2. Com comentários
Bhavanuvada de Srila Visvanatha Cakravarti Thakur, a jóia
cristalina entre os mestres espirituais e guardião da Sri Gaudiya Sampradaya
3. &
Prakasika-Vrtti de Srila Bhaktivedanta Narayana Goswami
Maharaja, o melhor entre os Tridandi Sanyassis
Dedicado á
Sri Gurupadapadma
Sri Gaudiya Vedanta Acarya Kesari
4. Nitya Lila Pravista
Om Visnupada Astottarasata
Sri Srimad Srila
Bhakti Prajnana Keshava Goswami Maharaja
O melhor da décima geração
Do Parampara de Sri Krsna
Caitanya Mahaprabhu
5. Sri Caitanya Mahaprabhu e associados
Antes de mais nada, devemos saber pelo menos um pouco sobre
estes devotos Maha Bhagavatas (devotos puros quem são os
comentaristas desta edição do Gita) que misericordiosamente nos
iluminam com as puras e profundas explicações dos preciosos
versos da Gita.
Sri Srimad Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja é um
devoto Rasika (aquele que está sempre saboreando a doçura do
6. serviço devocional), vem servindo a Gaudiya Sampradaya por
mais de sessenta anos ininterruptos, e trabalhou incansavelmente
para que leitores sinceros de todo o mundo pudéssem compreender
os profundos significados dos versos do Gita. Srila Bhaktivedanta
Narayana Maharaja foi o idealizador deste projeto literário que
complementa o extraordinário trabalho deixado por Bhaktivedanta
Swami Maharaja (Prabhupada). Ele dedica esta edição ao seu
amado Mestre Espiritual Nitya Lila Pravista Om Visnupad Sri
Srimad Srila Bhakti Prajnana Kesava Goswami Maharaja, (o mais
querido diiscípulo de Jagad Guru Bhaktisiddhanta Sarasvati
Thakur e sanyassa Guru de sua Divina Graça Bhaktivedanta
Swami Maharaja (Srila Prabhupada – foto abaixo).
Sri Srimad Srila Visvanatha Cakravarti Thakura é um Acarya
renomado na nossa Sampradaya, Visvanatha quer dizer O Senhor
7. do Universo, e " Cakravarti " significa rodiado em circulo, pois ele
era sempre ouvido por devotos puros , que sentavam ao seu redor
afim de aprender o caminho da devoção pura, e as conclusões
filosóficas perfeitas. Ele é o principal seguidor de Srila Rupa
Goswamipad e seus comentários são cheios de rasa.
Assim rendo-me milhões e milhões de vezes aos pés de lótus
destes dois Vaishnavas, implorando pela sua misericórdia. Peço
licença e inspiração também, ao presidente da Gaudiya Vedanta
Samiti - Nitya Lila Pravista Om Visnupada Sri Srimad Srila
Bhaktivedanta Vamana Goswami Maharaja, quem é um oceano
de misericórdia e doçura, e á meu amado Sri Guru Paramaradyatta
Gurupadpadma Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Narayana
Goswami Maharaja , o melhor da décima primeira geração do
Gaudiya Vaishnava Parampara e quem editou este extraordinário
Bhagavad Gita, enriquecendo-o com seus maravilhosos
comentários.
8. Observações:
Srila Bhaktivinoda Thakura diz que embora Bhagavan Sri Krishna
tenha dado instruções á Arjuna, na verdade estas instruções foram
dadas para a liberação do mundo inteiro. Todas as conclusões da
Gita levam o leitor ao objetivo final que é bhakti.
9. A palavra brahma usada na Gita pode significar Bhagavan Sri
Krishna, ou o seu aspecto impesssoal (ou seja, o brilho corpóreo
que emana do corpo de Sri Krishna), mas Brahma indica o semi-
deus Brahma (o primeiro ser criado).
Esta tradução tem como objetivo apresentar da maneira mais simples
possível, os profundos comentários dos Acaryas dados nesta edição,
tornando-os assim mais acessíveis aos leitores brasileiros. Perdoem qualquer
erro que eu tenha cometido na tradução e digitação e por favor aceitem sua
essência com o objetivo de realização transcendental.
B.V. Narayan Goswami Sevaka
Baladeva Das Brahmacari - Keshavaji Gaudiya Math (B.H) – 2009
http://sociedadeinternacionaldebhaktiyoga.blogspot.com/
10. Resumo dos dezoito capítulos da Gita por Sri Srimad Srila
Bhaktivedanta Narayana Goswami Maharaja
Capítulo 1- Sainya – Darsana:
Observando os exércitos ...................................
O Bhagavad Gita se compõe de dezoito capítulos cuja
conclusão é bhakti. Arjuna atuou no campo de batalha como
se estivesse imerso na lamentação e Krsna lhe explicou então
que atma-dharma da entidade viva não tem relação alguma
com o dharma do corpo, dinastia ou casta. A entidade viva é
forçada á sofrer as misériasda lamentação, ilusão e do temor
enquanto permanecer cativa de maya e considerar que o
corpo é o próprio ser. Por tanto, é indispensável que aceite o
refúgio de um guru genuíno(tattva-vit guru).
Capítulo 2 - Sankhya Yoga
O princípio das análises.........................................
A jiva percebe sua ignorância quando aceita o refúgio de um
sad-guru e então trata de libertar-se das garras ilusórias de
maya, abandonando seus pensamentos independentes e
respeitando as instruções de Sri Gurudeva. O sad-guru está
livre dos quatro defeitos – ilusão, propenssão á cometer
erros, sentidos imperfeitos e a tendência á enganar-se –
porque é uma um tattva – darsi ekantika - prema - bhakta. O
sadhaka compreende a diferença entre a alma e o corpo
material quando escuta as instruções da boca de lótus de seu
misericordioso Gurudeva. Também compreende os efeitos
11. degradantes do desfrute sensual e desenvolve apego por
escutar acerca dos pensamentos, características e glórias dos
sthita – prajna - munis. Logo, pela influência de sadhu-sanga,
desperta em seu coração a consciência da necessidade de se
obter tattva – jnana.
Capítulo 3 – Karma Yoga
O princípio da ação..................................................
A jiva compreende que karma-yoga consiste nos esfórços
executados sem um desejo egoísta(niskama bhava) para o
serviço de Bhagavan quando escuta as instruções dadas por
Sri Krsna. Se seu coração está cheio de desejos de desfrute
sensual, então a aceitação do hábito de sannyasi não é
verdadeira renúnçia, senão que uma hipocrisia que jamais
pode atrair auspiciosidade.
A jiva deve executar seu karma como um serviço á Sri
Bhagavan porque a realização de karma para o desfrute
sensual não produz nenhum resultado favorável. A execução
de karma, como os yajnas védicos por exemplo, pode
outorgar prazer sensual mundano, mas este prazer é
temporário e está mesclado com infelicidade. Mesmo assim,
karma yoga purifica o coração. Por tanto, é favorável
abandonar todo tipo de akarma, vikarma e sakama karma e
adotar unicamente o niskama-karma-yoga oferecido á
Bhagavan.
Capítulo 4 – Jnana Yoga
12. O conhecimento transcendental .............................
O capítulo quatro começa com instruções sobre jnana-yoga.
Primeiro explica que uma pessoa só pode obter tattva-jnana
genuíno através da misericórdia de Sri Gurudeva, quem é um
tattva-darsi. Esta misericórdia se manifesta através do
proçesso de escutar de uma sucessão discipular fidedigna.
Não se pode obter bhagavat tattva-jnana mediante o
aprendizado mundano, inteligência ou conhecimento. Este
capítulo explica também que em cada yuga aparece um
avatara de Bhagavan. O nascimento e as atividades de
Bhagavan são divinos ; é tolice e ofensivo pensar que são
mundanos. Uma pessoa obtem tattva-jnana na associação de
um tattva darsi guru, escutando gradualmente dele acerca das
características de jnana-yoga e sua superioridade sobre
karma-yoga. Ela pode cruzar fácilmente o oceano de
nascimentos e mortes ao refugiar-se no tattva-jnana
verdadeiro. O sadhaka não pode progredir se tem dúvidas
sobre isto ; se carece de tattva-jnana ele se desviará do
caminho, cairá e ficará novamente enredado no ciclo de
karma.
Capítulo 5 – Karma-Sannyasa Yoga
Renúncia á ação ....................................................
O sadhaka obtém a qualificação para o karma sannyasa-yoga
quando obtém tattva-jnana. Meste momento compreende que
o verdadeiro sannyasa significa abandonar o apego pela ação
e seus frutos. Para alguém cujo coração é ainda impuro, é
benéfico e apropriado adotar o karma-yoga sem apegar-se ao
processo e seus frutos, ao invés de renunciar completamente
o karma. O niskama-karma-yoga oferecido á Bhagavan
13. concede a qualificação para se obter a natureza do brahma ou
brahmapada. Quem conhece o brahma obtém paz.
Capítulo 6 – Dhyana Yoga
O princípio da meditação .........................................
O sadhaka compreende á partir das instruções do tattva-vid
guru que só se pode meditar em Bhagavan quando o coração
está purificado. Um yogi ou sannyasi está livre de todo tipo
de desejos materiais, pois ninguém pode alcançar a perfeição
no yoga enquanto possui desejos de desfrute material. Uma
pessoa que deseja alcançar a perfeição no yoga deve regular a
ingestão de alimentos e atividades reáçionárias. Esta
perfeição significa: 1- perceber Sri Bhagavan como
Antaryami (superalma) no coração de todas as entidades
vivas, e 2- compreender que todas as jivas existem apenas
devido ao sustento e refúgio de Bhagavan. Este capítulo
também declara que um bhakta é superior ao karmi, jnani ou
yogi.
Capítulo 7 – Vijnana –Yoga
A compreenssão do conhecimento transcendental
O estudo constante destas instruções conduz á firme
compreenssão e percepção de que Bhagavan Sri Krsna é o
limite do para-tattva, A Realidade Absoluta Suprema e que
além dele, não há outro parama -tattva. Uma pessoa pode
liberar-se de maya apenas através da rendição exclusiva á
seus pés de lótus. Há quatro tipos de pessoas que carecem de
qualificação para dedicar-se ao Bhagavat bhajana porque
executam atividades impiedosas. Estes são: os tolos, os
deploráveis, os que possuem natureza demoníaca e os que
14. possuem um conhecimento coberto por maya. Ao contrário,
há quatro classes de pessoas dotadas de créditos piedosos
(sukrti) que podem se dedicar á bhagavat-bhajana: os aflitos,
os que buscam por fortuna, os questionadores e os jnanis. Os
bhaktas de Bhagavan são difíçeis de ser encontrados neste
mundo. Não se pode obter o benefício eterno através da
adoração dos diversos semi-deuses(deva e devis).
Capítulo 8 – Taraka Brahma Yoga
Yoga com Parambrahma .....................................
Apenas os ekantikas bhaktas de Sri Krsna podem conhecer
tattvas tais como o brahma-tattva, karma-tattva e adhibhuta-
tattva, entre outros. Estes ekantika bhaktas podem alcançar
Krsna muito facilmente. Os bhaktas de Bhagavan jamais
nasce de novo. Bhagavan pode ser alcançado apenas
mediante ananya bhakti(Gita 8.22).
Capítulo 9 – Raja - guhya Yoga
O conhecimento mais confidêncial .........................
O raja-vidya ou raja-guhya se refere unicamente –a suddha-
bhakti-yoga. A prakrti, a natureza material, não é a causa
original da criação cósmica, pois só obtém a potência para
criar pela inspiração de Bhagavan. È tolo e ofensivo pensar
que Bhagavan Sri Krsna é um ser humano ou que seu corpo
sac-cit-ananda está composto pelos cinco elementos materiais
igual aos corpos das almas condicionadas ordinárias ou
baddha-jivas. Os mahatmas genuínos se dedicam ao bhajana
de Sri Krsna com sentimentos devocionais exclusivos ou
ananya bhava e Sri Krsna atende pessoalmente suas
necessidades. A dedicaçãoi ao bhajana aos diversos devatas é
contrária ás regras prescritas, pois Krsna é o único
15. desfrutador e amo de todos os sacrifícios. Sri Bhagavan
aceita tudo que seus suddha bhaktas lhe oferecemcom amor.
O último verso deste capítulo, “man mana bhava mad-
bhakto”, se concluique bhakti é o único meio para alcançar o
Senhor Supremo.
Capítulo 10 – Vibhuti Yoga
A apreciação das opulências de Sri Bhagavan ......
Uma pessoa pode entender que Krsna é o fundamento de
todas as vibhutis e saktis (energias), através do estudo sincero
e constante deste capítulo. Também entende que todo
universo material, junto com suas opulências, constituem
apenas um quarto de sua grandeza. Ela pode compreender
facilmente que tudo está direta ou inderatamente conectado á
Bhagavan Sri Krsna quando obtém este conhecimento sobre
os vibhutis. Bhagavan outorga buddhi-yoga á seus bhaktas
para que possam entender o tattva-jnana. Assim, sua
ignorância é destruída e eles se dedicam á bhagavat bhajan
com amor.
Capítulo 11 – Visvarupa darsana yoga
A contemplação da forma universal do Senhor .......
Este capítulo revela que a visvarupa de Bhagavan é ilusória
enquanto que a svarupa é transcendentale similar á humana.
Apenas os bhaktas cujos olhos estão untados com prema
podem obter o darsana(visão) da sua forma rasika sekhara.
Bhagavan é alcançado apenas mediante ananya bhakti yoga.
Capítulo 12 – Bhakti Yoga
O serviço devocional puro ......................................
16. Este capítulo explica que Svayam Bhagavan Sri Krsna é a
Realidade Suprema e o objeto supremo de adoração exclusiva
da jiva. Os bhaktas dotados com ekantika bhakti são muito
queridos por Ele. Pode-se alcançar Bhagavan facilmente
aquele que pratica suddha bhakti, mas os nirvisesa
brahmavadis só enfrentam misérias.
Capítulo 13 – Prakrti-Purusa-Vibhaga Yoga
A diferença entre a natureza material e o desfrutador.
Este capítulo oferece uma profunda compreensão da natureza
material e da entidade viva. Através desta discussão,
Bhagavan outorga tattva-jnana á seus bhaktas rendidos e os
libera do oceano do mundo material.
Capítulo 14 – Guna-traya-Vibhaga Yoga
Os trê modos da natureza material
Um estudo analítico deste capítulo conduz á compreensaõ de
que este mundo material desenvolve-se simplesmente pela
ação e interação dos três gunas materiais: sattva, rajas e
tamas. Os sadhakas que executam bhakti-yoga podem
transcender estes três gunas com facilidade e finalmente
obtém a qualificação para alcançar Bhagavan.
Capítulo 15 – Purusottama Yoga
A compreensão da Pessoa Suprema .....................
Este mundo material se extende desde os sistemas planetários
inferiores até os superiores e as jivas são partes separadas ou
amsas de Bhagavan. Aquieles que se opõem á Bhagavan são
17. atados por seu karma e perambulam por diversas espécies de
vida, inferiores e superiores. Uma pessoa pode receber a
misericórdia de um Guru genuíno como resultado da sua boa
fortuna e dedicar-se por completo ao bhajana de Sri Krsna.
Capítulo 16 – Daivasura Sampada Yoga
As qualidades divinas e demôniacas .....................
Este capítulo explica as naturezas divina e demoníaca. A jiva
confundida por maya é controlada pela natureza divina ou
demoniaca. Ela inclina-se á bhagavat-bhajana quando se
refugia na natureza divina, mas quando adota a natureza
demoníaca ela se opõe á Bhagavan e assim vai ao inferno.
Aqueles que possuem esta natureza pregam a filosofia
mayavada. Portanto é necessário liberar-se desta tendência
mediante á execução de bhagavat-bhajana na associação dos
suddha bhaktas.
Capítulo 17 – Sraddha-Traya-Vibhaga Yoga
Os três tipos de fé .........................................
Este capítulo explica os três tipos de fé. Uma pessoa
desenvolve fé em sattva, rajo ou tamo de acordo com sua
ssociação e natureza que adquiriu de seus samskaras prévios.
A nirguna sraddha aparece no coração da jiva quando se
associa com suddha bhaktas de Hari; assim ela dedica-se ao
bhajana de Bhagavan, quem é nirguna. Estes bhaktas são
verdadeiros sadhus.
Capítulo 18 – Moksa Yoga
18. O princípio da liberação ........................................
Este capítulo explica a essencia da Gita. Primeiro, Sri
Krishna é identificado como o bhagavat-tattva supremo e
logo imparte esta instrução confidencial. Aqui se explica que
o rasamayi seva á Sri Krsna em sua morada suprema é
alcançado através da seguinte sequência:
1- Rendição á ele
2- Praticar os nove processoa de bhakti
3- Refugio em bhava-bhakti
Conteúdo
Capítulo Um – Observando os exércitos
Capítulo Dois – Sankhya Yoga
Capítulo Tres – Karma Yoga
Capítulo Quatro – Jnana Yoga
Cápitulo Cinco – Karma Sannyasa Yoga
Capítulo Seis – Dhyana Yoga
Capítulo Sete – Vijnana Yoga
Capítulo Oito – Taraka Brahma Yoga
Capítulo Nove – Raja Guhya Yoga
Capítulo Dez – Vibhuti Yoga
Capítulo Onze – Visvarupa Darsana Yoga
Capítulo Doze – Bhakti Yoga
Capítulo Treze – Prakrti-Purusa-Vibhaga Yoga
21. Sanjaya narrando a batalha ao Rei Drhtarastra
Capítulo 1
Observando os exércitos
22. Sloka 1
Dhrtarastra uvaca
Dharma ksetre kuruksetre
Samaveta yuyutsavah
Mamakah pandavas caiva
Kim akuvarta sanjaya
Dhrtarastra disse: Oh! Sanjaya, depois de se reunirem em
Kuruksetra, a terra da religião, com o desejo de lutar, o que
fizeram meus filhos e os filhos de Pandu?
Comentário Bhavanuvada de Srila Visvanatha Cakravarti
Thakura
A Suprema Verdade Absoluta, parabrahma Sri Krisna, cujos
pés de lótus são o objetivo de toda adoração e de todos os
sastras, apareceu em sua forma original, similar á humana,
como Sri Vasudeva nandana, o filho de Sri Vasudeva em Sri
Gopala Puri, mesmo sendo Adhoksaja, supramamente
inconcebível , se fez visível aos olhos dos homens ordinários
por meio de sua potencia chamada Yoga Maya. Ele ensinou á
partir das instruções do Bhagavad Gita visando liberar as
entidades vivas deste mundo que estavam se afogando no
oceano de nascimentos e mortes. Ele as submergiu no grande
oceano de prema (amor puro) ao dár-lhes saundarya-
madhurya, um gosto pela doçura de sua beleza e outras
qualidades. Apareceu neste mundo ao sentir-se obrigado por
sua promessa de proteger as pessoas santas e aniquilar as
demoniacas. Sem hesitar com o pretexto de eliminar a carga
da terra, concedeu a proteção suprema na forma da liberação
aos infiéis e á todos que eram antagonicos e que se afogavam
no vasto oceano da existencia material, a qual é comparada
com o planeta infernal onde as pessoas pecaminosas são
queimadas em azeite fervente.
23. Bhagavan Sri Krsna instruiu o Bhagavad Gita para que
mesmo depois de seu desaparecimento, pudesse liberar as
almas condicionadas que desde tempos imemoriais se
encontram sob a influençia da ignorancia e estão
completamente sujeitas á lamentação, ilusão e outros
sofrimentos. Outro propósito foi ressaltar suas glórias
mencionadas nos sastras e cantadas pelos sábios. Ele ensinou
o Bhagavad Gita á seu muito querido associado Arjuna, quem
voluntariamente havia aceitado o sentimento de lamentação e
ilusão.
O Gita se compõe de três divisões: Karma yoga, Jnana yoga e
Bhakti Yoga. Os dezoito capítulos do Bhagavad Gita estão
infundidos com o significado dos vedas manifestos em
dezoito tipos de conhecimento. Desta maneira, Sri Krsna
revelou o objetivo supremo. Nos primeiros seis capítulos
descreve-se o niskama karma yoga, a execução dos deveres
prescritos sem apego por seus frutos. O jnana yoga ou yoga
através do conhecimento, é descrito nos últimos seis
capítulos. Os seis capítulos sobre Bhakti yoga que é mais
confidencial e mais difícil de alcançar foram guardados no
meio dos outros capítulos. Bhakti yoga é a vida de karma e
jnana yoga pois sem bhakti estas são infrutíferas. Assim elas
só são aceitáveis quando se mesclam com Bhakti.
Bhakti é de dois tipos: Kevala ou exclusivo, e Pradhani
bhuta, que é a mescla com predomínio de bhakti. Kevala
bhakti, é a melhor por ser indepedente e supremamente
poderosa e não necessitar de nenhum vestígio de karma ou
jnana yoga. Por outro lado, Pradhana bhuta bhakti está
mesclado com karma e jnana, e será tratada com maior
profundidade mais adiante. Para explicar a natureza da
lamentação e ilusão de Arjuna o narrador do Mahabharata,
Sri Vaisampayana, um discípulo de Vyasadeva, relatou a
seção do Bhisma parva á seu ouvinte Janamejaya, começando
com o verso Dhrtarastra uvaca. Dhrtarastra perguntou á
24. Sanjaya. Ó Sanjaya, sentindo desejo de lutar, o que fizeram
meus filhos e os filhos de Pandu, reunidos em Kuruksetra?
Aqui poderia surgir uma pergunta: Dhrtarastra já havia
mencionado que seus filhos e os filhos de Pandu haviam se
reunidos com o único propósito de lutar, logo sem dúvida
iam lutar. Por que então a intenção de perguntar: Que fizeram
eles?. Em resposta Dhrtarastra usou a palavra dharma ksetre,
terra da religião. No sruti está dito: Kuruksetram deva
yajanam: Kuruksetra é a arena de sacrifício dos semideuses:
Então esta terra é famosa como aquela que nutre o Dharma.
Por influencia da associação com esta terra a ira das pessoas
irreligiosas como Duryodhana pode ser apaziguada e deste
modo, poderiam inclinar-se ao Dharma. Os pandavas são
religiosos por natureza, então a influencia de Kuruksetra
poderia despertar neles o discernimento de compreender a
impropriedade de aniquilar seus próprios parentes e deste
modo ambos poderiam buscar um acordo pacífico.
Externamente Dhrtarastra finge que seria feliz com um
acordo pacífico , mas internamente sentia uma grande
insatisfação. Ele pensava que se houvesse um acordo , os
Pandavas ainda seriam um impedimento para seus filhos.
Dhrtarastra pensava: Os guerreiros de meu grupo, tais como
Bhisma e Drona , não podem ser vencidos nem sequer por
Arjuna, então como nossa vitória é certa, será proveitoso
lutar.
Aquí, graças ao componete Ksetra na palavra Dharma ksetre,
Sarasvati-Devi faz a seguinte menção á palavra Dharma.
Yudhistira, a encarnação do Dharma, junto com seus
associados são como plantas de arroz, e seu sustentador
Bhagavan é como o agricultor. Os diversos tipos de
assistencia prestados por Krsna aos Pandavas podem ser
comparados a regar o cultivo e arar o campo. Os Kauravas
encabeçados por Duryodhana são como os vermes que
crescem no campo de arroz. Isto indica que assim como um
mal é arrancado pela raíz nos campos de arroz, Duryodhana e
25. os outros Kauravas seriam aniquililados e arrancados de
dharma ksetra, a terra da religião.
Prakasika Vrtti
O comentário que ilumina o dilúvio de significados
essenciais
Por Sri Srimad Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja
Ofereço minhas reverencias aos pés de lótus de Om
Visnupada Astottarasata Sri Srimad Bhakti-Prajnana Kesava
Goswami Maharaja, que é muito querido por Krsna. Ele é
uma personalidade completamente divina que sustenta com
grande afeto quem se refugia nele. Aflito ao ver o sofrimento
das pessoas que são aversas á Krsna, ele lhes outorga o Sri
nama saturado de prema.
O Srimad Bhagavad Gita é a essencia de todos os
Upanisads, Srutis e Puranas. Baseado na firme evidençia da
literatura védica, recebido através da suçessão discipular,
conclui-se que Vrajendra nandana Sri Krsna, o filho do rei de
Vraja é Svayam Bhagavan, a original Personalidade de Deus.
Ele é a personificação de todas as doçuras néctareas , o
onipotente e a realidade absoluta onipotente não dual. Entre
suas ilimitadas potências, três delas são proeminentes: a
potência interna (svarupa sakti), a potência marginal (tatastha
sakti) e a potência material externa(maya sakti). Pela vontade
de Bhagavan Sri Krsna, Vaikunta, Goloka e Vrndavana são
as transformações da potência interna. Todas as jivas são uma
transformação da sua potência marginal, e a criação material
é uma transformação da sua potência externa. As entidades
vivas (jivas) são de dois tipos: liberadas (mukta) e
condicionadas (baddha). As liberadas estão eternamente
ocupadas em saborear a doçura do serviço á Bhagavan em
Vaikuntha, Goloka e outras moradas transcendentais. Elas
26. são chamadas nitya mukta , eternamente liberadas, pois
nunca estão atadas á este mundo material, a prisão de maya.
As vezes pela vontade de Bhagavan , elas aparecem neste
mundo ilusório como seus associados com o único propósito
de beneficiar a humanidade. As entidades vivas do outro tipo
são chamadas de anadi baddha , ou condicionadas por maya
desde tempos imemoriais. Como resultado deste
condicionamento , a jiva sofre de três tipos de misérias
enquanto perambula no ciclo de nascimentos e mortes.
Bhagavan Sri Krsna, o oceano de compaixão , criou uma
aparente ilusão no coração de Arjuna , por meio de sua
potencia inconcebível(acintya sakti). Assim com o pretexto
de dissipar esta ilusão, ele falou este Bhagavad Gita com o
propósito de liberar as jivas das garras de maya. A conclusão
final do Bhagavad Gita é o serviço devocional supremamente
puro á Bhagavan. Somente por se refugiar neste serviço , tal
como se descreve no Gita , as jivas que estão sob a influência
de maya , conseguem se situar na sua posição constitucional
pura e assim oferecem serviço á Sri Krsna. Não há outra
alternativa para as jivas condicionadas. Baseando em
evidências concretas das escrituras , Srila Visvanatha
Cakravarti Thakura e outros proeminentes acaryas
vaishnavas, estabeleceram claramente que o orador do
Bhagavad Gita não carece de potências,não está desprovido
de variedade, não é sem forma , e não está desprovido de
qualidades transcendentais tais como misericórdia
transcendental. A jiva jamais é parambrahma, nem sequer no
estado liberado.
Esta percepção da diferença se denomina vaisistya, significa
especialidade ou característica distintiva única. Tal como o
sol e seus raios são simultaneamente iguais e diferentes por
ser possuídor dos atributos e atributos respectivamente, de
forma similar a relação entre paramesvara e a jiva sendo una
e ao mesmo tempo diferente está claramente demonstrada nos
Vedas. Esta relação de igualdade e diferença simultãnea está
27. além do nosso intelecto e só é compreensível com a ajuda dos
Vedas, por isso é chamada de acintya, ou inconcebível.
Assim o Bhagavad Gita trata da suprema realidade eterna
que é inconcebivelmente igual e diferente de suas potências.
Mesmo que karma yoga, jnana yoga e Bhakti yoga sejam
definidos como os três meios para alcançar a plataforma
espiritual, Bhakti Yoga é o único método para se alcançar
Bhagavan. A etapa preliminar de Bhakti yoga se denomina
karma yoga, a intermediária jnana yoga e no estágio maduro
se denomina Bhakti yoga. O conhecimento real do espírito
aparece quando o coração se purifica através de karma yoga
mesclado com bhakti, no qual se oferece o resultado das
atividades á Bhagavan, tal como se descreve nos Vedas.
Tanto jnana quanto karma são inúteis se carecem de Bhakti.
Com a aparição do conhecimento verdadeiro a devoção
exclusiva se manifesta no coração, e quando chega no estado
maduro, o amor puro aparece no coração da entidade viva.
Este tipo de amor é o único meio para alcançar e Ter uma
compreensão direta de Bhagavan. Este é o mistério oculto do
Bhagavad Gita. Ninguém pode obter a liberação através do
conhecimento do aspecto impessoal(brahman). Somente
quando o conhecimento está mesclado com devoção, pode-se
Ter mukti (liberação) na forma de salokya, sarupya, samipya
e sarsti, como um resultado intrísico. Mediante a execução de
devoção pura descrito no Bhagavad Gita, pode-se conseguir o
auspicioso serviço devocional saturado de amor divino para
com Bhagavan em sua morada suprema chamada Gokoka
Vrndavana. Quando se alcança esta morada não há a
possibilidade de voltar á este mundo material. Obter este
serviço é a meta última de toda entidade viva. A devoção é de
dois tipos: exclusiva e mesclada. A mesclada também é de
dois tipos:uma quando bhakti predomina sobre karma e jnana
e a outra quando bhakti predomina sobre jnana. Mediante a
execução de karma bhakti se purifica gradualmente o coração
e se desenvolve tattva jnana, enquanto que pela prática de
28. jnana bhakti se obtem mukti(liberação). Estes doi tipos visam
á obtenção final de Bhakti, porém sem Bhakti elas são
inúteis. Este Bhagavad Gita é comparado a uma pedra
filosofal, que é similar á um cofre, onde a tampa do cofre é
niskama karma yoga, a base é jnana yoga e o tesouro é
Bhakti. Religiosos e pessoas que possuem bom caráter são
qualificadas para estudar o Bhagavad Gita.
Dados sobre Arjuna: É um associado eterno de Bhagavan Sri
Krsna. É completamente impossível que ele caia em estados
como a lamentação e ilusão. Um associado eterno do senhor
não possui tais ilusões. Bhagavan Sri Krsna armou tudo isso
para o benefício das entidades vivas que estão atadas pela dor
e ilusão. Ele disse: “Eu os liberarei do oceano da existencia
material.”
Por sua própria vontade, Sri Krsna faz com que Arjuna se
iluda simplesmente para liberar as jivas que realmente se
encontram em lamentação e ilusão. Por meio de perguntas e
respostas ,ele define a sua natureza real,assim como da jiva, a
sua morada transcendental ,maya,bhakti e seus demais
aspectos.
Em seu comentário do verso "sarva dharman parityajya"
Srila Visvanatha Cakravarti Thakura explica que Krsna disse:
“Depois de converete-te em um instrumento, estou
difundindo esta mensagem para o benefício das jivas.”
Arjuna é um associado eterno do Senhor, portanto não há
sequer um vestígio de ilusão nele. Esta posição de Arjuna
pode ser comprovada em todos os Sastras.
Kuruksetra: Srila Vyasadeva se refere ao campo de batalha
de Kuruksetra como dharna ksetre; isto tem um significado
confidencial. De acordo com o Srimad Bhagavatam ,esta
terra se chama Kuruksetra em homenagem ao rei Kuru. No
Mahabharata encontramos a seguinte história: Uma vez
quando Kuru Maharaja estava arando esta terra, Indra
29. apreciou e lhe perguntou: Por que está fazendo isto? Kuru
Maharaja respondeu: Estou arando esta terra para que as
pessoas que morram aqui possam alcançar os planetas
celestiais. Ao escutar isto o senhor Indra retornou á seu
planeta. Então o rei voltou a arar a terra de novo com grande
entusiasmo. O senhor Indra vinha uma e outra vez para
ridicularizar o rei. Ainda que Indra sempre vinha
repetidamente agitar o Rei Kuru, este permanecia
impertubável e continuava seu trabalho. Finalmente pela
insistencia de outros semi deuses ,Indra lhe concedeu a
benção de que qualquer um que abandonasse o corpo ou
morresse em uma batalha nesta terra, alcançaria os planetas
celestiais. Por tal razão a terra conhecida como Kuruksetra
foi escolhida para a batalha.
A terra que se encontra entre os rios Sarasvati e Drsadvati é
conhecida como Kuruksetra. Neste lugar tambem realizaram
austeridades os grandes sábios Mudgala e Prthu Maharaja.
Sri Parasurama fez sacrifícios nesta terra em cinco diferentes
lugares depois de exterminar os Ksatriyas, por tanto era
conhecida préviamente como Samanta Pancaka. Depois
devido as atividades do rei Kuru se tornou famosa como
Kuruksetra.
Sanjaya: Sanjaya era o filho do condutor de quadrigas
chamado Gavalgama. Esperto nos sastras, generoso e
religioso. Devido á estas virtudes o grande avó Bhisma lhe
nomeou junto com Vidura, ministro real de Dhrtarastra.
Sanjaya que era considerado como um segundo Vidura, era
tambem um íntimo amigo de Arjuna. Pela misericórdia de
Srila Vyasadeva recebeu a visão divina pela qual podia ver a
batalha de Kuruksetra, ainda estando sentado longe, no
palácio de Hastinapura,e narrou todos os eventos da guerra á
Dhrtarastra. Maharaja Yudhisthira tambem descreve Sanjaya
como bem querente de todos, de doce oratória, de
temperamento pacífico, sempre satisfeito e imparcial. Se
30. encontrava estabelecido dentra dos limites da moralidade e
nunca se agitava pelo mau comportamento dos demais.
Neutro e livre de todo o temor ele só falava palavras que
estavam em harmonia com os princípios morais.
Sloka 2
Sanjaya uvaca
drstva tu pandavanikam
vyudham duryodhanas tada
acaryam upasangamya
raja vacanam abravit
Sanjaya disse: Ó rei! Imediatamente depois de examinar o
exército dos Pandavas alinhado em formação militar,
Duryodhana chegou perto de Dronacarya e falou-lhe as
seguintes palavras:
Bhavanuvada
Depois de compreender a intenção interna de
Dhrtarastra ,Sanjaya confirmou que definitivamente haveria
uma guerra. Mas sabendo que o resultado seria contrário á
perspectiva de Dhrtarastra, Sanjaya falou palavras como
drstva que significa"depois de ver". Aquí a palavra vyudham
se refere á formação estratégica do exército dos Pandavas.
Assim o rei Duryodhana que sentia medo em seu interior,
recitou nove versos, começando com a palavra pasyaitam no
verso 1.3.
Prakasika-vrtti
31. No momento da guerra do Mahabharata, além de ser cego de
nascimento, Dhrtarastra carecia tambem de visão, tanto moral
quanto espiritual. Por este motivo estava coberto de
lamentação e ilusão. Devido a influência de Kuruksetra, seu
filho Duryodhana podia Ter devolvido a metade do reino aos
Pandavas. Temendo isto ele se sentiu desconsolado. Sanjaya,
sendo muito religioso e tambem vidente ,podia perceber os
sentimentos internos de Dhrtarastra. Ele sabia que o resultado
da batalha não seria á favor de Dhrtarastra, mas ainda sim ele
ocultou esta informação de maneira muito inteligente, e
enquanto tranquilizava Dhrtarastra, Sanjaya disse:
“Duryodhana não está chegando á nenhum acordo com os
Pandavas, mas depois de ver a extrema força e disposição do
exército dos Pandavas, está aproximando-se de Dronacarya,
seu guru na ciencia militar, para informa-lhe sobre a situação
real.” Duryodhana tinha dois motivos para se aproximar de
Dronacarya: Por um lado ele se sentiu atemorizado ao ver a
poderosa formação do exército dos Pandavas; mas por outro,
com o pretexto de oferecer respeito á seu guru, queria exibir
sua habilidade política. Devido á sua experiencia na política,
estava sem dúvida qualificado em todos os aspectos para a
posição de rei. Este é o significado completo da declaração
"Sanjaya uvaca" Sanjaya disse.
Duryodhana: Duryodhana era o mais velho dos cem filhos
de Dhrtarastra e Gandhari. No momento do seu nascimento
houve vários fatores negativos que fizeram com que Vidura
temesse que ele seria a razão da destruição da dinastia
Kuru.De acordo com o Mahabharata, Duryodhana nasceu de
uma expansão de Kali. Ele era pecaminoso, cruel e uma
desgraça para a dinastia Kuru. Precisamente, em sua
cerimõnia de batismo, os sacerdotes e astrólogos eruditos,
vendo as indicações de seu futuro, lhe chamaram
Duryodhana. No final, com instruções de Krsna, Bhima o
matou.
32. O sabda ratnavali diz:
"Um vyuha é a formação de um esquadrão militar composta
por um bom rei, de tal maneira que se torna impossível a
penetração do exército inimigo em qualquer direção. Desta
forma o esquadrão se torna vitorioso na batalha."
Dronacarya: Dronacarya ensinou a ciência das armas tanto
aos filhos de Pandu quanto aos de Dhrtarastra. Ele era filho
do sábio Bharadvaja. Devido á que nasceu de um drona
(recipiente de madeira para água) se tornou famoso com o
nome de Drona. Além de ser um mestre na ciencia de armas,
tambem era conhecedor de todos os vedas.Depois de
satisfazer o grande sábio Parasurama, aprendeu com ele os
segredos da ciência da guerra e outras mais. Ninguém podia
matar-lo, pois recebeu a bendição de morrer no momento que
escolhesse. Logo depois de Ter sido insultado pelo rei
Drupada de Pancala, quem havia sido seu amigo de infancia,
Dronacarya foi a Hastinapura ganhar seu sustento.
Impressionado com as qualificações de Drona,o avô Bhisma
lhe designou como o acarya para instruir e treinar
Duryodhana, Yudhisthira e os demais príncipes. Arjuna era
seu discípulo mais querido. Na batalha de Kuruksetra,
Duryodhana lhe nomeou como o comandante chefe do seu
exército.
Sloka 3
Pasyaitam pandu-putranam
Acarya mahatim camum
Vyudham drupada-putrena
Tava sisyena dhimata
Oh! Acarya! Contempla este grande exército dos Pandavas,
disposto em falanges por teu inteligente discípulo
Drstadyumna, o filho de Drupada.
33. Bhavanuvada
Com estas palavras, Duryodhana insinua: "Drstadyumna, o
filho de Drupada,é realmante seu discípulo. Ele nasceu
somente para matar-te, e mesmo que tu soubesse, continuou a
dar-lhe treinamento militar, o que indica que sua inteligencia
é escassa."
Aqui, Duryodhana usou a palavra dhimata, que significa
inteligente, para referir-se á Drstadyumna . Isto tem um
significado profundo. Duryodhana queria que Dronacarya
compreendesse que ainda que Drstadyumna era seu próprio
inimigo, havia aprendido pessoalmente dele a arte de matar-
lo. Por tanto disse: "Agora observa sua grande inteligencia no
momento de obter os frutos de seu treinamento." Duryodhana
fez estes comentários diplomáticos só para provocar a ira de
seu mestre, Dronacarya.
Prakasika –vrtti
Drstadyumna: O rei de Pancala, Drupada, realizou um
sacrifício com o desejo de Ter um filho que pudesse matar
Dronacarya. Do fogo do sacrifício apareceu um menino que
vestia uma armadura e portava diversas armas. Neste
momento se escutou uma voz celestial que predisse que o
filho de Drupada mataria Drona. Os brahmanas chamaram o
menino heróico de Drstadyumna. Ele aprendeu o dhanur veda
de Drona, que era extremamente benevolente ,mesmo que
soubesse que um dia Drstadyumna o mataria. Assim, Drona
foi morto por seu próprio discípulo na guerra do
Mahabharata.
Sloka 4 – 6
Atra sura mahesvasa
34. Bhimarjuna – sama yudhi
Yuyudhano viratas ca
Drupadas ca maha – rathah
Dhrstaketus cekitanah
Kasirajas ca viryavan
Purujit kuntibhojas ca
Saibyas ca nara-pungavah
Yudhamanyus ca vikranta
Uttamaujas ca viryavan
Saubhadro draupadeyas ca
Sarva eva maha rathah
Neste exército há poderosos arqueiros iguais á Arjuna e
Bhima em combate, tais como Satyaki, o rei Virata, os
maharathi, Drupada e outros. Reunidos nesta batalha, estão
todos os maharathis como Dhrstaketu, Cekitana, o heróico
Kasiraja, Purujit, Kuntibhoja, os nara srestras como Saibya, o
melhor dos valentes, o vitorioso Yudhamanyu, o poderoso
Uttamauja, Abhimanyu e os filhos de Draupadi, encabeçados
por Pratibindhya.
Bhavanuvada
Aqui a palavra mahesvasah significa que todos estes grandes
guerreiros portavam arcos indestrutiveis pelo inimigo. A
palavra yuyudhana significa Satyaki. Saubhadrah é
Abhimanyu, e Draupadeyah indica os filhos dos cinco
Pandavas, encabeçados por Pratibindhya, quem nasceu de
Draupadi. As características de um maharati são descritas
aqui: em um grupo de grandes guerreiros expertos na astra
sastra , o que pode lutar com uma quantidade ilimitada de
guerreiros é conhecido como atirathi, aquele que pode lutar
contra dez mil guerreiros é chamado de maharathi, o que
35. pode lutar apenas com uma pessoa é conhecido como
yoddha, e o que necessita assistencia para vencer um único
inimigo se chama arddharathi.
Prakasika – vrtti
Yuyudhana : É outro nome do heróico Satyaki. Ele era um
servo muito querido de Sri Krsna, ele era extemamente
valente e um atirathi entre os comandantes em chefe do
exército Yadava. Ele aprendeu de Arjuna os segredos da
astra sastra. Na batalha do Mahabharata lutou ao lado dos
Pandavas.
Virata:Virata era um rei piedoso da terra de Matsya. Os
pandavas passaram um ano incógnitos sob sua proteção. Sua
filha Uttara se casou com Abhimanyu, o famoso filho de
Arjuna. Virata morreu na batalha do Mahabharata junto com
seus filhos Uttara, Sveta e Sankha.
Drupada: Drupada era filho do rei Prsata , o rei de
Pancala.Devido a que Maharaja Prsata e Maharsi Bharadvaja,
o pai de Drona, eram amigos, Drupada e Drona foram
tambem amigos desde sua infancia. Mais tarde quando
Drupada se tornou rei, Drona foi até ele para pedir ajuda
financeira, mas Drupada lhe insultou. Dronacarya não
perdoou esta ofensa. Quando Arjuna completou sua educação
na astra sastra, Drona o pediu que atacasse Drupada e
oferecesse á seus pés como doação á gurudev. Arjuna
cumpriu sua ordem. Dronacarya tomou a metade do reino de
Drupada, e logo o liberou. Para vingar este insulto, Drupada
realizou um sacrifício de cujo fogo apareceram Draupadi e
Drstadyumna.
Cekitana: Cekitana era um Yadava da dinastia Vrsni. Era
muito cortes, um Maharathi e um dos comandantes do
36. exército Pandava. Na batalha do Mahabharata morreu nas
mãos de Duryodhana.
Kasiraja: Kasiraja era o rei de Kasi. Ele nasceu de uma parte
do asura Dirghajihva. Era um valente e intrépido herói que
lutou ao lado dos Pandavas.
Purujit e Kuntibhoja: Eram irmãos de Kunti, a mãe dos
Pandavas.Dronacarya os matou na batalha de Kuruksetra.
Saibya: Saibya era o sogro de Maharaja Yudhisthira, já que
sua filha Devika se casou com este. Ele era um poderoso e
héróico guerreiro.
Yudhamanyu e Uttamauja: Eram irmáos de sangue e
príncipes do reino Pancala. Eram valentes e heróicos.
Asvatthama os matou no final da guerra do Mahabharata.
Subhadra: A irmã de Bhagavan Sri Krsna, Subhadra, estava
casada com Arjuna. O heróico Abhimanyu nasceu do ventre
de Subhadra, por isto ele é conhecido tambem como
Subhadra. Recebeu treinamento de astra sastrade seu pai,
Arjuna, e tambem de Sri Balarama. Foi um herói de
excepcional generosidade e um maharati. No momento da
guerra do Mahabharata tinha dezesseis anos. Durante a
ausencia de Arjuna, Abhimanyu era o único combatente
capaz de penetrar o cakra vyuha, uma formação militar
especial que havia sido ordenada por Dronacarya. Infiltrado
nesta formação, foi injustamente assasinado pelos esforços
combinados de sete maharatis, dentre quais estavam Drona,
Krpa e Karna.
Draupadeya: Draupadi deu a luz a um filho de cada um dos
cinco Pandavas. Seus nomes eram: Pratibindhya, Sutasoma,
Srutakarma, Satanika e Srutasena. De forma coletiva eram
37. conhecidos como Draupadeya. Foram assasinados no final da
guerra de Kuruksetra por Asvattama, enquanto dormian no
meio da noite.
Sloka7
Asmakam tu visista ye
Tan nibodha dvijottama
Nayaka mama sainyasya
Samjnrtham tan bravimi te
Oh! Dvija srestha, o melhor dos duas vezes nascidos
(brahmanas)! Para tua informação tambem enumero os
comandantes do meu exército, quem estão especialmente
qualificados para liderar.
Bhavanuvada
Aqui a palavra nibodha significa"por favor entende" e a
palavra samjnartham significa "para teu conhecimento
preciso".
Sloka 8-9
Bhavan bhismas ca karnas ca
Krpas ca samitinjayah
Asvatthama vikarnas ca
Saumadattir jayadrathah
Anye ca bahavah
Mad arthe tyakta jivitah
Nana sastra praharanah
Sarve yuddha visaradah
Em meu exército há heróis como tu,como o avô
Bhisma,como Karna, Krpacarya, Asvatthama, Vikarna,
38. Bhurisrava o filho de Somadatta e Jayadratha, o rei de
Sindhu, quem são sempre vitoriosos em batalhas. Há muitos
outros grandes heróis que estão dispostos a sacrificar suas
vidas por minha causa. Todos estão equipados com diversas
armas e são expertos em guerras.
Bhavanuvada
Aqui a palavra Somadattih se refere a Bhurisrava. Tyakta-
jivitah denota a uma pessoa determinada que faz aquilo que é
requerido,ao compreender apropriadamente que será
grandemente beneficiada, sobreviva ou não. No verso (1-33),
Bhagavan disse:"Oh Arjuna! Já dei cabo na vida de todas
estas pessoas, tu simplesmente tem que se converter-te em
um instrumento". De acordo com esta declaração , Sarasvati
Devi fez com que a palavra Tyakta-jivitah, saísse da boca de
Duryodhana, indicando que seu exército já havia sido
destruído.
Prakasika – Vrtti
Krpacarya: Na dinastia Gautama ,havia um sábio chamado
Saradvan. Uma vez, depois de ver a apsara Janapadi,
derramou semem espontaneamente, o qual caiu em um
montão de palha no bosque. Este semem se dividiu em duas
partes dos quais nasceram um menino e uma jovem. A
jovem foi chamada Krpi, e o jovem, Krpa. Krpa foi logo
reconhecido como um grande guerreiro. O sábio Saradvan
pessoalmente fez de Krpa um experto em dhanurveda e
outras artes. Krpa era extraordinariamente valente e
piedoso.Na batalha do Mahabharata, lutou ao lado dos
Kauravas, mas depois da batalha , Maharaja Yudhisthira lhe
enviou para o adestramento do príncipe Pariksit.
39. Asvatthama: A irmã de Krpacarya , Krpi, foi casada com
Dronacarya. De seu ventre nasceu Asvatthama, quem se
formou de uma combinação das porções do Senhor Siva, de
Yama, de Kama e de Krodha. Aprendeu os sastras e astra
sastra de seu pai. Tambem aceitou a responsabilidade de ser o
último comandante em chefe dos Kauravas na batalha do
Mahabharata. Ele matou os cinco filhos de Draupadi
enquanto estes dormiam profundamente,ao confundi-los com
os cinco Pandavas. Em vingança, os Pandavas lhe insultaram
severamente e lhe arrancaram uma jóia de sua testa. Então,
Asvatthama cheio de ira,tentou matar o ainda não nascido
Pariksit Maharaj, o único herdeiro da dinastia
Pandava,lançando sua Brahmastra ao menino que se
encontrava no ventre de sua mãe Uttara, a esposa de
Abhimanyu. Sem vacilar, Bhagavan Sri Krsna, quem é muito
afetuoso com seus Bhaktas, usou sua arma disco para
proteger Maharaj Pariksit.
Vikarna: Vikarna era um dos cem filhos de Dhrtarastra,
Bhimasena o matou na batalha do Mahabharata.
Somadatta: Era o filho de Bahlika e o neto do rei Pratika da
dinastia Kuru. Satyaki o matou na batalha de Kuruksetra.
Bhurisrava: Bhurisrava era o filho do rei Somadatta na
dinastia da lua. Ele foi um rei muito valente e famoso.
Satyaki o matou na batalha.
Sastra: Uma arma que se usa para usar em combate corpo a
corpo, tal como a espada, é chamada sastra.
Astra: Uma arma que se lança ao inimigo, yal como uma
flecha, é chamada astra.
40. Sloka 10
Aparyaptam tad asmakam
Balam bhismabhiraksitam
Paryaptam tv idam etesam
Balam bhimabhiraksitam
Nosso exército , ainda que protegido por Bhisma é
insuficiente, e por outro lado, o exército dos Pandavas, sobre
a cuidadosa proteção de Bhima, é competente.
Bhavanuvada
Aqui a palavra aparyaptam significa insuficiente. Os
Kauravas não são competentes e não tem forças suficiente
para lutar contra os Pandavas. Bhisma abhirakstam. Ainda
que nosso exército esteja bem protegido pelo avõ Bhisma,
mesmo assim isto é insuficiente para conter a força dos
Pandavas. Paryaptam bhimabhirakstam. Mas o exército dos
Pandavas, ainda que protegido por Bhima que é menos
experto na arte da arma e conhecimento, é competente para
lutar contra nós. Desta declaração se entende que
Duryodhana está completamente atemorizado.
Prakasika – Vrtti
O avó Bhisma é um herói sem igual que recebeu de seu pai a
bendição de morrer no momento que escolhesse. Mesmo que
lutava contra os Pandavas, ele era muito afetuoso com eles e
não queria que eles saíssem derrotados.
Sloka 11
Ayanesu ca sarvesu
41. Yatha-bhagam avasthitah
Bhismam evabhiraksantu
Bhavantah sarva eva hi
Por tanto, todos vocês devem permanecer em suas posições
estrategicamente, alinhadas em cada ponto da entrada, para
proteger o avõ Bhisma por todos os lados.
Bhavanuvada
Duryodhana disse:"Por tanto, todos voçes (Drona e os
demais) tem que ser cuidadosos" .Só com este propósito lhes
disse: Dividam-se entre os acéssos ás falanges e não
abandonem as áreas que lhes foram designados na batalha.
Desta maneira, Bhisma não poderá ser morto pela retaguarda
enquanto lutamos com o inimigo. O poder de Bhisma é agora
a nossa própria vida.
Sloka 12
Tasya sanjanayam harsam
Kuru vrddhah pitamahah
Simha nadam vinadyoccaih
Sankham dadhmau pratapavan
O avó Bhisma , o valente ançião da dinastia Kuru, soprou seu
búzio estrondosamente e produziu um som similar á um
rugido de um leão, que causou prazer á Duryodhana.
Bhavanuvada
Para erradicar o temor de Duryodhana, e alegra-lo, o maior
dos Kurus, Bhisma, fez soar seu búzio e produziu um som
como o rugido de um leão.
42. Sloka 13
Tatah sankhas ca bheryas ca
Panavanaka gomukhah
Sahasaivabhyahanyanta
sa sabdas tumulo bhavat
Depois soaram repetidamente todos os búzios, tímbalos,
tambores, mrdangas, trombetas, e outros instrumentos,
fazendo um tumultuoso e temível som.
Bhavanuvada
O propósito deste verso é expressar que ambos exércitos
mostraram seu entusiasmo pela guerra. Aqui, panavah,
Anakah e gomukhah fazem referencia á tambores, mrdangas
e diversas trombetas.
Sloka 14
Tatah svetair hayair yukte
Mahati syandane sthitau
Madhavah pandavas caiva
Divyau sankhau pradadhmatuh
Logo, Sri krsna e Dhananjaya, situados em uma grande
quadriga puxada por cavalos brancos, soaram seus búzios
divinos.
Sloka15
Pancajanyam hrsikeso
Devadattam dhananjaya
Paundram dadhmau maha sankham
Bhima karma vrkodarah
43. Hrsikesa Sri Krsna soou seu búzio conhecido como
Pancajanya: Arjuna soou seu búzio conhecido como
Devadatta: e Bhima, o realizador de tarefas hérculeas soou
seu grande búzio conhecido como Paundra.
Prakasika-vrtti
Pancajanya:Depois de finalizar a sua educação no asrama de
seu guru ,Sri Krsna pediu á ele e a sua esposa que aceitassem
alguma doação. Então eles pediram que Krsna devolvesse seu
filho que havia se afogado no oceano. Ao perguntar á Varuna
(a deidade do oceano), Sri Krsna descubriu que ele havia sido
devorado por um caracol demoníaco que morava no oceano.
Mesmo assim, Sri Krsna não encontrou o jovem dentro do
ventre, depois de matar Pancajanya. Depois, Sri Krsna foi á
Mahakalapuri, e trouxe o filho de seu guru, lhe presentiando
como doação. Devido á que Sri Krsna tomou a concha de
Pancajanya, á esta se conhece como tal.
Sloka 16
Anantavijayam raja
Kunti putro yudhisthirah
Nakulah sahadevas ca
Sughosa manipuspakau
Maharaja Yudhisthira, o filho de Kunti soprou seu búzio
chamado Anantavijaya. Nakula soprou seu Sughosa e
Sahadeva soprou seu búzio chamado Manipuspaka.
Sloka 17-18
Kasyas ca paramesvasah
44. Sikhandi ca maha rathah
Dhrstadyumno viratas ca
Satyakis caparajitah
Drupado draupadeyas ca
Sarvasah prthivi pate
Saubhadras ca maha bahuh
Sankhan dadhmuh prthak prthak
Oh! Dhrtarastra, rei da terra! Depois, o rei de Kasi, o grande
arqueiro, o maharathi Sukhandi, Drstadyumna, o rei de Virata,
o inconquistável Satyaki, o rei Drupada, os filhos de
Draupadi, e Abhimanyu o filho de Subhadra, soaram seus
respectivos búzios.
Bhavanuvada
A palavra Pancajanya e outras mencionadas neste verso são
os nomes dos búzios de Krsna e de outros guerreiros no
campo de batalha. Aparajita significa "aquele que porta um
arco".
Sloka 19
sa ghoso dhartarastranam
hrdayani vyadarayat
nabhas ca prthivim caiva
tumulo bhyanunadayan
Ressoando no céu e na terra, este tumultuoso e terrível som
deixou em pedaços os corações dos filhos de Dhrtarastra.
Sloka 20
Atha vyavasthitan drstva
Dhartarastran kapi dhvajah
45. Pravrtte sastra sampate
Dhanur udyamya pandavah
Hrsikesam tada vakyam
Idam aha mahi pate
Oh Rei! Depois de ver seus filhos em formação de batalha,
Arjuna, levantou seu arco e se preparou para disparar suas
flechas. Depois, ele disse as seguintes palavras á Hrsikesa.
Prakasika-vrtti
Kapi dhvajah: Este é um nome de Arjuna que aponta a
presença de Hanuman na bandeira de sua quadriga. Arjuna
estava muito orgulhoso de sua habilidade como arqueiro. Em
uma ocasião, quando passeava na beira de um rio portando
seu arco Gandiva, viu um macaco. Oferecendo-lhe
reverencias, ele disse: Quem és?
O macaco respondeu gentilmente. Sou Hanuman, o servo de
Sri Rama. Então Arjuna lhe perguntou: Voce é o servo do
mesmo Rama que incapaz de construir uma ponte de flechas
sobre o oceano mandou os macacos construir uma de pedras
para que seu exército pudesse cruzar o oceano. Se eu tivesse
lá neste momento eu teria construído uma ponte de flechas tão
poderosa que todo exército poderia cruza-la facilmente.
Hanuman voltou á responder muito gentilmente. Sua ponte
não iria suportar sequer o peso de um macaco do exército de
Rama.Então Arjuna disse: ”Vou fazer uma ponte de flechas
sobre este rio e voçe poderá cruza-lo com a carga mais pesada
que tiver. Hanuman se expandiu então em uma forma
gigantesca,saltou sobre as montanhas Himalayas e regressou
com umas pedras muito pesadas nos pelos de seu corpo.
ndentemente não se disfez. Arjuna , tremendo de medo orou á
Krsna: "Por favor meu Senhor, a honra dos Pandavas está em
suas mãos."
46. Quando Hanuman põs o peso completo de seus pés na ponte,
se surpreendeu que ela não se quebrava. Se a ponte não caía,
seria uma grande vergonha para ele. Dentro de seu coração
Hanuman orou á Rama, quando olhou para debaixo da ponte e
viu que Rama sustentava a ponte com sua espada. Então ele
disse: "O que é isto? "Meu adorável senhor está suspendendo
a ponte com sua espada!! "Imediatamente ele caíu aos pés de
lótus de Sri Ramacandra.
Ao mesmo tempo , Arjuna viu o senhor não como
Ramacandra, mas como Sri Krsna.Tanto Hanuman quanto
Arjuna juntaram suas mãos reverencialmente para seus
senhores adoráveis ,e então o Senhor disse:
"Não há diferença entre estas duas formas minhas. Eu, Krsna,
na forma de Sri Rama ,venho estabelecer os limites da
moralidade e da conduta religiosa apropriada. Na forma de
lila purusottama Krsna, sou a personificação do néctar de
todas as rasas. De hoje em diante vocês dois devem ser
amigos. Em uma futura batalha, o poderoso Hanuman situado
na bandeira da quadriga de Arjuna, lhe dará proteção de todos
os lados "Por esta razão, Arjuna recebeu o nome de Kapi
Dhvajah "Aquele que tem uma pintura de um macaco em sua
bandeira."
Sloka 20-23
Arjuna uvaca
Senayor ubhayor madhye
Rathan sthapaya me cyuta
Yavad etan nirikse ham
Yoddhu kaman avasthitan
Kair maya saha yoddhavyam
Asmin rana samudyame
Yotsyamanam avekse ham
Ya ete tra samagatah
47. Dhratarastrasya durbuddher
Yuddhe priya cikirsavah
Arjuna disse: Oh Acyuta! Por favor, situa minha quadriga no
meio de ambos os exércitos para eu poder ver todos os heróis
presentes que desejam lutar nesta batalha.
Sloka 24-25
Sanjaya uvaca
Evam ukto hrsikes
Gudakesena bharata
Senayor ubhayor madhye
Sthapayitva rathottamam
Bhisma drona pramukhatah
Sarvesam ca mahiksitam
Sanjaya disse: Oh Bharata! Ao receber a ordem de Gudakesa,
Hrsikesa Sri Krsna conduziu sua excelente quadriga no meio
de ambos os exércitos, e diante de todos os reis e
personalidades proeminentes como Bhisma, Drona e outros.
Ele disse então: "Ó Partha, contempla todos estes Kauravas
aquí reunidos."
Bhavanuvada
Hrsikesa significa o controlador dos sentidos. Ainda que
Krsna é Hrsikesa, quando recebeu as ordens de Arjuna, ele foi
controlador pelo sentido da fala de Arjuna. Bhagavan é
controlado apenas por Prema.
Sloka 26
Tatrapasyat sthitan parthah
Pitrn atha pitamahan
48. Acaryan matulan bhratrn
Putran pauntran sakhims tatha
Svasuran suhrdas caiva
Senayor ubhayor api
Alí, no meio de ambos os exércitos, Arjuna viu seus tios
paternos e maternos, seus avôs, mestres, primos, sobrinhos,
netos, amigos, sogros e bemquerentes.
Sloka 27
Tan samiksya sakaunteyah
Sarvan bandhun avasthitan
Krpaya parayavisto
Visidann idam abravit
Ao ver todos seus amigos e familiares presentes no campo de
batalha, Arjuna, o filho de Kunti, cheio de compaixão e
angústia, disse:
Sloka 28
Arjuna uvaca
Drstveman svajanan krsna
Yuyutsun samavasthitan
Sidanti mama gatrani
Mukham ca parisusyati
Arjuna disse: Oh Krsna! Ao ver meus próprios parentes
reunidos aquí com o desejo de lutar ,sinto que minhas
extremidades fraquejam e que minha boca está secando.
Sloka 29
Vepathus ca sarire me
49. Roma-harsas ca jayate
Gandivam sramsate hastat
Tvak caiva paridahyate
Meu corpo treme e meu cabelo arrepia. Meu arco Gandiva
está escorregando das minhas mãos e minha pele arde.
Sloka 30
Na ca saknomy avasthatum
Bhramativa ca me manah
Nimittani ca pasyami
Viparitani kesava
Oh Kesava! Sou incapaz de me manter em pé. Minha mente
dá voltas e sinto muita angústia e aflição.
Bhavanuvada
Na oração"eu estou vivendo aquí com o propósito de ganhar
riquezas.", aquí a palavra nimitta indica o propósito. Da
mesma forma, nimitta neste veso, indica a intenção. Arjuna
está dizendo: "Depois, apesar de ganhar a guerra, a obtenção
do reino não nos trará felicidade. Pelo contrário, nos causará
dor e aflição.
Prakasika-vrtti
Kesava: Aquí o devoto, Arjuna, está revelando os
sentimentos de seu coração ao dirigir-se a Bhagavan com a
palavra Kesava."Apesar de matar proeminentes asuras
(demônios) como Kesi e outros, tu sempre mantém seus
devotos. Da mesma forma, por favor, dissipa a lamentação e
ilusão do meu coração e sustenta-me. Srila Visvanatha
50. Cakravarti Thakura explicou que a palavra Kesava indica
aquele que penteia o cabelo de sua amada.
Sloka 31
Na ca sreyo nupasyami
Hatva svajanam ahave
Na kankse vijayam krsna
Na ca rajyam sukhani ca
Oh Krsna! Eu não vejo nada de auspicioso em matar meus
próprios parentes nesta batalha. Não desejo nem a vitória nem
o reino, nem sequer a felicidade.
Bhavanuvada
Sreyo na pasyamiti significa "não vejo nada auspicioso". Os
sanyassis que alcançam a perfeição no yoga e os guerreiros
que morrem no campo de batalha alcançam o globo solar.
Parece então que uma pessoa que morre na batalha obtém um
resultado auspicioso.
Sloka 32-34
Kim no rajyena govinda
Kim bhogair jivitena va
Yesam arthe kanksitam no
Rajyam bhogah sukhani ca
Ta ime vasthita yuddhe
Pranams tyaktva dhanani ca
Acaryah pitarah putras
Tathaiva ca pitamahah
Matulah svasurah pautrah
Syalah sambhandhinas tatha
51. Etan na hantum icchami
Ghnato pi madhusudana
Oh Govinda! De que nos serve o reino, o desfrute ou a própria
vida ,quando aqueles que queremos bem—mestres, tios,
filhos, avôs, sogros, netos, cunhados, e outros parentes—estão
diante de nós neste campo de batalha dispostos a perderem
suas vidas e riquesas? Oh Madhusudana! Ainda que eles me
matem, não desejo matar-los.
Sloka 35
Api trailokya-rajyasya
Hetoh kim nu mahi-krte
Nihatya dhartarastran nah
Ka pritih syaj janardana
Oh Janardana! Se matamos os filhos de Dhrtarastra,mesmo
que seja para obter não só a soberania da terra, mas de todos
os tres mundos, que felicidade obteremos com isto?
Sloka 36
Tasman narha vayam hantum
Dhartarastran as-bandhavan
Svajanam hi katham hatva
Sukhinah syama madhava
Oh Madhava! Ao matar todos estes agressores, apenas
cometeremos pecado.Por tanto,matar Duryodhana e nossos
outros familiares não é apropriado. Como poderíamos ser
felizes após matar nossos próprios parentes?
Bhavanuvada
52. De acordo com o Sruti há seis tipos de agressores: o que ata
fogo em uma casa, o que admnistra veneno, o que ataca com
armas mortais, o que rouba, o que usurpa a terra e o que rouba
a esposa de outrem. Arjuna argumentou:"Oh Bharata! se você
diz que ao ver algum dos seis tipos de agressores devemos
matar-los sem consideração, então se matássemos as pessoas
aquí reunidas, sem dúvida cometeríamos pecado."
Prakasika-vrtti
De acordo com o smrti sastra, não se comete pecado se matam
um dos seis tipos de agressores. Em contraponto, os srutis
declaram que não se deve matar nenhuma entidade vivente.
Quando surgem tais contradições,deve-se considerar os srutis
como superiores. Seguimdo esta lógica, Arjuna sente que
ainda que os filhos de Dhrtarastra são agressores, se ele os
matam, irá cometer pecado.
Sloka 37-38
Yady apy ete na pasyanti
Lobhopahata-cetasah
Kula ksaya krtam dosam
Mitra drohe ca patakam
Kathamna jneyam asmabhih
Papad asman nivartitum
Kula ksaya krtam dosam
Prapasyabdhir janardana
Oh Janardana! A inteligencia de Duryodhana e dos demais
,estáo contaminadas pela cobiça de obter o reino. Assim
sendo, eles são incapazes de conceber a ilegalidade que surge
ao destruir a dinastia e muito os pecados que ocorreria ao
53. lutar contra os amigos. Então, por que devemos nós, que
temos conhecimento, cometer atos indevidos como estes.
Bhavanuvada
Arjuna pergunta: Por que estamos ocupados nesta batalha?
Para responder sua própria pergunta , recita este verso que
começa com as palavras yady apy.
Prakasika-vrtti
Arjuna considerou que nesta batalha havia mestres como
Dronacarya , Krpacarya, e outros,tios maternos como Salya e
Sakuni,familiares maiores como Bhisma ,os filhos de
Dhrtarastra , parentes e familiares como Jayadratha e outros
Arjuna pensou: Os Vedas dizem que não podemos lutar com
pessoas que executam yajna,com o sacerdote familiar,com um
mestre,com o tio materno,com um convidado,com filhos
pequenos,com pessoas maiores, nem com parentes."Mesmo
assim ,é com estas pessoas com quem devo
combater".Assim ,Arjuna expressou sua objeção de lutar
contra seus próprios parentes."Mas,porque todos estão
empenhados á lutar contra nós.".Ao considerar isto,Arjuna
concluiu que eles deveriam estar dominados por interesses
baixos e egoístas e por tanto perderam a habilidade de
discriminar entre o que é bom ou mau. Como resultado eles
,ao destruir sua própria dinastia, cometeriam pecado."Já que
não temos motivos egoístas , por que devemos ocupar-nos
nestas atividades abomináveis e pecaminosas?.
Sloka 39
54. Kula-ksaye pranasyanti
Kula-dharmah sanatanah
Dharme naste kulam krtsnam
Adharmo bhibhavaty uta
Os prinçípios religiosos ancestrais transmitidos através de
uma dinastia são também destruídos quando ela é destruída.
Depois da ruína do Dharma, a dinastia inteira é subjugada
pelo adharma.
Bhavanuvada
A palavra sanatanah se refere aos princípios religiosos que
descendem da Dinastia desde um tempo ancestral.
Sloka 40
Adharmabhibhavat krsna
Pradusyanti kula-striyah
Strisu dustasu varna-sankarah
Oh Krsna! Quando uma dinastia é subjugada pelo adharma
,suas mulheres se degradam.Oh descendente de Vrsni!
Quando as mulheres se tornam degradadas e incastas, nascem
descendentes não desejados.
Bhavanuvada
O adharma ocupa as mulheres em atividades incastas.
Sloka 41
Sankaro narakayaiva
Kula-ghnanam kulasya ca
Patanti pitaro hy esam
55. Lupta-pindodaka-kriyah
Tal progenie não desejada leva ao inferno tanto a dinastia
inteira quanto os destruídores da tradição familiar. Sem
dúvida alguma,seus antepassados , privados de oblações de
água e alimento ,sofrem o mesmo destino.
Sloka 42
Dosair etaih kula-ghnanam
Varna-sankara-karakaih
Utsadyante jati-dharmah
Kula-dharmas ca sasvatah
Devido ás ações perversas daqueles que destróem a tradição
familiar ,os prinçípios religiosos da familia e da casta
desaparecem.
Bhavanuvada
A palavra utsadyante, significa “eles desaparecem”.
Sloka 43
Utsanna-kula-dharmanam
Manusyanam janardana
Narake niyatam vaso
Bhavatity anususruma
Oh Janardana! Eu escutei que todos aqueles cuja dinastia
carece de princípios religiosos, sofrem no inferno por um
período ilimitado.
Sloka 44
56. Aho bata mahat-papam
Kartum vyavasita vayam
Yad rajya-sukha-lobhena
Hantum svajanam udyatah
Quão surpreendente é que, levados pela condição de desfrutar
de felicidade imperial ,estamos dispostos á matar nossos
próprios parentes e cometer este grande pecado.
Sloka 45
Yadi mam apratikaram
Asastram sastra-panayah
Dhrtarastra rane hanyus
Tan me ksemataram bhavet
Seria ainda mais auspicioso para mim se, desarmado e sem
ofereçer resistençia, os filhos de Dhrtarastra fortemente
armados me matassem.
Sloka 46
Sanjaya uvaca
Evam uktvarjunah sankhye
Rathopastha upavisat
Visrjya as-saram capam
Soka-samvigna-manasah
Sanjaya disse: Com sua mente perturbada pela lamentação,
Arjuna pronunciou estas palavras no campo de batalha, põs de
lado seu arco e flecha, e sentou em sua quadriga.
57. Assim conclui-se o primeiro capítulo do Srimad Bhagavad
Gita
Capítulo 2
O prinçípio das análises
Sloka 1
Sanjaya uvaca
Tam tatha krpayavistam
Asru-purnakuleksanam
Visidantam idam vakyam
Uvaca madhusudanah
Sanjaya disse: Sri Madhusudana falou ao aflito Arjuna, quem
estava cheio de compaixão e cujos olhos estavam agitados e
cheios de lágrimas.
Sloka 2
Sri bhagavan uvaca
Kutas tva kasmalam idam
Visame samupasthitam
Anarya-justam asvargyam
Akirtti-karam arjuna
58. Sri Bhagavan disse: Oh Arjuna! Qual é a causa da sua ilusão
neste momento crítico da batalha. Isto não é próprio de um
ariano, pois não condiz com sua reputação, nem te conduzirá
aos planetas celestiais.
Bhavanuvada
Neste capítulo, Bhagavan Sri Krsnacandra esboça os sintomas
das pessoas liberadas. Ele dissípa a obscuridade causada pela
lamentação e ilusão ao conçeder, em primeiro lugar, a
sabedoria para discernir entre matéria e espírito.
Prakasika-vrtti
Dhrtarastra estava satisfeito ao saber que,ainda antes de
começar a batalha , um sentimento religioso havia despertado
no coração de Arjuna. Ele recusava encarar a batalha, atendo-
se aos princípios da não violencia,que considerava sendo o
Dharma supremo. Dhrtarastra pensou:"Seria uma grande
fortuna se esta batalha não aconteçesse , pois assim, meus
filhos poderiam permanecer soberanos do reino sem nenhum
obstáculo."
Sloka 3
Klaibyam ma sma gamah partha
Naitat tvayy upapadyate
Ksudram hrdaya daurbalyam
Tyaktvottistha parantapa
Oh Partha! Não sejas covarde, isto não lhe é digno. Oh
Parantapa! Abandona sua fraqueza de coração e levanta-te.
Bhavanuvada
59. Aqui Krsna diz: Oh Partha! Apesar de ser um filho de Prtha
,estás se comportando como um covarde.".Depois ele disse:
"Tal covardia é própria de um ksatriya de baixa
classe."Arjuna poderia dizer: Oh Krsna! Não duvides da
minha coragem,eu desejo lutar.Mas por favor ,compreende
que do ponto de vista moral,minha renunçia á lutar é para
mostrar respeitos á meus gurus, Bhisma e Drona.".Krsna
contesta."Minha resposta é ksudram,tal atitude não demonstra
discriminação nem compaixão, senão lamentação e ilusão.
Ambas revelam a fraquesa da sua mente.
Sloka 4
Arjuna uvaca
Katham bhismam aham sankhye
Dronanca madhusudana
Isubhih pratiyotsyami
Pujarhav arisudana
Arjuna disse: Oh Madhusudana! Oh Arisudana! Destruídor
dos inimigos.! Como posso contratacar com minhas flechas, o
avô Bhisma, e Dronacarya, quem são dignos de minha
veneração?
Bhavanuvada
Para explicar porque não deseja combater, Arjuna argumenta
que de acordo com o dharma sastra, a violação da honra de
uma personalidade venerável é um ato fatídico.
Ao referir-se á Krsna como Madhusudana, Arjuna acode á
esta lógica."Oh querido amigo,tu também destruístes inimigos
em batalha, mas não assasinastes teu guru e nem seus
60. parentes. Devido á que o denônio Madhu era seu inimigo, eu
me referi á ti como Arisudana, ou o destruídor dos inimigos.
Prakasika-vrtti
Sandipani Muni era um famoso sábio pertençente á kasyapa
gotra, que vivia na cidade de Avanti,atual Ujjain. Quando
executaram seus passatempos, Sri Krsna e Baladeva o
aceitaram como seus Siksa Guru para dar exemplo aos
demais.Quando viviam em seu asrama, executaram o
passatempo no qual aprenderam as sessenta e quatro artes em
sessenta e quatro dias.Visvanatha Cakravarti Thakura
comenta que Sandipani Muni era seguidor do senhor Siva, ele
explica que se Krsna e Baladeva tivessem aceitado um guru
Vaisnava, este os teriam reconheçido como o supremo, e os
passatempos de aprendizagem não teriam ocorrido. Sandipani
Muni era filho de Paurnamasi Yoga Maya, e os amigos de
Krsna ,Madhumangala e Nandimukhi são filho e filha dele.
Sloka 5
Gurun ahatva hi mahanubhavan
Sreyo bhoktum bhaiksyam apiha loke
Hatvartha kamams tu gurun ihaiva
Bhunjiya bhogan rudhira pradigdhan
Seria melhor manter minha vida neste mundo mediante
mendicancia do que matar meus gurus, que são grandes
personalidades. Se os mato, os prazeres e riquezas que
pudesse derfrutar neste mundo, ficariam manchados de
sangue.
Bhavanuvada
61. Arjuna pensou que se converteria em traídor se matasse seus
gurus, e qualquer prazer que tivesse depois deste ato, estaria
manchado pelo resultado de atos pecaminosos.
Sloka 6
Na caitad vidmah kataran no gariyo
Yad va jayema yadi va no jayeyuh
Yan eva hatva na jijivisamas
Te vasthitah pramukhe dhratarastrah
Sou incapaz de decidir o que é melhor para nós: conquistar ou
ser conquistados por eles. Mesmo se nós os matássemos, não
iríamos desejar viver. Mas, eles estão do lado de Dhrtarastra e
estão na nossa frente, preparados para a batalha.
Bhavanuvada
Aqui arjuna está falando sobre a possibilidade da vitória ou
derrota. Ele disse: "Para nós, a vitória é igual á derrota".
Sloka 7
Karpanya dosopahata svabhavah
Prcchami tvam dharma sammudha cetah
Yac chreyah syan niscitam bruhi tan me
Sisyas te ham sadhi mam tvam prapannam
Dominado pela covardia e confundido sobre o dever, perdí
meu heroísmo natural. Te suplico, por favor, que me digas o
que é melhor para mim. Sou teu discípulo rendido e uma alma
entregue á ti. Por favor instruí-me.
Bhavanuvada
62. Sri Krsna podia ridicularizar Arjuna dizendo:"Ainda que és
Ksatriya, você decidiu converte-te em mendigo errante,
mediante tua própria compreensão do significado dos sastras.
Então, qual é o valor das minhas palavras?." Anteçipando-se,
Arjuna começa este verso com a palavra Karpanya: O
abandono do heroísmo natural se chama karpanya, que
significa comportamento covarde. Para receber instruções de
Krsna, Arjuna então lhe assegura."sou teu discípulo, não
refutarei mais tuas declarações.
Sloka 8
Na hi prapasyami mamapanudyad
Yae chokam ucchosanam indriyanam
Avapya bhumav asapatnam rddham
Rajyam suranam api cadhipatyam
Ainda que obtivesse na terra um reino inigualável e próspero,
com soberania até mais que os semideuses, não vejo como
posso brecar este meu pesar que seca meus sentidos.
Bhavanuvada
Arjuna começa este verso coma palavra na hi: "Nos tres
mundos, não encontro ninguém, a não ser tu, que possa
dissipar minha lamentação."Assim como o intenso calor do
verão seca as pequenas folhas, a compaixão está secando
meus sentidos.
Sloka 9
Sanjaya uvaca
Evam uktva hrsikesam
Gudakesah parantapah
Na yotsya iti govindam
63. Uktva tusnim babhuva há
Sanjaya disse:Depois de pronunciar estas palavras , Gudakesa
, o castigador dos inimigos ,disse á Krsna. "Oh Govinda, não
lutarei, e logo ficou mudo."
Sloka 10
Tam uvaca hrsikesah
Prahasann iva bharata
Senayor ubhayor madhye
Visidantam idam vacah
Oh descedente de Bharata(Dhrtarastra)! Neste momento,
Hrsikesa Sri Krishna sorrindo no meio dos exércitos, se
dirigiu ao aflito Arjuna com as seguintes palavras:
Bhavanuvada
A frase senayor ubhayor madhye indica que a afição de
Arjuna, as instruções e as garantias oferecidas por Krishna,
eram igualmente visíveis em ambos os exércitos. Em outras
palavras, esta mensagem do Bhagavad Gita foi presenciada
por ambos os exércitos.
Sloka 11
Sri bhagavan uvaca
Asocyan anvasocas tvam
Prajna vadams ca bhasase
Gatasun agatasums ca
Nanusocanti panditah
64. Sri Bhagavan disse: Enquanto falas palavras sábias, você se
lamenta por nada. O sábio não se lamenta nem pelos vivos
nem pelos mortos.
Bhavanuvada
"agata asun" significa onde não chega o ar vital". O erudito e
o sábio não se lamentam sequer pelo corpo sutil, pois é
indestrurível antes da etapa de mukti. Em ambas as condições,
em vida ou com vida, a natureza do corpo grosseiro e sutil é
imutável. É incorreto lamentar-se, já que a alma é eterna.
Prakasika-vrtti
O corpo grosseiro da entidade viva é composto por cinco
elementos materiais - terra, agua, fogo, ar e éter e é
temporário. Onde há nascimento, a morte é certa, seja hoje,
amanhã ou daqui uns anos.
Sloka 12
Na tv evaham jatu nasam
Na tvan neme janadhipah
Na caiva na bhavisyamah
Sarve vayam atah param
Jamais houve um tempo em que eu, tu e todos estes reis não
existiram, tampouco haverá no futuro um momento em que
deixaremos de existir.
Bhavanuvada
65. Ainda que existe diferença entre Isvara e a jiva, ambos os
tipos de alma são eternos e estão livres da morte. Assim a
alma não é objeto de lamentação.
Prakasika-vrtti
As pessoas ignorantes que consideram que o corpo grosseiro é
igual á alma, não compreendem que o verdadeiro ser não é
material.
Sloka 13
Dehino smin yatha dehe
Kaumaram yauvanam jara
Tatha dehantara praptir
Dhiras tatra na muhyati
Assim como a alma corporificada neste corpo grosseiro passa
da infância á juventude e logo á velhice, também passa á
outro corpo depois da morte. Uma pessoa inteligente não se
confunde pela destruição e nascimento do corpo.
Sloka 14
Matra-sparsas tu kaunteya
Sitosna-sukha-duhkha-dah
Agamapayino nityas
Tams titiksasva bharata
Oh Kaunteya! Quando os sentidos entram em contato com os
objetos sensíveis, se experimenta frio e calor, felicidade e
aflição.Tais experiências são flutuantes e temporárias. Oh
Bharata! Por isso deve tolera-las.
Bhavanuvada
66. Não só a mente nos trazem problemas, mas os sentidos por
exemplo, também nos causam problemas. Tolerar as
sensações causadas pelos objetos dos sentidos, sabendo que
estes também são temporários é uma obrigação prescrita nos
Vedas. Assim sendo, banhar-se no inverno é incômodo, mas
não se deve abandonar a rotina de se banhar, prescrita nos
Sastras. Igualmente, as mesmas pessoas, como os irmãos, os
filhos, etc, nos proporcionam felicidade ao nascer ou quando
adquirem riquezas, mas estas mesmas pessoas produzem dor
no momento de suas mortes. Sabendo que estas felicidades e
aflições são temporárias ,devemos tolera-las. Krsna falou á
Arjuna: "Não deves abandonar seu Dharma de lutar na batalha
com a desculpa de ter afeição por seus parentes. O abandono
do dever que os Sastras prescrevem, é sem duvida uma causa
de grande pertubação."
Sloka 15
Yam hi na vyathayanty ete
Purusam purusarsabha
Sama dunkha sukham dhiram
So mrtatvaya kalpate
Oh! Tú é o melhor dos homens! A pessoa sensata que
considera que a felicidade, a aflição, e a percepção dos
diversos objetos sensíveis é a mesma coisa e não se pertuba
por elas, sem dúvida está qualificada á liberar-se.
Sloka 16
Nasato vidyate bhavo
Nabhavo vidyate satah
Ubhayor api drsto`ntas
Tv anayos tattva darsibhih
67. Coisas temporárias– como o verão e o inverno – não tem uma
existencia real, e o eterno – a alma –jamais é destruída. Os
conhecedores da vedade chegaram á esta conclusão após
estudarem sobre o eterno e o temporário.
Sloka 17
Avinasi tu tad viddhi
Yena sarvam idam tatam
Vinasam avyayasyasya
Na kascit karttum arhati
Deves saber que isso que se propaga por todo o corpo não
pode ser destruído. Nada é capaz de destruir a alma
imperecível.
Bhavanuvada
A alma é diminuta e só pode-se compreende-la quando o
coração está purificado e livre dos tres modos da natureza
material.
Prakasika-vrtti
Há duas verdades indestrutíveis: uma é a jiva atômica
consciente, e a outra é Paramatma , que manifesta e controla
todas as jivatmas. Assim como uma simples gota de pasta de
sandalo aplicada em um só local refresca o corpo inteiro, a
alma (jivatma) localizada no coração, ocupa todo o corpo.
Sloka 18
Antavanta ime deha
Nityasyoktah saririnah
68. Anasino prameyasya
Tasmad yudhyasva bharata
Deves considerar que os corpos materiais que a alma eterna,
indestrutível e incomensurável, ocupa, são perecíveis. Oh!
Descendente de Bharata! Por tanto, lute!
Sloka 19
Ya enam vetti hantaram
Yas cainam manyate hatam
Ubhau tau na vijanito
Nayam hanti na hanyate
Os que consideram que a alma mata ou é morta, são
ignorantes. A alma não é morta e nem mata ninguém.
Bhavanuvada
Krsna diz: "Oh amigo Arjuna, tu és uma alma, tu não és o
sujeito nem o objeto do ato de matar. "Por tanto ó amigo, por
que temes a infamia só por que os ignorantes te chamarão de
"asassino de seus superiores?"
Sloka 20
Na jayate mriyate va kadaci
Nayam bhutva bhavita va na bhuyah
Ajo nityah sasvato yam purano
Na hanyate hanyamane sarire
A alA A alma não nasce nem morre, tampouco experimenta o
crescimento. Ela não nasce pois é eterna e permanente. A
69. alma é primordial, é sempre jovem e não morre quando o
corpo é destruído.
Sloka 21
Vedavinasinam nityam
Ya enam ajam avyayam
Katham as purusah partha
Kam ghatayati hanti kam
´Óh Partha! Como pode uma pessoa matar alguém, sabendo
que a alma é eterna, não nascida, imutável e indestrutível?
Bhavanuvada
Sri Krsna responde á Arjuna: "Oh Partha! Logo que adquirir
este conhecimento, não serás culpado de nenhum pecado,
mesmo depois de lutar na batalha."
Sloka 22
Vasamsi jirnani yatha vihaya
Navani grhnati naro parani
Tatha sarirani vihaya jirnany
Anyani samyati navani dehi
Assim como uma pessoa abandona suas roupas velhas e
aceita outras novas, a alma abandona os corpos velhos e
inúteis e aceita outros novos.
Sloka 23
Nainam chindanti sastrani
Nainam dahati pavakah
Na cainam kledayanty apo
70. Na sosayati marutah
Esta alma não pode ser ferida por nenhuma arma, nem
queimada pelo fogo, molhada pela água ou secada pelo
vento.
Sloka 24-25
Acchedyo yam adahyo yam
Akledyo sosya eva ca
Nityah sarva gatah sthanur
Acalo yam sanatanah
Avyakto yam acintyo ya
Mavikaryo yam ucyate
Tasmad evam viditvainam
Nanusocitum arhasi
A alma é indivisível, indestrutível e insolúvel. É eterna,
onipenetrante, permanente, inalterável e sempre existente. É
imperceptível, inconcebível e, devido a que está livre dos seis
tipos de transformações como o nascimento, é imutável.
Depois de compreender a alma desta maneira, não deves
lamentar-te.
Atha cainam nitya jatam
Nityam va manyase mrtam
Tathapi tvam maha-baho
Nainam socitum arhasi
Mas, se ainda pensas que a alma nasce e morre
constantemente, não há razão para que fiques aflito por ela ó
Maha Baho!
Bhavanuvada
71. Aqui Krsna está dizendo: "Ainda que pense que o
nasçimemto é perpétuo,ainda sim tu deves executar o seu
dever como um valente Ksatriya."
Krsna está tentando fazer com que Arjuna veja então o lado
prático da batalha, deixando de lado o conhecimento acerca
da alma.
Sloka 27
Jatasya hi dhruvo mrtyur
Dhruvam janma mrtasya ca
Tasmad apariharye rthe
Na tvam socitum arhasi
Para aquele que nasce a morte é certa, e para aquele que
morre o nascimento é certo. Por tanto não deves lamentar-se
por esta situação inevitável.
Sloka 28
Avyaktadini bhutani
Vyukta madhyani bharata
Avyakta nidhanany eva
Tatra ka paridevana
Oh Bharata!. Todos os seres humanos são imanifestos antes
de seu nascimento. No interim , depois do nascimento, eles se
manifestam , e após a morte voltam á imanifestar-se. Então
,por que te lamentas?
Sloka 29
Ascaryavat pasyati kascid enam
72. Ascaryavac cainam anyah srnoti
Srutvapy enam veda na caiva kascit
Há quem considera que a alma é surpreendente, outros falam
dela como algo surpreendente e alguns após escutar sobre ela
acham que é algo incompreensível e assim não á
compreende.
Bhavanuvada
Krsna explica este verso para mostrar á Arjuna o quanto é
maravilhoso a combinação do corpo com a alma e lhe
esclarece sobre este tema.
Prakasika-vrtti
A alma, a pessoa que instrui sobre a alma, e a audiencia são
todos maravilhosos, pois a verdade sobre a ciençia da alma é
muito dificil de ser compreendida. Ainda assim, somente
poucas personalidades são capazes de compreende-la e a
consideram como algo maravilhoso. É estranho que a grande
maioria,mesmo depois de escutar sobre a alma de um expert
no assunto não consegue compreende-la.
Por esta razão Sri Caitanya Mahaprabhu nos deu a instrução
de cantar os santos nomes e como resultado secundário deste
canto, virá tambem o conhecimento acerca da alma.
Sloka 30
Dehi nityam avadhyo yam
Dehe sarvasya bharata
Tasmat sarvani bhutani
Na tvamsocitum arhasi
73. Oh Arjuna! A alma eterna que reside nos corpos de todas as
entidades vivas jamais pode ser aniquilada. Por tanto, não é
correto que te lamentes por nada.
Sloka 31
Svadharmam api caveksya
Na vikampitum arhasi
Dharmyad dhi yuddhac chreyo nyat
Ksatriyasya na vidyate
Por outro lado se consideras teu próprio dever de Ksatriya,
não deves oscilar, pois não há atividade melhor para você do
que a luta.
Bhavanuvada
Considerando os dois pontos de vista, é recomendável que
Arjuna lute.
Sloka 32
Yadrcchaya copapannam
Svarga dvaram apavrtam
Sukhinah ksatriyah partha
Labhante yuddham idrsam
Oh Partha! Afortunados são os Ksatriyas que tem semelhante
oportunidadede lutar, pois tal batalha é a porta de entrada
para os planetas celestiais.
Sloka 33
Atha cet tvam imam dharmyam
Sangramam na karisyasi
74. Tatah svadharmam kirttin ca
Hitva papam avapsyasi
Mas, se não participas desta batalha religiosa, desobedecerás
teu dever e perderá tua fama. Então a reacão virá até você.
Bhavanuvada
Neste e nos próximos três versos, Sri Bhagavan explica os
defeitos de não lutar.
Sloka 34
Arkittincapi bhutani
Kathayisyanti te vyayam
Sambhavitasya cakirttir
Maranad atiricyate
O povo só irá falar sobre tua infâmia, e para uma pessoa
honrosa, a desonra é mais dolorosa que a morte.
Sloka 35
Bhayad ranad uparatam
Mamsyante tvam maha rathah
Yesanca tvam bahu-mato
Bhutva yasyasi laghavam
Grandes guerreiros como Duryodhana e outros irão pensar
que fugiste da batalha, cheio de temor. Aqueles que te
honravam, irão te considerar um ser insignificante.
Sloka 36
Avacya vadams ca bahun
75. Vadisyanti tavahitah
Nindantas tava samarthyam
Tato duhkhataram nu kim
Teus inimigos te insultariam com palavras duras e criticariam
tuas habilidades. Oh Arjuna! O que poderia ser mais doloroso
para ti?
Sloka 37
Hato va prapsyasi svargam
Jitva va bhoksyase mahim
Tasmad uttistha kaunteya
Yuddhaya krta niscayah
Oh! Kaunteya! Se for morto na batalha, alcancarás os
planetas celestiais, e se você sai vitorioso da batalha,
desfrutarás do reino da terra. Por tanto, levanta com
determinação e luta.
Sloka 38
Sukha duhkhe same krtva
Labhalabhau jayajayau
Tato yuddhaya yujyasva
Naivam papam avapsyasi
Sabendo que felicidade e aflição, vitória e derrota, fracasso e
triunfo, são todos iguais, luta com esta mentalidade, pois só
assim não cometerás pecado algum.
Bhavanuvada
76. "Assim como uma folha de lótus nunca molha enquanto
permanece na água, um Ksatriya que luta na batalha jamais
comete pecado.”
Prakasika-vrtti
Krsna fala á Arjuna: "Se lutas com a mentalidade de que
felicidade e aflição, vitória e derrota, fracasso e triunfo são
todos iguais, então não há pecado algum."
Uma pessoa que está apegada aos frutos de seus atos, está
cometendo pecado, por tanto, a renúncia ao apego kármico, é
sem dúvida necessária.
Sloka 39
Esa te bhihita sankhye
Buddhir yoge tv imam srnu
Buddhya yukto yaya partha
Karma bandham prahasyasi
Oh! Partha! Até este momento te expliquei o Sankhya-yoga,
mas agora vou te explicar Bhakti Yoga, com este
conhecimento te libertarás do cativeiro material.
Sloka 40
Nehabhikrama-naso sti
Pratyavayo na vidyate
Svalpam apy asya dharmasya
Trayate mahato bhayat
Os esforços realizados em Bhakti Yoga jamais são em vão.
Mesmo uma pequena quantidade deste Yoga, libera a pessoa
do mais grande perigo.
77. Bhavanuvada
Aqui , Krsna diz á Arjuna ."Buddhi Yoga é de dois tipos:1-
Bhakti Yoga na forma de audição e canto, e 2-Niskama
Karma Yoga na forma de entrega dos frutos dos atos
desinteressados á Bhagavan. "Ambos estes dois tipos de
Yoga se define com a palavra Buddhi-Yoga.
Prakasika-vrtti
Bhakti é primário e Niskama Karma é secundário. Bhakti
Yoga é completamente transcendental aos modos materiais.
Qualquer atividade em Bhakti nunca é perdida, a pessoa que
não teve sucesso nesta vida, poderá continuar o processo na
próxima vida, desde o estágio onde parou.
Sloka 41
Vyavasayatmika buddhir
Ekeha kuru-nandana
Bahu-sakha hy anantas ca
Buddhayo vyavasayinam
Oh! Filho dos Kurus! A inteligencia resoluta dos que
praticam Bhakti é indivisível, mas a inteligencia dos
indecisos em relação á Bhakti possuem ramificações
ilimitadas.
Bhavanuvada
A inteligencia cuja meta é Bhakti yoga é suprema quando
comparada aos demais tipos de inteligencia.
Sloka 42
78. Yam imam puspitam vacam
Pravadanty avipascitah
Veda-vada-ratah partha
Nanyad astiti vadinah
Oh! Partha! Os insensatos, que estão apegados ás declarações
floridas dos Vedas, que na verdade só produz veneno, dizem
que não há nada além disto nas escrituras.
Prakasika-vrtti
No Srimad Bhagavatam adverte-se para as afirmações
Védicas.
Oh! Pracinabarhi! Devido á ignorancia, as atividades
ritualísticas mencionadas nos Vedas parecem ser o objetivo
supremo. Ainda que suas narrações parecem ser fascinantes
aos ouvidos elas carecem de conexão com o absoluto. Por
tanto ignore-as.
Sloka 43
Kamatmanah svarga-para
Janma-karma-phala-pradam
Kriya-visesa-bahulam
Bhogaisvarya-gatim prati
As pessoas de natureza luxuriosa, que fazem muitos rituais
védicos pomposos para alcançar os planetas celestiais, onde
há bastante opulencia e desfrute sensual, acabam se atando ao
ciclo de nascimentos e mortes.
Sloka 44
Bhogaisvarya-prasaktanam
Tayapahrta-cetasam
79. Vyavasayatmika buddhih
Samadhau na vidhiyate
Aqueles que estão apegados ao desfrute e opulencia, cujas
mentes estão cativadas pelas palavras floridas dos Vedas, não
obterão inteligencia absoluta, com a qual pode-se meditar no
Supremo.
Sloka 45
Traigunya-visaya veda
Nistraigunyo bhavarjuna
Nirdvandvo nity-sattva-stho
Niryoga-ksema atmavan
Oh! Arjuna! Supera os modos da natureza material descrita
nos Vedas e situa-se transcendentalmente, livre de
dualidades, desapegado da tendencia de aquisição e situa-se
no eu(atma).
Bhavanuvada
No Srimad Bhagavatam Krsna diz:
"Viver na floresta está no modo da bondade, viver na cidade
está no modo da paixão, viver em uma casa de apostas está
no modo da ignorancia e viver onde eu moro (templo) está
transcendental aos tres modos da natureza material (nirguna).
Sloka 46
Yavan artha udapane
Sarvatah samplutodake
Tavan sarvesu vedesu
Brahmanasya vijanatah
80. Assim como vários reservatórios de água que satisfazem um
mínimo propósito provém de um grande lago, similarmente o
resultado alcançado com a adoração aos semideuses é
insignificante se comparado á realização alcançada pelo
brahmana erudito que está dotado com Bhakti por Krsna.
Prakasika-vrtti
As diferentes atividades que podem ser executadas mediante
o uso de pequenos poços separados, podem fácilmente ser
executadas ao usar um grande estanque.
Assim também, os diferentes desejos que podem ser
satisfeitos através da adoração aos semi deuses, podem ser
fácilmente alcançados simplesmente adorando Krsna.
Sloka 47
Karmany evadhikaras te
Ma phalesu kadacana
Ma karma-phala-hetur bhur
Ma te sango stv akarmani
Sem dúvida , tens o direito de executar seu dever prescrito,
mas em momento algum tens o direito de desfrutar dos frutos
de sua ação. Não sejas motivado pelos frutos da ação , mas
também não deixa de executar seu dever.
Sloka 48
Yoga-sthah kuru karmani
Sangam tyaktva dhananjaya
Siddhy-asiddhyoh samo bhutva
Samatvam yoga ucyate
81. Oh! Dhananjaya! Situado em Bhakti Yoga, abandonando os
apegos pelos frutos da ação, executa os deveres prescritos e
permanece equanime no êxito e fracasso. Isto se denomina
Yoga.
Sloka 49
Durena hy avaram karma
Buddhi-yogad dhananjaya
Buddhau saranam anviccha
Krpanah phala-hetavah
Oh! Dhananjaya! Atividades fruitivas são bastante inferiores
se comparadas á Bhakti, e quem anseia pelos frutos das
atividades são ávaros.
Sloka 50
Buddhi-yukto jahatiha
Ubhe sukrta-duskrte
Tasmad yogaya yujyasva
Yogah karmasu kausalam
Uma pessoa inteligente abandona as atividades piedosas e
pecaminosas nesta vida mesmo, por tanto, esforça-te nesta
Yoga e executa todas as atividades desinteressadamente.
Sloka 51
Karma-jam buddhi-yukta hi
Phalam tyaktva manisinah
Janma-bandha-vinirmuktah
Padam gacchanty anamayam
82. Sem dúvida, os sábios que possuem inteligencia absoluta,
abandonam os resultados nascidos das ações fruitivas, assim
eles alcançam um lugar onde não há sofrimento algum, e são
eternamente liberados do ciclo de nascimentos e mortes.
Sloka 52
Yada te moha-kalilam
Buddhir vyatitarisyati
Tada gantasi nirvedam
Srotavyasya srutasya ca
Quando sua inteligencia cruzar o denso bosque da ilusão,
ficarás indiferente á tudo que já escutou ou está por escutar.
Sloka 53
Sruti-vipratipanna te
Yada sthasyati niscala
Samadhav acala buddhis
Tada yogam avapsyasi
Quando tua inteligencia estiver desapegada das diferentes
interpretações dos Vedas e firme em transe, neste momento
alcançarás o fruto do Yoga.
Sloka 54
Arjuna uvaca
Sthita-prajnasya ka bhasa
Samadhi-sthasya kesava
Sthita-dhih kim prabhaseta
Kim asita vrajeta kim
83. Arjuna disse: Oh! Kesava! Quais são os sintomas de uma
pessoa cuja inteligencia está fixa na transcendência? Como
ela se senta, fala e como ela caminha?
Sloka 55
Sri bhagavan uvaca
Prajahati yada kaman
Sarvan partha mano-gatan
Atmany evatmana tustah
Sthita-prajnas tadocyate
Sri Bhagavan disse: Oh! Partha! Uma pessoa possui
inteligençia perfeita quando abandona todos os tipos de
desejos materiais que surgem da mente. Dentro de sua mente
controlada ele está satisfeito por Ter uma alma bem
aventurada. Neste estado ele é visto como uma pessoa de
inteligência perfeita.
Sloka 56
Dunkhesv anudvigna-manah
Sukhesu vigata-sprhah
Vita-raga-bhaya-krodhah
Sthita-dhir munir ucyate
O sábio cuja mente não se agita pelas misérias e permanece
livre de ansiedade provocados pelos desejos sensuais, livre
do apego e temor e ira, é chamado de sábio com inteligençia
perfeita.
Bhavanuvada
84. São tres, os tipos de misérias.As que são provocadas pela
sede,dor de cabeça,febre etc..,que provém do corpo e da
mente,são chamadas Adhyatmika.
As que são provocados por entidades vivas tais como
serpente, insetos etc.., são chamadas de Adhibhautika.
E as que provém dos semi-deuses, tais como a chuva, frio,
calor etc...chaman-se Adhidaivika.
Aqui Krsna diz que aquele que não se agita devido á estas
misérias, é um sábio controlado e inteligente.
Sloka 57
Yah sarvatranabhisnehas
Tat tat prapya subhasubham
Nabhinandati na dvesti
Tasya prajna pratisthita
A pessoa que não tem apegos mundanos exessivos, que não
se regosija na vitória e nem se lamenta pela derrota, é
considerada uma pessoa de inteligencia resoluta.
Sloka 58
Yada samharate cayam
Kurmo nganiva sarvasah
Indriyanindriyarthebhyas
Tasya prajna pratisthita
Quando uma pessoa pode retrair seus sentidos
completamente dos objetos dos sentidos, assim como uma
tartaruga retrai suas extremidades para dentro da carapaça, se
diz que essa pessoa possui inteligência resoluta.
Sloka 59
Visaya vinivarttante
85. Niraharasya dehinah
Rasa-varjam raso py asya
Param drstva nivarttate
Uma pessoa que se identifica com seu corpo pode restringir-
se dos objetos dos sentidos artificialmente, mas ainda
permanece o gosto por esses objetos. Mas a pessoa de
inteligencia clara,ao compreender a superalma, seu gosto
pelos objetos sensíveis acaba automaticamente.
Sloka 60
Yatato hy api kaunteya
Purusasya vipascitah
Indriyani pramathini
Haranti prasabham manah
Oh! Filho de Kunti! Os sentidos agitados, sem dúvida
arrastam á força a mente de um homem inteligente que possui
conhecimento e se esforça para alcançar a liberação.
Prakasika-vrtti
Dominar os sentidos é tão dificil como controlar a mente.
Mas, de cordo com as instruções de Sri Caitanya
Mahaprabhu, esta difícil tarefa se torna fácil quando ocupa-se
os sentidos no serviço á Bhagavan Sri Krsna.
Sloka 61
Tani sarvani samyamya
Yukta asita mat-parah
Vase hi yasyendriyani
Tasya prajna prathisthita
86. A pessoa deve controlar todos os sentidos,através de Bhakti
Yoga, dedicando-se á mim, pois somente a pessoa com
sentido controlado possui inteligencia determinada e pura.
Sloka 62
Dhyayato visayam pumsah
Sangas tesupajayate
Sangat sanjayate kamah
Kamat krodho bhijayate
Uma pessoa desenvolve apego pelos objetos dos sentidos ao
comtenpla-los. Deste apego surge o desejo de desfrute e do
desejo surge a ira.
Sloka 63
Krodhad bhavati sammohah
Sammohat smrti-vibhramah
Smrti-bhramsad buddhi-naso
Buddhi-nasat pranasyati
Da ira vem a confusão, da confusão surge o esquecimento, na
perda da memória a inteligencia é destruída, e quando a
inteligençia é destruída, a pessoa cai completamente nas
garras da ilusão.
Sloka 64
Raga-dvesa-vimuktais tu
Visayan indriyais caran
Atma-vasyair vidheyatma
Prasadam adhigacchati
87. Sem dúvida, um homem com sentidos controlados, livre do
apego e aversão, alcança paz mental mesmo quando desfruta
dos objetos dos sentidos com os seus sentidos controlados.
Sloka 65
Prasade sarva-duhkhanam
Hanir asyopajayate
Prasanna-cetaso hy asu
Buddhih paryavatisthate
Uma pessoa de inteligencia clara se libera de todas as
misérias, a mente de tal homem é muito pacífica e calma, e
assim ele se fixa em atingir a meta desejada.
Sloka 66
Nasti buddhir ayuktasya
Na cayuktasya bhavana
Na cabhavayatah santir
Asantasya kutah sukham
Uma pessoa desconectada do Senhor não possui inteligencia
espiritual e assim sendo, ela é incapaz de meditar em
Paramesvara. Como pode haver felicidade para alguém que
não possui paz?
Sloka 67
Indriyanam hi caratam
Yan mano nuvidhiyate
Tad asya harati prajnam
Vayur navam ivambhasi
88. Assim como o vento arrasta um bote sobre a água,
simirlamente, a mente de uma pessoa descontrolada é
arrastada pelos sentidos , então é arrastada também, sua
inteligencia.
Sloka 68
Tasmad yasya maha-baho
Nigrhitani sarvasah
Indriyanindriyarthebhyas
Tasya prajna pratisthita
Oh!Maha-Baho! Por tanto ,a pessoa que é capaz de restringir
seus sentidos completamente dos objetos dos sentidos, possui
inteligencia absolutamente clara.
Sloka 69
Ya nisa sarva-bhutanam
Tasyam jagartti samyami
Yasyam jagrati bhutani
sa nisa pasyato muneh
Neste estado noturno mental no qual dorme todos os seres,um
homem inteligente está desperto. Quando os seres ordinários
estão mentalmente despertos, este momento é noite para o
sábio iluminado.
Sloka 70
Apuryamanam acala-pratistham
Samudram apah pravisanti yadvat
Tadvat kama yam pravisanti sarve
As santim apnoti na kama-kami
89. Assim como o oçeano permanece calmo,quieto e imóvel,
ainda que inúmeros rios deságuam nele, similarmente , o
homem sábio permaneçe fixo e impertubável, ainda que a
agitação dos sentidos entram á força dentro dele. Somente a
pessoa que possui inteligência estável pode alcançar a paz.
Isto não é alcançável para aqueles que tentam satisfazer os
desejos materiais.
Sloka 71
Vihaya kaman yah sarvan
Pumams carati nihsprhah
Nirmamo nirahankarah
As santim adhigacchati
Aqueles que abandonam todos seus desejos materiais, e que
estão livres de possesividade, estão livres de ansiedades e
falso ego. Esta pessoa alcançará paz.
Sloka 72
Esa brahmi sthitih partha
Nainam prapya vimuhyati
Sthitvasyam anta-kale pi
Brahma-nirvanam rcchati
Oh!Partha! Esta é a situação daquele que alcançou o
brahmam,mas aquele que não alcançou esta condição será
confundido.Aquele que alcança tal estado, consegue a
emancipação espiritual no momento da morte.
Bhavanuvada
90. Neste capítulo se explica espeçificamente o jnana yoga,
karma yoga e indiretamente Bhakti Yoga. Por este motivo,
este é considerado o resumo do Sri Gita.
Capítulo 3
KARMA YOGA
O prinçípio da ação
Sloka 1
Arjuna uvaca
Jyayasi cet karmanas te
Mata buddhir janardana
Tat kim karmani ghore mam
Niyojayasi kesava
Arjuna disse: Oh!Janardana! Se consideras que a inteligencia
é melhor do que o trabalho fruitivo, então por que estäs me
ocupando nesta terrível batalha?
Sloka 2
Vyamisreneva vakyena
Buddhim mohayasiva me
Tad ekam vada niscitya
Yena sreyo ham apnuyam
91. Minha inteligencia está confundida por tuas declarações
ambíguas. Diga-me por favor, o que é mais benéfico á mim?
Sloka 3
Sri bhagavan uvaca
Loke smin dvi-vidha nistha
Pura prokta mayanagha
Jnana-yogena sankhyanam
Karma-yogena yoginam
Sri Bhagavan disse: Oh!Imaculado Arjuna! Já te expliquei
que neste mundo há dois tipos de fé inquebrantável: A fé dos
filósofos empiristas baseada no processo de especulação
filosófica, e a fé dos yoguis baseada no processo de niskama-
karma-yoga.
Sloka 4
Na karmanam anarambhan
Naiskarmyam puruso snute
Na ca sannyasanad eva
Siddhim samadhigacchati
Uma pessoa não pode alcançar liberação por deixar de fazer
seus deveres prescritos, e nem uma pessoa pode alcançar a
perfeição simplesmente por aceitar sannyasa.
Sloka 5
Na hi kascit ksanam api
Jatu tisthaty akarmakrt
Karyate hy avasah karma
Sarvah prakrti-jair gunaih
92. Certamente, nada permanece inativo sequer por um instante.
Todas as pessoas certamente se ocupam inevitavelmente na
ação, através dos modos materiais, de acordo com sua própria
natureza.
Sloka 6
Karmendriyani samyamya
Ya aste manasa smaran
Indriyarthan vimudhatma
Mithyacarah sa ucyate
Uma pessoa tola, que controla os sentidos, mas permanece
meditando nos objetos dos sentidos por meio da mente, é
chamada de hipócrita.
Sloka 7
Yas tv indriyani mana
sa
Niyamyarabhate arjuna
Karmendriyaih karma-yogam
Asaktah sa visisyate
Oh!Arjuna! Aquele que sem apego, controla os sentidos
através da mente, e que começou o processo de niskama-
karma-yoga mediante os sentidos de trabalho, é superior ao
hipócrita.
Bhavanuvada
Bhagavan recita este verso para explicar que um homem
casado que segue as instruções dos Sastras, é superior ao
falso renunciante. Aqui, a palavra karma-yoga refere-se á
93. ação prescrita pelos sastras sem o desejo do resultado de tal
atividade.
Sloka 8
Niyatam kuru karma tvam
Karma jyayo hy akarmanah
Sarira-yatrapi ca te
Na prasidhyed akarmanah
Você deve executar seus deveres segundo as regulações dos
Sastras, pois a ação é melhor que a inação. Tua manutenção
corporal não pode ser feita sem o trabalho.
Sloka 9
Yajnarthat karmano nyatra
Loko yam karma-bandhanah
Tad-artham karma kaunteya
Mukta-sangah samacara
Oh! Filho de Kunti! Com excessão da ação oferecida á Visnu
dessinteressadamente, todas as demais atividades perpetuam
a humanidade neste mundo. Por tanto, livre do apego,
executa seus atos para sua própria satisfação.
Sloka 10
Saha yajnah prajah srstva
Purovaca prajapatih
Anena prasavisyadhvam
Esa vo stv ista-kama-dhuk
Em tempos remotos, tendo criado sua progenie,junto com os
brahmanas qualificados para executar sacrifíçios, Prajapati
94. Brahma lhes deu esta benção: "Que este sacrificio lhes traga
prosperidade e sastifaça todos os seus desejos."
Bhavanuvada
Para explicar o verso anterior, Sri Krsna recita sete versos
que começam com este, cuja palavra inicial é saha."Uma
pessoa de coração impuro deve dedicar-se exclussivamente
ao cultivo da ação desinteressada e não deve aceitar
sannyasa. Mas se em sua condição atual não pode sequer
executar tal ação, deve então dedicar-se á ação fruitiva e
ofereçe-la á Visnu.
Levando em conta a tendencia de desfrute que teria a
progenie, o Senhor Brahma disse: "Que este yajna satisfaça
todas as suas metas."
Sloka 11
Devan bhavayatanenate
Deva bhavayantu vah
Parasparam bhavayantah
Sreyah param avapsyatha
Satisfazendo os semi-deuses mediante o sacrifíçio , eles
também o satisfarão. Satisfazendo-se mutuamente, voces
alcançarão suprema fortuna.
Sloka 12
Istan bhogan hi vo deva
Dasyante yajna-bhavitah
Tair dattan apradayaibhyo
Yo bhunkte stena eva sah