O documento apresenta 8 ações para tornar as escolas mais leitoras: 1) Aproveitar diversos ambientes para bibliotecas; 2) Investir na organização do acervo; 3) Buscar maneiras de ter mais livros; 4) Fazer os livros circularem; 5) Despertar o gosto pela literatura; 6) Incentivar funcionários a lerem; 7) Formar redes literárias com outras instituições; 8) Abrir as portas para os pais.
2. APROVEITE
OS MAIS
DIVERSOS
AMBIENTES
• Não é por falta de sala exclusiva que o acervo deve ficar
encaixotado. "Já vi bibliotecas em corredores e até na
entrada do banheiro", diz Celinha Nascimento, mestre em
literatura brasileira e assessora de escolas públicas e
particulares. Entre 2001 e 2009, Anália Fagundes Felipe foi
diretora da EM Ivo de Tassis, em Governador Valadares, a
315 quilômetros de Belo Horizonte, e usou um carrinho para
facilitar o contato com os livros. Ele passava nas salas e
ficava no pátio durante o recreio (as professoras de leitura
cuidavam do empréstimo). Depois, a equipe gestora instalou
armários nos corredores, com portas que se abrem nos
intervalos. "O espaço foi batizado pelas crianças de Ivoteca,
em referência ao nome da escola", conta Anália. Perto das
prateleiras, há murais com indicações dos títulos mais
retirados, dados sobre os turnos que mais buscam obras -
incentivando uma saudável competição - e dicas literárias
feitas pelos alunos. Outra dica é decorar paredes com
poemas, trechos de livros e dados sobre os autores.
3. INVISTA NA
ORGANIZAÇÃO
DO ACERVO
• Para garantir que as obras transformem a maneira como
crianças, jovens e adultos se relacionam com a literatura, não
basta alinhá-las nas estantes da escola. Se o leitor precisa
percorrer longas prateleiras sem entender a ordem dos livros,
a busca pelo título desejado fica desanimadora. Uma das
estratégias para fugir desse problema é separar as obras em
literatura infantil, juvenil e adulta - bem como por tema, autor
ou gênero. Uma boa inspiração é pensar em como funcionam
as livrarias. Assim como elas usam estratégias para incentivar
a compra, sua escola pode copiar o modelo com o objetivo de
atrair leitores: expor logo na entrada os volumes mais retirados
em determinado período, destacar as novidades em murais ou
jornais internos, montar caixas com os livros divididos por faixa
etária e colocá-las em locais de fácil acesso e deixar tudo
sempre ao alcance dos estudantes - as prateleiras baixas, com
itens para os pequenos, e as mais altas, para os mais velhos.
"Muitas vezes, encontramos coisas maravilhosas e raras
quando investimos em uma boa organização", afirma Celinha
Nascimento.
4. BUSQUE MANEIRAS DE TER
(MAIS) LIVROS
• Toda escola tem direito a um acervo variado e atualizado. Desde 1997, o
Ministério da Educação (MEC) fornece, por meio do Programa Nacional
Biblioteca da Escola (PNBE), livros de literatura para as instituições
públicas. Algumas Secretarias de Educação contam com projetos
semelhantes: no Rio de Janeiro, gestores e professores estaduais
recebem dinheiro para atualizar o acervo durante o tradicional Salão do
Livro. Em Santa Catarina, alunos do Ensino Fundamental ganham da
Secretaria Estadual títulos de autores brasileiros. Se o acervo de sua
escola está há muito tempo sem ser renovado, os especialistas sugerem
organizar campanhas de arrecadação junto à comunidade ou solicitar
doações a livrarias. Nesse caso, é preciso ficar atento ao que chega
para escolher apenas o que tem qualidade literária e é, de fato,
interessante para os alunos.
5. FAÇA OS LIVROS
CIRCULAREM
• Receio de que a capa estrague, as páginas se soltem ou o exemplar desapareça - eis algumas
das inquietações que afligem os gestores. Antes de tudo é bom lembrar que, como todos os
bens de consumo, os livros têm vida útil e, mais cedo ou mais tarde, precisam ser repostos. Por
isso, nenhuma dessas preocupações pode impedir que os livros cumpram sua função: passar
por alunos de todas as idades e chegar à comunidade. A equipe gestora da EMEIEF Carlos
Drummond de Andrade, em Santo André, na Grande São Paulo, permite que as professoras
levem exemplares para o jardim para que as crianças ouçam histórias e leiam num ambiente
descontraído. Camila de Castro Alves Teixeira, da central pedagógica da Comunidade
Educativa Cedac, em São Paulo, sugere campanhas educativas para ensinar os usuários a
preservar os livros. Mais produtivo do que temer perdê-los é investir no controle de retirada
(com programas de computador ou cadernos de registro). Um exemplar pode não ser devolvido
por esquecimento ou porque o aluno quer ficar com ele. Discutir os direitos e deveres da vida
em sociedade e elaborar regras de uso do acervo - prevendo a possibilidade de renovar o
empréstimo da obra - pode ser um caminho. Mesmo as punições - sem exageros, por favor -
são necessárias: enquanto não houver a devolução do livro atrasado, o usuário pode ficar
impedido de realizar novos empréstimos.
6. DESPERTE O
GOSTO PELA
LITERATURA
• Para formar leitores, é preciso que o professor seja, ele
mesmo, um leitor, certo? O que fazer, então, quando ele não
lê? Na prática, o mesmo que se faz com os alunos: criar
condições para que a literatura vire um hábito. Na UME
Antônio Ortega Domingues, em Cubatão, a 55 quilômetros
de São Paulo, os educadores começam as reuniões com
uma leitura literária coletiva e uma discussão sobre as
impressões de todos a respeito do texto lido. O objetivo é
aproximar a equipe da boa literatura e oportunizar momentos
para que esses profissionais ampliem seu repertório e se
interessem em buscar outras leituras. Algumas ações podem
ser contempladas num projeto institucional que preveja a
montagem de um acervo literário específico para adultos, a
produção de um mural com indicações na sala dos
professores e a organização de círculos de leitura.
Importante: os momentos de formação do professor leitor
não eliminam a necessidade de capacitá-lo na didática da
leitura - fundamental para ele poder ensinar os alunos a
também se tornar leitores.
7. INCENTIVE OS FUNCIONÁRIOS A LER
• Fazer com que o gosto pela leitura contamine toda a escola é um desafio que rende ótimos
frutos. É essencial, portanto, incentivar os funcionários a frequentar o espaço destinado à
leitura. Na EM Professor Luiz de Almeida Marins, em Sorocaba, a 99 quilômetros de São
Paulo, todos têm uma carteirinha da biblioteca e é comum ver merendeiras e auxiliares de
limpeza escolhendo exemplares para ler em casa. Também é importante convidar os
funcionários para participar de momentos de leitura coletiva, em horários previamente
acordados entre todos e em local aconchegante. "O ato de ler ainda é visto por muitos
como uma experiência solitária. Mas não deve ser assim. A leitura em conjunto estimula o
prazer e a familiaridade com os textos", destaca Camila Teixeira, da Comunidade Educativa
Cedac. Ações como essa ajudam a despertar no pessoal da equipe de apoio a vontade de
se tornar um contador de histórias, por exemplo. Nesse caso, cabe a você, gestor, abrir
espaço para que a atividade aconteça (sem tirar dos professores a responsabilidade de ler
para as turmas).
8. FORME REDES LITERÁRIAS
• Oferecer contato com os livros exige habilidade e jogo de cintura.
Mapear na vizinhança as entidades que têm potencial para ser
parceiras da escola e procurar os responsáveis por
equipamentos urbanos são boas pedidas. Em São João do
Oeste, a 676 quilômetros de Florianópolis, duas escolas públicas
se valem do acervo da biblioteca pública, no centro da cidade,
para ampliar a oferta de títulos. Para atender a um acordo feito
com gestoras, a coordenadora pedagógica da Secretaria
Municipal de Educação, Cultura e Esportes, Teresinha Staub,
aproveita as visitas semanais para levar alguns livros no carro da
prefeitura. As obras são eleitas pela demanda das escolas ou por
indicações de Teresinha.
9. ABRA AS
PORTAS
PARA OS
PAIS
• Finalmente, para formar uma comunidade de leitores, nada melhor
do que estreitar o contato com as famílias e oferecer a elas a
possibilidade de usufruir da boa literatura. Encontros com autores,
saraus e atividades de contação de histórias atraem os familiares e
ajudam a tornar a leitura uma prática difundida socialmente. A
realização de uma Semana Literária foi o caminho escolhido pela
EMEF Professora Maria Berenice dos Santos, em São Paulo. "A
experiência foi enriquecedora desde o planejamento, quando alunos
e funcionários trocaram indicações de textos e de autores que
queriam conhecer", conta a professora Daniela Neves, idealizadora
da festa. Já na EE Jornalista Francisco Mesquita, também na capital
paulista, os saraus mensais fazem sucesso por contar com um
variado repertório de leitura e declamações. Outra ideia, implantada
pela EE Professor Astor Vasques Lopes, em Itapetininga, a 165
quilômetros de São Paulo, é incentivar os alunos a levar para casa
um livro e um caderno de anotações para que as histórias sejam
lidas e comentadas com os parentes. Além disso, o acervo deve
estar sempre disponível à comunidade, principalmente nos locais em
que a escola é a principal fonte de acesso aos livros
10. REFERÊNCIA
• NOVA ESCOLA GESTÃO ESCOLAR. 8 ações para
construir uma escola leitora. 01 de Agosto de 2010.
Disponível em: <https://gestaoescolar.org.br/conteudo/610/8-
acoes-para-construir-uma-escola-leitora>. Acesso em:
12/06/2018.