1. Manipulação de dietas em confinamento
Flávio Augusto Portela Santos 1
Alexandre Mendonça Pedroso 1
1. INTRODUÇÃO
De maneira geral, grãos de cereais, em especial o milho, representam a principal fonte de
energia em dietas de bovinos de corte terminados em confinamento (Huntington, 1997; Owens et
al., 1997). A produção brasileira de grãos tem crescido de forma expressiva nos últimos 10 anos,
devido principalmente ao aumento da produtividade, com a aplicação de tecnologia de ponta. As
produções nacionais de milho e soja na safra 2002/2003 foram de 42,8 e 50,3 milhões de
toneladas, respectivamente, com um crescimento de 21,2% para o milho e 20,1% para a soja em
relação à safra 2001/2002 (CONAB, 2003). A safra 2007/2008 de milho foi de 58,6 milhões de
toneladas e a de soja foi de 60,1 milhões de toneladas, um crescimento de 37% para o milho e de
19,5% para a soja em relação à safra 2002/2003 (CONAB, 2008). A safra nacional de sorgo
2007/2008 de 1,94 milhões de toneladas foi 2,5 vezes maior que a de 2001/2002 (0,79 milhões de
toneladas) (CONAB, 2008). O crescimento expressivo da safra nacional de grãos na ultima
década e as perspectivas positivas para os próximos anos, têm aumentado o interesse e a
viabilidade de inclusão de doses cada vez maiores de grãos nas dietas de bovinos de corte
confinados no Brasil. De acordo com (Mariotto, 2003), em novembro de 2002, para adquirir uma
tonelada de milho era preciso produzir 7,88 arrobas, já em 2003 esse valor foi reduzido par 4,57
arrobas. O surgimento de grandes unidades de confinamento no país nos últimos anos também
tem contribuído para aumentar o interesse por rações com altos teores de concentrado, devido à
sua maior praticidade e menor custo operacional.
O uso eficiente dos grãos de cereais nas rações, depende principalmente da otimização da
digestibilidade do seu principal constituinte, o amido. Uma das principais ferramentas
disponíveis para maximizar a digestibilidade do amido no trato digestivo total de bovinos, é o
processamento correto dos grãos de cereais, principalmente sorgo e milho. Em trabalhos de
pesquisa conduzidos nos Estados Unidos, tem sido demonstrado que o valor energético do milho
pode ser aumentado em até 18% quando este é floculado em comparação com a laminação ou
moagem grosseira (Zinn et al., 2002). A ensilagem do grão com 28 a 32% de umidade também
aumenta significativamente o valor energético do milho e do sorgo. Teoricamente,
os benefícios de processamentos intensos, como a floculação e ensilagem de grãos úmidos,
deverá ser maior no milho brasileiro, que é do tipo flint ou duro em comparação ao milho
dentado utilizado nos Estados Unidos, uma vez que o milho flint tem amido menos digestível que
o milho dentado.
O aumento da safra de grãos e de frutas também tem gerado aumento na oferta de co-
produtos provenientes da industrialização desses grãos de cereais, assim como a de co-produtos
da indústria de sucos de frutas e conserva (CONAB, 2008). O interesse dos confinadores de
bovinos de corte por fontes energéticas alternativas ao milho, cresce de forma significativa em
anos de preços elevados deste cereal. A inclusão destas fontes energéticas alternativas em dietas
para bovinos em confinamento, tem como principal objetivo baixar os custos de alimentação,
mantendo desempenho satisfatório. Outro benefício da inclusão de co-produtos, pode ser a
1
Departamento de Zootecnia - Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba/SP
1
2. redução no teor de amido das dietas ricas em grãos, com concomitante aumento nos teores de
fibra digestível, contribuindo para melhoria do ambiente ruminal.
Outro aspecto que interfere tanto com o desempenho animal quanto com o custo final da
ração é o balanceamento protéico desta. Tradicionalmente, fontes de proteína verdadeira como o
farelo de soja e de algodão têm sido incluídas em rações de confinamento no Brasil em doses
excessivas. Tem sido demonstrado em trabalhos de pesquisa conduzidos no exterior e no Brasil
que para animais em terminação, a uréia pode ser utilizada como única fonte suplementar de N,
reduzindo o custo final da ração sem efeito negativo no desempenho animal.
No presente trabalho tem-se o objetivo de contribuir com informações dentro desse
contexto, avaliando formas de processamento de grãos de cereais para maximizar sua utilização
em dietas de confinamento, comparar diferentes fontes de cereais, avaliar a utilização de co-
produtos da agroindústria no desempenho de bovinos em confinamento e finalmente, discutir
aspectos da adequação protéica de rações para bovinos em confinamento.
2. FONTES DE CEREAIS E PROCESSAMENTO
2.1. Metabolismo ruminal do amido
O amido representa 70 a 80% da maioria dos grãos de cerais (Rooney & Pflugfelder,
1986) e é geralmente a fonte de energia mais utilizada em dietas de bovinos confinados em
terminação (Theurer, 1986). Portanto, maximizar o uso deste nutriente é fundamental para se
obter alta eficiência alimentar dos animais confinados (Theurer, 1986; Huntington, 1997; Owens
et al., 1997;). De acordo com Owens et al., (1986), energéticamente, a digestão intestinal do
amido seria 42% mais eficiente que a digestão ruminal. Entretanto, revisões mais recentes sobre o
assunto, têm mostrado de forma consistente que o desempenho de bovinos é melhor quando os
grãos de cereais são processados mais intensamente, resultando em maior digestibilidade do
amido no trato total, principalmente em função do aumento da degradabilidade ruminal do amido.
(Huntington, 1997; Owens et al., 1997; Theurer et al., 1999; Zinn et al., 2002).
Em ruminantes, o amido pode ser fermentado no rúmen e no intestino grosso por
microrganismos, e ou ser digerido enzimaticamente no intestino delgado (ID). O principal local
de digestão de amido é o rúmen, onde ácidos graxos voláteis (AGV) e proteína microbiana são
produzidos (Theurer, 1986; Theurer, 1992).
O primeiro passo no processo de fermentação ruminal do amido consiste na sua
hidrólise, através da ação de enzimas secretadas principalmente pelas bactérias amilolíticas. Estas
bactérias tendem a predominar no rúmen de animais recebendo dietas com altos teores de amido.
A degradação por estas bactérias envolve a ação da enzima extracelular -amilase, que age de
forma casualizada ao longo da molécula de amido. Após esta molécula ter sido degradada em
maltose e glicose, bactérias sacarolíticas fermentarão estes substratos rapidamente, através da via
glicolítica, para produzir piruvato. Este é o intermediário através do qual todos os carbohidratos
têm que passar antes de serem convertidos em AGV, CO2, e CH4 (Yokoyama & Johnson, 1988).
Acredita-se que praticamente toda a produção de AGV seja absorvida através do rúmen,
retículo e omaso, porém, uma quantidade considerável destes compostos é metabolizada por
2
3. tecidos ruminais durante a absorção. É evidente a importância dos AGV na absorção e utilização
da energia em ruminantes, pois eles podem representar mais de 60% do fluxo líquido de energia
na veia porta de bovinos (Reynolds et al.,1988; Reynolds et al., 1994). Sendo assim, métodos de
processamento de grãos de cereais que otimizem a degradação ruminal do amido, resultam em
maior disponibilidade de energia para o bovino (Huntington, 1997).
Não apenas a nutrição energétcia mas também a nutrição protéica dos bovinos é afetada
pela digestão ruminal do amido. A produção de proteína microbiana e a passagem de nitrogênio
(N) para o ID são afetadas por fatores tais como: consumo de alimento, taxa de passagem da
digesta, relação volumoso:concentrado, teor e degradabilidade ruminal da proteína, teor e fonte
de gordura da dieta, mas principalmente, teor e degradabilidade ruminal dos carbohidratos não
estruturais, com destaque para o amido dos grãos (Sniffen & Robinson, 1987; Clark et al., 1992).
A produção de proteína microbiana (PMic) é calculada pelo produto da quantidade de substrato
fermentado no rúmen (kg de CHO) multiplicada pela eficiência microbiana (g PMic/kg CHO
fermentado) (Hoover & Stokes, 1991). O milho floculado ou de alta umidade foram superiores ao
milho laminado a seco quanto ao fluxo de PB para o intestino de bovinos (Cooper et al., 2002).
A digestibilidade do amido é afetada por vários fatores, principalmente tipo de grão de
cereal, teor de amilopectina e de amilose, camada externa do grânulo, presença de uma matriz
protéica revestindo o grânulo de amido, e método de processamento do grão (Theurer, 1986;
Huntington, 1997; Owens, et al. 1997).
Herrera-Saldana et al. (1990b) compararam a degradabilidade ruminal do amido de
milho, sorgo, trigo, cevada, e aveia. Estes grãos foram classificados na seguinte ordem
decrescente: aveia, trigo, cevada, milho e sorgo, com uma degradabilidade ruminal de 98, 95, 90,
62 e 49% respectivamente. Baixa degradabilidade ruminal “in vivo” do amido do sorgo foi
relatada por Poore et al. (1993a) e Oliveira et al. (1995), quando este cereal foi processado na
forma de grão laminado a seco (dry-rolled). A principal razão para esta baixa degradabilidade é
provavelmente a presença de uma resistente matriz protéica, composta de gluteína, revestindo os
grânulos de amido. Esta matriz protéica intensa também ocorre em maior extensão no milho flint
ou duro utilizado no Brasil que no milho dentado. Para maximizar a digestibilidade do amido
destes cereais, tanto no rúmen como no ID e no trato digestivo total, esta matriz protéica tem que
ser quebrada, e isto pode ser obtido através de diferentes métodos de processamento de grãos
(Rooney & Plugfelder, 1986).
O processamento mais utilizado nos confinamentos brasileiros para milho e sorgo, é a
moagem, seja fina ou grosseira. A moagem fina é recomendada para o sorgo. Com relação ao
milho, os dados com vacas leiteiras mostram de forma consistente as vantagens da moagem fina
em relação à moagem grosseira. Para bovinos em confinamento, entretanto, são poucos os dados
disponíveis na literatura e estes são pouco consistentes. As formas de processamento que têm se
mostrado mais eficientes em aumentar o valor energético dos grãos de milho e de sorgo são a
ensilagem de grãos úmidos e a floculação.
A floculação de sorgo e milho é atualmente a forma de processamento mais comum em
confinamentos comerciais de gado de corte no oeste dos Estados Unidos (Vasconcelos &
Galyean, 2007). Este processo consiste em expor os grãos ao vapor, à pressão atmosférica, por 30
a 60 minutos, e então passá-los através de rolos compressores ajustados para se obter a densidade
desejada. Durante o processamento os grânulos de amido sofrem gelatinização, há aumento da
área superficial do grão e também ocorre a quebra da matriz protéica que envolve o amido. A
3
4. quebra da matriz protéica é considerada como a maior responsável pelos efeitos positivos da
floculação sobre a digestibilidade do amido. O resultado final é um aumento significativo na
digestibilidade do amido no rúmen, no ID e no trato digestivo total, tanto para grãos de sorgo
como de milho (Zinn et al., 2002).
Diversos experimentos metabólicos têm mostrado de forma consistente os benefícios da
floculação de milho e sorgo na digestibiidade ruminal e total do amido. A digestibilidade do
amido no rúmen aumentou em média de 73,4 para 87,5% e no trato digestivo total de 92,3 para
99,5% (Cooper et al., 2002; Zinn et al., 1995) quando o milho laminado a seco (dry-rolled) foi
comparado com milho floculado. No caso do sorgo, a digestibilidade ruminal do amido aumentou
de 66,8 para 81,5% e no trato total de 96,5 para 99,3% quando o grão laminado foi comparado
com o floculado (Theurer et al., 1999).
A ensilagem de grãos úmidos de milho e de sorgo, também aumenta de forma
significativa a digestibilidade ruminal do amido. De modo geral o aumento é maior que o obtido
com moagem fina ou floculação (Huntington, 1997; Cooper et al., 2002).
2.2. Metabolismo intestinal do amido
O amido que escapa a degradação no rúmen passa para o ID onde pode ser digerido
enzimaticamente através de um processo similar ao que ocorre em monogástricos. A molécula de
amido é quebrada inicialmente no ID pela enzima -amilase pancreática, produzindo um
dissacarídeo (maltose), um trissacarídeo (maltotriose), e um resíduo de -dextrina ramificada.
Estes oligosacarídeos são então hidrolizados pela ação final das enzimas glucoamilase, sucrase e
-dextrinase, presentes na parede intestinal (região da borda em escova). O produto final,
glicose, pode então ser absorvida via transporte ativo juntamente com sódio (Gray, 1992).
Os fatores apontados como responsáveis pela limitação que existe na capacidade do ID
em digerir amido são diversos, e motivo de muita controvérsia entre diferentes grupos de
pesquisadores. A limitação enzimática tem sido apontada como o principal fator por Orskov
(1986) e Huntington (1997). Entretanto, Owens et al. (1986; 1997) e Zinn et al. (2002) sugeriram
que esta limitação não se deve à falta de capacidade enzimática, desde que não foi detectada uma
estabilização na quantidade de amido desaparecendo do ID em dietas típicas para novilhos de
corte. Estes autores sugeriram que outros fatores tais como tempo e superfície de exposição
podem ser mais limitantes para a digestão do amido no ID. Apesar destas limitações, dados com
novilhos de corte recebendo dietas com 85% de milho inteiro ou 80% de sorgo laminado a seco
sugerem que até 2,5 kg de amido podem ser digeridos diariamente no ID destes animais (Theurer,
1986).
O amido que escapa da fermentação ruminal e a digestão enzimática no ID pode ser
fermentado no intestino grosso pela ação de microrganismos. Os AGV produzidos podem ser
absorvidos e utilizados pelo ruminante, entretanto a PMic sintetizada não pode ser absorvida,
sendo completamente excretada nas fezes. Outro aspecto negativo é que parte do N que poderia
estar sendo reciclado de volta para o rúmen é desviado para o intestino grosso quando grandes
quantidades de amido estão disponíveis para fermentação neste orgão. Isto pode ter um efeito
negativo na utilização de N pelo ruminante (Fahey & Berger, 1988).
4
5. A floculação e a ensilagem de grãos úmidos de sorgo e milho aumentam a
digestibilidade do amido no rúmen e no ID, resultando em menores quantidades deste nutriente
atingindo o intestino grosso. Além disso, o amido que chega ao intestino grosso é mais digestível
que o de grãos pouco ou não processados (Theurer, 1986). O resultado final é o aumento na
economia de energia e N para o animal, devido à menor quantidade de amido fermentado no
intestino grosso.
2.3. Processamento dos grãos de cereais e desempenho de bovinos em terminação.
Em pesquisa realizada com 29 consultores especializados, responsáveis pelo manejo
nutricional de mais de 18 milhões de bovinos em confinamento nos EUA, Vasconcellos & Galyean
(2007) relataram que a floculação é método de processamento de milho e sorgo mais utilizado
nessas unidades.
De maneira geral, o processamento dos grãos de cereais melhora a eficiência de digestão
do amido tanto no rúmen como no intestino (Huntington, 1997). Segundo Zinn et al. (2002), a
floculação adequada dos grãos de miho, resulta em aumentos de 15% no teor de energia líquida de
manutenção e de 18% no teor de energia líquida para ganho em comparação com a moagem
grosseira ou laminação a seco. De acordo com a revisão de Owens et al. (1997), para bovinos
confinados na fase de terminação, a floculação reduziu o CMS, não afetou o GPD e melhorou a
eficiência alimentar do milho em 10% e do sorgo em 15% em comparação com a laminação a
seco. Segundo Zinn et al. (2002), o NRC (1996) subestima o valor energético do milho floculado e
superestima o do milho laminado a seco.
Trabalhos mais recentes também têm confirmado as vantagens da floculação do milho
sobre a laminação a seco (Tabela 1). A melhora de 9,7% na eficiência alimentar com a floculação
está de acordo com os dados revisados de Owens et al. (1997). Entretanto, os trabalhos da Tabela 1
mostram pequeno efeito negativo da floculação no CMS (-2,1%) e aumento expressivo no GPD
(+9,42%), principal responsável pela melhora da eficiência alimentar.
Nos trabalhos disponíveis na literatura foi mostrado que de modo geral que existe uma
faixa ideal de intensidade do processo de floculação para os grãos de milho e sorgo para bovinos de
corte. A recomendação para bovinos em terminação confinados, recebendo dietas ricas em grãos,
é flocular o milho ou sorgo para se obter uma densidade entre 310 a 360g/l (Theurer, 1992;
Huntington, 1997; Reinhardt et al., 1997; Swingle et al, 1999; Theurer et al., 1999; Brown et al.,
2000; Zinn, et al., 2002;). Materiais menos processados não apresentam resultados satisfatórios,
por não aumentarem suficientemente a digestibilidade do amido. Materiais excessivamente
processados também prejudicam o desempenho animal, provavelmente por aumentarem os riscos
de acidose ruminal.
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6. Tabela 1. Efeito da Floculação do milho no desempenho de bovinos confinados em
comparação com a Laminação a Seco (MLS).
Teor de concentrado
Variação em Variação em Variação em
Referência na dieta,
CMS, % GPD, % GPD/CMS, %
% da MS
Brown et al. (2000) 90 -1,2 +17,7 +19,8
Brown et al. (2000) 90 0 +8,2 +7,8
Barajas & Zinn (1998) 88 -9,2 +7,6 +8,2
Scott et al. (2003) 92,5 0 +3,4 +4,3
Scott et al. (2003) 92,5 0 +10,2 +8,4
Média 90,6 -2,1 +9,42 +9,7
Os dados revisados por Owens et al. (1997) e os apresentados na Tabela 1, que mostram
claramente as vantagens da floculação sobre a laminação a seco do milho, servem como termo de
comparação nas nossas condições para o milho moído grosso ou quebrado, uma vez que estes
equivalem ao laminado a seco em digestibilidade ruminal e intestinal.
Com relação à moagem fina do milho, a literatura disponível até o momento não nos
permite concluir se há ou não uma vantagem real da floculação. Em um dos poucos trabalhos
disponíveis na literatura, Scott et al. (2003) observaram que em dietas contendo 92,5% de
concentrado (52,5% de milho, 32% de farelo de glúten de milho 21, 8% de suplemento protéico e
mineral e vitamínico) a floculação do milho não afetou o CMS, o GPD e melhorou a eficiência
alimentar em apenas 2,7%. Como pode ser observado, os benefícios da floculação em comparação
ao milho moído fino foram bem menores que os observados em comparação com o milho laminado
a seco.
Nos últimos anos tem crescido no país a utilização de silagem de grãos úmidos de milho.
Os dados de literatura mostram de forma consistente o efeito benéfico desta forma de
processamento na digestibilidade ruminal e total do amido em comparação à moagem ou laminação
seca (Huntington, 1997). Alguns resultados de trabalhos sobre silagem de grãos úmidos de milho
para bovinos confinados são apresentados na Tabela 2.
6
7. Tabela 2. Efeito da Ensilagem de milho úmido no desempenho de bovinos confinados em
comparação com a Laminação a Seco (MLS).
Teor de concentrado
Variação em Variação em Variação em
Referência na dieta,
CMS, % GPD, % GPD/CMS, %
% da MS
Scott et al. (2003) 92,5 -6,6 -2,0* +5,0
Scott et al. (2003) 92,5 0 0 0
Ladely et al. (1995) 90,0 -15,2 0 +17,0
Ladely et al. (1995) 90,0 -6,2 +2,4 +11,6
Média 91,2 -7,0 0 +8,4
A substituição de milho por sorgo nas dietas de bovinos confinados na fase de terminação
pode vir a ser viável dependendo da relação de preço destes dois grãos. Os dados da Tabela 3
mostram que na média dos 7 trabalhos revisados, o milho apresentou CMS 2,5% menor, GPD
5,2% maior e eficiência alimentar 7,6% maior que o sorgo. Diferentemente do obtido com vacas
leiteiras, a floculação do sorgo não foi capaz de equipará-lo ao milho floculado.
Entretanto, o sorgo floculado foi superior ao milho laminado ou moído grosso para
bovinos em terminação. O CMS não foi alterado, mas o GPD e a eficiência alimentar foram 5%
maiores no sorgo floculado em comparação ao milho laminado a seco (Huck et al., 1998).
7
8. Tabela 3. Comparação entre grãos de milho e sorgo para bovinos confinados.
Taxa de
Método de Método de Variação* em
inclusão dos Variação* Variação*
Referência processamento processamento eficiência
grãos na dieta, em CMS, % em GPD, %
do milho(1) do sorgo alimentar, %
% da MS
Brandt et al. (1992) F F + de 75 0 0 0
Gaebe et al. (1998) LS, EX LS, EX 78,6 -6,5 +5,5 +10,8
Huck et al. (1998) F F 77 0 +16,5 +16,8
Huck et al. (1998) F F 74,5 0 +2,6 +3,3
Sindt et al. (1993) LS LS 74 -5,8 +1,8 +5,3
Stock et al. (1990) LS LS 83,8 -2,1 +4,47 +7,0
Zinn (1991) F F 74,8 -3,2 +6,5 +9,9
Média 77 -2,5 +5,3 +7,6
* Efeito positivo ou negativo do milho sobre o sorgo
(1) F = Floculado
LS = Laminado a seco
EX = Extrusado
8
9.
10. Os dados apresentados na Tabela 3 referem-se ao milho dentado. Talvez as diferenças
entre milho e sorgo laminados ou moídos sejam menores quando se trata de milho flint, utilizado
no Brasil.
3. CO-PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
3.1. POLPA CÍTRICA
A polpa cítrica é originada a partir da fabricação do suco de laranja, e é composta de
cascas, sementes e bagaço (Fegeros et al., 1995; Wing, 1982). O co-produto é obtido após
duas prensagens, que reduzem sua umidade a 65-75%, e secagem até atingir 90% de matéria
seca, para então ser peletizada (Menezes Jr., 1999). O Brasil é o maior produtor mundial de
citros, e a produção nacional de polpa cítrica é da ordem de 1.150.000 toneladas anualmente.
A polpa cítrica é um alimento de alto valor energético e cuja safra ocorre entre os meses
de maio e janeiro, coincidindo com a entressafra de grãos e com a época de maior utilização
de concentrados.
O valor nutricional da polpa cítrica depende da variedade da laranja, da inclusão de
sementes e da retirada ou não de óleos essenciais. Em geral, a polpa é caracterizada pela alta
digestibilidade da matéria seca, sendo superior a do milho laminado (Carvalho, 1995), e por
possuir características energéticas de concentrado, e fermentativas ruminais de volumoso
(Ezequiel, 2001). Na Tabela 4 são apresentadas as características químicas da polpa cítrica.
Tabela 4. Composição nutricional da polpa cítrica
peletizada
MS, % 89,7
PB, %MS 6,9
EE, %MS 2,3
FDN, %MS 22
FDA, %MS 19,7
Lignina, %MS 2,1
Açucares, %MS 24,1
Pectina, %MS 22,3
Amido, %MS 2,3
Fonte: Bampidis e Robinson (2006)
Diferentemente dos grãos de cereais como milho e sorgo, a polpa cítrica não contém
teores significativos de amido, porém ela é rica em açúcares (25% da MS), pectina (25% da
MS) e fibra altamente digestível (23% da MS). A pectina é o carboidrato complexo de mais
rápida degradação ruminal (Van Soest et al., 1991), ela varia de 30 a 50% por hora (Chesson
Monro, 1982; Sniffen, 1988) enquanto que os valores para o amido são de 10 a 20% por
hora (Sniffen, 1988). O valor de FDN da polpa cítrica se encontra com valor intermediário
entre a maioria dos concentrados e forragens (Bampidis & Robinson, 2006).
10
11. A inclusão de polpa cítrica peletizada aumentou as digestibilidades da MS, MO, FDN,
FDA, em substituição ao milho das rações de vacas leiteiras (Menezes Jr., 1999). O'Mara et
al. (1999) relataram que para bovinos e ovinos os valores de degradabilidade ruminal da
polpa cítrica foram de 82,6% para matéria seca, 42,2% para proteína e 69,0% para FDN, sem
diferença entre espécie animal.
A menor concentração de uréia sanguínea em animais alimentados com rações contendo
alimentos ricos em pectina, como a polpa cítrica, em comparação com rações contendo
cereais, sugere uma utilização mais eficiente da proteína degradável no rúmen pelas bactérias
ruminais (McCullough & Sisk, 1972).
Em função do seu teor praticamente nulo de amido e dos altos teores de pectina e fibra de
alta digestibilidade, a polpa cítrica apresenta um padrão de fermentação ruminal diferente da
observada com os grãos de cereais, com menor produção de propionato e lactato e maior
produção de acetato (Hentges et al., 1966; Pizon & Wing, 1976; Wing, 1982; Schalch et al.,
2001). A maior proporção ruminal de ácido acético causada pela polpa cítrica faz com que
este alimento tenha uma menor chance de propiciar acidose ruminal, diferentemente do que
ocorre com as fontes energéticas mais usuais, como os cereais, ricos em amido.
Em experimento utilizando quatro novilhos Nelore, Carvalho (1998) verificou os efeitos
do teor de amido da ração sobre a digestibilidade e o pH ruminal em rações com bagaço de
cana tratado à pressão e vapor. Os tratamentos visaram estudar a substituição de 48% do
milho moído pela polpa cítrica (PC) em rações com alto nível de concentrado. O tratamento
com PC apresentou tendência a possuir melhor ambiente ruminal e maior digestibilidade. O
autor concluiu que a utilização desta fonte alternativa apresenta boas possibilidades de
minimizar os efeitos associativos negativos decorrentes de rações com alto teor de
concentrado.
Em revisão sobre digestibilidade de nutrientes de co-produtos de citrus, Bampidis e
Robinson (2006) constataram que o fornecimento destes alimentos ricos em pectina e com
alta degradabilidade de FDN, geralmente possuem efeito menos negativo no desenvolvimento
ruminal e conseqüentemente na atividade celulolítica do que a suplementação com alimentos
ricos em amido ou açúcar. A PC possui uma variedade de substratos energéticos para
microrganismos ruminais incluindo carboidratos solúveis e FDN prontamente digestível.
Quando PC é utilizada em substituição a alimentos ricos em amido, as digestibilidades da
MO e MS não são afetadas, enquanto a digestibilidade da PB diminui e a digestibilidade do
FDN e FDA aumentam. A PC melhora a utilização de frações de fibra da ração,
possivelmente devido ao efeito positivo na microflora ruminal.
Vijchulata et al. (1980) estudaram o efeito da PCP em substituição ao milho grão na
performance e características de carcaça de novilhos. Foram realizados dois experimentos
onde milho grão e PCP foram fornecidos para os animais em proporções de 710:0 ou 355:400
g/kg no primeiro experimento e 710:0 ou 85:600 g/kg no segundo. Em ambos os
experimentos, o GPD e a conversão alimentar não foram afetados, mas no primeiro
experimento o CMS foi 9,3% menor para a ração contendo PCP.
11
12. Em outro estudo Sampaio et al. (1984) utilizaram oitenta e um novilhos da raça Nelore
para estudar o efeito de diferentes teores de proteína e fontes de energia na ração. Eles
utilizaram três tratamentos com 40% de volumoso (Capim elefante) e 60% de concentrado,
que possuíam diferentes teores de polpa cítrica e milho como fonte de energia (T1-polpa
cítrica, T2-50% polpa e 50% milho e T3-somente milho). Não foi observado efeito
significativo para ganho de peso diário quanto aos diferentes tratamentos, embora tenha
ocorrido uma tendência do T-2 propiciar melhoria no ganho de 8,3% e 7,13%, em relação ao
T-3 e T-1 respectivamente.
Henrique et al. (2004) trabalharam com tourinhos da raça Santa Gertrudes e forneceram
teores crescentes de polpa cítrica nas rações (0, 25, 40 e 55% da MS) em substituição ao
milho moído e não observaram diferença na eficiência alimentar dos animais.
Em trabalho conduzido no Departamento de Zootecnia da USP/ESALQ, Pereira et al.,
(2007) estudaram a substituição do milho moído fino por polpa cítrica (relações milho:polpa
iguais a 100:0; 50:50; 25:75; 0:100, na ração de tourinhos da raça Canchim na fase de
crescimento e terminação. As rações continham na base seca, 30% de silagem de cana
aditivada e 70% de concentrado (Tabela 5).
Tabela 5. Efeito da substituição do milho por polpa cítrica na ração de tourinhos Canchim em
crescimento e terminação (Pereira et al. 2007).
Item 100M:0P 50M:50P 25M:75P 0M:100P
CMS, kg/d a 10,83 10,85 10,38 9,78
PVI, kg 317,5 319,2 318,8 317,2
PVF, kg 506,0 526,4 504,9 493,4
GPD, kg/d a 1,59 1,70 1,56 1,48
GPD/CMS b 0,15 0,16 0,15 0,15
Rend Carc, % 57,58 58,12 57,31 57,08
EG, mm 3,90 4,5 4,2 4,2
ELm, mm b 1,73 1,83 1,76 1,78
ELg, mm b 1,11 1,20 1,13 1,15
a
Efeito linear da PC (P<0,05)
b
0 vs 50% de PC (P<0,10)
Com base no dados da Tabela 5, pode-se concluir que em rações contendo 30% de
silagem de cana e 70% de concentrado na matéria seca, a substituição parcial do milho por
polpa cítrica não afetou negativamente o desempenho animal. A substituição total do milho
por polpa cítrica resultou em menor GPD, em função de um menor CMS, entretanto, a
eficiência alimentar não foi alterada. O valor energético da polpa cítrica não é inferior ao do
milho flint utilizado no Brasil. Os valores de energia tabulares do NRC (1996) para o milho
moído ou quebrado provavelmente estão superestimados em relação ao valor observado no
presente estudo para o milho flint.
12
14. 3.2. FARELO DE GLÚTEN DE MILHO
O farelo de glúten de milho é um co-produto da indústria de produtos de milho,
basicamente amido e adoçantes, conhecido no Brasil pelos nomes comerciais de Refinazil ou
Promill. É obtido pela separação e secagem das fibras dos grãos de milho durante o processo de
moagem úmida do cereal. Tecnicamente, é o que sobra do grão de milho após a extração da
maior parte do amido, glúten e gérmen, pelos processos de moagem e separação empregados na
produção de amido e xarope de milho, sendo 2/3 de conteúdo fibroso e 1/3 de licor concentrado
de maceração (BLASI et al., 2001). Em torno de 11% do material original que chega para o
processamento na indústria, é transformado no co-produto.
No Brasil, tradicionalmente o farelo de glúten de milho tem sido comercializado na sua
forma seca, mas recentemente, sua forma úmida também passou a ser utilizada. Quando na forma
úmida, apresenta cerca de 42% de matéria seca (MS), e na forma seca, 90-92% de MS. O
material úmido tem sua utilização restrita às proximidades das fontes produtoras, uma vez que,
em função do seu teor de umidade, os custos do transporte são inviáveis para localidades
distantes.
O farelo de glúten de milho contém quantidades significantes de energia, proteína bruta,
fibra digestível e minerais (BLASI et al., 2001). O seu teor energético varia em função de
diversos fatores, tais como: a) as proporções relativas de fração fibrosa, licor e gérmen
desengordurado (quando adicionado); b) a forma física (seco ou úmido) do produto; c) o teor de
forragem da ração; d) o estágio fisiológico do animal (crescimento x terminação). Portanto, a
composição final do co-produto pode variar em função das condições de cada indústria, de forma
que sempre se recomenda a análise dos teores nutricionais antes de sua utilização.
Normalmente, quando incluído na ração de bovinos confinados, o farelo de glúten de
milho substitui parte do cereal, na maior parte dos casos o milho, e também permite reduzir a
dose de suplementos protéicos como farelo de soja, farelo de algodão e uréia. A proteína deste
co-produto é composta principalmente pela fração solúvel, que sai na água de maceração,
apresentando portanto alta taxa de degradação ruminal (NRC, 1996).
Em função de seu teor energético ser teoricamente menor que o do milho, seria de se
esperar que a inclusão de farelo de glúten de milho em rações para bovinos confinados em
substituição parcial ao milho, resultasse em menor desempenho animal. Entretanto, pode-se
observar na compilação dos dados revisados na literatura (Tabela 6), que a substituição parcial do
milho por farelo de glúten de milho na forma úmida, na maioria dos casos melhorou o
desempenho de bovinos confinados na fase de terminação com rações com teores altos de
concentrado. A ingestão de matéria seca aumentou em média 3,57% quando o farelo de glúten de
milho úmido foi utilizado. Apesar de inconsistente, os maiores aumentos em IMS foram
observados com a inclusão de 22 a 32% de farelo úmido de glúten de milho na ração. Na média,
houve um aumento de 4,19% no ganho de peso (GPD) nas 29 comparações onde o milho foi
substituído parcialmente por farelo úmido de glúten de milho. Nas comparações onde o farelo de
glúten de milho úmido reduziu o GPD, a inclusão deste co-produto na ração foi alta, 45% a 58%
da MS da ração, assim como a taxa de substituição do milho, de 47 a 63%. O efeito positivo deste
co-produto no GPD da maioria das comparações tem sido creditado principalmente ao aumento
da IMS, que pode estar relacionado à melhoria do ambiente ruminal, com redução do risco de
14
15. acidose clínica e, principalmente, de acidose sub-clínica, e conseqüente otimização da
fermentação ruminal.
Houve aumento médio de 0,82% na eficiência alimentar nas 29 comparações. Das 12
comparações onde o farelo de glúten de milho úmido reduziu a eficiência alimentar, o GPD foi
afetado negativamente em apenas uma comparação. Nos outros casos o efeito positivo na IMS foi
maior que no GPD, resultando em efeito negativo na eficiência alimentar.
Em comparação com o farelo seco de glúten de milho, o co-produto úmido tem maior
valor nutricional para bovinos em terminação (FIRKINS et al., 1985; TRENKLE, 1987; HAM et
al., 1995). O co-produto seco tem menor tamanho de partícula e conseqüentemente uma maior
taxa de passagem, o que pode reduzir a digestão da sua fração fibrosa e assim, resultar em menor
teor energético do que no material úmido.
Na Tabela 7 são apresentados os dados compilados da substituição parcial de milho por
farelo seco de glúten de milho na ração de bovinos em terminação com alto teor energético. O
GPD foi maior em duas e menor em outras duas comparações onde este co-produto substituiu o
milho. Porém, os dados com o co-produto seco precisam ser analisados com cautela por dois
motivos principais: a) número reduzido de trabalhos e b) dose muito alta de inclusão nas rações.
Nos quatro trabalhos citados na Tabela 2, a substituição do milho por farelo de glúten de milho
seco (54 a 85%) e a taxa de inclusão deste na ração (60 a 70%) foram elevados, o que pode ter
afetado negativamente o desempenho animal.
15
16. Tabela 7 - Comparação da utilização de farelo úmido de glúten de milho em relação aos
grãos de milho em rações de bovinos em acabamento
Teor de
% substituição do CMS, GPD, Eficiência,
Referência (*) FUG, em %
milho Kg/cab/dia Kg/cab/dia GPD/CMS
da MS
Green et al. (1987) 23 17,85 9,3 (+7,4) 1,465 (+3,5) 0,161 (+3,1)
Ham et al. (1995) 42 35 12,06 (+4,2) 1,44 (0) 0,119 (-5,6)
Ham et al. (1995) 36 35 10,81 (+4,4) 1,70 (+8,2) 0,157 (+3,3)
Firkins et al. (1985) 54 37,3 8,8 (+8,2) 1,38 (+3,8) 0,156 (-3,9)
Trenkle (1987) 56 - - 1,40 (-4) 0,156 (0)
Scott et al. (2003) 36 ML 32 10,60 (+12,7) 1,91 (+9,8) 0,180 (-3,2)
Scott et al. (2003) 36 MF 32 10,00 (+7,5) 1,92 (+6,7) 0,192 (-1)
Scott et al. (2003) 24 ML 22 11,00 (+10) 1,81 (+9) 0,164 (-1,2)
Scott et al. (2003) 24 MF 22 10,60 (+4,9) 1,92 (+4,9) 0,181 (0)
Sindt et al. (2002) 29 MF 28,6 8,70 (+0,7) 1,46 (+2,1) 0,168 (+1,8)
Sindt et al. (2002) 63 MF 58,5 9,01 (+4,2) 1,39 (-2,8) 0,154 (-6,7)
Richards et al.(2003) 22 ML 25 10,09 (+5,1) 1,88 (+9,9) 0,186 (+3,9)
Richards et al.(2003) 54 ML 50 9,81 (+2,2) 1,84 (+7,6) 0,187 (+4,5)
Richards et al.(2003) 46 ML 44 10,91 (-0,6) 1,80 (+9,8) 0,166 (+9,9)
Hussein & Berger (1995) 31 SGMU 25 6,88 (+11) 1,14 (+17,5) 0,166 (+5,7)
Hussein & Berger (1995) 62 SGMU 50 6,52 (+5,2) 1,07 (+10,3) 0,165 (+5,1)
Krehbiel et al. (1995) ML 35 9,84 (-1,9) 1,59 (+1,3) 0,162 (+3,8)
McCoy et al. (1998) 47 ML 45 9,90 (-3,5) 1,71 (-1,7) 0,173 (+2)
McCoy et al. (1998) 47 ML 45 10,16 (-3,3) 1,62 (-2,1) 0,160 (+1,6)
McCoy et al. (1998) 47 SGMU 45 9,81 (-4,1) 1,58 (-4,5) 0,161 (0)
Richards et al. (1998) 50 ML 44 10,86 (-2,8) 1,71 (+9,6) 0,159 (+11,9)
Macken et al. (2004) 12,3 MF 10 9,44 (+3,6) 1,99 (+1) 0,211 (-2,3)
Macken et al. (2004) 24,5 MF 20 9,7 (+6,5) 2,09 (+6,1) 0,215 (0)
Macken et al. (2004) 30,7 MF 25 9,46 (+3,8) 2,03 (+3) 0,214 (-0,1)
Macken et al. (2004) 36,8 MF 30 9,41 (+3,3) 1,98 (0) 0,210 (-2,8)
Macken et al. (2004) 42,9 MF 35 9,71 (+6,6) 2,01 (+2) 0,207 (-4,2)
Farran et al. (2006) 32 ML 35 10,6 (+2,9) 1,79 (+7,2) 0,168 (+4,3)
Farran et al. (2006) 27 ML 35 11,3 (+7,4) 1,85 (+1,6) 0,164 (-2,4)
Farran et al. (2006) 21 ML 35 11,6 (+5,4) 1,85 (+1,6) 0,160 (-3,6)
(*)
ML = milho laminado, MF = milho floculado, SGMU = silagem de grãos de milho úmido,
FUG = farelo úmido de glúten de milho
Valores entre parênteses: variação em relação ao controle em porcentagem
16
17. Tabela 7 - Comparação da utilização de farelo seco de glúten de milho em relação aos grãos de
milho em rações de bovinos em acabamento
Teor de
%
FSG(*), em CMS, GPD, Eficiência,
Referência substituição
% da MS da Kg/cab/dia Kg/cab/dia GPD/CMS
do milho
ração
Ham et al. (1995) 85 70 13,37 (+15,6) 1,51 (+4,1) 0,113 (-10,3)
Firkins et al. (1985) 54 - 9,4 1,35 (+1,5) 0,143 (-14,4)
Trenkle (1987) 56 - 9,8 1,42 (-2,2) 0,145 (-8,9)
Hannah et al. (1990) 100 60 12,1 (-4) 1,70 (-5,6) 0,139 (-2,8)
(*)
FSG = farelo de glúten de milho. Valores entre parênteses: variação em relação ao controle
em porcentagem
Em função de suas características (rico em fibra altamente digestível e pobre em amido) o
farelo de glúten de milho constitui-se de uma ótima alternativa para inclusão em rações com
teores altos em concentrado, podendo substituir parcialmente ou mesmo totalmente o volumoso
nessas rações (SANTOS; MOSCARDINI, 2007). Experimentos têm sido conduzidos para estudar
os efeitos dessa substituição. Sindt et al. (2003) comparou rações com milho floculado, contendo
2 ou 6% de feno de alfafa e 25, 35 ou 45% de farelo úmido de glúten de milho, para novilhas
terminadas em confinamento. Não houve interação entre os níveis de feno e farelo úmido de
glúten de milho para desempenho. Os autores afirmaram que quando a inclusão de farelo de
glúten de milho é maior que 25% da MS da ração, o teor de volumoso deve ser reduzido, a fim de
otimizar o desempenho de bovinos em terminação.
Em outro estudo sobre redução de volumosos com a inclusão de farelo úmido de glúten
de milho, Farran et al. (2006) compararam rações com 0 ou com 35% de farelo de glúten de
milho em combinação com três teores de feno de alfafa na MS (0, 3,75 e 7,5%). A inclusão de
35% de farelo de glúten de milho na ração aumentou a IMS e o GPD, sem afetar a eficiência
alimentar (EA) dos animais. Nas rações com 35% de farelo de glúten de milho, a EA foi maior
para os animais alimentados com rações contendo 0% de feno de alfafa.
Com base nas referências acima, possivelmente a redução dos teores de volumoso em
rações onde se adiciona farelo de glúten de milho em concentração acima de 25% na MS pode
tornar-se uma alternativa econômica na alimentação de bovinos em terminação.
Dois experimentos foram conduzidos na ESALQ (Moscardini, 2009) para estudar a
utilização de farelo úmido de glúten de milho em rações com teores altos de concentrado (até
95% da MS) para bovinos cruzados e Nelore em terminação. Estudou-se a inclusão do co-produto
em rações contendo milho ou polpa cítrica como fonte energética. No primeiro estudo com
machos cruzados, o desempenho dos animais não diferiu quando os animais foram alimentados
com milho, com polpa cítrica ou com a combinação de milho e farelo úmido de glúten ou polpa e
farelo de glúten de milho. Entretanto, o valor energético da ração contendo polpa cítrica e farelo
úmido de glúten foi maior que das demais rações. No segundo estudo com machos Nelore, o
desempenho dos animais alimentados com rações contendo milho e 11% de feno na MS foi
17
18. similar ao dos animais alimentados com rações contendo 34% de farelo úmido de glúten em
substituição parcial ao milho e parte do feno (5% de feno na ração) não foi afetado. O mesmo foi
observado quando o farelo úmido de glúten substitui parte da polpa cítrica e do feno da ração.
Um terceiro estudo foi conduzido recentemente na ESALQ para estudar diferentes graus
de moagem do milho (fino e grosso) e teores de feno (0, 5 e 10% da MS) em rações contendo
34% de farelo úmido de glúten de milho, para machos Nelore em terminação. Os consumos de
MS e ganho de peso diário foram maiores para os animais alimentados com rações contendo 5 ou
10% de feno em comparação às rações sem volumoso, porém a eficiência alimentar não diferiu
entre os tratamentos.
3.3. CASCA DE SOJA
A casca de soja (CS) é um sub-produto da indústria de produtos de soja, principalmente o
óleo de soja e lecitina. Ela é obtida numa das primeiras etapas do processamento quando os grãos
são quebrados e as cascas retiradas por aspiração. Em seguida a CS sofre um processo de
purificação e tostagem para eliminar a atividade da urease (Blasi et al., 2000). De cada tonelada
de soja processada extrai-se 50 kg de casca de soja.
Como sua densidade é muito baixa, a CS passa por um processo de moagem para que sejam
reduzidos os custos de transporte. A CS consiste basicamente de fibra, o que desperta pouco ou
nenhum interesse industrial pelo produto, mas é justamente o conjunto de características fisico-
químicas da CS que a torna interessante para uso em rações de bovinos (Ipharraguerre & Clark,
2003). Na Tabela 8 é apresentada a composição média deste co-produto.
Tabela 8. Composição bromatológica da Casca de Soja.
Ítem Mínimo Máximo Média Desv. Padrão Num. Observ.
Prot. , % da MS 9,4 19,2 11,8 2,3 27
FDA, % da MS 39,6 52,8 47,7 3,9 27
FDN, % da MS 53,4 73,7 65,6 5,0 27
Celulose, % da MS 29,0 51,2 43,0 8,4 5
Hemicelulose, % da MS 15,1 19,7 17,8 2,7 3
Lignina em DA, % da MS 1,4 3,9 2,1 0,8 13
CHO não estrut. , % da MS 5,3 12,8 7,9 3,4 4
Amido, % da MS 0,0 9,4 2,9 3,2 8
Extrato etéreo, % da MS 0,8 4,4 2,7 1,6 9
Adaptado de Ipharraguerre & Clark, 2003.
Segundo Miron et al. (2001), cerca de 80% da MS da CS é composta por carboidratos,
principalmente polímeros de glicose, e a maior parte desses carboidratos (75%) é derivada da
fração FDN. Como se observa na Tabela 8, a fração fibrosa da CS é pouco lignificada. Além
disso ela apresenta baixos teores de ácidos ferúlico e p-cumárico, que são os principais
18
19. monômeros fenólicos envolvidos nas ligações entre a hemicelulose e a lignina (Garleb et al.,
1988, citados por Ipharraguerre & Clark, 2003).
Ezequiel et al. (2006) estudaram o GPD e características de carcaça de bovinos Nelore
alimentados com bagaço de cana in natura e concentrado contendo farelo de gérmen de trigo,
casca de soja ou polpa cítrica em substituição parcial ao milho (50%). A proporção
volumoso:concentrado foi de 39:61. As fontes substitutivas do milho não afetaram o peso final
nem o GPD dos animais. Não houve efeito de tratamento sobre o rendimento de carcaça e
espessura de gordura dos animais. Ezequiel et al. (2006b) também avaliaram a substituição
parcial (70%) do milho moído pela CS. O CMS, o GPD, a conversão alimentar e o rendimento de
carcaça não foram afetados pela substituição parcial do milho por CS. Com base nesses 2 estudos
os autores concluíram que o milho moído fino pode ser parcialmente substituído pela CS sem
afetar o desempenho e características de carcaça de bovinos em terminação.
Restle et al. (2004) estudaram o efeito da substituição do grão de sorgo por CS em rações de
novilhos confinados. Os níveis de substituição foram 0, 25, 50, 75, 100% em rações contendo
40% de concentrado e 12% de PB. Verificou-se que animais alimentados com CS apresentaram
melhores GPD e CA em relação aos animais alimentados somente com sorgo.
A fibra da CS é bastante digestível. Em rações com altas taxas de inclusão de concentrado,
onde o teor de CNE é elevado, a substituição de parte das fontes de cereais por CS pode resultar
em ambiente ruminal mais favorável para a atividade microbiana no rúmen.
A literatura é carente de estudos sobre a substituição de fontes de amido por CS em rações
ricas em energia para bovinos confinados na fase de terminação.
3.4. CAROÇO DE ALGODÃO
O caroço de algodão (CA) corresponde à semente do algodão, separada da fibra. A semente
vem recoberta de pêlos curtos (fibras) chamados línter, e possui uma casca escura e dura, sob a
qual se esconde uma amêndoa, rica em óleo, proteínas, carboidratos e gossipol (Araújo et al.,
2003). O beneficiamento de 100kg de algodão em pluma resulta em 61kg de caroço (Rodrigues
Neto, 2006). Na Tabela 9, pode-se verificar a composição média do CA com e sem línter.
19
20. Tabela 9. Composição média do caroço de algodão com e sem línter.
Caroço de algodão
Integral Sem línter
Matéria seca % 91,6 90
Proteína bruta % 22,5 25
FDA % 38,8 26
FDN % 47,2 37
Extrato etéreo % 17,8 23,8
Cinzas % 3,8 4,5
Composição em minerais
Ca % 0,14 0,12
Mg % 0,35 0,41
K% 1,14 1,18
Na % 0,008 0,01
Cu mg/kg 7 11
Fe mg/kg 50 108
Mn mg/kg 15 14
Mo mg/kg 1,6 -
Zn mg/kg 33 36
Fonte: Araújo et al.(2003)
Rico em energia (óleo), proteína e fibra (Araújo et al., 2003), esse resíduo da industrialização
da fibra do algodão pode substituir alimentos concentrados ricos em energia e ou proteína, alem
de poder substituir fontes de forragem na ração (Cranston et al., 2006).
Alem do risco de ingestão de doses altas de gossipol, animais que consomem quantidades
excessivas de caroço de algodão podem ter sua fermentação ruminal prejudicada pelo excesso de
óleo insaturado no rúmen. Em experimento conduzido por Valinote et al. (2005), o caroço de
algodão utilizado na ração na concentração de 21% da MS, causou diminuição do número de
protozoários ciliados no rúmen, devido à gordura liberada por este ingrediente.
Devido ao seu alto teor de óleo insaturado tem sido postulado que este subproduto poderia
causar alterações na composição de ácidos graxos da gordura animal. Entretanto, Huerta-Leidenz
et al. (1991) não observaram alterações significativas na composição de ácidos graxos do tecido
adiposo de bovinos alimentados com rações contendo 0, 15 ou 30% de caroço de algodão na MS.
Também não foram observadas alterações no desempenho animal.
Quando o milho grão, polpa cítrica e farelo de soja foram substituídos parcialmente por CA
(21% da MS da ração), em rações contendo 19% de cana-de-acucar e 81% de concentrado, Aferri
et al. (2005) também não observaram diferenças significativas no desempenho e nas
características de carcaça de novilhos em terminação.
Em rações para bovinos em terminação com teores altos de concentrado, a inclusão de caroço
de algodao em substituição parcial ao milho ou sorgo pode melhorar o desempenho animal, por
20
21. reduzir o teor de amido e ao mesmo tempo aumentar o teor de fibra da ração, melhorando o
ambiente ruminal.
Cranston et al. (2006) conduziram dois experimentos para avaliar o desempenho e
características de carcaça de bovinos em terminação alimentados com caroço de algodão (Tabela
10). No experimento 1 todas as rações continham 10% de feno de alfafa como fonte de forragem.
O caroço de algodão foi incluído na ração na proporção de 15,1% da MS e substituiu totalmente
o farelo de algodão e parcialmente o milho floculado da ração controle. A inclusão de caroço de
algodão na ração aumentou o CMS, não alterou o GPD e reduziu a eficiencia alimentar, o
rendimento de carcaça e o marmoreio da carne dos animais. No experimento 2 o caroço de
algodão foi incluído na ração na proporção de 15,36% da MS e substituiu na integra a fonte de
forragem (feno de alfafa e a casca de algodão) e o farelo de algodão da ração controle. A inclusão
de caroço de algodão na ração reduziu o CMS, manteve o GPD e as características de carcaça e
melhorou a eficiência alimentar dos animais. Com base nestes 2 experimentos, pode-se concluir
que o caroço de algodão pode ser usado na dose de 15% da MS em rações com teores altos de
concentrado para bovinos em terminação, melhorando o desempeno animal quando substitui
totalmente a fonte de forragem da ração.
21
22. Tabela 10. Resultados da utilização de caroço de algodão em rações para bovinos confinados
Teor de CA Variação em Variação em Variação em
Alimentos CMS, GPD, Eficiência,
Referência em % da MS relação ao relação ao relação ao
substituídos Kg/cab/dia Kg/cab/dia GPD/CMS
da ração controle (%) controle (%) controle (%)
Cranston et al. (2006) MF; FA 15,10 8,7 +7,3 1,61 0 0,185 -4,2
Cranston et al. (2006) Fna, CscA; FA 15,36 8,0 -5,4 1,46 0 0,184 +4,6
MF: milho floculado; FA: farelo de algodão ; FnA: feno de alfalfa; CscA: casca de algodao
22
23.
24. 24
4. SUPLEMENTAÇÃO PROTÉICA
Os sistemas protéicos atuais trabalham com as exigências protéicas da população microbiana
ruminal e do bovino em si, que são distintas. Os microrganismos ruminais utilizam como compostos
nitrogenados a amônia, aminoácidos e peptídeos. O bovino requer aminoácidos para o metabolismo nos
mais diferentes tecidos do seu organismo.
4.1. Digestão de proteínas
A PB contida nos alimentos dos ruminantes é composta por uma fração degradável no rúmen
(PDR) e uma fração não degradável no rúmen (PNDR). A degradação de proteínas no rúmen ocorre
através da ação de enzimas (proteases, peptidases e deaminases) secretadas pelos microrganismos
ruminais, que degradam a fração PDR e utilizam peptídeos, AA e amônia, para multiplicar suas células,
sintetizando a proteína microbiana (PMic). Quando a velocidade de degradação ruminal de proteínas
excede a velocidade de utilização dos compostos nitrogenados para a síntese microbiana, o excesso de
amônia produzida no rúmen atravessa a parede ruminal e pode ser perdida via urina, na forma de uréia.
Peptídeos e AA provenientes da degradação ruminal de proteínas não incorporados nas células
microbianas, podem passar para o duodeno e serem absorvidos pelo ruminante.
As bactérias são o grupo mais abundante de microrganismos ruminais e as principais responsáveis
pela degradação de proteínas. O primeiro passo para a degradação de proteínas no rúmen é sua adsorção
pelas bactérias. Tanto a fração solúvel como a não solúvel da PDR são passíveis de serem adsorvidas
pelas bactérias e sofrerem a ação das suas proteases. Os oligopeptídeos originados são então degradados
por oligopeptidases em pequenos peptídeos e AA livres. Estes compostos são transportados para o interior
das células bacterianas onde sofrem os seguintes processos: a) degradação dos pequenos peptídeos em AA
livres; b) incorporação dos AA livres na proteína microbiana; c) deaminação dos AA livres em amônia e
esqueletos carbônicos; d) utilização da amônia para a síntese de AA; e) difusão da amônia não utilizada
para fora da célula.
O mecanismo de ação dos protozoários difere do das bactérias. Estes, ao invés de formarem um
complexo com as proteínas, ingerem bactérias, fungos e partículas pequenas de alimentos, que são
digeridos no interior da célula. A digestão das proteínas libera peptídeos e estes são degradados em AA
livres, que são então incorporados na proteína dos protozoários. Apesar de também deaminarem AA, os
protozoários não são capazes de utilizar amônia para a síntese de novos AA. Devido à pequena taxa de
passagem destes microrganismos, os protozoários contribuem pouco para o fluxo de PMic para o ID.
Devido à sua população pequena no rúmen, a contribuição dos fungos para a degradação de proteínas é
considerada insignificante.
Dessa maneira, chegam ao abomaso do bovino, a proteína microbiana produzida no rúmen, a
fração da proteína alimentar não degradada no rúmen e a fração endógena. A digestão dessas diferentes
fontes protéicas iniciada no abomaso e concluída no intestino delgado do bovino, gera uma determinada
quantidade de aminoácidos passíveis de serem absorvidos pela mucosa intestinal, denominada proteína
metabolizável.
24
25. 25
4.2. Suplementos protéicos
Os principais suplementos protéicos utilizados em rações de bovinos no Brasil são o farelo de
soja, o farelo de algodão, o caroço de algodão e a uréia. O farelo de amendoim, farelo de girassol, farelo
de glúten de milho, também são alternativas de suplementos protéicos.
4.2.1. Farelo de soja
O farelo de soja é o principal suplemento protéico utilizado na alimentação de ruminantes no
Brasil. Trata-se de um co-produto da indústria processadora de grãos de soja, principalmente dos
processos de produção do óleo de soja para consumo humano. Em nosso país utiliza-se principalmente o
farelo com 44% PB na alimentação de ruminantes, pois essa é a forma mais comumente disponível em
todas as regiões produtoras.
Na tabela 11 é apresentada a composição média do farelo de soja com 44% de PB.
Tabela 11. Composição bromatológica média do FS.
Fração Concentração
Matéria Seca 89,1
Proteína Bruta, % MS 44,0
PNDR, % PB 22,5
PDR, % PB 76,8
Proteína solúvel, % PB 0,7
Extrato Etéreo, % MS 1,6
FDN, % MS 14,9
FDA, % MS 10,0
Celulose (FDA – Lignina), % MS 9,3
Hemicelulose (FDN – FDA), % MS 4,9
Lignina, % MS 0,7
Açúcares 9,06
Amido 5,51
NDT, % MS 80,0
Matéria Mineral, %MS 6,6
Adaptada do NRC (2001) e Van Eys et al. (2004)
O FS é considerado o suplemento protéico padrão, da mesma forma que o milho é considerado o
suplemento energético padrão. É uma fonte rica em PDR, bem balanceada em aminoácidos, sendo boa
fonte especialmente de lisina, mas pobre em metionina.
25
26. 26
4.2.2. Farelo de algodão
É o principal co-produto obtido no processo de extração do óleo das sementes de algodão,
normalmente por método químico, com utilização de solventes. Via de regra a indústria nacional produz
dois tipos farelo de algodão (FA), que diferem no teor de proteína bruta, o FA 38, que normalmente
apresenta em torno de 41% PB na MS, e o FA 28, que apresenta cerca de 31% PB. Na tabela 12 é
apresentada a composição bromatológica dos FA 28 e 38 produzidos no Brasil e do FA 41, normalmente
reportado nas tabelas internacionais.
Os FA comercializados no Brasil têm níveis protéicos e energéticos inferiores aos do FS,
especialmente no que se refere ao FA 28. Isto certamente se deve à incorporação de maior proporção de
casca de algodão aos farelos.
Tabela 12. Composição bromatológica média dos farelos de algodão1
NUTRIENTE FA 28 FA 38 FA 41
Matéria Seca 89,9 89,2 90,5
Proteína Bruta, % MS 31,0 41,5 44,9
PNDR, % PB --- 44,0 44,0
PDR, % PB --- 66,0 66,0
Extrato Etéreo, % MS 0,71 0,92 1,9
FDN, % MS --- 33,5 30,8
FDA, % MS --- 26,0 19,9
Celulose (FDA - Lignina) , % MS --- --- 12,3
Hemicelulose (FDN – FDA) , % MS --- --- 10,9
Lignina, % MS --- --- 7,6
NDT --- 64,0 66,4
Matéria Mineral 5,34 5,56 6,7
1
Adaptada do NRC (2001) e Banco de Dados do Laboratório de
Bromatologia do Depto. de Zootecnia da ESALQ.
A PDR no farelo de algodão corresponde a cerca de 50% da PB, enquanto no farelo de soja este
valor fica em torno de 80%. No que se refere ao balanço de aminoácidos, o FA possui teores mais baixos
de lisina e metionina do que o FS. Além disso, parte da lisina do FA pode se ligar ao gossipol, tornando-se
indisponível ao animal. Mesmo com características relativamente distintas, o FA é o substituto
preferencial do FS em rações para bovinos em terminação.
26
27. 27
4.2.4. Uréia
Em função da relação simbiótica estabelecida com os microrganismos ruminais, é possível a
utilização de fontes de nitrogênio não-protéico (NNP), como a uréia, na alimentação de ruminantes. Os
microrganismos são capazes de quebrar a uréia em amônia, e utilizar esse composto como fonte de
nitrogênio para síntese microbiana. Essa proteína gerada no rúmen a partir de fontes de NNP tem o mesmo
perfil de aminoácidos do que as proteínas geradas a partir de fontes de proteína verdadeira, como o farelo
de soja ou algodão. Muitas fontes naturais de proteínas contém teores variáveis de NNP. De maneira geral,
as forragens contém mais NNP do que alimentos concentrados. Por exemplo, a silagem de milho pode
conter até 50% do seu nitrogênio total na forma de NNP.
A uréia é um composto simples que contém em torno de 45% de nitrogênio (N), fazendo parte da
composição normal de diversas plantas, além de ser um produto final normal do metabolismo protéico em
mamíferos. Parte da uréia produzida no organismo dos animais retorna ao rúmen via saliva ou por difusão
através dos capilares sanguíneos. Cada g de uréia contém tanto nitrogênio quanto 2,81 g de proteína
verdadeira, de forma que o equivalente protéico da uréia é de 281%.
O interesse pelo uso da uréia na alimentação de ruminantes é basicamente econômico. Esse
composto entra nas formulações como um suplemento protéico, e é especialmente valioso quando o custo
dos suplementos convencionais, como FS ou FA está elevado. Considerando o equivalente protéico da
uréia, uma mistura com 13,5 kg de uréia e 86,5 kg de milho possui concentração de energia e proteína
equivalente a 100 kg de farelo de soja. Via de regra, o custo da mistura uréia-milho será inferior ao custo
do farelo de soja.
4.3. Fontes protéicas e desempenho de bovinos em confinamento
Vinte e oito trabalhos de pesquisa sobre suplementação com fontes protéicas ou AAE para
bovinos confinados na fase de crescimento e/ou terminação, no Brasil, Estados Unidos e Canadá, foram
revisados e compilados por Santos (2006).
4.3.1. Animais em crescimento
a) Uréia x Fontes de proteína verdadeira
Foram compilados 9 experimentos com bovinos confinados na fase de crescimento (188 a 430 kg
de peso vivo) que compararam uréia com fontes de proteína verdadeira.
As fontes de proteína verdadeira estudadas foram farelo de soja, farinha de peixe, farinha de
sangue, farinha de penas, farinha de carne, farelo de glúten 60% (glutenóse ou protenóse) ou combinações
dessas fontes. Em 8 experimentos as rações continham entre 70 a 90% de concentrado na matéria seca e
em 1 experimento o teor de concentrado era de apenas 27%. O tratamento controle desses experimentos
continha exclusivamente uréia como fonte de N, enquanto os demais tratamentos continham ou não uréia
mais teores variáveis das fontes de proteína verdadeira. Em 4 dos 9 experimentos, a suplementação com
fontes de proteína verdadeira aumentou de forma significativa estatisticamente o ganho de peso e a
eficiência alimentar dos animais. Numericamente o ganho de peso foi maior para as fontes de proteína
27
28. 28
verdadeira em 7 dos 9 experimentos. O consumo de matéria seca não foi afetado de forma consistente pela
suplementação com proteína verdadeira. Os dados médios de desempenho para os nove experimentos são
apresentados na Tabela 13.
Tabela 13. Dados médios de desempenho dos 9 experimentos de crescimento
URÉIA PROT. VERDADEIRA
CMS, kg 7,50 7,90
GPD, kg 1,40 1,52
GPD/CMS 0,187 0,193
b) Farelo de Soja x Fontes ricas em PNDR
Foram compilados 3 experimentos onde foram comparados o farelo de soja com fontes ricas em
PNDR ( farinha de peixe ou farinha de sangue) em rações contendo entre 40 a 60% de concentrado na
matéria seca. Em apenas 1 dos 3 experimentos a suplementação com fontes ricas em PNDR aumentou
significativamente o ganho de peso e a eficiência alimentar dos animais em crescimento.
c) Farelo de Soja x Soja grão integral
Em apenas 1 experimento revisado, foi comparado o farelo de soja com a soja grão integral para
animais em crescimento. Tanto o ganho de peso quanto a eficiência alimentar foram reduzidos com a
substituição do farelo de soja por soja grão integral. Provavelmente, o suprimento de proteína
metabolizável foi menor com soja grão, o que limitou o desempenho dos animais na fase de crescimento.
4.3.2. Animais em terminação
a) Teores crescentes de uréia e de proteína bruta na ração
Foram compilados 8 experimentos (10 comparações) onde foram estudados teores crescentes de
uréia na ração de bovinos confinados na fase de terminação, com peso vivo inicial ao redor de 330 kg e
final de 530 kg. Em todos os experimentos as rações continham 90% de concentrado na matéria seca.
Houve diferença no teor ideal de uréia na ração conforme o tipo de processamento do milho, principal
ingrediente em 9 das 10 comparações. Quatro comparações utilizaram milho laminado a seco, que em
termos de degradabilidade ruminal do amido é comparável ao milho moído grosso. Outras 5 comparações
utilizaram milho floculado. O milho floculado tem amido mais degradável e portanto maior valor
energético que o milho laminado.
28
29. 29
Em função da menor degradabilidade rumial do amido do milho laminado, os teores médios de
uréia e consequentemente de proteína bruta da ração, requeridos para maximizar o desempenho animal
(0,77% e 11,2% da MS respectivamente) com esse tipo de grão, foram menores que para o milho
floculado (1,3% e 13,54% da MS respectivamente) conforme os dados médios apresentados nas Tabelas
14 e 15.
Tabela 14. Teor médio ótimo de uréia em rações com milho laminado (4 comparações)
URÉIA PB CMS GPD EFICIÊNCIA
% MS % MS Kg/cab.dia Kg/cab GPD/CMS
0 9,13 10,43 1,43 0,137
0,77* 11,2* 10,43* 1,55* 0,148*
1,22 12,5 10,46 1,48 0,139
Tabela 15. Teor médio ótimo de uréia em rações com milho floculado (5 comparações)
URÉIA PB CMS GPD EFICIÊNCIA
% MS % MS Kg/cab.dia Kg/cab GPD/CMS
0 9,80 10,30 1,55 0,151
0,5 11,14 10,33 1,67 0,164
0,9 12,40 10,58 1,78 0,169
1,3* 13,54* 10,46* 1,82* 0,175*
1,9 15,10 9,54 1,70 0,178
Em apenas 1 das 10 comparações revisadas foi utilizado sorgo floculado na ração. Para este tipo
de grão não houve resposta em desempenho animal com teores de uréia superiores a 1% na MS da ração.
b) Uréia x Fontes de proteína verdadeira
Foram compilados 9 experimentos que resultaram em 11 comparações entre uréia e fontes de proteína
verdadeira para bovinos castrados, implantados com hormônios e confinados na fase de terminação. As
rações continham entre 85 a 90,4% de concentrado na MS. As fontes de proteína verdadeira utilizadas
foram o farelo de soja, o farelo de algodão e fontes ricas em PNDR (farinha de peixe, farinha de sangue e
farinha de pena).
29
30. 30
O consumo de MS não foi diferente entre uréia e proteína verdadeira nas 11 comparações. O
ganho de peso e a eficiência alimentar não diferiram em 10 e aumentaram em apenas 1 comparação com a
substituição total ou parcial da uréia por fontes de proteína verdadeira. Os dados médios dos 9
experimentos são apresentados na Tabela 16.
Tab. 16. Dados médios da comparação entre Uréia x Proteína Verdadeira de 10 experimentos de
terminação
URÉIA PROT. VERDADEIRA
CMS, kg CMS, kg 9,48 9,47
GPD, kg 1,51 1,49
GPD/CMS 0,161 0,158
Com base nos dados da Tabela 16, pode-se concluir que para animais confinados na fase de
terminação, com rações com 85 a 90% de concentrado rico em milho ou sorgo, a uréia pode ser utilizada
como única fonte suplementar de N sem efeito negativo no desempenho animal e com vantagens
econômicas.
Três trabalhos foram conduzidos no Departamento de Zootecnia da ESALQ/USP (Lima, 2005;
Carareto, não publicado), para comparar uréia e farelo de soja em rações com polpa cítrica e entre 7 a 16%
de feno de gramínea na MS, para machos não castrados Nelore e Canchim, confinados nas fases de
crescimento e terminação.
Machos Nelore na fase de crescimento apresentaram maior consumo de matéria seca, maior ganho
de peso e melhor eficiência alimentar quando receberam farelo de soja mais uréia em comparação à uréia
exclusiva como suplemento protéico na ração. Em contrapartida, machos Nelore e Canchim na fase de
terminação não responderam à suplementação com farelo de soja. Esses dados obtidos com rações ricas
em polpa cítrica estão de acordo com os revisados por Santos (2006) citados anteriormente, com rações
ricas em grãos de cereais como milho ou sorgo.
4.4. Balanceamento de aminoácidos
Os sistemas protéicos evoluíram da adequação das rações em proteína bruta para adequação em
PDR e proteína metabolizável. Atualmente, todos os sistemas consideram a exigência do população
microbiana do rúmen em PDR. Também consideram a necessidade de complementar quantitativamente a
proteína microbiana que chega ao intestino com proteína de origem da dieta (PNDR), com o objetivo de
suprir quantidade adequada de proteína metabolizável para animais de alto desempenho. Entretanto, o
consenso atual é que para otimizar a nutrição protéica de ruminantes, é necessário determinar com maior
precisão as suas exigências em AAE para a formulação de rações bem balanceadas nesses aminoácidos.
Poucos trabalhos sobre balanceamento de AAE têm sido conduzidos com bovinos de corte. Em 4
experimentos compilados por Santos (2006), a suplementação com Lis e Met protegidas da degradação
ruminal melhorou o desempenho animal apenas na fase de crescimento. Durante a fase de terminação não
houve efeito positivo da suplementação. Animais durante a fase de crescimento, têm alta exigência em
proteína metabolizável e AAE devido à elevada formação de tecido muscular. Consequentemente, nesta
fase as chances de resposta à suplementação com AAE são maiores que na fase de terminação, quando
estão depositando gordura e as rações normalmente apresentam excesso de proteína metabolizável.
30
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