Porto Ale- gre (0,809). Por outro lado, Uruguaiana desponta com o pior resultado em Saúde entre os municípios mais populosos (0,694). Idese, do Bloco Saúde, por municípios, no Rio Grande do Sul — 2010 FONTE: FEE. Thiago Felker Andreis* Economista, Pesquisador da FEE * O autor agradece à Mariana Pessoa pela confecção do mapa.
  • 8. Carta de Conjuntura - Ano 23 nº 6 8 Desenvolvimento regional do RS no contexto brasileiro Recentemente, a Fundação de Economia e Estatística revisou o dado preliminar do crescimento do Estado em 2013, que atingiu expressivos 6,3%, número bastante supe- rior ao resultado para o Brasil como um todo, cujo cresci- mento chegou a 2,3% no mesmo ano. A divulgação desse número é acompanhada pela tão requisitada participação do RS na produção total do Brasil, no ano passado, que teria ficado em torno de 6,4%, recuperando o patamar de 2011. É interessante a grande obsessão da sociedade e da mídia pelo tamanho da fatia gaúcha no bolo brasileiro. Embora boa parte do crescimento seja decorrente de uma “base fraca”, resultado do retrocesso da economia gaúcha em 2012, pre- tende-se demonstrar aqui que o desempenho de longo prazo do Rio Grande do Sul, em comparação com o de outras uni- dades da Federação, está longe de ser ruim, particularmente quando se consideram as peculiaridades demográficas do Estado e o papel do Rio Grande do Sul em uma nação ainda muito desigual em seu território. Com a atual participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o Rio Grande do Sul é a quarta principal economia do País, depois de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo seguido de perto por Paraná, na quinta colocação, e Santa Catarina, um pouco mais distante, em sexto lugar. No entanto, mais importante do que seu tamanho absoluto, ao longo do período analisado, o Rio Grande do Sul manteve um PIB per capita em um nível bastante supe- rior à média brasileira, ao redor dos 16% após a estiagem de 2005, fenômeno que também impactou o Estado em 2012, como indica o gráfico ao lado. Minas Gerais, por sua vez, tem um PIB por habitante cerca de 10% inferior à média brasileira, tendo chegado a ser 19% inferior em 2002. En- quanto isso, São Paulo, que, em 2007, chegou a um PIBpc 56,7% superior à média nacional, e Rio de Janeiro, com um máximo de 38,3% de superioridade sobre o país em 2006, também apresentaram uma leve convergência em direção à média brasileira, registrando, em 2011, uma superioridade de 50,8% e 33,4% respectivamente. Portanto, cabe ressaltar que o Rio Grande do Sul per- tence ao seleto grupo dos oito, dentre 27 unidades da Federa- ção, que, em 2011, possuíam renda gerada per capita supe- rior à média nacional, incluindo o Distrito Federal, que está no topo da lista. A importância disso fica evidente frente ao tamanho da desigualdade territorial brasileira, em que 13 unidades da Federação, naquele ano, apresentavam uma pro- dução anual por habitante mais de 40% inferior à média do País. Isso mostra como o Rio Grande do Sul já se encontra, há muitos anos, entre os estados brasileiros com maior pro- dutividade média, o que também se reflete nos seus indica- dores de desenvolvimento e qualidade de vida, em geral. Estando o RS em uma condição relativamente mais avançada, supõe-se que o crescimento puxado pelos ganhos de produtividade é mais lento do que nos estados mais po- bres, e a expansão do PIB regional passa a depender mais da velocidade com que aumentam os fatores produtivos, como é o caso da mão de obra. Nesse quesito, no entanto, o cresci- mento gaúcho é muito inferior ao do resto do País. Entre 2002 e 2011, a população do Rio Grande do Sul apresentou uma taxa de crescimento de cerca de um terço da verificada na população brasileira e de quase a metade do crescimento demográfico dos demais estados apresentados no gráfico (com exceção de Santa Catarina, cuja população cresceu ainda mais do que a brasileira). Na corrida pelo desenvolvimento, é desejável que aque- las regiões do território nacional que possuem um nível infe- rior de produtividade média logrem alcançar aqueles estados que hoje se encontram na frente, desde que estes não estejam ficando mais pobres. É com esse enfoque que uma série de programas do Governo Federal vem atuando nos últimos 15 anos, em particular no âmbito do Plano Nacional de Desen- volvimento Regional. Esses programas atuam buscando “reduzir as desigualdades regionais e ativar os potenciais de desenvolvimento das regiões no País”. Se a fatia relativa dos mais ricos diminui e sua renda por habitante está mais pró- xima da média brasileira, isso é sinal de sucesso e não o contrário. No entanto, essa conclusão vale apenas quando olhamos o Brasil como uma nação, e não como um emara- nhado de unidades federadas que competem entre si, como de praxe. Diferença entre o Produto Interno Bruto per capita de estados selecionados e a média do Brasil — 2002 a 2011 SP PR RJ SC RS MG -20,00% -10,00% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 FONTE DOS DADOS BRUTOS: IBGE-Contas Regionais. NOTA: Os dados do Rio Grande do Sul para 2012 e 2013 são baseados em estimativas preliminares, que serão revistas pa- ra a compatibilização com os demais Estados. Tomás Pinheiro Fiori Economista, Pesquisador da FEE CARTA DE CONJUNTURA FEE (elaborada com informações até 05.06.14). ISSN 1517-7262 A Carta de Conjuntura FEE é uma publicação mensal de responsabilidade dos editorialistas. As opiniões não exprimem um posicionamento oficial da FEE ou da Secretaria do Planejamento, Gestão e Participação Cidadã. Presidente: Adalmir Antonio Marquetti Diretor Técnico: André Luis Forti Scherer Diretor Administrativo: Roberto Pereira da Rocha Conselho Editorial: André Luis Forti Scherer, Ce- cília Rutkoski Hoff, Fernando Maccari Lara, Renato Antônio Dal Maso, Míriam De Toni e Martinho Ro- berto Lazzari. Núcleo de Dados: Renan Xavier Cortes. Editoração: Susana Kerschner (revisão) e Jadir Vieira Espinosa (diagramação). 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