Este resumo descreve uma pesquisa sobre como professores podem incorporar elementos da oralidade africana em suas aulas, especialmente a figura do griô, o contador de histórias. O griô desempenha um papel importante na preservação da cultura e história de seu povo através da narração de histórias. Da mesma forma, os professores podem usar narrativas e contar histórias para seus alunos de forma a enriquecer o aprendizado não apenas acadêmico, mas também cultural. A pesquisa sugere que os profess
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Organizadora
Taiza Mara Rauen Moraes
Realização
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
Programa Nacional de Incentivo à Leitura - PROLER
Reitor
Paulo Ivo Koehntopp
Vice-Reitora
Sandra Aparecida Furlan
Pró-Reitora de Ensino
Ilanil Coelho
Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação
Therezinha Maria Novais de Oliveira
Pró-Reitora de Extensão e Assuntos Comunitários
Berenice Rocha Zabbot Garcia
Pró-Reitor de Administração
Raul Landmann
Joinville 2011
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Comitê PROLER Joinville
Cássio Correia
Eliana Aparecida Quadra Correia
Eliete Terezinha Philippi
Fábio Henrique Nunes Medeiros
Helga Tytlik
Hilda Maria Girardi Medeiros
Marilene Gerent
Rita de Cássia A. Barraca Gomes
Taiza Mara Rauen Moraes
Valéria Alves
Comissão Científica
Regina Back Cavassin
Rosana Mara Koerner
Taiza Mara Rauen Moras
Equipe de Apoio
Fábio Henrique Nunes Medeiros (PROLER)
Jussara Cascaes (Eventos)
Sônia Regina Biscaia Veiga (PROLER)
Diagramação
Gabriela Huller
Campus Joinville - Rua Paulo Malschitzki, nº 10
Campus Universitário - Zona Industrial
Joinville SC - CEP: 89219-710
Fone: (47) 3461-9000 | Fax: (47) 3473-0131
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APRESENTAÇÃO
O 15º Encontro do Proler de Joinville, 2º Seminário de Práticas Leitoras e 2º
Seminário de Pesquisa em linguagens, leitura e Cultura – Leitura, Sujeito e Diversidade -
tem a proposição de discutir questões que envolvem leitura/sujeitos/diversidades
culturais, para ampliar espaços de compreensão do mundo que facilitem a convivência,
gerando atitudes mais conscientes e, portanto, realizadoras de políticas que promovam a
dinamização da leitura como móvel transformador da sociedade.
O evento prevê a discussão e a fortificação da proposta de política de leitura para a
região, integrando instituições educacionais e culturais: Universidade da Região de
Joinville – UNIVILLE, SESC, UNIMED, Secretarias Municipal e Estadual de Educação, da
Fundação Cultural de Joinville e Bibliotecas públicas e escolares.
A implementação de Políticas de Leitura para Joinville e Região prevê ampliar
condições efetivas que permitam às pessoas reconhecer seus direitos e deveres e refletir
com relativa autonomia e capacidade crítica sobre informações que circulam nos meios
de comunicação, fruir e valorizar os bens culturais produzidos em seus espaços (re)
significando suas vidas.
O encontro instituirá um diálogo entre as contribuições teóricas e as
necessidades de nossa sociedade de vencer os problemas de acesso à leitura, partindo
do princípio de que os espaços de circulação da leitura e a discussão sobre políticas
/teoria/métodos são caminhos para a (re)criação da realidade social.
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2º Seminário de Pesquisa em Linguagens, Leitura e Cultura
ÍNDICE
A MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA NA INTERNET: BLOGS COMO FERRAMENTA
DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA .................................................................................... 6
ANÁLISE SEMIOLÓGICA DO “MONUMENTO AO FUNDIDOR”: REIFICAÇÃO
DO MITO DO TRABALHO .................................................................................... 7
AS NARRATIVAS AFRICANAS NA SALA DE AULA: A PRESENÇA DO GRIÔ
NA VOZ DO PROFESSOR................................................................................... 8
CONTADOR DE HISTÓRIA: UM ANIMADOR DE “PALAVRAS”? ....................... 9
ECOS E RESSONÂNCIAS EM YUXIN............................................................... 11
IDAS E VINDAS, MITOS E MEMÓRIAS............................................................. 12
IDENTIDADES OU AVATARES? CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS NO
CIBERESPAÇO. ................................................................................................. 13
JOINVILLE: CENAS E CENÁRIOS DA CIDADE EMOLDURADA PELOS
CARTÕES-POSTAIS .......................................................................................... 14
O RITMO: UM FENÔMENO PARADOXAL ........................................................ 15
O TRANSCURSO DO SIGNFICADO NOS CONTOS DE CLARICE LISPECTOR
............................................................................................................................ 17
PATRIMÔNIO CULTURAL E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ........................... 18
REFERENCIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE SENTIDO: UMA ANÁLISE DE
FORMAS NOMINAIS DE IMPLICAÇÃO ANAFÓRICA DE JORNALISMO
ONLINE .............................................................................................................. 19
TEMPO/ANIMA, METRÔNOMO DA ARTE DA ANIMAÇÃO .............................. 20
UMA PERSPECTIVA SOBRE A APROPRIAÇÃO DO PATRIMÔNIO PELA
INDÚSTRIA CULTURAL..................................................................................... 22
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A MANIFESTAÇÃO LITERÁRIA NA INTERNET: BLOGS COMO FERRAMENTA
DE CRIAÇÃO ARTÍSTICA
Philipe Macedo Pereira
Projeto de Pesquisa de Iniciação Científica – PIBIC/FAP/UNIVILLE
Orientadora Dra. Taiza Mara Rauen Moraes
RESUMO
O advento da pós-modernidade trouxe inúmeras revoluções à humanidade, dentre
elas a internet, que conecta o mundo de forma irremediável. Um dos setores
privilegiados por esse instrumento foi o da produção cultural que permitiu uma maior
divulgação de obras artísticas, incluindo-se aí a literatura. Tendo em vista que
atualmente a internet proporciona contato com uma gama variada de autores, a
proposta da presente pesquisa é entender a cibercultura e divulgá-la aos
acadêmicos de Letras da Univille, para dessa forma inseri-los no contexto de
produtores de cultura ao produzirem textos por meio de blogs. Visto que a Literatura
tem papel fundamental na construção social de um indivíduo, é significativo que
futuros professores saibam como trabalhar com a nova mídia e conheçam, de fato,
seu valor para a estruturação leitora de um sujeito, não se atendo somente aos
textos impressos. Além disso, trabalhar com a produção de literatura será uma forma
de aprimoramento criativo. Quanto à metodologia, a pesquisa se dá através de
encontros que visam à discussão da literatura em suporte digital através de blogs,
sendo utilizados textos tanto de autores da região de Joinville como também de
outras regiões do Brasil, dessa forma também divulgando os trabalhos de outros
escritores através de postagens dos endereços no blog destinado aos estudos.
Através do trabalho com a hipertextualidade, pôde-se observar como se dá a
construção dos textos escritos em plataforma digital, a sua diferença em relação ao
meio impresso, sua alinearidade. Durante os encontros, é possível aos participantes
estabelecer comparações entre estilos literários de autores da região e de outros
locais do país. A importância do projeto está na valorização da Literatura, a
descoberta de novos autores e no despertar do potencial de escrita dos acadêmicos
em Letras da Univille, sendo que os mesmos poderão ter seus escritos, produzidos
durante os encontros, postados no blog. A coleta de dados é feita pela análise das
“postagens” e do grau de envolvimento dos acadêmicos de Letras com o meio
virtual. Os resultados esperados são o estímulo à cibercultura e avaliação da
influência da cibercultura no meio acadêmico. Até o momento observa-se a interação
dos participantes através da elaboração de textos e das discussões durante os
encontros, e está em processo de criação uma obra hipertextual, uma produção
coletiva que consista em uma série de pequenos contos e interligações entre os
blogs dos acadêmicos de Letras da Univille.
Palavras-chave: Internet, blog, hipertexto
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ANÁLISE SEMIOLÓGICA DO “MONUMENTO AO FUNDIDOR”:
REIFICAÇÃO DO MITO DO TRABALHO.
Eliana Terezinha Viana Moser
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
Orientadora Dra. Taiza Mara Rauen Moraes
RESUMO
O presente resumo visa abordar um recorte da pesquisa de mestrado intitulada
“Análise Semiológica dos Monumentos ao Imigrante e ao Fundidor: uma experiência
estética dos sentidos”. Nesta comunicação farei a apresentação de uma análise
semiológica como metodologia de leitura e investigação de uma das obras
selecionadas: o Monumento ao Fundidor, erguido em 1979, no Bairro Boa Vista,
criado por Paulo da Siqueira. Artista nascido em Chapecó, o qual foi escolhido por
trabalhar com sucatas de ferro, numa perspectiva do movimento do construtivismo
artístico. O propósito da pesquisa foi investigar o monumento numa perspectiva
semiológica, a relação contextual, histórica, estética e de linguagem. Os
monumentos são portadores de linguagens e de significados, por meio destes é
possível se reconhecer os discursos de regularidade enunciativos, bem como, o
sistema mítico imbricados nestas obras; é uma linguagem que precisa ser
decodificada, a qual transcende o significante, relacionando-se com o significado e
gerando a cada representâmen um novo signo, daí forma-se o sistema de
significação. O desvelamento do sistema de significação não se esgota no encontro
de um sentido, pois, o mesmo é ressignificado a cada leitura, se configura um
continuum. Barthes (2007, p.11) coloca que “a semiologia tem por objeto, qualquer
sistema de signos, que se constituem como linguagem, como sistema de
significação.” Assim, o estudo deste monumento, erguido em 1979, revela como a
cidade funcionava, na qual, assim como no cenário do país, vinha se implementando
a política do Nacional Desenvolvimento, em que a meta política e econômica era
rumo ao progresso e ao futuro por meio do trabalho, da ordem e da harmonia. A
compreensão deste sistema de significação, pela semiologia, enquanto ciência da
observação, é captada pela poiética do artista, investigando a escolha dos materiais,
do tema e do conteúdo, o que valoriza a obra. A leitura do sistema mítico permite
reconhecer como é trabalhado e entender que o monumento foi erguido para
significar pela escolha do local, materiais, discurso enunciativo, tema e conteúdo
propostos. Da relação do que está posto no plano da expressão com o que está no
plano de conteúdo é possível ler “o não dito” no plano de significação. A relevância
desta pesquisa consiste em apontar uma nova perspectiva de enxergar de olhar
sobre os patrimônios culturais existentes na cidade de Joinville, sejam estes, de
caráter histórico, artístico ou arquitetônico, pois é por meio do deslocamento do
olhar, que se vai além do que é apresentado no significante, daí se reconhecem as
formas de legitimação do discurso do poder e da exploração.
Palavras Chave: Patrimônio Cultural; Leitura semiológica; Monumento ao Fundidor:
Leitura;
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AS NARRATIVAS AFRICANAS NA SALA DE AULA: A PRESENÇA DO
GRIÔ NA VOZ DO PROFESSOR
Sonia Regina Reis Pegoretti
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade
Universidade da região de Joinville - UNIVILLE
Orientadora Dra Sueli de Souza Cagneti
RESUMO
A oralidade é um dos pilares da educação africana. As sociedades africanas ainda
preservam a oralidade como um valioso patrimônio e têm na figura do griô uma fonte
inesgotável da cultura do seu povo. Os griôs são grandes contadores de histórias e
se utilizam de linguagem refinada do seu idioma, para que os jovens possam imitá-
lo, construindo sentenças semanticamente corretas e com coerência lógica. Essas
narrativas além de educar os mais jovens também servem de educação continuada
aos mais velhos. Essa figura que parece estar tão distante do mundo ocidental nos
revela que ainda temos necessidade de nos reunirmos para contar histórias, a
exemplo do que acontece entre professores e alunos nas salas de aula. O retorno
(ou à permanência) à ancestralidade, com a troca, a sinergia dessa relação, ainda
nos emociona. O contato, o tom de voz, o gesto utilizado pelo professor em muito se
assemelha ao nosso griô africano. A imaginação simplesmente voa ao lermos um
bom livro aos nossos pequenos. A ressignificação da arte da memória pelo
professor, levando e trazendo belas histórias aos seus alunos, pode colaborar para
além da educação formal. A mediação do professor entre “a realidade” e a “palavra
inventada” das histórias faz trazer de volta a vontade de perpetuar saberes, construir
valores, saborear um mundo sem limites. Assim, essa teia pode ser construída num
vai e vem de modo significativo, levando adiante os saberes das gerações passadas
e da nossa própria geração com sensibilidade, desse modo mantendo viva a
tradição do griô africano. No contexto das africanidades, falar dessa memória é
arriscar-se em terreno ainda desconhecido por muitos. É dar saltos sem saber onde
se vai parar. Temos dificuldade de compreensão da nossa realidade social como
nação, cheia de diversidade, mas também cheia de abismos. A inspiração no griô, o
contador de histórias, dá-se nesse sentido. Suas múltiplas funções na sociedade
africana traduzem sua importância, assim como o professor para a cultura ocidental.
A idéia é colocar em prática alguns preceitos vividos pelos povos africanos, como o
uso da oralidade durante as aulas, para contar e narrar histórias vividas ou ouvidas,
bem como suas próprias experiências individuais, familiares ou relativas a outros
grupos. O uso dessa palavra pode ser tanto do professor como do seu educando,
assim como o respeito por quem fala, democratizando assim o uso da palavra na
sala de aula. Por último, fica o desejo de que os professores não sejam meros
agenciadores da lei 10639/03 - que ora se instaurou – e, sim, que possam ser
disseminadores de um debate que está longe de ter fim. Esperamos ainda que as
inquietações e que a temática da cultura africana não cessem por falta de vozes que
as propaguem e que venham à tona em muitos outros encontros e discussões.
Palavras-chave: Griô africano; Literatura oral; Professor.
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CONTADOR DE HISTÓRIA: UM ANIMADOR DE “PALAVRAS”?
Fábio Henrique Nunes Medeiros
Doutorando em Artes Cênicas
Universidade de São Paulo - USP/FAPESP
RESUMO
Essa reflexão, teórico-poética, tem como abordagem o contador de histórias como
animador (no sentido de dar alma) de palavras. O objetivo desse texto é perfurar
minhas questões sobre o contador/animador. O contador de histórias se utiliza de
animação. A priori, poderíamos mencionar dois suportes para animar: a palavra (que
dorme na boca do imaginário ou livro) e as formas (bonecos, adereços, uma
infinidade de coisas). “A fala humana anima, coloca em movimento e suscita as
forças que estão estáticas nas coisas” (HAMPATÉ BÂ, 1982:186). Tudo no universo
“é fala que ganhou corpo e forma” (idem). O contador desprende anima de si para os
elementos de seu uso, inclusive a própria palavra que já tem uma potência de anima
impregnado. Mas não apenas, objetos, bonecos, máscaras, entre outros elementos
podem ser animados pelo contador de histórias. O ato de ler, decodificar, decompor
está desprovido do som da palavra oral e do gesto e, com isso, escorregam alguns
dos seus sentidos orgânicos. Isso porque essa palavra não respira só. É como se o
leitor tivesse que fazer uma respiração boca a boca artificial. O contador corta,
amassa, modela, esculpe, afina, pesca, desenha, escreve as histórias com intenção
que elas voem em ouvidos, em olhos e nos corpos, como ocorreu no seu. Nessa
perspectiva, para ele, a palavra é matéria maleável. O ato de contar histórias é uma
prática animista, pois o animismo parte da lógica de animar o inanimado, de dar
vida. Não que um texto não tenha vida, mas ele dorme e precisa ser iluminado pela
anima, seja ela, vinda do ouvinte, leitor, ou mediador, que nesse caso é o contador
de histórias/animador, que vai pegar a palavra e acordá-la, dar intenção, dar
respiração e, com isso, movimento. “Dentro da tradição oral, na verdade, o espiritual
e o material não estão dissociados” (HAMPATÉ BÂ, 1982:183). “A força da
eloquência consiste na capacidade de guiar as almas, aquele que deseja tornar-se
orador deve forçosamente conhecer quais formas existem na alma” (PLATÃO,
2004:114). O homem sempre contou histórias (guiou almas/anima), e as paredes
das cavernas na pré-história, livro dos mortos, papiros e pergaminhos egípcios, as
mitologias greco-romanas e outras, iluminuras, “Sherazades”, “Homeros”, culturas
ágrafas e gráficas, etc. comprovam isso. As histórias só existem porque existe quem
as conte, quem as anime - existe o homem. Elas são os testemunhos dos sonhos
com diversas máscaras: às vezes de textos, outras da oralidade, música, teatro,
desenho e assim, sucessivamente, vestida de várias formas. O “texto” seja de que
forma for, está ali, mas potencializar-lhe vida e acordá-lo é função do
contador/animador. “O testemunho, seja escrito ou oral, no fim não é mais que o
testemunho humano, e vale o que vale o homem” (HAMPATÉ BÂ, 1982:181).
Segundo Hampaté Bâ (1982), numa versão africana da gênese, acreditava-se que
foram depositados três potenciais (forças) no homem: o poder, o querer e o saber,
que permanecem dentro dele até o momento em que a fala venha colocá-las em
movimento. “Vivificadas pela palavra divina, essas forças começam a vibrar. Numa
primeira fase, torna-se pensamento; numa segunda, som; e, numa terceira, fala. A
fala é, portanto, considerada como a materialização, ou a exteriorização, das
vibrações das forças” (Idem: 185).
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Palavras-chave: Contador de histórias/animador; Anima.
Referências: HAMPATÉ BÂ, A. Tradição Viva In: História Geral da África - vol. I,
Ática/UNESCO, São Paulo/SP, p.181-218,1982.; PLATÃO. Fedro. São Paulo: Martin
Claret, 2004
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ECOS E RESSONÂNCIAS EM YUXIN
Gabriela Cristina Carvalho
Mestranda em Literatura Brasileira
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC /CNPQ
RESUMO
“No tempo da mãe da mãe da mãe da mãe” (MIRANDA, 2009, p.17)... A narrativa
Yuxin (2009), de Ana Miranda, é rodeada de lirismo, poesia e estranhamentos, que
provocam e evocam a musicalidade do texto, com onomatopeias ritmadas em ecos e
ressonâncias nos fluxos de consciência da narradora, a índia Yarina. É ela quem
nos leva ao mundo de sua memória, habitado pelas lembranças, pelos mitos, pelos
yuxins que assombram os vivos. A heroína borda na espera do marido, borda e traz
à memória suas vivências, borda e viaja para dentro de si, se desfiando lentamente,
como viagem onírica, que é a imagem em palavra, da qual sai transformada. A
noção do “eu” indígena, aqui representada, é de harmonia com o mundo, por isso a
linguagem também se funde com os elementos de seu mundo; a linguagem é aberta
e trespassada pelos ruídos e vozes. “bordar bordar... hutu, hutu, hutu, hutu... aprendi
o bordado kene em dia de lua nova... bordar... bordar... achei aquele couro de cobra
atrás do tear, minha avó me levou mata dentro para eu saudar Yube e aprender o
bordado kene” (MIRANDA, 2009, p.17). Como se bordasse a voz mítica da índia-
narradora alinhavada à voz da natureza, dos animais, da chuva, do vento, dos
yuxins, da floresta, de seus ruídos e silêncios, a linguagem é tecida transformando a
existência em função poética. Tal como na Odisseia de Homero, Yarina borda na
espera de seu companheiro, mas é ela que se desfia em fluxos de narrativa. Acácio
Piedade (2011), em artigo no qual gera uma discussão acerca de hibridismo e
musicalidade, entende a memória musical-cultural, como aquela compartilhada e
constituída por um conjunto imbricado dos elementos musicais e significações
associadas, e é essa memória musical-cultural que seria a musicalidade; ela seria
“desenvolvida e transmitida culturalmente em comunidades estáveis no seio das
quais possibilita a comunicabilidade na performance e na audição musical”
(PIEDADE, 2011, p. 104). Wisnik, ao desmontar o som em seus elementos
constitutivos, aproxima a música e o corpo, a pulsação musical e a pulsação
sanguínea, a respiração. Corpo e música estariam relacionados, o som e o pulso. A
musicalidade, para Wisnik, seria também “metáfora e metonímia do mundo físico,
enquanto universo vibratório onde, a cada novo limiar, a energia se mostra de outra
forma [...] o ritmo está na base de todas as percepções” (WISNIK, 1999, p.29).
Diante desse contexto, em que as manifestações artísticas e, nesse recorte em
especial, a literatura brasileira promovem relações intermidiáticas, esta investigação
está centrada na percepção da musicalidade presente na narrativa Yuxin, na
maneira como foi construída nessa narrativa a voz feminina de uma índia brasileira e
como elementos da musicalidade atuam construindo arranjos de significação. Nesta
comunicação são apresentados dados relacionados à musicalidade presente no
texto, sendo parte da pesquisa de mestrado intitulada “Traços do pós-modernismo
na ressignificação do passado em Yuxin”, enquadrada dentro da linha de pesquisa
“Textualidades Contemporâneas”.
Palavras-chave: Musicalidade; Literatura; Relações Intermidiáticas
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IDAS E VINDAS, MITOS E MEMÓRIAS
Eliana Aparecia de Quadra Corrêa
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
Orientadora Dra. Taiza Mara Rauen Moraes
RESUMO
A pesquisa intitulada Idas e vindas, mitos e memórias enfoca a cultura imaterial
joinvilense através dos causos e lendas narradas sob a ótica dos idosos nascidos
antes da década de 1950, abordados como manifestação e representação popular e
social da cidade. A literatura oral é investigada como representação social e literária.
Através da metodologia qualitativa com o referencial teórico e da história oral, a
pesquisa é desenvolvida primeiro com os aspectos históricos da literatura oral,
quando e porque originou a expressão e seu estudo. Explora a cultura tradicional
popular, passada de geração em geração expressando identificações, práticas,
representações, conhecimentos, técnicas e instrumentos, lugares e grupos que os
reconhecem como patrimônio cultural imaterial. A narrativa transcrita para este
recorte é a lenda do Boi-de-mamão investigada através da análise das variações
encontradas na literatura oral. Percebeu-se nas investigações que as histórias de
Bois são contadas em diversas localidades, mas que apresentam especificações
conforme cultura, tempo e espaço em que é contada, mas que sua representação
pode ser conservada. Esta narrativa coletada pela voz de um idoso acima de 50
anos é cotejada com versões de Cascudo, Pisani e Azevedo.
Palavras chaves: lenda Boi-de-mamão, memória de idosos, cultura imaterial
joinvilense.
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IDENTIDADES OU AVATARES? CONSTRUÇÕES IDENTITÁRIAS NO
CIBERESPAÇO.
Elisangela Viana
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade
Universidade da Região de Joinville – FAPESC/ UNIVILLE
Orientadora Dra. Taiza Mara Rauen Moraes
RESUMO
Esta comunicação apresenta os resultados prévios de uma pesquisa que investiga a
produção poética da literatura contemporânea joinvilense no ciberespaço,
procurando observar as influências da cibercultura nos processos de construção
identitária. A pesquisa é desenvolvida para o curso de Mestrado em Patrimônio
Cultural e Sociedade da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE, com o
financiamento do Edital de Bolsas 13/2009 da Fundação de Apoio a Pesquisa –
FAPESC. Na sociedade contemporânea, os ciberespaços se reproduzem na
internet e tornam-se lugares de ser e estar de milhares de usuários, espaços de
construções identitárias que flutuam e transformam-se de acordo com os trajetos
que um usuário tomar. Partindo dos pressupostos teóricos de Stuart Hall, André
Lemos, Zygmunt Bauman, Nestor Canclini e Michel Foucault, foram analisados
alguns espaços virtuais como blogs, jogos MMORPG (Massively Multiplayer Online
Role Playing Game – Jogos de Personagens On Line para Multi-jogadores) e
simuladores de realidade como o Second Life observando as flutuações identitárias
dos usuários e as possibilidades de anonimato e da adoção de diferentes avatares,
que intensificam os conflitos identitários e os processos de negociações culturais. A
investigação é geradora de questões sobre esse universo e o estudo aponta as
transformações nas relações de identidade, cultura, arte e memória na
contemporaneidade.
Palavras chave: Identidade, Cultura, Cibercultura, Ciberespaço
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Joinville: Cenas e Cenários da Cidade Emoldurada pelos Cartões-Postais
Daniela Pereira
Graduada em História
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
Orientador Msc. Fernando Cesar Sossai
RESUMO
Vivemos em um período em que a velocidade das experiências sociais soam
rapidamente em nossa vida deslizando para além de nossas expectativas, mais
rápido do que imaginamos que muitas vezes, nos sentimos estranhos em nosso
próprio meio e lugar social. Vivemos hoje uma nova experiência temporal, cujas
relações entre passado, presente e futuro são rearticuladas, de modo que vivamos
um presentismo no qual nossas ansiedades transformam-se em tentativas de barrar
a efemeridade de nosso tempo. A cidade é um desses espaços onde as vivências,
valores, conceitos, processos identificatórios e representações são construídas e
vividas. Essa cidade composta por anseios, pode ser representada de diversas
formas, na clandestinidade, na subversão, nas representações visuais e estéticas,
nos meios de produção institucional, dentre outros tão presentes. A cidade exposta
para nós, muitas vezes exprime enquadramentos expostos pelos desejos dos
planejadores urbanos que tentam enquadrar a cidade de modo que ela por si só seja
um cartão postal, referente a uma concepção de beleza e ordem. Os usos do
passado para as representações oficiais da constituição da cidade, representam
imagens da cidade não mais condizente com o tempo em que vivemos, insinuando
um interesse exposto por identificações de alguns grupos sociais. Pensando em uma
ferramenta de representação através da imagem, utilizada tanto no tempo presente
quanto no passado, o cartão postal surge, como um meio de problematização sobre
a cidade, voltando sua atenção para as condições e os processos que sustentam as
operações de produção de sentido.A presente pesquisa, realizada no ano de 2010,
como Trabalho de Conclusão de Curso consistiu em problematizar, utilizando a
categoria de análise de imagem, como os cartões postais da cidade de Joinville SC,
do período de 1990 a 2010, se (re) significam e se apropriam da história e do
patrimônio cultural, fomentando discursos e identidades sobre a cidade, e como
ocorrem as operações de sentidos dos estudantes do Ensino Médio de três escolas
Públicas da região sul da cidade em torno dessa representação. Para tanto, foram
realizadas pesquisas dos cartões postais no Arquivo Histórico de Joinville, em
Bancas, Museus e pontos turísticos em Joinville, assim como a utilização de
narrativas orais de estudantes do terceiro ano do Ensino Médio, possibilitando
problematizar as novas identificações e anseios sobre a representação da cidade,
suas apropriações culturais, suas memórias e processos identificatórios não mais
condizentes com as imagens representadas pelos meios oficiais da cidade, exposta
como a cidade dos príncipes, das bicicletas, das flores, da dança ou, ainda, cidade
germânica.
Palavras-Chave: Representações, Cartões-Postais, História de Joinville.
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15. ISBN - 978-85-87977-93-9
O RITMO: UM FENÔMENO PARADOXAL
Andréia Paris
Doutoranda em Teatro
Universidade Estadual de Santa Catarina – PPGT/UDESC
Orientador Dr. Milton de Andrade Leal Junior
RESUMO
Este resumo é parte da pesquisa de mestrado realizada no Programa de Pós-
Graduação da Universidade do Estado de Santa Catarina intitulada A Escuta do
Sussurro: Percepção e Composição do Ritmo no Trabalho do Ator, defendida em
2010. Problematiza-se o conceito de ritmo que as teorias teatrais e musicais do
Ocidente têm desenvolvido, uma vez que, devido à sua complexidade, encontram-se
estudiosos defendendo a sua potência como elemento métrico outros como
elemento fluido. Na língua portuguesa ritmo é originado de rhythmus, palavra latina
correspondente à grega rhythmòs que tem a mesma raiz de rhéo1 (rio) que significa
fluir, correr e escorrer. (BUENO, 1974: 3545 e 3550). Esta informação, inserida na
etimologia da palavra ritmo sugere interpretações como a de Eugenio Barba (1936) e
Nicola Savarese (1945): “Literalmente, ritmo significa „um meio particular de fluir‟”
(1995: 211). Assim como a de Murray Schafer: “originalmente, „ritmo‟ e „rio‟ estavam
etimologicamente relacionados, sugerindo mais o movimento de um trecho do que
sua divisão em articulações” (1991: 87). Contudo, há outras fontes que apontam que
ritmo, etimologicamente, não prevê apenas o fluir. O The New Grove Dictionary of
Music and Musicians (1980: 805) coloca que o conceito de fluir foi sendo substituído
por outro mais antigo que aproximava rhéo da raiz “ry (ery) ou w’ry” que significa
puxar, prender, deter. Contudo, o dicionário não apresenta os motivos da mudança.
Há ainda, como demonstra a pesquisa da Prof.ª Dr.ª Jacyan Castilho de Oliveira
(2008: 40), o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (1989), no qual consta a
palavra grega rhythmòs como originária da palavra arithmetiké (aritmética), uma vez
que esta contém “o elemento de composição arthimós que significa „número‟”. Além
disso, o trabalho da pesquisadora Vilma Leni Nista Piccolo, tese intitulada Uma
Análise Fenomenológica da Percepção do Ritmo na Criança em Movimento (1993),
problematiza a interpretação do conceito rhéo em sua acepção de fluência, ao citar
Georgiades, estudioso da língua grega e de música. Segundo a pesquisadora,
Georgiades acreditava que a descoberta do ritmo, para o grego, não estava
vinculada apenas aos conceitos de fluir e correr, mas também a um movimento
limitado, já que, neste período, “tinha-se a idéia de medida, como uma ordem rígida
do movimento” (PICCOLO, 1993: 17). Portanto, aparece outra possibilidade de
interpretação da raiz grega rhéo e, consequentemente, novas interpretações para o
conceito ritmo, que implicam no seu entendimento, na sua função e manipulação
enquanto elemento das artes como o teatro, a música, a dança e a linguagem.
Diante de tudo isto, é possível perceber o ritmo como um fenômeno duplo e
1
Encontrou-se outras duas formas de escrever a mesma palavra: rhein e rheein. Ambas também referindo-se à
raiz grega que significa fluir. Mantém-se neste trabalho rhéo porque é a forma apresentada no dicionário
português Grande Dicionário Etimológico – Prosódico da Língua Portuguesa (1974), de Francisco da Silveira
Bueno.
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paradoxal. Paradoxal no sentido que Gilles Deleuze (2000: 79) concebe o conceito
de paradoxo. Justamente por causa desta capacidade agregadora do ritmo - unir o
constante e o mutante, a ordem e a desordem, possibilitando infinitas variações,
combinações e (des)organizações dos elementos métricos e fluidos - é que torna
tudo que existe único e singular.
Palavras-Chave: Ritmo. Trabalho do ator. Métrica. Fluidez.
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O TRANSCURSO DO SIGNFICADO NOS CONTOS DE CLARICE LISPECTOR
Jailson Estevão dos Santos
Mestrando em Patrimônio Cultural e Sociedade
Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
Trabalho do Curso de Pós-Graduação em Educação - IBPEX
Orientador Dr. Valdir Vegini.
RESUMO
Esta comunicação é um recorte de uma pesquisa que se propôs a estudar o
transcurso do significado nos contos: Legião Estrangeira; Laços de Família; Onde
Estivestes de Noite; e, A Via Crucis do Corpo, de Clarice Lispector. O enfoque
analítico é no conto: Legião Estrangeira. A análise partiu de uma pesquisa
bibliográfica que foi feita com base em várias situações linguísticas apresentadas em
outras obras da mesma autora, bem como em outras leituras críticas. O objetivo
principal foi fazer um levantamento de situações literárias, nas quais o trânsito
semântico acontece, e a partir daí favorecer novos conhecimentos e possibilidades
estilísticas. Procura-se abordar três análises, as quais serão tratadas em seis
capítulos. Foi desenvolvido um levantamento analítico e uma tipologia própria da
significação nos contos, para discutir as particularidades de Clarice Lispector com
relação ao jogo semântico. Posteriormente foi investigado o transcurso do
significado, na obra Legião Estrangeira, como uma amostra crítica de variantes
semânticas em Clarice enquanto contista, bem como as diversas maneiras e figuras
de linguagens usadas pela autora quando se utiliza da palavra e permite instalar o
transcurso desta, e a interferência na diversidade dos discursos: a) filosófico; b)
místico; c) lingüístico; d) literário. Neste sentido o trânsito aqui estudado é filosófico
pela evidência da base existencialista das narrativas; é linguistico-literário, pois
evoca categorias linguísticas internas e externas ao texto e muita recorrência à
intertextualidade; e é místico à medida que os contos trazem à baila, histórias de
verdadeiros rituais, e utilização de linguagem associados a diversos segmentos
religiosos, ainda que a autora não se mostra compromissada com nenhum deles. O
último aspecto estudado foi a transição semântica, pois é por meio dela que o texto
faz um convite ao leitor para construir junto, mas também, destruir, desconstruir e
reconstruir num jogo entre o objetal e o subjetal como uma transcendência
recíproca. Ao final, destaca-se a interferência do transcurso do significado no
envolvimento com uma acentuada intertextualidade que vem alicerçada, muitas
vezes, na literatura clássica. O resultado primordial desta pesquisa indica os
caminhos para uma leitura em diversidade.
Palavras-chave: semântica; transcurso; discurso.
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PATRIMÔNIO CULTURAL E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Cibele Dalina Piva Ferrari
Mestranda em Patrimônio Cultural e Sociedade
Universidade da Região de Joinville – CAPES/UNIVILLE
Orientadora Dra. Sandra Paschoal Leite de Camargo Guedes
RESUMO
Esta comunicação é parte de uma pesquisa maior, ligada ao Grupo de Pesquisas
“Estudos Interdisciplinares de Patrimônio Cultural” e ao Programa de Mestrado em
Patrimônio Cultural e Sociedade da UNIVILLE e tem como objetivo discutir a
relevância da teoria das representações sociais como instrumento importante para
os estudos ligados ao patrimônio cultural a partir dos resultados preliminares da
revisão bibliográfica. As representações sociais possibilitam a compreensão e a
transformação da vida social e de seus significados e podem ser definidas como
categorias de pensamento que expressam a realidade, buscam explicações e
justificativas, fomentando novos questionamentos a essa realidade. As discussões
apresentadas nesta comunicação estão baseadas, principalmente, nos trabalhos de
Serge Moscovici, criador da Teoria das Representações Sociais, e de seus
seguidores, tais como Denise Jodelet, Pedrinho Guareschi, Sandra Jovchelovitch,
Maria Cecília de Souza Minayo e Martha de Alba, entre outros. Apesar de ter
nascido na Psicologia Social, a Teoria das Representações Sociais tem sido muito
utilizada em diversas áreas do conhecimento, pois além da teoria, as representações
sociais proporcionam uma metodologia de pesquisa que pode ser utilizada em temas
diversificados. A superação da fragmentação da ciência tradicional, integrando os
diferentes saberes, é uma proposta que ultimamente vem ganhando mais força e
visa articular as diferenças e possibilitar uma abordagem integrada e ampla do
problema de pesquisa. As representações sociais podem ser descritas como uma
forma de conhecimento socialmente elaborado e compartilhado, uma visão de
mundo, que colabora para a construção desta realidade. Por outro lado, o patrimônio
cultural é um dos fatores identificadores e promotores de cidadania. Através da
memória histórica refletida no patrimônio cultural se dá a noção de origem e de
pertencimento e é esta relação do patrimônio com a identidade que legitimam sua
preservação. O sujeito social sente-se possuidor de uma memória e de um passado
representado por este patrimônio, o que pode ou não ser compartilhado por outros
indivíduos. As Representações Sociais possibilitam compreender a forma como os
grupos sociais concebem o mundo, suas formas de se relacionar e de criar novas
representações. As representações sociais são um aspecto significativo para a
preservação do patrimônio cultural, dando novos significados e sentidos a este
patrimônio refletindo assim o contexto histórico e cultural em que estão sendo
formadas estas novas representações sobre o patrimônio cultural. Num momento,
que já é chamado de “pós-moderno” por muitos, caracterizado por incertezas,
mudanças constantes e identidades fluídas, as representações sociais são
importante ferramenta na compreensão desta nova realidade e transformação da
vida social e de seus significados.
Palavras-chave: Patrimônio Cultural, Representações Sociais, Identidade.
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REFERENCIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DE SENTIDO: UMA ANÁLISE DE
FORMAS NOMINAIS DE IMPLICAÇÃO ANAFÓRICA DE JORNALISMO ONLINE
Nívea Rohling da Silva
Doutoranda em Linguística
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
Professora da Universidade da Região de Joinville - UNIVILLE
RESUMO
O objetivo dessa comunicação é apresentar uma análise de formas nominais de
implicação anafórica no processo de referenciação e suas nuanças na construção
de sentidos em se tratando de um objeto-de-discurso específico – Barack Obama.
Tal objeto-de-discurso é particularmente interessante tendo em vista que ele traz
consigo uma série de componentes icônicos de natureza social, cultural e histórica: o
primeiro negro presidente da maior potência mundial, país cuja história, como se
supõe amplamente sabido, carrega episódios emblemáticos de segregação racial.
Delimitaram-se como dados de pesquisa excertos de textos publicados no jornalismo
online que tematizam a eleição presidencial nos Estados Unidos da América em
2008. Analisou-se como o presidente Barack Obama foi (re)categorizado nesses
textos por meio de formas nominais de implicação anafórica. A fundamentação
teórica se insere nos estudos sobre referenciação, concebido como atividade
discursiva, conforme proposta por Mondada e Dubois (2003). Nessa perspectiva, a
referenciação é tomada como uma atividade na qual o sujeito, na interação verbal,
opera sobre o material linguístico, realizando escolhas significativas para representar
estados de coisas, tudo isso com vistas à construção de sentido e em função do seu
querer-dizer. Assim, nesse quadro teórico, parte-se do pressuposto de que a
linguagem não se constitui em um sistema de etiquetas para referenciar as coisas do
mundo, e, sim, uma atividade intersubjetiva em que os sujeitos constroem, em suas
práticas discursivas, sociocognitivas e culturalmente situadas, versões públicas de
mundo. Os resultados da análise reiteraram as considerações dos teóricos da
referenciação no sentido de que determinadas formas de implicação anafórica,
tendo em vista o potencial de recategorização do referente, atuam na construção
sociocognitiva do objeto-de-discurso. O estudo mostrou que, no processo de
referenciação, as formas nominais de implicação anafórica utilizadas em textos do
jornalismo on-line foram construídas através do compartilhamento sociocognitivo de
versões públicas sobre o objeto-de-discurso específico, a saber: o presidente dos
EUA, “Barack Obama”. As formas de nomear esse objeto-de-discurso constituíram-
se no compartilhamento sociocognitivo dos interlocutores e foram tomadas como
dadas, como elementos estabelecidos na memória discursiva dos interlocutores e,
por isso, foram frequentemente introduzidas nos textos jornalísticos. Ressalta-se,
ainda, que o uso de tais formas anafóricas corrobora na construção da
argumentatividade, pois marcam a posição do enunciador frente ao objeto-de-
discurso e trazem consigo um caráter axiológico acentuado, uma vez que ao
introduzir esse objeto através de itens lexicais como Messias, por exemplo, revela
um movimento de referenciar, mas também de (des)qualificar o objeto-de-discurso.
Palavras-chave: Referenciação. Formas nominais de implicação anafórica.
Recategorização. Objeto-de-discurso. Barack Obama.
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TEMPO/ANIMA, METRÔNOMO DA ARTE DA ANIMAÇÃO
Fábio Henrique Nunes Medeiros
Doutorando em Artes Cênicas
Universidade de São Paulo - USP/FAPESP
RESUMO
Esta abordagem tem como premissa o tempo como elemento fundamental na
animação, provocada pelas seguintes questões: o tempo é uma invenção do
homem, para lhe dar sentido de busca, vida, anima. O tempo é um evento
psicossomático que envolve mente, corpo e alma, assim como ilusão e movimento?
O movimento é um recurso de medida para os eventos temporais, dessa forma o
tempo está sempre associado à mudança, e com isso ao movimento. Essas
proposições são prerrogativas para pensarmos o tempo como unidade de sentido,
do ponto de vista real, virtual e representacional. Questões aqui levantadas serão
discutidas à luz dos pensamentos contemporâneos, percorrendo essa linguagem
artística enquanto conceito e técnica sob o prisma do tempo enquanto anima, bem
como, a montagem como recurso. Para tal e por uma necessidade de delimitação
observar-se-á o tempo atual ou real e virtual (DELEUZE, 2007); tempo cronológico,
que não pára, e tempo fotográfico, que expõe (VIRILIO, 2008); tempo como matéria
ou substância, a partir de três diretrizes: o teatro de animação como arte do tempo
presente, atual; o cinema de animação como arte do tempo “passado”; o teatro e
cinema de animação como arte de manipulação do tempo, e tempo
representacional. É recorrente no campo da teoria da arte da animação, e mesmo no
cinema, considerar o movimento como sendo síntese dessas artes. Todavia, o
tempo é tão síntese quanto o movimento, uma vez que o movimento se faz num
tempo e espaço. No teatro de animação, o tempo está representado multiplamente,
na fisiologia dos personagens (bonecos e formas); nas indumentárias e cenografia;
tempo interior e exterior, podendo estar representado pela luz, etc. E de forma mais
indireta: tempo/espaço/movimento - o tempo que esse gesto vai ocupar no espaço,
ou seja, criando uma carga semântica de um tempo analógico. O teatro é uma
linguagem do tempo presente, só existe na efemeridade do tempo atual, presente.
Não se equivale à importância do tempo para o teatro de animação como para o
cinema de animação. O tempo no teatro de animação é quase automático, mesmo
que a mímese do movimento passe pelo domínio do tempo. Diferentemente do que
ocorre no cinema de animação, que também passa por esses princípios
sobrepostos, o tempo e o movimento estão esquartejados, numa camada
elevadíssima de exposição. A animação no cinema é um processo de montagem de
movimento que percorre um tempo. O tempo está exposto no cinema de animação
que é um de seus princípios base. Uma colagem, ou cálculo impreciso revela e
expõe o aparato da animação. No cinema de animação, o movimento e o tempo
estão simulados quadro a quadro, milimetricamente decompostos. A automatização
da máquina de captura cinematográfica sai para uma captação ou manipulação
segmentada. O desenho animado, stop motion, e mesmo a computação gráfica,
entre outras técnicas de animação cinematográfica, são, de modo geral, análise do
tempo e movimento, o tempo que precisa para fazer esse movimento, a captação
desse movimento no tempo. O tempo/anima é a alma, ferramenta de medida
fundamental na animação, que é além da arte do movimento, mas a arte do tempo,
este que pulsa antes mesmo de ser preenchido, representado por um movimento.
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Palavras-chave: Tempo/anima e animação
Referências:
AUMONT, Jacques. As teorias dos cineastas. Trad.: Marina Appenzeller. Campinas-
SP: Papirus, 2004. ; DELEUZE, Gilles. A Imagem-tempo: cinema II. São Paulo:
Brasiliense, 2007.; VIRILIO, Paul. O Espaço Crítico - e as perspectivas do tempo
real. Trad.: Paulo Roberto Pires. 4ª reimpressão. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2008.
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Uma perspectiva sobre a apropriação do patrimônio pela indústria cultural
Maurício Biscaia Veiga
Mestrando em Estética e História da Arte
Universidade de São Paulo - MAC/ USP
RESUMO
Este estudo tem como objetivo discutir questões a respeito da apropriação do patrimônio
cultural pela indústria cultural na contemporaneidade, através do turismo. De um objeto que
identifica uma localidade e deve, por isso, ser preservado, o patrimônio passa a ser também
mercadoria, tendo, muitas vezes, seu valor histórico, artístico ou cultural transformado,
prevalecendo um valor mercadológico. O turismo, inclusive, utiliza-se destes valores
simbólicos para agregar valor a um determinado local. Paralela a essa apropriação do
patrimônio, tem ocorrido nas últimas décadas uma presentificação do passado, por exemplo,
na construção de monumentos e memoriais, criação de museus, filmes e novelas de época,
livros trazendo novas visões sobre histórias do passado, etc. Esta proliferação de produtos
memoriais também pode ser entendida como produto da indústria cultural, pois percebeu-se
que rememorar o passado era uma atividade lucrativa, porque as pessoas identificam-se
com o passado e com as memórias, uma vez que muitos acontecimentos históricos fazem
também parte da história pessoal de cada indivíduo. Entretanto, como muitos destes
produtos ligados à memória são direcionados às massas, eles acabam por não abordar
aspectos históricos de maneira profunda e contextualizada, mas, geralmente, de forma
anacrônica, com valores e pontos de vista da época em que foram produzidos e não da
época referente aos acontecimentos retratados. Assim, a história e a memória tornam-se
produtos para serem consumidos, mas produtos pasteurizados de fácil assimilação. Neste
contexto, o patrimônio cultural também passa por esta pasteurização, sendo também
transformado em produto para consumo. Diante desta massificação, podemos perceber o
fenômeno da “cidade-espetáculo”, termo utilizado por autores como Fernanda Sánchez, que
pode ser entendido como a transformação da cidade e de seus monumentos, assim como
outros de seus atrativos culturais, em mercadorias. Assim, grandes obras e projetos são
realizados na cidade para torná-la mais atrativa. Há, entre outros, dois tipos de intervenção
recorrentes: primeiramente a transformação de um patrimônio já existente como, por
exemplo, grandes projetos de restauração e revitalização de centros históricos, em que se
dão novos usos e significados a construções antigas. Este processo, porém, acaba por tirar
delas suas funções originais e as transforma numa espécie de cenário, para atender à nova
função de atrativo turístico, ocorrendo, inclusive, a remoção da população local, ignorando a
participação dos habitantes nativos como parte da história e da cultura. A este processo dá-
se o nome de gentrificação, neologismo vindo do inglês (gentrification) que significa
enobrecimento, ou seja, substituição de classes sociais mais baixas pelas classes médias
ou altas. Outro problema deste tipo de intervenção é quanto à autenticidade do patrimônio,
que é posta em dúvida, uma vez que ele sofre transformações tanto físicas como
simbólicas. Também, um tipo de intervenção recorrente é a construção de novos edifícios
destinados a serem atrativos turísticos, geralmente museus ou centros culturais, e que
contam com arquitetura sofisticada ou de grande porte. Ou ainda a restauração de grandes
edifícios para esse mesmo fim. Estes, embora, em muitos casos, sejam de iniciativa pública,
também têm como alvo a mercantilização do espaço, o que acaba também por torná-lo
elitista. Assim, há um outro lado das políticas patrimoniais além da preservação como
instrumento de cidadania, não havendo, atualmente, como desvinculá-lo do mercado.
Palavras-chave: Patrimônio cultural, memória, espetacularização do patrimônio
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2º Seminário de Práticas Leitoras
ÍNDICE
RESUMO – LEIVITURA - LEITURA VIVÊNCIA E ATITUDE ......................................... 24
PROJETO – ÔNIBUS DA LEITURA – BIBLIOTECA MÓVEL ....................................... 25
PROJETO PEDAGOGICO – ESPAÇO DA LEITURA ...LEITURA E ESPAÇOS ........... 31
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LEIVITURA - LEITURA VIVÊNCIA E ATITUDE
LUZIA RIBA HAMMES
HILDA MADALENA WEBER DE ALMEIDA
RESUMO
No decorrer dos últimos séculos o foco da educação tem sido a leitura. Pois, através
dela temos a possibilidade de desenvolver a imaginação e conhecer lugares,
desenvolver conhecimentos e inúmeras situações que só um leitor assíduo é capaz
de enumerar. Se a leitura produz tantos efeitos benéficos, nos perguntamos, por
que esta tarefa na maioria das escolas passou a ser apenas dos alunos? Porque
nossos professores só lêem quando lhes é cobrado ou quando precisam
desenvolver algum projeto. Sentimos que há muito o professor deixou de ser modelo
para o seu aluno. Assim sendo, como procuramos tornar os nossos alunos leitores
desenvolvemos vários projetos e momentos de leitura. Pretendemos assim, tornar
nossos professores disseminadores deste hábito entre eles e seus familiares.
Portanto, foi implantado entre os profissionais desta instituição de ensino
(professores, equipe administrativa e agentes operacionais) o Projeto Bolsa de
Leitura – “Leivitura”. A bolsa da leitura tem por objetivo principal criar o hábito da
leitura em todos os membros desta instituição de ensino. Procede-se da seguinte
forma: temos duas bolsas para os professores do 6° ao 9° ano, duas para os do 1°
ao 5° ano, uma para a equipe administrativa e uma para os agentes operacionais.
Esta bolsa permanece com um membro, durante uma semana e espera-se que
neste espaço de tempo o mesmo leia o livro. Passando uma semana, a bolsa
retorna para a escola e outra pessoa a levará para casa e desfrutará do livro da
melhor forma possível. Para a semana seguinte é feito um novo sorteio e os livros
colocados na bolsa não tem o título antecipado. Temos percebido maior entusiasmo
em relação à leitura, e há a curiosidade da descoberta de novos livros, prática que
tem fomentado o hábito da leitura entre os profissionais.
Palavras-Chave: Leitura, Conhecimento, Prazer.
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GERÊNCIA DA UNIDADE DE GESTÃO DE ENSINO
COORDENAÇÃO DE ENSINO
PROGRAMA ÔNIBUS DA LEITURA
PROFESSORAS: ELIETE TEREZINHA PHILIPPI
HILDA MARIA GIRARDI MEDEIROS
1. Dados de Identificação:
1.1 Título: Ônibus da Leitura – Biblioteca Móvel
1.2 Promotores: Prefeitura Municipal de Joinville e Secretaria Municipal de
Educação.
2. Descrição
2.1 Justificativa:
Considerando que a escola prepara o cidadão para a vida em sociedade, no
meio letrado, e que o equilíbrio entre autonomia escolar e educação de qualidade perpassa
pelas relações de ajuda no meio acadêmico, favorecidas pelo ensino-aprendizado e as
inúmeras histórias de mundo que o aluno vivencia;
Considerando que há uma expectativa traduzida por objetivos, competências,
resultados ou habilidades regidas ao longo de um ano letivo, destacando a meta de
aprender a ler e o ato de ler para aprender;
Considerando que é mister ampliar a prática leitora e inseri-la enquanto
Projeto Curricular, difundindo-a em todas as instâncias disciplinares e espaços democráticos
do saber;
Considerando que nós, educadores, precisamos estar comungados com as
reais possibilidades de atuação, modificação e transformação da realidade de nossos
alunos, aliados ao avanço tecnológico e os recursos disponíveis de mídia e de mercado,
para viabilizar a escola eficaz como centro de comunicação dialógica;
Considerando que torna-se necessário reivindicar, sistematicamente, as
capacidades de livre expressão dos educandos, permitindo-lhes alternativas prazerosas
enquanto sujeitos leitores; é que essa missão-desafio se legitima, resultando numa
iniciativa vinculada ao respaldo e a marca da Administração Municipal estendendo-se a
todos os segmentos escolares e comunidade, comprometidos em transformar o ato de ler
numa verdadeira ação cultural na cidade de Joinville e assim transformá-la na “Cidade dos
Livros”.
2.2 Objetivos :
.Sensibilizar, difundir e favorecer a leitura nos espaços pedagógicos e
comunitários, de modo especial nas escolas municipais rurais, permitindo que a
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linguagem seja um fator interativo, ampliando o repertório dos que leem e
constroem a sua própria história cidadã.
.Levar aos educandos e a comunidade o valor da leitura no aprendizado e na
sua própria vivência, pois o que realmente se fixa na memória é o que se vive, e
o que se vive precisa de emoção.
2.3 Metodologia
“Ônibus da Leitura” são dois ônibus adaptados e decorados pela Secretaria
Municipal de Educação de Joinville, contando com um acervo aproximado de
seiscentos títulos e que atendem 26 escolas municipais rurais e 5 escolas
urbanas do 1º ao 5º ano que não possuem biblioteca escolar.
Cerca de três mil crianças recebem a visita do ônibus da leitura e podem assim
viver os sonhos, as aventuras, a magia e o encantamento que são
proporcionadas pelos livros e por ótimas contações de histórias.
Este Programa é coordenado pelas professoras Eliete Terezinha Philippi e Hilda
Maria Girardi Medeiros que utilizam como recursos livros altamente
selecionados, fantoches, objetos, aventais e também a música (violão e outros
instrumentos musicais).
O Programa teve início em 2003 e atualmente além das escolas rurais com o
cronograma já estabelecido, atende-se também ofícios encaminhados por
escolas urbanas, Centros de Educação Infantil(CEIS), Entidades Assistenciais e
eventos realizados na cidade que envolvem a leitura como a Feira do Livro de
Joinville .
RELATÓRIO DE AÇÕES REALIZADAS PELA BIBLIOTECA MÓVEL
As atividades desenvolvidas pelas professoras dos dois ônibus da leitura (Biblioteca
Móvel) Eliete Terezinha Philippi e Hilda Maria Girardi Medeiros, tem por objetivo sensibilizar,
difundir e favorecer a leitura nos recantos escolares, de modo particular, nas 27 escolas
rurais, bem como a comunidade em geral. Permitindo assim, que a linguagem seja um fator
interativo, ampliando o saber dos que lêem e constroem sua vida cidadã, fazendo de
Joinville a cidade dos livros.
Ações realizadas em 2009
Foram 27 escolas rurais e quatro escolas urbanas (sem o agente de leitura)
de 1ª a 4ª séries, com cerca de 2306 alunos, que quinzenalmente receberam
a visita da Biblioteca Móvel, perfazendo um total de 9 visitas por escola, ao
ano.
Foram 13 Centro de Educação Infantil (CEIS) visitados com cerca de 1800
crianças atendidas.
Mediante ofícios foram atendidas, oito escolas urbanas com 3000 alunos
atendidos; e 7 instituições com um total de 930 pessoas.
Também participamos da Feira do Livro de Joinville, que ocorreu de 1º a 9 de
abril, onde a Biblioteca Móvel recebeu um público estimado de 5000 pessoas.
Encontros de formação de leitores
Em 2009, coordenamos 8 encontros de formação, para os 60 mediadores de
leitura que atuam nas bibliotecas escolares da rede municipal; os encontros
tem como objetivo o entrosamento, a troca de experiências e informações
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relacionadas a área da leitura, bem como o bom funcionamento das
bibliotecas escolares.
Participações
Participação na Comissão do Proler, na Univille e da Feira do Livro.
De 22 a 26 de junho na Mostra do Proler.
De 26 a 30 de outubro no XIII Encontro Regional do Proler.
Participação, como ministrantes da palestra, de Contação de Histórias, no
evento Fundo do Milênio; para 60 professores dos CEIS da rede.
De 22 a 24 de junho no Abril Mundo (Prolij)
2ª Conferência Municipal de Cultura de 23 a 25 de outubro.
XIV Encontro Nacional do Proler, com o tema “Políticas Publicas de Livro e
Leitura no Brasil”, de 23 a 27 de novembro (RJ).
Ações realizadas em 2010
Foram 175 visitas realizadas nas escolas rurais, atendendo a um total de
2500 alunos do 1º ao 5º ano, da rede.
Mediante oficio, foram atendidas 9 escolas urbanas, do 1º ao 5º ano e 3
instituições.
Foram 12 Centros de Educação Infantil (CEIS) visitados, no decorrer do ano.
Também participamos da Feira do Livro, que ocorreu de 7 a 17 de abril, onde
atendemos aproximadamente um público de 6000 pessoas.
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Encontros de formação de leitores
Em 2010, coordenamos 7 encontros de formação, para os 60 mediadores de
leitura que atuam nas bibliotecas escolares da rede municipal; os encontros
tem como objetivo o entrosamento, a troca de experiências e informações
relacionadas a área da leitura, bem como o bom funcionamento das
bibliotecas escolares.
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Participações
Participação na Comissão do Proler, na Univille e da Feira do Livro.
De 8 a 10 de abril, na Mostra do Proler e Feira do Livro.
De 27 a 30 de setembro no XIV Encontro Regional do Proler.
Participação, como ministrantes da palestra, de Contação de Histórias, para
os professores do Projovem.
De 17 e 18 no Abril Mundo (Prolij)
XV Encontro Nacional do Proler, com o tema “Proler e as Políticas Públicas:
Caminhos da Cidadania”, de 22 a 26 de novembro (RJ).
Conferência estadual do Livro e da Leitura (Florianópolis).
Ações de 2011, em andamento
No primeiro semestre, fizemos em média 4 visitas por escola, perfazendo
aproximadamente 125 nas escolas rurais, e atendendo a um total de 2500 alunos do
1º ao 5º ano, da rede.
Mediante oficio, foram atendidas, 4 escolas:
E.M. Vitor Meirelles, de Jaraguá do Sul
E.M. Amador Aguiar
E.M. Sadalla Amin Ghanem
E.M. Pastor Hans Müller
E ainda mediante oficio, foram atendidos 4 Centros de Educação Infantil
(CEIS), ao decorrer do primeiro semestre:
CEI Raio de Sol II
CEI Parque Guarani
CEI Sigelfrid Poffo
CEI Peter Pan
Lar Abdon Batista
CREAS – Bem Estar Social
Também participamos da Feira do Livro, que ocorreu de 1º a 10 de março,
onde atendemos aproximadamente um público de 7000 pessoas.
Participação na festa do trabalho, da RIC Record – Expoville.
Reuniões com os mediadores de leitura:
18/03 – Mitra Diocesana de Joinville
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CEI ESPAÇO DA CRIANÇA
PROJETO PEDAGOGICO – ESPAÇO DA LEITURA... LEITURA E ESPAÇOS...
Solange Cararo da Silva e Aline Cristina Araujo dos Santos Bispo
PROBLEMATIZAÇÃO:
Desenvolver um trabalho educativo com crianças de 0 a 5 anos, nos permite deparar
a todo momento, no cotidiano desse espaço, com novos olhares docentes para o
imaginário infantil, para seus desejos, seus interesses, incentivando elaborações
próprias, fantasias, experimentações em seus tateios no mundo. O professor
desequilibra-se a partir da escuta constante, em perceber formas tão peculiares de
apreender o mundo já pronto. Diante das possibilidades de constantes interações
entre o professor e crianças, crianças-crianças na Educação infantil, qual seria a
função desse lugar? Quais práticas pedagógicas adequadas à escuta das vozes
infantis, não tolhendo ou excluindo tamanha riqueza desse universo peculiar?
JUSTIFICATIVA:
A função da Educação Infantil além do atendimento e do cuidado, também se volta
para a proposição de experiências educativas significativas, como um espaço que
possibilita a ampliação das capacidades de comunicação e expressão da criança,
bem como ajuda a criança a entender, interpretar e representar a realidade. Dentro
os objetos do conhecimento temos a Linguagem Oral e Escrita. Quanto mais a
criança puder falar em situações diferentes, como contar o que aconteceu em casa,
dar um recado, explicar um jogo, pedir uma informação, ouvir e recontar uma
história, mais poderá desenvolver suas capacidades comunicativas de maneira
significativa. O contato com livros de histórias, textos, jornais, gravuras, contos,
poemas, parlendas, trava-línguas levam as crianças a perceber a função social da
escrita e os aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além de questões
culturais e afetivas. A leitura e‟ um momento em que a criança pode conhecer a
forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de
outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não seu. A partir daí ela
pode estabelecer relações com sua forma de pensar e o modo de ser do grupo
social ao qual pertence. Ter acesso à literatura e dispor de informação cultural
alimentam a imaginação. Surgindo então o projeto Espaço da leitura...leitura e
espaços...para estimular na criança o prazer pela leitura, um processo ligado à
participação em práticas sociais de leitura.
OBJETIVOS:
- Incentivar a leitura visual e o contato com diferentes livros;
- Tornar a leitura um ato prazeroso;
- Possibilitar a integração dos pais com os filhos através do projeto de leitura, para
que se torne um hábito de família;
- Propor a troca de livros entre as crianças;
- Montar no CEI um espaço coletivo destinado a práticas de leitura;
- Estimular a construção de cantos de leitura nas salas de aula;
- Realizar passeios de estudos em outros espaços de leitura formalmente
constituídos;
- Criar espaços diferenciados para momentos de contação de histórias fora da sala
de aula;
- Participar de varal literário ;
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32. ISBN - 978-85-87977-93-9
- Fazer exposições de livros diversos;
- Promover a feirinha de livros infantis para crianças e familiares;
- Socializar o prazer da leitura levando os livros para serem também lidos em casa
com a ajuda e participação dos pais ou outro familiar.
METODOLOGIA:
- A aplicação do projeto possibilitará que os alunos realizem um trabalho coletivo, no
qual haja o envolvimento de todos em sala de aula, estimulando a integração e
participação dos pais na vida escolar dos filhos;
- Por meio de inúmeras atividades, os professores proporcionarão o contato com os
livros e textos escritos. O material escrito será apresentado às crianças de forma a
despertar a curiosidade das crianças;
- Orientação quanto aos cuidados com os livros e com os textos escritos, pois
registram ideias de alguém e podemos aprender com elas e nos divertir.
- Com a ajuda dos pais e das crianças montar na sala de aula um espaço destinado
aos livros, onde as crianças, sempre que quiserem, terão acesso a eles (tapete da
leitura, estantes,almofadas,suporte de livros);
- Através de sugestão dos professores a das crianças se escolherá um espaço
destinado à leitura coletiva. Após a escolha, toda a equipe participará da adequação
do espaço, deixando alegre, colorido e divertido;
- A coordenação pedagógica juntamente com os professores realizará o empréstimo
de livros para as crianças que os levarão em sacolas de pano (ecologicamente
corretas), sendo estas decoradas pelas crianças. (Este item sugere a questão
ecológica do reaproveitamento de sacolas plásticas as quais causam danos ao meio
ambiente).
- A família participará fazendo a ponte da oralidade com o que está escrito: lendo e
interpretando as histórias para a criança, bem como preenchendo uma ficha de
leitura que destaca o nome do livro, autor e ilustrador;
- De tempos em tempos, num espaço aproximado de três meses, acontecerá a
FEIRINHA DO LIVRO com representantes de editoras. As famílias serão
comunicadas com antecedência do evento para que possam juntamente com a
criança adquirir um livro ou uma coleção com preços acessíveis (R$ 1,00);
- Com a colaboração dos pais se realizarão visitas programadas à Biblioteca Pública
Municipal, à Biblioteca da Escola Municipal Amador Aguiar, à Feira do livro na Praça
Nereu Ramos, à Livrarias Curitiba e Midas;
- E assim, diferentes atividades estarão presentes no cotidiano da instituição
oportunizando a criança e os familiares a se identificarem com o mundo dos livros.
PERÍODO DE APLICAÇÃO:
Este projeto se iniciou no ano de 2006, sendo que continua em pleno
desenvolvimento em 2011, uma vez que toda essa experimentação se apresentou
de forma positiva, tornando-se permanente e presente na dinâmica pedagógica das
crianças.
AVALIAÇÃO:
Interesse das crianças e entusiasmo com as atividades do projeto, nas etapas de
implantação e continuidade. O processo avaliativo das crianças, pais, professores,
equipe técnico –pedagógica se tornou essencial, pois permitiu modificar, executar
ajustes e planejamentos de novas situações.
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