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O campeão de audiência
Uma autobiografia
Walter Clark foi um dos mais importantes profissionais da televisão
brasileira.Em sua autobiografia, escrita com o jornalista Gabriel Priolli
seis anos antes de sua morte, ele conta sua trajetória pessoal – marcada
por grandespaixões, inúmeras mulheres e muito luxo – e profissional –
sobretudo na TV Rio e, mais tarde, na Globo. Trata-se de leitura
indispensável para entender a implantação e a consolidação da TV no
Brasil – até hoje o veículo de comunicação mais poderoso do país.
“Vou construir uma estrutura que vai resistir aos tempos, a mim e ao
senhor.” Quando soltou essafrase profética em dezembro de 1965, na saída
do primeiro encontro com Roberto Marinho, que selou sua contratação
como diretor-executivo da TV Globo, Walter Clark sabia exatamente o que
estava dizendo. Jovem, ambicioso e apaixonado pelo mundo do
entretenimento, ele pensava grande. Não apenas salvou a TV de Marinho
da falência como a levou à liderança de audiência, transformando-a na
principal emissora do país, posto que ocupaaté hoje. A trajetória de Clark,
no entanto, não se resume aos anos que esteve no comando da Globo.
Muito antes, ainda na antiga TV Rio, ele se mostrava um desbravador,
revolucionando a maneira de fazer e ver televisão. Uma dedicação
profissional intensa – que lhe consumiu boaparte da vida –, mas decisiva
para tornar o Brasil uma das maiores potências mundiais no setor de
televisão.
Em 1991, seis anos antes de morrer, já distante da televisão, Clark
contoucom o apoio do jornalista Gabriel Priolli para relembrar e descrever,
de forma minuciosa e com todos os detalhes, os fatos que marcaram essa
rica trajetória. Em O campeãode audiência – Uma autobiografia (400 p.,
R$ 49,90), reeditada agora pela Summus Editorial, ele se expõe, sem
nenhuma autocensura, e desnudaos meandros da comunicação na TV,
recheados de inovações, pioneirismos e conquistas, mas também
carregados de percalços, desventuras e muitas tensões.
Tudo na vida de Walter Clark foi superlativo: a fama, o sucesso, as
mulheres, o dinheiro, a bebida, o poder. Ele se tornou um mito. A verdade,
porém, é que ele era um profissional dedicado, comum faro indiscutível
para o negócio do entretenimento. Foi ele o responsável, entre outras
inovações, pela criação de um padrão de qualidade televisiva, pela divisão
da grade de programação e pela limitação do tempo dos anúncios.
O menino louco por cinema e fanático pelo rádio começou a
trabalhar na televisão aos 20 anos como assistente da direção comercial da
TV Rio, em 1956. Naquela época, o amadorismo reinava em todas as
esferas, principalmente na publicidade. Convicto de que a matéria-prima da
televisão era o tempo, Clark tratou de criar critérios técnicos para
comercializá-lo. O conceito de “segundagem”, que vigora até hoje,
permitiu calcular o custo industrial do segundo de televisão. A partir daí, a
TV cresceue passoua ter recursos para investir em produção e
programação.
Para tornar a TV um negócio ainda mais sério e organizado, Clark
introduziu também o conceito de “grade” de programação, pensada
verticalmente, nas diversas faixas horárias, e horizontalmente, nos diversos
dias da semana. “FoiClark quem ‘amarrou’ a programação com
telenovelas diárias, que chamam público e induzem-no à fidelidade. Foiele
quem ‘ensanduichou’ as novelas com telejornais. Foiele também que
comproue produziu o dramalhão cubano O direito de nascer, até hoje o
maior sucesso datelenovela em todos os tempos. Tudo isso foi feito – diga-
se – antes da Globo”, lembra Priolli.
Uma das grandes habilidades de Clark era reunir em torno de si os
melhores e mais qualificados profissionais. Quando assumiu a TV Globo,
chamou os amigos Zé Otávio Castro Neves para direção comercial e José
Ulisses Alvarez Arce para a diretoria de marketing. O time ficou completo
quando Clark conseguiu trazer José Bonifácio de Oliveira Sobrinho para a
direção de produção e programação. Uma equipe afinada, que já havia
atuado na TV Rio e fez história na Globo.
O exército de Clark venceu enormes desafios, das mudanças
provocadas pelo videoteipe, ainda na TV Rio, até a chegada avassaladora
da TV em cores, na TV Globo. Em três anos, a emissora de Roberto
Marinho saiu do vermelho para se tornar a primeira televisão funcionando
em rede nacional. “Equipando emissoras país afora, espalhando
transmissores de micro-ondas e utilizando pioneiramente os recém-
inaugurados sistemas de telecomunicações da Embratel, Clark estruturou a
Globo nos moldes das ‘networks’ americanas, centralizando a produção no
Rio de Janeiro, reduzindo custos e faturando e escala nacional”, destaca
Priolli.
O jornalista lembra que saiu da cabeça de Clark o “Jornal Nacional”,
que coubea Armando Nogueira implantar. “Foio primeiro programa de
TV brasileiro em rede nacional e um campeão de audiência instantâneo,
que até hoje, apesar de muitos percalços, ainda não perdeu a liderança.”
Os jogos de interesse, os anos de ditadura e as divergências,
inclusive com o amigo Boni, foram minando as forças de Clark, que,
àquela altura, tinha uma fama inquestionável de boêmio e bon vivant da
televisão. Sempre cercado de belas mulheres, ganhou mais destaque que o
próprio Roberto Marinho, o que acaboupor inviabilizar sua permanência
na emissora. Em 1977, depois de um episódio envolvendo militares em
Brasília, ele foi convidado a se retirar.
Viciado em poder, Clark viveu um período de desilusão ao se
desligar da TV, mas depois se dedicou a outros projetos bem-sucedidos no
cinema – comdestaque para Eu te amo, de Arnaldo Jabor, que Clark
financiou e gravou no seu próprio apartamento – e no teatro, com o musical
A chorus line, um investimento altíssimo que arruinou suas finanças.
Os anos finais de sua vida, no entanto, foram de depressão. No
posfácio, incluído na nova edição, Priolli descreve o que se passoudo final
do livro, em 1991, até a morte de Clark por insuficiência cardíaca, em 24
de março de 1997. “O álcool acelerou a depressão, mas foi mais efeito dela
do que causa. A estaca no coração, que seguiu cravada nele para a
eternidade, foi mesmo a frustração de deixar a Globo e não conseguir
retornar. Foi ela quem consumiu a gota final de sua vida.”
Título: O campeão de audiência – Uma autobiografia
Autor: Walter Clark com Gabriel Priolli
Editora: Summus Editorial
Preço:R$ 49,90 (E-book: R$ 34,90)
Páginas:400 (17 x 24 cm)
ISBN:978-85-323-1035-4
Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890
Site: www.summus.com.br
Mais informações com Ana Paula Alencar
(11) 4787-1322
(11) 7806-7169 – ID 55*38*211844
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O campeão da TV brasileira

  • 1. O campeão de audiência Uma autobiografia Walter Clark foi um dos mais importantes profissionais da televisão brasileira.Em sua autobiografia, escrita com o jornalista Gabriel Priolli seis anos antes de sua morte, ele conta sua trajetória pessoal – marcada por grandespaixões, inúmeras mulheres e muito luxo – e profissional – sobretudo na TV Rio e, mais tarde, na Globo. Trata-se de leitura indispensável para entender a implantação e a consolidação da TV no Brasil – até hoje o veículo de comunicação mais poderoso do país. “Vou construir uma estrutura que vai resistir aos tempos, a mim e ao senhor.” Quando soltou essafrase profética em dezembro de 1965, na saída do primeiro encontro com Roberto Marinho, que selou sua contratação como diretor-executivo da TV Globo, Walter Clark sabia exatamente o que estava dizendo. Jovem, ambicioso e apaixonado pelo mundo do entretenimento, ele pensava grande. Não apenas salvou a TV de Marinho da falência como a levou à liderança de audiência, transformando-a na principal emissora do país, posto que ocupaaté hoje. A trajetória de Clark, no entanto, não se resume aos anos que esteve no comando da Globo. Muito antes, ainda na antiga TV Rio, ele se mostrava um desbravador, revolucionando a maneira de fazer e ver televisão. Uma dedicação profissional intensa – que lhe consumiu boaparte da vida –, mas decisiva
  • 2. para tornar o Brasil uma das maiores potências mundiais no setor de televisão. Em 1991, seis anos antes de morrer, já distante da televisão, Clark contoucom o apoio do jornalista Gabriel Priolli para relembrar e descrever, de forma minuciosa e com todos os detalhes, os fatos que marcaram essa rica trajetória. Em O campeãode audiência – Uma autobiografia (400 p., R$ 49,90), reeditada agora pela Summus Editorial, ele se expõe, sem nenhuma autocensura, e desnudaos meandros da comunicação na TV, recheados de inovações, pioneirismos e conquistas, mas também carregados de percalços, desventuras e muitas tensões. Tudo na vida de Walter Clark foi superlativo: a fama, o sucesso, as mulheres, o dinheiro, a bebida, o poder. Ele se tornou um mito. A verdade, porém, é que ele era um profissional dedicado, comum faro indiscutível para o negócio do entretenimento. Foi ele o responsável, entre outras inovações, pela criação de um padrão de qualidade televisiva, pela divisão da grade de programação e pela limitação do tempo dos anúncios. O menino louco por cinema e fanático pelo rádio começou a trabalhar na televisão aos 20 anos como assistente da direção comercial da TV Rio, em 1956. Naquela época, o amadorismo reinava em todas as esferas, principalmente na publicidade. Convicto de que a matéria-prima da televisão era o tempo, Clark tratou de criar critérios técnicos para comercializá-lo. O conceito de “segundagem”, que vigora até hoje, permitiu calcular o custo industrial do segundo de televisão. A partir daí, a TV cresceue passoua ter recursos para investir em produção e programação. Para tornar a TV um negócio ainda mais sério e organizado, Clark introduziu também o conceito de “grade” de programação, pensada verticalmente, nas diversas faixas horárias, e horizontalmente, nos diversos dias da semana. “FoiClark quem ‘amarrou’ a programação com telenovelas diárias, que chamam público e induzem-no à fidelidade. Foiele quem ‘ensanduichou’ as novelas com telejornais. Foiele também que comproue produziu o dramalhão cubano O direito de nascer, até hoje o
  • 3. maior sucesso datelenovela em todos os tempos. Tudo isso foi feito – diga- se – antes da Globo”, lembra Priolli. Uma das grandes habilidades de Clark era reunir em torno de si os melhores e mais qualificados profissionais. Quando assumiu a TV Globo, chamou os amigos Zé Otávio Castro Neves para direção comercial e José Ulisses Alvarez Arce para a diretoria de marketing. O time ficou completo quando Clark conseguiu trazer José Bonifácio de Oliveira Sobrinho para a direção de produção e programação. Uma equipe afinada, que já havia atuado na TV Rio e fez história na Globo. O exército de Clark venceu enormes desafios, das mudanças provocadas pelo videoteipe, ainda na TV Rio, até a chegada avassaladora da TV em cores, na TV Globo. Em três anos, a emissora de Roberto Marinho saiu do vermelho para se tornar a primeira televisão funcionando em rede nacional. “Equipando emissoras país afora, espalhando transmissores de micro-ondas e utilizando pioneiramente os recém- inaugurados sistemas de telecomunicações da Embratel, Clark estruturou a Globo nos moldes das ‘networks’ americanas, centralizando a produção no Rio de Janeiro, reduzindo custos e faturando e escala nacional”, destaca Priolli. O jornalista lembra que saiu da cabeça de Clark o “Jornal Nacional”, que coubea Armando Nogueira implantar. “Foio primeiro programa de TV brasileiro em rede nacional e um campeão de audiência instantâneo, que até hoje, apesar de muitos percalços, ainda não perdeu a liderança.” Os jogos de interesse, os anos de ditadura e as divergências, inclusive com o amigo Boni, foram minando as forças de Clark, que, àquela altura, tinha uma fama inquestionável de boêmio e bon vivant da televisão. Sempre cercado de belas mulheres, ganhou mais destaque que o próprio Roberto Marinho, o que acaboupor inviabilizar sua permanência na emissora. Em 1977, depois de um episódio envolvendo militares em Brasília, ele foi convidado a se retirar. Viciado em poder, Clark viveu um período de desilusão ao se desligar da TV, mas depois se dedicou a outros projetos bem-sucedidos no
  • 4. cinema – comdestaque para Eu te amo, de Arnaldo Jabor, que Clark financiou e gravou no seu próprio apartamento – e no teatro, com o musical A chorus line, um investimento altíssimo que arruinou suas finanças. Os anos finais de sua vida, no entanto, foram de depressão. No posfácio, incluído na nova edição, Priolli descreve o que se passoudo final do livro, em 1991, até a morte de Clark por insuficiência cardíaca, em 24 de março de 1997. “O álcool acelerou a depressão, mas foi mais efeito dela do que causa. A estaca no coração, que seguiu cravada nele para a eternidade, foi mesmo a frustração de deixar a Globo e não conseguir retornar. Foi ela quem consumiu a gota final de sua vida.” Título: O campeão de audiência – Uma autobiografia Autor: Walter Clark com Gabriel Priolli Editora: Summus Editorial Preço:R$ 49,90 (E-book: R$ 34,90) Páginas:400 (17 x 24 cm) ISBN:978-85-323-1035-4 Atendimento ao consumidor: (11) 3865-9890 Site: www.summus.com.br Mais informações com Ana Paula Alencar (11) 4787-1322 (11) 7806-7169 – ID 55*38*211844 imprensa@gruposummus.com.br