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SISTEMA DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA A DISTÂNCIA
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PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM MEDICINA
DE FAMÍLIA E COMUNIDADE
ORGANIZADO PELA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA
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Diretores acadêmicos
Eno Dias de Castro Filho
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PROMEF | PORTO ALEGRE | CICLO 3 | MÓDULO 2 | 2008
Os autores têm realizado todos os esforços para
localizar e indicar os detentores dos direitos de
autor das fontes do material utilizado. No entanto,
se alguma omissão ocorreu, terão a maior
satisfação de, na primeira oportunidade, reparar as
falhas ocorridas.
A medicina é uma ciência em permanente
atualização científica. À medida que as novas
pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso
conhecimento, modificações são necessárias nas
modalidades terapêuticas e nos tratamentos
farmacológicos. Os autores desta obra verifica-
ram toda a informação com fontes confiáveis para
assegurar-se de que esta é completa e de acordo
com os padrões aceitos no momento da publica-
ção. No entanto, em vista da possibilidade de um
Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade
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médicas, nem os autores, nem a editora ou
qualquer outra pessoa envolvida na preparação
da publicação deste trabalho garantem que a
totalidade da informação aqui contida seja exata
ou completa e não se responsabilizam por erros
ou omissões ou por resultados obtidos do uso da
informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la
com outras fontes. Por exemplo, e em particular,
recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de
cada fármaco que planejam administrar para
certificar-se de que a informação contida neste
livro seja correta e não tenha produzido mudan-
ças nas doses sugeridas ou nas contra-indica-
ções da sua administração. Esta recomendação
tem especial importância em relação a fármacos
novos ou de pouco uso.
Estimado leitor
É proibida a duplicação ou reprodução deste Programa de Atualização e Medicina de Família e Comunidade, no
todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia,
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de receberão Certificado de 80h/aula, outorgado pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunida-
de e pelo Sistema de Educação Médica Continuada a Distância (SEMCAD) da Artmed/Panamericana Editora, e
créditos a serem contabilizados, pela Comissão Nacional deAcreditação (CNA), para obtenção da recertificação
(Certificado de Avaliação Profissional).
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9
O IDOSO: AUTONOMIA,
DEPENDÊNCIA E RISCO
Sergio Antonio Sirena – Médico de Família e Comunidade. Doutor em Clínica Médica,
concentração em Geriatria
José Nicoletti Filho – Médico de Família e Comunidade. Pós-Graduando do Curso de
Especialização em Geriatria e Gerontologia do Hospital Moinhos de Vento – Porto
Alegre/RS
SERGIO ANTONIO SIRENA
JOSÉ NICOLETTI FILHO
...agregar vida aos anos,
agregar saúde à vida,
agregar saúde aos anos...
Princípios de Saúde para Todos – OMS (1985)
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional é evidente na quase totalidade das nações. O rápido aumento da popula-
ção de idosos provoca grandes desafios à capacidade e à vontade política dos setores sociais e da saúde
para que proporcionem sistemas coordenados de atenção, já que o prolongamento da expectativa de vida
ativa para os adultos somente é possível se os setores públicos desenvolverem ações integradas que
preparem a sociedade para essa nova realidade.
Os aspectos econômicos, sociais e da saúde do envelhecimento populacional estão intrinsecamente liga-
dos ao processo de desenvolvimento das nações. Com a mudança da proporção de idosos nos países em
desenvolvimento, espera-se um maior comprometimento dos escassos recursos públicos destinados à
atenção à saúde da população. Nesse contexto, o envelhecimento populacional brasileiro coloca-se como
mais um desafio às crescentes demandas sociais do país.
A população mundial acima de 65 anos deve dobrar nas próximas três décadas, aumentando de 34 milhões
em 1999 para 69 milhões no ano de 2030.1
Dentro dessa perspectiva mundial, o processo de envelheci-
mento no Brasil assume particular interesse pelo volume de população envolvida, pela intensidade com
que ocorre e por acontecer em um contexto de elevados níveis de pobreza. Esse período de transição
define-se como o de maior desafio para a garantia dos atuais e futuros níveis de bem-estar da população
brasileira, mediante a criação de empregos e a absorção produtiva dos amplos contingentes de população
em idade economicamente ativa.
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10
OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
No Brasil, no final dos anos 1960, uma rápida e sustentada redução na fecundidade resultou em profunda
modificação na distribuição etária. A região Nordeste, que apresenta condições socioeconômicas menos
favorecidas, teve uma redução de 50% na taxa de fecundidade total (de 6,1 filhos por mulher, em 1980,
para 3,0 em 1995). Uma redução similar também foi verificada na região Norte. Por outro lado, o processo
de envelhecimento também é acelerado pela perspectiva de declínio da mortalidade, especialmente con-
centrado nas idades mais avançadas.
Na estrutura do processo da transição da estrutura etária brasileira, registra-se a redução da presença de
crianças com menos 5 anos, de 15 para 11%, entre 1970 e 1990. O grupo etário dos 5 aos 9 anos reduziu-
se de 14 para 12%. Assim, o formato acentuadamente piramidal dos gráficos da estrutura etária começou a
se desfazer, com clara tendência à forma retangular. Os grupos mais velhos expandiram sua participação,
aumentando de 5,1% em 1970 para 8,6% em 2000 (Figura 1).2
Figura 1 -Distribuição da população por grupos etários (Brasil 1950-2050).
Fonte:Dados brutos, Nações Unidas (2003).
Importantes características do envelhecimento brasileiro referem-se:
■ às diferenças regionais;
■ à feminização do envelhecimento;
■ ao envelhecimento do grupo etário idoso;
■ à urbanização;
■ à ocorrência do envelhecimento em uma situação na qual são amplas as frações de população pobre
– as transformações nos arranjos sociais não são benéficas para as populações menos aquinhoadas.
As peculiares condições do processo de envelhecimento brasileiro requerem uma especial atenção na
formulação de políticas sociais destinadas a garantir as condições mínimas de bem-estar ao crescente
grupo de idosos no Brasil.3
110,0
75,0
50,0
25,0
0,0
Emporcentagem
1950 1975 2000 2025 2050
55,5 55,8 65,5 68,4 62,9
0 - 14 anos
15 - 64 anos
65 anos e mais
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11
OBJETIVOS
Ao final da leitura deste capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de:
■ compreender a importância do envelhecimento populacional como fator de mudança nas políticas soci-
ais e de saúde em nosso país;
■ conhecer e identificar as principais vulnerabilidades nesse grupo populacional e protagonizar ações de
promoção da saúde e prevenção de agravos no cenário da atenção primária à saúde (APS);
■ avaliar o grau de autonomia e dependência de pacientes idosos, estimulando a promoção da saúde
como forma de prolongar seu período de independência funcional.
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12
OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
ESQUEMA CONCEITUAL
Conceitos
Promoção e manutenção da saúde do idoso
Hábitos de vida saudáveis e aconselhamento
Caso clínico
Conclusão
Nutrição
Tabagismo
Exercícios físicos
Status funcional
Uso de medicações
Incontinência urinária
Sexualidade
Exame físico
Pressão arterial
Visão e audição
Cognição/status mental
Exame da cavidade oral e dentição
Rastreamento de câncer (neoplasias)
Testes diagnósticos
Screening de lipídeos
Screening de diabete
Doenças da tireóide
Osteoporose
Aneurisma de aorta abdominal
Bacteriúria assintomática
Intervenções terapêuticas
Imunização contra influenza
Imunização contra pneumococo
Imunização antitetânica
Imunização para herpes-zoster
Aspirina para prevenção primária
Terapia hormonal
O idoso saudável e a comunidade
Prevenção de acidentes
Queimaduras
Instabilidade postural (risco de quedas)
Condução de veículos
(risco de acidentes de trânsito)
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13
CONCEITOS
Para uma melhor compreensão do idoso, é importante destacar alguns conceitos.
Autonomia é o exercício da autodeterminação. Indivíduo autônomo é aquele que mantém o poder decisório
e o controle sobre sua vida, ou seja, autonomia é a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais
sobre como se deve viver diariamente, de acordo com as próprias regras e preferências.
Independência é entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária, isto é, a
capacidade de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros.
Dependência é a condição que requer o auxílio de pessoas para a realização de atividades do dia-a-dia.
Pode apresentar-se em diferentes graus, de acordo com a necessidade do auxílio.
Risco é uma abstração que representa a probabilidade de ocorrência de um determinado desfecho. Quando
se fala em saúde, considera-se a probabilidade de ocorrência de um evento desfavorável à dimensão física,
psíquica,moral,intelectual,social,culturalouespiritualdoserhumano,maisbemdefinidocomovulnerabilidade.
É um conjunto de aspectos que vão além do individual, abrangendo aspectos coletivos, contextuais, que levam
à suscetibilidade a doenças ou agravos. Esse conceito também leva em conta aspectos que dizem respeito à
disponibilidade ou à carência de recursos destinados à proteção das pessoas.4
PROMOÇÃO E MANUTENÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO
As ações de promoção e manutenção da saúde consistem na aplicação de serviços de rastreamento e
modalidades terapêuticas com o objetivo de preservar a saúde e a autonomia funcional do idoso. Infe-
lizmente, a maioria dos estudos de rastreamento deixou de fora a população geriátrica e, por isso, há certa
escassez de dados baseados em evidências para firmar recomendações. Em função disso, o médico de
família e comunidade (MFC) deve fazer um balanço entre os riscos e os benefícios na investigação de
anormalidades em um teste de rastreamento, bem como ter em mente que nesse grupo populacional algu-
mas dessas alterações se explicam pela própria fisiologia heterogênea do envelhecimento.5
Ainda não é conhecida inteiramente a relação entre manejo proativo dos pacientes idosos, qualidade de
vida e longevidade. É necessário que se produzam mais evidências sobre o quanto a intervenção pode
influenciar positivamente nos desfechos. Apesar do grau de incerteza, há consenso quanto aos obje-
tivos da promoção da saúde e da prevenção de doenças nos pacientes idosos. São eles:
■■■■■ redução da mortalidade prematura causada por doenças agudas ou crônicas;
■■■■■ manutenção da independência funcional;
■■■■■ extensão da expectativa de vida ativa;
■■■■■ melhora na qualidade de vida.
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14
OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
Um grupo de estudos6
definiu alguns princípios para promoção e proteção da saúde dos idosos com a
intenção de proporcionar diretrizes para a ação dos profissionais de saúde:
■■■■■ a velhice não é uma enfermidade, e sim uma etapa evolutiva da vida;
■■■■■ a maioria das pessoas com mais de 60 anos está em boas condições de saúde, mas, ao envelhecer,
perde ou tem comprometida a capacidade de recuperar-se das doenças de forma rápida ou completa e
torna-se suscetível a incapacidades e à necessidade de ajuda para seu cuidado pessoal;
■■■■■ é possível melhorar a capacidade funcional mediante reabilitação e estímulo ou evitando novos agra-
vos à saúde;
■■■■■ do ponto de vista social e psicológico, os idosos são mais heterogêneos do que os jovens;
■■■■■ a promoção da saúde na velhice deveria dirigir-se para a preservação da saúde mental e física, para o
amparo social e, na mesma medida, para a prevenção de doenças e incapacidades;
■■■■■ muitas medidas que afetam a saúde dos idosos transcendem o setor de saúde, sendo necessárias
ações intersetoriais.
Os objetivos clássicos de prevenção estão centrados na redução da morbidade e da mortalidade. No
cuidado do idoso, indubitavelmente, têm maior importância as ações direcionadas para a redução das
incapacidades e da dependência, para a prevenção da ruptura familiar e para a manutenção do idoso no
seu lar enquanto isso for possível. Assim, o propósito da manutenção da saúde não é apenas retardar ou
prevenir doenças e suas advindas morbidades, mas otimizar a qualidade de vida, a satisfação com a
vida e manter a independência e a produtividade.7,8
Os idosos, como grupo, respondem positivamente às medidas de prevenção e são capazes
de mudar seus hábitos de vida mesmo depois dos 75 anos.9
Vale lembrar que a expectativa
de vida tem aumentado consideravelmente também nas pessoas acima de 60 anos. Assim,
considerando que, na região Sul do Brasil, a expectativa de vida após os 60 anos é de cerca
de 16 anos para homens e de 20 anos para as mulheres, os idosos dispõem de uma quanti-
dade considerável de tempo para realizar as mudanças de hábitos de vida e ainda usufruir
dos benefícios.
Algumas medidas aplicadas ao idoso para prevenir uma condição específica podem não aumentar a
longevidade ou melhorar a qualidade de vida, e por isso não apresentam os mesmos benefícios de quando
aplicadas em populações mais jovens.10
Esses desfechos têm sido difíceis de mensurar.
Artigos recentes na literatura enfatizam a importância de um “contexto para se tomar decisões
individualizadas” atendendo recomendações baseadas em populações específicas,11
como as da United
States Preventive ServicesTask Force (USPSTF),12
da CanadianTask Force13
e daAmerican Cancer Society
(ACS),14
considerando o contexto específico de saúde do indivíduo que busca o cuidado, bem como suas
crenças e valores. Informações sobre expectativa de vida associada à idade também podem ser úteis
(Figura 2).15
LEMBRAR
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15
20,5
17,1
14,1
11,4
9,2
IDADE 60 65 70 75 80
Figura 2 - Expectativa de vida dos anos a viver, quando se atinge uma determinada idade. Assim, um idoso/ idosa, no Brasil, que
hoje consegue chegar aos 70 anos, teria, em média, mais 14 anos de vida.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002).15
A maioria das recomendações da USPSTF para pacientes acima dos 65 anos se sobrepõe àquelas para a
população adulta em geral. Categorias que ganham particular ênfase são as de sensopercepção (visão e
audição) e prevenção de acidentes (queimaduras e quedas). O médico de atenção primária pode fazer um
rastreamento de saúde efetivo utilizando ferramentas de avaliação relativamente simples,16
como o Instru-
mento de Avaliação Multidimensional do Idoso17
– AMI (Anexo A).
Cabe salientar que, sendo a Unidade Básica de Saúde (UBS), na maioria das vezes, o primeiro contato e o
local de acompanhamento longitudinal dos pacientes idosos com e no sistema de saúde, compete ao MFC,
aplicando os princípios de integralidade, longitudinalidade e coordenação dos cuidados, fazer as recomen-
dações e os aconselhamentos apropriados.
1. Pode-se citar como consenso quanto aos objetivos da promoção da saúde e de pre-
venção de doenças nos pacientes idosos, EXCETO:
A) melhora na qualidade de vida.
B) manutenção da independência funcional.
C) privilégio dos idosos nesta etapa do seu ciclo vital.
D) redução da mortalidade prematura causada por doenças agudas ou crônicas.
2. Qual a expectativa de vida atual para homens e mulheres brasileiros?
A) 76 anos para homens e 80 para mulheres, na região Sul do país.
B) 76 anos para mulheres e 80 para homens em todo o país.
C) Entre 65 e 70 anos para homens e mulheres em todo o país.
D) Nenhuma das alternativas está correta.
Respostas no final do capítulo
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16
OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
3. Quais as características socioeconômicas do envelhecimento no Brasil?
..................................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................
4. As ações de promoção de saúde na velhice devem se voltar para quais aspectos?
..................................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................
..................................................................................................................................................................
HÁBITOS DE VIDA SAUDÁVEIS E ACONSELHAMENTO
Aseguir, serão discutidos aspectos relativos a hábitos de vida nos idosos, como nutrição, exercícios físicos,
tabagismo, uso de medicações e o status funcional para a realização das atividades da vida diária.
NUTRIÇÃO
Amaioria das autoridades, incluindo aAmericanAcademy of Family Physicians (AAFP), recomenda avaliação
nutricional dos pacientes e aconselhamento dietético para aqueles com alto risco, incluindo adultos com
dislipidemia, com outros fatores de risco cardiovascular e com doenças crônicas relacionadas à dieta.18
Em relação ao estado nutricional, estima-se que cerca de 15% dos idosos em geral são subnutridos19
e que
a metade da população idosa institucionalizada é afetada por disfagia secundária a acidente vascular cere-
bral (AVC), doença de Parkinson, efeitos colaterais de medicação, xerostomia ou demência, e que a des-
nutrição está claramente relacionada ao aumento da morbidade, à permanência hospitalar prolongada, à
readmissão mais freqüente, à susceptibilidade a úlceras de pressão e ao aumento da mortalidade.20
Apesar
disso, não há exames laboratoriais bem validados para determinar essa condição.
Combinar dados antropométricos seriados obtidos nas consultas e perguntar diretamente sobre
mudanças no apetite são métodos úteis para avaliar o status nutricional do idoso.
Peso corporal é um sinal vital em geriatria. Emagrecimento sugere que o paciente não está bem por
problemas médicos, sociais ou emocionais. Uma perda de peso maior do que 5% (± 2,3kg) em relação ao
seu peso corporal basal em um mês ou de mais de 10% (± 4,5kg) em seis meses é significativa e merece
atenção.21
Cabe aqui lembrar que, em nosso país, problemas como ausência de dentes para uma mastigação adequa-
da, bem como o uso de próteses mal adaptadas, são fatores que interferem em uma alimentação adequa-
da; conseqüentemente, estão relacionados ao status nutricional dos pacientes idosos.
A ingesta adequada de cálcio para mulheres também deve ser abordada. Uma revisão sistemática encontrou
indefinição quanto à eficácia de regimes que incluem vitamina D ou seus análogos na prevenção de fraturas.22
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PROMEFSEMCAD
17
LEMBRAR
Alguns estudos mostraram redução clinicamente relevante nos índices de fratura não-vertebral usando
cálcio e suplementação de vitamina D,23
ou somente pulsos de altas doses de vitamina D,24
enquanto o
grande estudo Woman’s Health Initiative mostrou que cálcio e vitamina D foram inefetivos em reduzir fratu-
ras em um seguimento de sete anos.25
Deficiência de vitamina D é comum em idosos, e sua ingestão diária nessa faixa etária deveria
ser de no mínimo 800UI associada a, pelo menos, 1,2g de cálcio elementar na dieta ou como
suplemento.
Suplementação de rotina com formulações de multivitaminas não parece adequada para idosos, já que não
há dados prospectivos randomizados que associem o seu uso à melhora de morbidade ou mortalidade.
TABAGISMO
Fortes evidências demonstraram que a cessação do tabagismo tanto na população em geral quanto em
idosos reduziu significativamente o risco para doença cardiovascular (DCV), diversos cânceres e doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).26
Aconselhamento para parar de fumar para todos os pacientes que usam produtos derivados
do tabaco de forma regular tem recomendação de nívelA, já que em qualquer idade o impac-
to de parar de fumar é positivo.
A terapia de reposição de nicotina, apesar de não ter sido estudada especificamente em idosos, se mostrou
efetiva como adjuvante para pacientes selecionados (recomendação de nível A).27
EXERCÍCIOS FÍSICOS
Exercícios são benéficos em qualquer idade, podendo reduzir todas as causas de morbidade e aumentar a
qualidade de vida.28
Exercícios regulares melhoram o condicionamento em pacientes idosos29,30
e podem
ser particularmente benéficos para aqueles que apresentam problemas clínicos associados, tais como:
■■■■■ insuficiência cardíaca;
■■■■■ doença arterial coronariana;
■■■■■ osteoartrite;
■■■■■ osteoporose;
■■■■■ diabete;
■■■■■ quedas recorrentes.
Mesmo sendo controversa a necessidade de avaliação cardiológica dos pacientes assintomáticos antes de
iniciarem um programa de exercícios físicos, parece prudente fornecer instruções cuidadosas sobre o au-
mento gradual da atividade escolhida. Indivíduos de maior risco, como aqueles que não são capazes de
subir um lance de escadas sem apresentar dispnéia, devem ser orientados a iniciar seu programa de
exercícios sob supervisão de um profissional da área.
PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0117
18
OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
LEMBRAR
As duas grandes categorias de exercícios são exercício aeróbico dinâmico (natação, caminhada, corrida,
ciclismo, etc.) e exercício de força muscular (musculação). Outros componentes do exercício são o equi-
líbrio e a flexibilidade. Qualquer uma das modalidades adotadas deve respeitar os princípios da repetição
(freqüência) e da progressão lenta em ritmo/intensidade, distância e resistência. Como aconselhamento
sobre a intensidade adequada do exercício a ser realizado, pode-se dizer que não se deve exceder o limite
de poder manter uma conversa enquanto se exercita.
A caminhada é a forma de exercício dinâmico mais acessível. Um alvo razoável para a freqüência cardíaca
durante o exercício em idosos é de 20 batimentos por minuto acima da freqüência de repouso.31
Uma
recomendação um pouco mais agressiva fica entre 70 e 80% da freqüência cardíaca máxima. A duração do
exercício deve somar 30 minutos por dia, podendo ser em uma única etapa ou dividida em etapas de 10
ou 15 minutos. A freqüência recomendada é de pelo menos quatro a cinco vezes por semana. Idosos
menos condicionados fisicamente podem ter que começar com caminhadas de cinco minutos quatro vezes
por semana.
Estudos vêm demonstrando significativo ganho de força com um programa de musculação de alta intensi-
dade mesmo entre pacientes institucionalizados muito idosos.32-36
Esse programa geralmente consiste em
treinos de resistência muscular progressivos, utilizando inicialmente carga de 70 a 90% do peso máximo
que pode ser levantado uma vez por cada grupo muscular. Devem-se fazer duas a três séries de dez
repetições três vezes por semana durante oito a dez semanas, aumentando a carga conforme tolerado
para manter a intensidade do estímulo.
AAmerican Geriatrics Society sugere um programa adicional na prescrição de exercícios para idosos com
osteoartrite, enfatizando treino de flexibilidade com alongamento estático três a cinco vezes por semana,
de força com exercícios isométricos e isotônicos duas a três vezes por semana, e de resistência com o
mínimo de 20 a 30 minutos de atividade aeróbica de três a cinco vezes por semana.36
Treinos de equilíbrio
estático como a prática do tai chi chuan podem ser úteis na redução de quedas entre idosos, mesmo que as
evidências não sejam definitivas.38-40
A prescrição de exercícios deve ser adequada às necessidades individuais, às metas pessoais e às condi-
ções de saúde subjacentes. Propor um programa individualizado parece funcionar melhor do que orienta-
ções gerais para exercitar-se mais. Outros profissionais especializados, como fisiatra, educador físico e
fisioterapeuta, são importantes para manter uma rotina segura e personalizada para o paciente no âmbito
individual.
Atividade física em grupos de caminhada, ginástica ou alongamento nas comunidades, além
de proporcionar mudanças no estilo de vida, que muitas vezes é inativo e sedentário, acres-
centa ainda o benefício do convívio social e deve sempre ser estimulada. O convívio social
proporcionado pelo grupo de convivência é eficaz para amenizar a questão do isolamento
social que comumente ocorre entre os idosos.41
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PROMEFSEMCAD
19
STATUS FUNCIONAL
Comprometimento nas atividades de vida diária (AVDs) resulta em um aumento no risco de quedas, fratura
de costela, depressão e institucionalização e pode inclusive predizer um aumento na incidência de demên-
cia no idoso afetado. Obter uma história do status funcional, com particular atenção às AVDs (tomar banho,
vestir-se e preparar uma refeição), permite ao MFC detectar e focar-se em áreas potencialmente problemá-
ticas. Identificando os indivíduos com dificuldades de autocuidado (com atenção tanto aos aspectos de
motivação quanto às limitações físicas), deve-se promover intervenções apropriadas no âmbito de atendi-
mento médico, no ambiente doméstico e no convívio social.
USO DE MEDICAÇÕES
A polifarmácia é comum entre os idosos, e a maioria deles usa em média de três a cinco fármacos diferen-
tes.42
Enquanto múltiplas medicações podem ser indicadas para tratar condições médicas complexas, a
polifarmácia aumenta o risco de interação entre medicamentos e dos efeitos adversos associados.
Farmacocinética e farmacodinâmica alteradas fisiologicamente no idoso contribuem para tais eventos ad-
versos como causa comum de hospitalização e morbidade.43
É prudente revisar as medicações em uso, incluindo aquelas tomadas por conta própria e os
produtos ditos “fitoterápicos” nas consultas de avaliação de saúde de pacientes idosos, regis-
trando doses e posologia na evolução.
É importante lembrar que as alterações fisiológicas do envelhecimento promovem mudanças também na
farmacodinâmica e farmacocinética de pacientes idosos. Dessa forma, recomenda-se que a prescrição de
medicamentos para essa população deva respeitar a premissa de iniciar com doses baixas e aumentar
gradativa e lentamente, observando atentamente os paraefeitos.
Estão listadas, a seguir, recomendações práticas para reduzir os erros de prescrição para os pacien-
tes idosos:44,45
■■■■■ Deve-se manter uma lista precisa de todas as medicações de uso corrente. Esta lista deverá conter o
nome do medicamento (genérico e comercial), a dosagem, a freqüência, a via de administração e a
indicação.
■■■■■ É importante fazer uma revisão periódica da “sacola de medicamentos”. Deve-se instruir os pacientes
para trazerem o recipiente onde guardam a medicação (comprimidos e embalagens) em cada consulta;
as embalagens devem ser conferidas com a lista de medicações.
■■■■■ Os pacientes devem estar alertas às potenciais confusões com a medicação, pois os nomes podem ser
semelhantes, a aparência dos comprimidos ou cápsulas podem ser idênticas, e alguns medicamentos
têm substâncias combinadas.
■■■■■ Os pacientes devem ser informados sobre os nomes genéricos e comerciais, a pronúncia correta, bem
como a razão de estar usando tal medicação.
■■■■■ Organizadores de medicação corretamente abastecidos pelo próprio paciente, por um membro da fa-
mília ou cuidador podem facilitar a adesão correta da prescrição.
■■■■■ A inserção de farmacêuticos nas equipes de saúde pode ser um recurso importante e pode desempe-
nhar um papel chave na redução de erros de medicação na população idosa.
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20
OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
5. Levando em conta o fato de que o peso corporal é um sinal vital naqueles pacientes
acima de 60 anos, pode-se dizer que o emagrecimento é significativo e merece aten-
ção quando há perda de peso:
A) de 3% em 1 mês ou 7% em 6 meses.
B) maior do que 5% em 6 meses.
C) de 10% em 2 meses.
D) maior do que 5% em 1 mês ou 10% em 6 meses.
6. Marque a afirmativa correta em relação a erros de prescrição e uso de medicamen-
tos.
A) A inserção de farmacêuticos nas equipes de saúde pode ser um recurso importan-
te na redução de erros de medicação na população idosa.
B) Não é bom prescrever medicamentos com o nome genérico, pois isso causa mais
confusão.
C) Trazer a “sacola de medicamentos” que o paciente usa não ajuda a diminuir os
erros de uso da medicação e prolonga o tempo de consulta desnecessariamente.
D) Erros no uso da medicação não são freqüentes na população idosa.
Respostas no final do capítulo
7. Qual o propósito da avaliação nutricional de pacientes idosos?
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8. A cessação do tabagismo tem efeito protetor para quais doenças?
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9. Em que medida os exercícios físicos são recomendados ao paciente idoso?
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10. Quais as recomendações a serem seguidas pelo paciente idoso na prática de exercícios?
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PREVENÇÃO DE ACIDENTES
Queimaduras, quedas e acidentes de trânsito são acidentes comuns em que idosos se envolvem.
QUEIMADURAS
Queimaduras ocorrem com mais freqüência em pessoas acima dos 60 anos do que em indivíduos mais
jovens e estão associadas com maior morbidade e mortalidade nessa faixa etária.46
Pacientes que sofrem queimaduras devem ser submetidos à avaliação cognitiva, pois podem
estar apresentando deficit de memória que resulta em comportamentos não-seguros.
INSTABILIDADE POSTURAL (RISCO DE QUEDAS)
Aproximadamente 30% dos idosos não-institucionalizados caem a cada ano,47
e a incidência anual de
quedas atinge 50% em pacientes acima dos 80 anos.48
O risco de quedas que resulta em graves conse-
qüências, inclusive a morte, acompanha várias síndromes geriátricas. Sua etiologia é normalmente
multifatorial e difícil de definir claramente. Fatores que contribuem para tais índices incluem:
■■■■■ mudanças posturais relacionadas à idade;
■■■■■ deficit visual;
■■■■■ uso de algumas medicações (particularmente anticolinérgicos, sedativos e diuréticos);
■■■■■ doenças afetando força muscular e coordenação.
Mesmo sendo tão freqüentes e representando uma das maiores ameaças à autonomia do idoso, as que-
das não recebem a atenção clínica que deveriam. Isso ocorre porque os pacientes raramente mencio-
nam o evento ao seu médico se não houve lesão por ocasião da queda; o profissional de saúde não tem
por hábito perguntar sobre a história pregressa de quedas ou o profissional e o paciente erroneamente
acreditam que cair é um processo inevitável do envelhecimento.
Mesmo quando resultam em algum agravo que mereça tratamento, raramente as causas das quedas são
investigadas. A importância de prevenir quedas é enfatizada pelo estudo que evidenciou que 80% das
mulheres idosas prefeririam morrer a ter uma fratura de colo de fêmur que resultasse em internação em
instituição geriátrica.49
Entre os idosos que vivem na comunidade e sofreram uma fratura de quadril, 25 a
75% não recuperam seu estado funcional pré-fratura.50
Os fatores de risco para quedas são os seguintes:
■■■■■ história pregressa de queda;
■■■■■ fraqueza muscular em membros inferiores;
■■■■■ idade (> 80 anos);
■■■■■ gênero feminino;
■■■■■ deficit cognitivo;
■■■■■ problemas de equilíbrio;
■■■■■ uso de psicotrópicos;
■■■■■ osteoartrose;
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
■■■■■ história de AVC;
■■■■■ hipotensão ortostática;
■■■■■ tonturas;
■■■■■ anemia.
Sabendo que idosos com risco para quedas recorrentes são passíveis de intervenções efetivas,51
recomenda-
se ao menos uma avaliação anual de quedas nestes pacientes. Deve-se avaliar o número de quedas ocorrido,
os eventos que ocasionaram a queda e as circunstâncias do ambiente no momento da sua ocorrência.
Os fatores com potencial de produzir quedas devem ser investigados. Isso inclui uma avali-
ação da prescrição e o estudo da possibilidade de medicações alternativas de menor risco,
exame da visão, marcha, equilíbrio, força e flexibilidade dos membros inferiores e revisão de
outros problemas de saúde que podem influenciar. Programas de exercícios de força e equi-
líbrio, como o tai chi chuan, podem reduzir o risco de cair em 10 a 17%.52
As condições do ambiente residencial também podem aumentar o risco de quedas. Alguns ensaios
clínicos que incluíram idosos não-institucionalizados e sem problemas de cognição mostraram uma redu-
ção de quedas e traumatismos quando riscos específicos foram alvo de intervenção.53,54
Para identificar
riscos potenciais, deve-se perguntar ao paciente sobre dificuldade com escadas, presença de tapetes sol-
tos e adequação da luminosidade interna e externa da casa. É importante inquirir sobre a presença de
equipamentos de segurança, como corrimão no banheiro.
Se a investigação dos riscos de acidentes evidenciar alguma área com problemas, deve ser feito um inven-
tário completo sobre a segurança do domicílio do idoso, visando planejar as modificações ou adaptações
necessárias. Mais informações sobre o conceito de “casa segura” estão disponíveis em
www.casasegura.arq.br.
No exame físico uma manobra chamada teste get up and go, em que o paciente é instruído a levantar-se da
posição sentada, caminhar dez passos, virar-se e retornar à cadeira para sentar novamente, mostrou-se
válido para avaliar a função dos membros inferiores e o equilíbrio durante a marcha. Se o paciente levar
mais de 16 segundos para completar a manobra, apresentar instabilidade postural ou deficit na marcha,
isso sugere aumento no risco de quedas.55
A avaliação da mobilidade pode também predizer incapacidade futura. Uma pontuação composta da
performance baseada no tempo para caminhar 2,4 metros, levantar-se de uma cadeira cinco vezes e reali-
zar testes de equilíbrio foi capaz de predizer incapacidade em uma coorte de idosos não-dependentes com
71 anos de idade ou mais. Em um seguimento de quatro anos houve um risco quatro a cinco vezes maior de
incapacidade comparando os grupos com maior e menor pontuação.56
Outra maneira para avaliar mobilidade é o tempo necessário para caminhar por um corredor de 400 metros.
Em um estudo de seguimento com 2.300 pacientes entre 70 e 79 anos os tempos para percorrer tal distân-
cia foram relacionados com mortalidade, DCV incidente e limitações de mobilidade.57
A mortalidade foi três
vezes maior para aqueles no quartil inferior (tempo > 6 minutos) comparada com aqueles no quartil superior
(tempo < 5 minutos) – HR 3,23, IC 2,11-4,94.
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CONDUÇÃO DE VEÍCULOS (RISCO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO)
Motoristas com mais de 70 anos sofrem mais acidentes com veículos motorizados e acidentes fatais para
motoristas e pedestres por quilômetro rodado do que adultos de meia-idade. Isso parece resultar de fatores
como declínio da acuidade visual e auditiva e nas habilidades psicomotoras.58,59
Demência é outro po-
tencial fator contribuinte para acidentes, e os médicos devem recomendar a pacientes que sofrem dessa
condição a não guiarem.
A American Academy of Neurology desenvolveu guidelines de direção para pacientes portadores de de-
mência de Alzheimer baseados na classificação clínica da doença.60
Cintos de segurança têm demonstrado
diminuição de morbidade e mortalidade em acidentes com veículos motorizados, e intervenções de
aconselhamento podem aumentar o seu uso.61
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Estima-se que a incontinência urinária afete de 11 a 34% dos homens idosos e 17 a 55% das mulheres
idosas.62
Diabete aproximadamente dobra o risco de incontinência severa em mulheres.63
Problemas de
incontinência são freqüentemente tratáveis.64
Têm repercussões sociais e emocionais importantes, mas,
mesmo assim, muito raramente são motivo de queixa espontânea por parte dos pacientes.65
Devido à importância da incontinência urinária para o paciente, parece razoável questionar a respeito des-
sa doença durante a consulta; para evitar constrangimentos, deve-se fazê-lo por meio de uma pergunta
simples e objetiva: “Você já perdeu urina ou sentiu-se molhado?”. Em 83% há concordância entre a respos-
ta do paciente e uma avaliação urológica.66
A freqüência e a importância do evento deverão ser relacionadas à repercussão emocional e social. Cau-
sas comuns reversíveis devem ser investigadas, tais como delírio, restrição da mobilidade, retenção urinária,
infecção e efeitos de medicação.
SEXUALIDADE
Mais da metade dos casais idosos é sexualmente ativa.67
Problemas afetando a função sexual nessa faixa
etária podem incluir condições de saúde, efeitos colaterais de medicações em uso e medo de precipitar um
infarto. Em um estudo os pacientes indicaram desejo de discutir a sexualidade com seus médicos.68
Terapia
de reposição hormonal pode ser indicada quando níveis baixos de testosterona ou estrógeno estiverem
contribuindo para o problema, levando sempre em conta os riscos individuais.
Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, os casos de AIDS entre pessoas com mais de 60 anos
mais do que dobraram entre os anos de 1997 e 2005. Entre as mulheres mais velhas o quadro é ainda pior.
Atribui-se tal crescimento a uma série de razões. Estão incluídos desde os fatores culturais até o envelhe-
cimento populacional e o advento dos medicamentos para disfunção erétil.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
Pesquisa realizada em Novo Hamburgo (RS) com participantes dos grupos de convivência da terceira idade
do Vale dos Sinos, divulgada no início de 2007, aponta que 86,3% dos idosos entrevistados não são adeptos
do preservativo e que 88,8% nunca realizaram teste de HIV.69
É papel do MFC alertar a população idosa para
tais riscos e estimular o uso de preservativo, levando em conta o fato de que muitos idosos não sabem usar ou
até mesmo desconhecem. O temor de perda da ereção durante os procedimentos de colocação do preserva-
tivo deve ser abordado, sendo importante a participação do casal no processo da prevenção.
11. Qual das condições abaixo NÃO se constitui em risco para quedas em idosos?
A) História pregressa de queda.
B) Anemia.
C) Relato espontâneo do paciente sobre um evento de queda.
D) Hipotensão ortostática.
12. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) em relação às afirmativas sobre a sexualidade do
idoso.
A) ( ) Menos de 30% dos casais idosos são sexualmente ativos.
B) ( ) O medo de precipitar um infarto e os efeitos colaterais de medicações são
fatores que podem afetar a função sexual de idosos.
C) ( ) Não há risco de contaminação por doenças transmissíveis, pois, nessa faixa
etária, a atividade sexual é mínima.
D) ( ) Fatores culturais e uso de medicamentos para disfunção erétil podem
ser causas do aumento de casos de AIDS entre pessoas com mais de 60 anos.
Respostas no final do capítulo
13. Como pode ser prevenido o risco de queda dos idosos?
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14. Como deve ser abordado o problema da incontinência urinária com o idoso?
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EXAME FÍSICO
Aseguir, serão apresentados os principais aspectos que devem ser levados em conta em relação ao exame
físico do idoso.
PRESSÃO ARTERIAL
Doença cardíaca e cerebrovascular são as principais causas de morte entre idosos.70
O tratamento da
hipertensão contribuiu para uma redução de 59% na mortalidade por AVC ajustada para a idade e de 50%
na mortalidade por doença arterial coronariana desde 1972.71
A importância da pressão arterial sistólica
vem sendo enfatizada como fator de risco para DCV especialmente em idosos.72
Hipertensão ocorre em mais de dois terços dos indivíduos acima dos 65 anos, e os benefícios do tratamen-
to dessa condição são claros até a idade de 80 anos. Após essa idade o tratamento da hipertensão envolve
decisões mais complexas, levando em conta os riscos e os benefícios, já que a redução de eventos
cardiovasculares continua no idoso muito idoso (aqueles com mais de 80 anos), mas redução absoluta de
mortalidade não foi demonstrada nesse grupo etário para hipertensão em estágio I (pressão sistólica de
140 a 159mmHg e diastólica de 90 a 99mmHg). Os benefícios do tratamento são mais claros para o estágio
II (pressão arterial acima de 160/100mmHg).
A aferição da pressão arterial deve ser a cada 1 ou 2 anos e, quando seguida de tratamento dos
casos de hipertensão, tem evidência (nível I) de modificação positiva de desfechos de saúde.
VISÃO E AUDIÇÃO
Mudanças significativas ocorrem na visão e na audição dos pacientes à medida que envelhecem. Essas
alterações podem ter um impacto grande, que vai desde o aumento do risco de quedas e outros acidentes,
no caso da visão, até a perda da habilidade de compreender/interpretar conversas por deficit auditivo,
levando ao aumento do risco de isolamento social e depressão.73
Diminuição da acuidade visual foi um preditor independente de mortalidade por todas as causas em um
estudo, apesar de não ter sido determinado se corrigir a deficiência reduziria mortalidade.74
A USPSTF de
1996 recomendava o teste de acuidade visual de Snellen em idosos (grau B de recomendação), mas não
chegou a conclusões sobre a freqüência ótima para aplicação deste teste.
Há evidências insuficientes para recomendar ou contra-indicar oftalmoscopia de rotina feita pelo médico de
atenção primária em pacientes idosos assintomáticos. Pacientes acima de 65 anos devem ser rastreados
para glaucoma a cada um ou dois anos por um oftalmologista.75
Diabéticos devem fazer anualmente exame
com dilatação da pupila para rastreio de retinopatia diabética.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
Para a avaliação da função visual, os pacientes devem ser inquiridos sobre a existência de dificuldade para
ler, ver televisão, dirigir ou desenvolver suas atividades comuns da vida diária. Aqueles que responderem
afirmativamente terão sua acuidade visual examinada usando o cartão de Jaeger (Figura 3).
TESTE PARA VISÃO
“Jaeger Card”
Este cartão deve ser lido a uma distância de 35 CENTÍMETROS
do paciente.
Ele deve usar lentes corretivas se for de seu uso habitual.
A visão deve ser testada em cada olho em separado e depois em conjunto.
Registre o nível de acuidade de cada olho.
Figura 3 - Teste para visão – cartão de Jaeger.
Fonte: Herkind e colaboradores (1983).76
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O cartão de Jaeger é colocado a uma distância de 35cm do rosto do paciente, que deve usar lentes corre-
tivas se forem de seu uso habitual. A visão deve ser testada em cada olho em separado e depois em
conjunto. O nível de acuidade de cada olho é registrado. Os pacientes que lerem até o nível 20/40 serão
considerados sem disfunção. A pergunta inicial é derivada de um dos mais confiáveis itens da escala de
atividades de visão de Boston; o teste-reteste de confiabilidade é de 0,8, sendo o cartão de Snellen o
padrão-ouro.77
Perguntar ao paciente sobre dificuldades para escutar parece ser uma forma rápida e sem custos para
detectar perda auditiva. Enquanto a audiometria é o exame de referência, o teste de whisper, no qual se
sussurra uma pergunta nas costas do paciente a aproximadamente 30cm de seus ouvidos em cada lado
separadamente, mostrou-se sensível e específico.78
O intervalo para a realização do teste de Whisper não está definido. No caso de não haver resposta à
pergunta realizada, deve-se afastar a possibilidade de cerúmen realizando otoscopia. Se não são identifi-
cados obstáculos nos condutos auditivos externos, deve-se encaminhar o paciente para realização de
audiometria em ambulatório especializado.
COGNIÇÃO/STATUS MENTAL
A prevalência de demência em idosos aumenta com a idade, atingindo estimativas de 20 a 50%
após os 85 anos.79,80
Um indicador sensível de diminuição das funções cognitivas é a perda de
memória recente e da habilidade de cálculo.81
A avaliação da memória recente é provavelmente
o melhor teste, tendo em vista que a habilidade de cálculo pode ser prejudicada pelo nível
cultural e de educação formal dos pacientes.
Demência inicial ou moderada pode não ser detectada sem um rastreio específico.82
O miniexame
do estado mental de Folstein (MEEM) pode ser útil para determinar uma condição basal e para
detectar deficit cognitivo,83
assim como o teste do relógio. Este teste consiste em solicitar à
pessoa idosa que desenhe um mostrador de relógio analógico com números. Em seguida, soli-
cita-se que sejam acrescentados os ponteiros do relógio, de horas e minutos, representando ali
um horário específico.
Apesar do surgimento de diversas medicações mostrando alterar ligeiramente o curso da demência tipo
Alzheimer incipiente, resta mostrar que a detecção precoce da demência melhora os seus desfechos. O
teste de memória recente consiste em solicitar ao paciente que relembre o nome de três objetos imediata-
mente e três minutos após serem citados.84
Aincapacidade de relembrar os três nomes deve levar à aplica-
ção completa do MEEM para avaliação da função cognitiva.
Ao contrário da demência, a depressão é usualmente tratável. Esta condição aumenta significativamente a
morbidade e a mortalidade85
e freqüentemente passa despercebida pelos médicos de atenção primária.
Recomenda-se rastrear todos os idosos para depressão, apesar de ainda não se saber qual a periodicida-
de ideal para a avaliação.
A formulação da pergunta “Você freqüentemente se sente triste ou desanimado?”, enfatizando a palavra
“freqüentemente”, serve como introdução para uma investigação mais detalhada (sensibilidade = 0,78;
especificidade = 0,87).86
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
O teste de rastreamento, ainda que breve, parece ser capaz de detectar a maioria dos pacientes deprimi-
dos e, em alguns casos, tem um desempenho melhor do que o instrumento original do qual foi derivado.87
Pacientes que respondem afirmativamente serão testados com a Escala de Depressão Geriátrica (Anexo
C). Trata-se de um questionário de 15 perguntas com respostas objetivas (sim ou não) a respeito de como
a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana.
A Escala de Depressão Geriátrica não é um substituto para uma entrevista diagnóstica realizada por profis-
sionais da área de saúde mental. É uma ferramenta útil de avaliação rápida para facilitar a identificação da
depressão em idosos. A cada resposta afirmativa deve-se somar um ponto. As perguntas não podem ser
alteradas; deve-se perguntar exatamente o que consta no instrumento.
Um escore de cinco ou mais pontos na Escala de Depressão Geriátrica sugere depressão de significância
clínica. Para os pacientes com suspeita de depressão, será necessária a investigação do uso de álcool e
medicações, além de diagnóstico diferencial para problemas de tireóide e causas orgânicas para distúrbio
do humor.
EXAME DA CAVIDADE ORAL E DENTIÇÃO
Inspeção da cavidade oral e palpação da cabeça e das cadeias linfáticas cervicais compreendem o
rastreamento para câncer oral. Não estão disponíveis dados bons sobre a efetividade deste rastreio na
população idosa, mas a USPSTF recomenda fazê-lo naqueles indivíduos de risco elevado – os tabagistas
e aqueles que consomem álcool regularmente. Deve-se orientar também a visita periódica ao dentista.
RASTREAMENTO DE CÂNCER (NEOPLASIAS)
O rastreamento de neoplasias no idoso é uma área complexa e cercada de controvérsias. Ensaios clíni-
cos demonstram a efetividade de uma intervenção, mas não consideram características individuais do
paciente como condições co-mórbidas ou status funcional que podem mudar a chance de ter benefício ou
dano com o rastreio.8
A idade na qual se deve parar com o screening é ainda incerta para a maioria das neoplasias. Um grupo
propôs um sistema conceitual para guiar tais decisões em idosos que pode ser mais útil do que diretrizes na
prática clínica.8
Esse sistema começa com a determinação do risco de mortalidade por um câncer detectável.
Com isso, é possível determinar o número aproximado de indivíduos que é necessário rastrear para preve-
nir uma morte específica por câncer. Esses dados podem ser discutidos com o paciente.
O paciente deve entender que potenciais danos resultantes dos testes de rastreio dependem do tipo de
exame que é realizado e das investigações subseqüentes de resultados positivos. Sendo assim, enfatiza-
se a importância de discutir estas questões com cada paciente, escutando suas preferências e valores
pessoais.88,89
Um princípio mais simples para guiar a conduta do médico é que pacientes com expectativa de
vida menor do que 5 anos não parecem ter qualquer benefício de sobrevida realizando rastreio
para neoplasias.
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Diretrizes com orientações quanto ao intervalo de rastreamento para neoplasias específicas estão disponí-
veis por meio da USPSTF e outras. Considerações específicas devem ser feitas ao rastreio de câncer
colorretal, de mama e de colo de útero como intervenções que se mostraram efetivas em reduzir mortalida-
de específica por câncer11
(Tabela 1). A USPSTF encontrou, até o momento, evidências insuficientes para
recomendar ou contra-indicar o rastreamento rotineiro de câncer de próstata. Outros recomendam discutir
individualmente os riscos e benefícios deste rastreio.
Tabela 1
NÚMERO NECESSÁRIO DE PACIENTES PARA RASTREAMENTO
A FIM DE PREVENIR UMA MORTE POR CÂNCER ESPECÍFICO
Mamografia
Quartil superior de expectativa de vida
Quartil intermediário de expectativa de vida
Quartil inferior de expectativa de vida
Papanicolau
Quartil superior de expectativa de vida
Quartil intermediário de expectativa de vida
Quartil inferior de expectativa de vida
Sangue oculto nas fezes (mulheres)
Quartil superior de expectativa de vida
Quartil intermediário de expectativa de vida
Quartil inferior de expectativa de vida
Sangue oculto nas fezes (homens)
Quartil superior de expectativa de vida
Quartil intermediário de expectativa de vida
Quartil inferior de expectativa de vida
50 anos
95
133
226
533
728
1140
145
263
577
138
255
630
70 anos
142
242
642
934
1521
4070
178
340
1046
177
380
1877
75 anos
176
330
1361
1177
2113
8342
204
408
1805
207
525
80 anos
240
533
-
1694
3764
-
262
581
-
277
945
85 anos
417
2131
-
2946
15056
-
455
2326
-
554
-
-
90 anos
1066
-
-
7528
-
-
1163
-
-
2008
-
-
Refere-se ao número necessário de pacientes a rastrear durante o período de vida restante para prevenir uma morte
específica por câncer para ambos os sexos nas diferentes idades e quartis de expectativa de vida.
Fonte: Walter e Covinsky (2001).11
15. Com que freqüência deve ser medida a pressão arterial do idoso?
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
16. Preencha o quadro a seguir, descrevendo os cuidados com a acuidade visual de pacientes
idosos, durante a consulta.
Pacientes idosos Cuidados
Assintomáticos
Acima de 65 anos
Diabéticos
17. Qual a conduta indicada em relação ao paciente que demonstra dificuldades auditivas?
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18. Como deve ser a investigação de diminuição das funções cognitivas?
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19. Quando e como deve ser utilizada a Escala de Depressão Geriátrica?
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20. Quais os grupos de pacientes preferenciais para a investigação de câncer oral?
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TESTES DIAGNÓSTICOS
Os testes diagnósticos recomendados para idosos, descritos a seguir, incluem rastreamento de perfil lipídico,
diabete, doenças da tireóide, osteoporose, aneurisma de aorta abdominal e bacteriúria assintomática.
SCREENING DE LIPÍDEOS
A USPSTF encontrou boas evidências de que o rastreamento do perfil lipídico pode identificar pessoas de
meia-idade assintomáticas com risco aumentado de doença coronariana. Há boas evidências de que a
farmacoterapia para a redução dos níveis lipídicos diminui a incidência de doença coronariana em pessoas
de alto risco, causando poucos efeitos adversos.90
Os benefícios do rastreamento e do tratamento da dislipidemia em adultos de meia-idade e idosos supera
os riscos – grau A de recomendação. A idade para suspender o rastreamento ainda não foi definida, mas
a avaliação rotineira torna-se menos importante nos mais idosos, já que os níveis lipídicos não costumam
aumentar após os 65 anos de idade.
Rastreamento de rotina do perfil lipídico não parece beneficiar idosos com baixo risco para DCV. Define-se
idoso como idade acima de 65 anos para homens e de 75 anos para mulheres, já que a mulher tende a
desenvolver doença coronariana aproximadamente 10 anos após o homem. A terapia farmacológica para
redução de colesterol claramente beneficia idosos que já têm doença coronariana diagnosticada e prova-
velmente aqueles com múltiplos fatores de risco cardíaco.
SCREENING DE DIABETE
Estima-se que 5 milhões de brasileiros acima dos 40 anos sofrem de diabete melito, e aproximadamente
metade desses casos não são diagnosticados. O rastreamento pode identificar casos ocultos de diabete.
Apesar das crescentes evidências de que a normalização da glicemia pode reduzir complicações
microvasculares em pacientes jovens, não está claro se idosos assintomáticos terão redução em doenças
micro e macrovasculares ou benefício de redução de mortalidade pelo tratamento do diabete.
Diretrizes de diferentes organizações divergem quanto à validade do rastreamento para diabete. Sem um
consenso definido, cabe ao MFC selecionar pacientes de alto risco de diabete para rastreamento – obesos,
hipertensos, dislipidêmicos – buscando o (ainda não comprovado) benefício da redução da hiperglicemia
assintomática por meio de dieta e exercícios físicos. Esse rastreamento visa também identificar os pacien-
tes cujo diabete poderá exigir um manejo mais agressivo da hipertensão e da hiperlipidemia.
DOENÇAS DA TIREÓIDE
Doenças subclínicas da tireóide podem estar presentes em idosos assintomáticos, e o rastreamento irá
identificá-los.91
A questão mais crítica é definir se há benefícios significativos em detectar e tratar essas
condições. A American Thyroid Association recomenda que adultos comecem a ter suas concentrações
séricas de TSH medidas a partir dos 35 anos e a cada 5 anos após essa idade.92
No entanto, a USPSTF não
encontrou evidências suficientes pra indicar esse rastreamento, assim como o Institute of Medicine, que
afirmou também que este não é custo-efetivo.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
Idosos apresentam risco aumentado de efeitos adversos cardiovasculares pela suplementação de hormônio
tireóideo, e muitos especialistas não os tratariam por hipotireoidismo subclínico. Se o tratamento já está em
curso, os pacientes devem ser rigidamente monitorados, iniciando com baixas doses que devem ser lenta-
mente tituladas para corrigir os níveis de TSH.
Cabe salientar que o MFC deve estar sempre atento para sinais e sintomas de disfunção
tireoidiana no paciente idoso.
A pronta identificação e tratamento dos sintomas de disfunção tireoidiana aumentam consideravelmente a
qualidade de vida do paciente, além de obviamente reduzir a morbidade. A palpação da tiróide como rotina
no exame periódico do adulto e do idoso, ainda que sem evidência de benefício para o paciente, não
acrescenta custo relevante e aumenta a perícia do médico neste procedimento para os casos necessários.
OSTEOPOROSE
A prevalência de densidade mineral óssea reduzida em idosos é elevada com a osteopenia, sendo encon-
trada em 37% das mulheres pós-menopáusicas; franca osteoporose (densidade mineral óssea > 2,5 DP
abaixo da média para mulheres jovens) é encontrada em 7%.21
Restam dúvidas acerca da capacidade do
rastreamento para osteoporose de melhorar desfechos relacionados a fraturas.
A USPSTF recomenda que mulheres acima de 65 anos sejam rastreadas rotineiramente por meio de
densitometria óssea,93
mas o impacto deste custo é diferente para cada país. Naquelas pacientes com risco
aumentado para fraturas por osteoporose a densidade mineral óssea deve ser avaliada a partir dos 60
anos.
ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL
A USPSTF recomenda rastreamento único para aneurisma de aorta abdominal (AAA) com ultra-sonografia
em homens entre 65 e 75 anos que já tenham fumado. Não se recomenda tal rastreamento para mulheres
na mesma faixa etária ou para homens que nunca tenham fumado, exceto para aqueles que têm parentes
de primeiro grau com história de AAA.
BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA
Alguns clínicos solicitam urocultura rotineiramente nos exames periódicos de saúde; entretanto, a USPSTF
é contra o rastreamento de rotina em homens e em mulheres não-grávidas para bacteriúria assintomática.
Encontrou-se boa evidência de que esse rastreio é inefetivo para melhorar desfechos clínicos,94
e a Infectious
Disease Society of America é contra o tratamento de bacteriúria assintomática.95
Na ausência de evidência de benefício da urocultura, o potencial dano associado ao abuso de
antibióticos é especialmente significativo.
LEMBRAR
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INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS
As intervenções terapêuticas descritas a seguir incluem vacinas contra influenza, pneumococo, tétano e
herpes-zoster, além de aspirina como prevenção de DCV e terapia hormonal para mulheres pós-
menopáusicas.
MUNIZAÇÃO CONTRA INFLUENZA
Mais de 90% das mortes relacionadas ao vírus influenza ocorrem entre pessoas com mais de 60 anos,96
que também experimentam um aumento significativo de morbidade em função da doença. Um ensaio clínico
randomizado97
e grandes estudos observacionais98-100
demonstraram benefício significativo com a vacinação.
Como resultado desses achados, a maioria das autoridades recomenda imunização anual contra influenza
para todos os indivíduos acima de 65 anos.Avacina deve ser administrada pouco antes do início da estação
fria, que no Brasil fica entre os meses de abril e maio. Entretanto, pacientes de alto risco devem ser imunizados
assim que a vacina estiver disponível.
IMUNIZAÇÃO CONTRA PNEUMOCOCO
Doença pneumocócica é uma causa significativa de morbidade e mortalidade em idosos. A vacina está
disponível, apesar de ensaios clínicos e metanálises virem demonstrando resultados conflitantes na
efetividade em reduzir pneumonias pneumocócicas ou mortalidade.10,101,102
A USPSTF recomenda o uso da vacina antipneumocócica uma vez aos 65 anos, e a questão referente à
revacinação segue sem resposta. O Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) e o Centro para
Controle e Prevenção de Doenças (CDC) não recomendam a revacinação de rotina; recomendam apenas
para aqueles pacientes vacinados antes dos 65 anos nos quais já tenham se passado cinco anos desde a
primeira dose.103,104
Estudos demonstraram a segurança e a eficácia da revacinação após cinco anos medida pelo aumento nos
níveis de anticorpos mesmo em pacientes frágeis e institucionalizados.105-107
Mesmo frente a essas evidên-
cias, a vacina antipneumocócica ainda não faz parte do calendário vacinal em nosso país. Cabe ao MFC
recomendar ou sugerir a vacinação para aqueles pacientes que estão sob maior risco.
IMUNIZAÇÃO ANTITETÂNICA
Tétano clínico é uma doença rara, mas ocorre na maioria das vezes em adultos mais velhos que não foram
vacinados ou subimunizados. Pacientes acima de 60 anos tipicamente totalizam 60% de todos os casos de
tétano.108
O CDC e a USPSTF recomendam doses de tétano tipo adulto e toxóide diftérico a cada 10 anos, mesmo
que intervalos maiores provavelmente sejam adequados para aqueles vacinados adequadamente na infân-
cia ou na idade adulta.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
IMUNIZAÇÃO PARA HERPES-ZOSTER
Uma vacina para prevenir o herpes-zoster foi aprovada nos EUA pelo Food and Drug Administration (FDA)
em 2006 para adultos acima de 60 anos.109
Ela também foi aprovada na Europa e na Austrália, e não deve
ser usada para tratamento de zoster ou de neuralgia pós-herpética.
Em um ensaio clínico randomizado durante três anos, em um grupo de 38.546 adultos acima de 60
anos, a vacina reduziu a incidência de herpes-zoster em 51% comparada ao placebo e reduziu a
incidência de neuralgia pós-herpética em 67%.110
A relação custo/efetividade dessa vacina permane-
ce incerta porque a duração da proteção conferida pela vacina é desconhecida.111
Tal vacina ainda
não está disponível no Brasil.
ASPIRINA PARA PREVENÇÃO PRIMÁRIA
As diretrizes da terceira USPSTF recomendam fortemente que os médicos discutam com seus pacien-
tes a quimioprevenção com aspirina para pacientes que apresentam risco aumentado para DCV. Essa
recomendação foi feita antes mesmo dos resultados do Woman’s Health Study, que sugere que os bene-
fícios e riscos do uso de aspirina para doença arterial coronariana e AVC podem ser diferentes em
homens e mulheres.112
O significado clínico da observação da USPSTF é incerto desde que ensaios clínicos de aspirina para
prevenção secundária encontraram redução similar em AVCs e infarto do miocárdio entre homens e
mulheres.113
Como em pacientes mais jovens, recomenda-se que profilaxia com aspirina deve ser consi-
derada em pacientes com um risco de DCV maior ou igual a 3% em cinco anos. O ácido acetilsalicílico
deve ser usado como prevenção primária em qualquer diabético com pelo menos um fator de risco
adicional para DCV.
TERAPIA HORMONAL
Terapia de reposição de estrógenos em longo prazo (mais de cinco anos) e terapia combinada estrógeno-
progestágeno foram prescritas no passado para mulheres pós-menopáusicas para prevenção de doença
arterial coronariana e osteoporose. Em contrapartida, dados do Woman’s Health Initiative não mostraram
benefício cardiovascular, além de evidenciar aumento em alguns outros riscos de saúde com a terapia de
reposição prolongada usando estrógeno e progestágeno combinados.114
Mesmo assim, a reposição
estrogênica de curta duração continua tendo papel muito importante no alívio de sintomas climatéricos,
incluindo sintomas vasomotores e geniturinários.
O uso de suplementos de DHEA (deidroepiandrosterona) em homens e mulheres ou suplementação de
testosterona em baixas doses em homens idosos não mostrou aumento nas medidas de força e performance
física, sensibilidade à insulina, composição corporal ou qualidade de vida em um ensaio clínico randomizado,
com grupo controle e pacientes acima de 60 anos.115
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35
O IDOSO SAUDÁVEL E A COMUNIDADE
A disponibilidade de uma rede social de apoio pode fazer a diferença para assegurar promoção da saúde
dos idosos. Quer em relação à proteção afetiva e cognitiva trazida pelo convívio comunitário, quer para
possibilitar o uso de equipamentos sociais de apoio à atividade física, ou mesmo para dividir com a família
as tarefas de suporte, instituições públicas e/ou comunitárias são muitas vezes fundamentais.
A presença de organizações civis que se dediquem à melhoria social também pode oferecer aos idosos
oportunidades de eles mesmos agirem como sujeitos da busca por saúde e por uma vida com maior
autonomia. A ação do MFC deve estimular na comunidade o impulso a tais mecanismos sociais, e sua
relação com os idosos de que cuida pode incluir a indicação de sua participação nessas organizações
quando apropriado.
21. Em relação à terapia de reposição hormonal em mulheres pós-climatério, é correto
afirmar que:
A) não há qualquer indicação para o seu uso.
B) seus benefícios somente aparecem após cinco anos de uso.
C) a reposição estrogênica de curta duração tem um papel importante no alívio dos
sintomas climatéricos.
D) a terapia de reposição de estrógenos em longo prazo demonstrou inequívoco efeito
de prevenção de doença arterial coronariana.
22. Dentre as diretrizes para profissionais de saúde que trabalham com promoção e pro-
teção da saúde do idoso, podem-se identificar alguns princípios, EXCETO:
A) a velhice não é uma enfermidade, e sim uma etapa evolutiva da vida.
B) é possível melhorar a capacidade funcional mediante reabilitação e estímulo ou evi-
tando novos agravos à saúde.
C) do ponto de vista social e psicológico, os idosos são mais heterogêneos que os jovens.
D) a maioria das pessoas com mais de 60 anos não está em boas condições de saúde,
já que, ao envelhecer, perde a capacidade de recuperar-se das doenças de forma
rápida ou completa e torna-se suscetível a incapacidades e à necessidade de ajuda
para seu cuidado pessoal.
Respostas no final do capítulo
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
23. Em relação aos hábitos de vida saudáveis do idoso, assinale V (verdadeiro) ou F
(falso).
A) ( ) Deve-se prescrever como rotina formulações de multivitaminas para
pacientes idosos.
B) ( ) A ingesta diária preconizada para mulheres idosas deveria ser de 1,2g
de cálcio na dieta ou em forma de suplemento e de 800UI de vitamina D.
C) ( ) Dependendo da faixa etária, deve-se excluir da rotina o aconselhamento
para parar de fumar, sendo seu benefício questionável na idade muito
avançada.
D) ( ) Como aconselhamento sobre a intensidade adequada do exercício a
ser realizado, pode-se dizer que não se deve exceder o limite de poder
manter uma conversa enquanto se exercita.
E) ( ) A fim de evitar constrangimentos, o MFC deve evitar perguntar aos pa-
cientes sobre eventuais perdas de urina.
F) ( ) Programas de exercícios de força e equilíbrio, como o tai chi chuan, po-
dem reduzir em 10 a 17% o risco de quedas em pacientes idosos.
24. Os benefícios do seu rastreamento e tratamento em adultos de meia-idade e idosos
supera os riscos – grau A de recomendação. A idade para suspender o rastreamento ainda
não foi definida, mas a avaliação rotineira torna-se menos importante após os 65 anos. Essa
recomendação está relacionada a que patologia?
A) Dislipidemia.
B) Diabete melito.
C) Doença da tireóide.
D) Osteoporose.
25. Estudos observacionais demonstraram benefício significativo com a vacinação. Como
resultado desses achados, a maioria das autoridades recomenda imunização anual para
todos os indivíduos acima de 65 anos. Essa afirmação relaciona-se à imunização contra
que patologia?
A) Pneumococo.
B) Tétano.
C) Herpes-zoster.
D) Influenza.
Respostas no final do capítulo
26. Qual é a posição da USPSTF quanto ao rastreamento rotineiro de bacteriúria assintomática
em homens e em mulheres não-grávidas?
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27. Qual a posição da USPSTF quanto à quimioprevenção com aspirina para pacientes idosos?
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CASO CLÍNICO
Identificação: Rosa, 66 anos, feminina, branca, solteira, professora aposentada, acompanhada de uma
amiga de nome Catarina.
Apresentação do problema: problemas de memória surgidos após a morte de sua mãe, ocorrida há seis
meses. A paciente sente-se muito deprimida com esta perda.
História da doença atual: a mãe de Rosa veio morar com ela há 16 anos, logo após a morte de seu pai. Ela
veio a falecer aos 86 anos, vítima de um infarto agudo do miocárdio. Nos dias que se seguiram ao funeral,
Rosa teve dificuldade para dormir, e seu irmão, médico, prescreveu-lhe 2mg de lorazepam para usar à noite
quando fosse necessário. Ela iniciou com um comprimido e logo passou a usar dois duas vezes por sema-
na. Atualmente está em uso de dois comprimidos cinco a seis vezes por semana.
O sono de Rosa é ainda interrompido por períodos de vigília, sendo difícil recobrar o sono. Ela tem anorexia
sem perda de peso e falta de energia. Nega sentimentos de raiva em relação à morte de sua mãe, hostilida-
de, culpa ou pensamentos de suicídio.
A acompanhante, Catarina, relata que há poucos dias houve corte da linha telefônica de Rosa por falta de
pagamento. Ela relata que, um ano antes da morte da mãe de Rosa, ela já havia notado tais problemas de
memória, mas que agora eles pioraram. Catarina também notou a dificuldade de Rosa em encontrar as
palavras certas para expressar-se em conversação usual. Rosa contou a Catarina que sofreu duas quedas
em casa nas últimas semanas, mas sem lesões graves.
História médica pregressa: Rosa sempre gozou de boa saúde. Sofre de hipertensão arterial sistêmica (HAS)
essencial diagnosticada aos 42 anos. Faz uso de diurético tiazídico diariamente e segue uma dieta com pouco
sal.
História familiar: a mãe de Rosa teve diabete tipo II, HAS e problemas de memória. Sua avó morreu em
um asilo por senilidade causada por aterosclerose. Seu pai morreu aos 72 anos por câncer de próstata. Seu
irmão está bem aos 64 anos, mas foi tratado para depressão após a morte de sua primeira esposa.
Hábitos de saúde: uso mínimo de álcool; não fuma.
História social: mora só. Seu parente mais próximo é o irmão, que reside a 300km de distância. Seus
vizinhos são amistosos, mas desenvolvem convívio não muito próximo.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
Exame físico:
■■■■■ peso: 60kg;
■■■■■ altura: 1,66m;
■■■■■ PA: 164/92mmHg;
■■■■■ Pulso: 84bpm com ritmo regular;
■■■■■ sopro na bifurcação da carótida esquerda;
■■■■■ equimoses em fase de resolução no cotovelo e antebraço direitos e no quadril esquerdo;
■■■■■ ausculta pulmonar normal;
■■■■■ ausculta cardíaca dentro da normalidade;
■■■■■ exame neurológico sem alterações.
Exames de laboratório:
■■■■■ exames de sangue e urina normais.
Exame radiológico:
■■■■■ raio X de tórax revela leve cardiomegalia.
Exame do estado mental: a postura de Rosa é algo encurvada e seu olhar está distante. Sua fala está
arrastada (disartria??). Parece ter dificuldade de encontrar as palavras para expressar seus pensamentos
(anomia?). Seu humor é deprimido. A atividade motora é moderadamente lenta. Ela não está psicótica nem
tem pensamentos suicidas. Seu minimental é 23 em 30, com deficiências na orientação temporal, aritméti-
ca, memória recente e nomeação de objetos.
28. Quais os diagnósticos diferenciais?
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29. Qual sua conduta em relação a este caso?
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30. Que vulnerabilidades você identifica nesse caso?
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LEMBRAR
CONCLUSÃO
Existem evidências de que a aplicação de um instrumento de avaliação multidimensional durante a con-
sulta médica em atenção primária à saúde aumenta a eficácia diagnóstica para detecção dos problemas de
saúde que mais comumente afetam a qualidade de vida do idoso. Por meio de sua aplicação sistemática,
foi possível identificar maiores prevalências em todos os domínios pesquisados quando comparadas com
aquelas avaliações encontradas nos registros de prontuário tradicional. Isso demonstra maior efetividade
na detecção de indivíduos com maior probabilidade de experienciar problemas não conhecidos, passíveis
de intervenção.
A abordagem por meio de instrumento específico detecta problemas e riscos à saúde
freqüentemente negligenciados quando não pesquisados de forma sistemática.15
O instrumento AMI (Anexo A) foi desenvolvido para ser usado em ambulatório de APS, de forma comple-
mentar à consulta médica e de maneira oportunística.Aabordagem proposta resume-se à checagem de um
limitado número de funções-chave que podem estar alteradas, mas que freqüentemente não são pesquisadas
quando uma história e um exame físico convencionais são utilizados na avaliação de pacientes idosos.
O instrumento de avaliação multidimensional (AMI) contém testes (Anexo B) cuidadosamente selecionados
destinados à avaliação de:
■■■■■ visão;
■■■■■ audição;
■■■■■ função dos membros superiores e inferiores;
■■■■■ função cognitiva;
■■■■■ humor;
■■■■■ risco domiciliar para quedas;
■■■■■ atividades de vida diária básicas e instrumentadas;
■■■■■ incontinência urinária;
■■■■■ perda de peso;
■■■■■ suporte social.
Na AMI são utilizadas questões breves e tarefas simples de fácil observação, com a finalidade de obter
a informação necessária para um apropriado rastreamento, minimizando o tempo gasto na sua aplica-
ção. A abordagem poderá ser incorporada à rotina do atendimento ambulatorial se certos procedimen-
tos, relativamente improdutivos, forem eliminados do exame clínico de rotina.116
O instrumento é barato,
breve e fácil para uso em ambulatório. Mostrou-se válido e de confiança quando comparado com avali-
ações geriátricas.117
Para saber mais
■■■■■ www.medicare.gov/Health/Overview.asp;
■■■■■ www.americangeriatrics.org/products/positionpapers/index.shtml#1;
■■■■■ www.ahrq.gov/ppip/50plus
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS
Atividade 1
Resposta: C
Comentário:Apesar dos idosos estarem incluídos em ações de discriminação positiva, principalmente aquelas
respaldadas pelo estatuto do idoso, elas não constituem os objetivos consensuais das estratégias de pro-
moção de saúde e de prevenção de doenças.
Atividade 2
Resposta: A
Comentário: Na região Sul do Brasil, a expectativa de vida após os 60 anos é de cerca de 16 anos para
homens e de 20 anos para as mulheres.
Atividade 5
Resposta: E
Comentário: Emagrecimento sugere que o paciente não está bem por problemas médicos, sociais ou emo-
cionais. Uma perda de peso maior do que 5% (± 2,3kg) em relação ao seu peso corporal basal em um mês
ou de mais de 10% (± 4,5kg) em seis meses é significativa e merece atenção.
Atividade 6
Resposta: A
Comentário: A polifarmácia é comum entre os idosos, e a maioria deles usa em média de três a cinco
fármacos diferentes. Enquanto múltiplas medicações podem ser indicadas para tratar condições médicas
complexas, a polifarmácia aumenta o risco de interação entre medicamentos e de efeitos adversos associ-
ados.
Atividade 11
Resposta: C
Comentário: Mesmo sendo tão freqüentes e representando uma das maiores ameaças à autonomia do
idoso, as quedas não recebem a atenção clínica que deveriam. Isso ocorre porque os pacientes raramente
mencionam o evento ao seu médico se este não causou lesão. Além disso, o profissional de saúde não tem
por hábito perguntar sobre a história pregressa de quedas, ou o profissional e o paciente erroneamente
acreditam que cair é um processo inevitável do envelhecimento.
Atividade 12
Resposta: F; V; F; V
Atividade 21
Resposta: C
Comentário: Dados do Woman’s Health Initiative não mostraram benefício cardiovascular, além de eviden-
ciar aumento de alguns outros riscos de saúde com a terapia de reposição prolongada, usado estrógeno e
progestágeno combinados. Mesmo assim, a reposição estrogênica de curta duração continua tendo impor-
tante papel no alívio dos sintomas próprios do climatério.
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Atividade 22
Resposta: D
Comentário: A maioria das pessoas com mais de 60 anos está, sim, em boas condições de saúde, mas,
ao envelhecer, perde progressivamente a capacidade de recuperar-se das doenças de forma rápida ou
completa e torna-se assim mais suscetível a incapacidades e à necessidade de ajuda para seu cuidado
pessoal.
Atividade 23
Resposta: F; V; F; V; F; V
Comentário: Suplementação de rotina com formulações de multivitaminas não parece adequado, já que
não há dados prospectivos randomizados que associem o seu uso à melhora de morbidade ou mortalidade.
Aconselhamento para parar de fumar para todos os pacientes que usam produtos derivados do tabaco de
forma regular tem recomendação de nível A, já que em qualquer idade o impacto de parar de fumar é
positivo. O constrangimento tanto do médico quanto do paciente é um dos principais motivos para o
subdiagnóstico de incontinência urinária em idosos; parece razoável, portanto, questionar a respeito desse
sintoma durante a consulta e, para evitar constrangimentos, deve-se fazê-lo por meio de uma pergunta
simples e objetiva.
Atividade 24
Resposta: A
Comentário: Os benefícios do rastreamento e do tratamento da dislipidemia em adultos de meia-idade e
idosos supera os riscos – grau A de recomendação. A idade para suspender o rastreamento ainda não foi
definida, mas a avaliação rotineira torna-se menos importante nos mais idosos, já que os níveis lipídicos
não costumam aumentar após os 65 anos de idade.
Atividade 25
Resposta: D
Comentário: Um ensaio clínico randomizado e grandes estudos observacionais demonstraram benefício
significativo com a vacinação. Como resultado desses achados, a maioria das autoridades recomenda
imunização anual contra influenza para todos os indivíduos acima de 65 anos.
Atividade 28
Resposta: Demência, depressão, luto patológico, intoxicação por benzodiazepínico.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
ANEXOS
Anexo A – Avaliação Multifuncional do Idoso (AMI).
AVALIAÇÃO MULTIFUNCIONAL DO IDOSO
VISÃO:
Perguntar: Você tem dificuldade para dirigir, ver TV, ler ou fazer qualquer outra atividade de vida diária devido
a problemas de visão?
Se Sim: Aplicar o Cartão de Jaeger. Olho Dir.: ________ Olho Es .: _________
AUDIÇÃO:
Aplicar:Teste Whisper
O paciente responde à pergunta?Ouvido D: ________ Ouvido E: _________
Se não: Verificar presença de cerume: Ouvido D: ________ Ouvido E: _________
FUNÇÃO DOS MS SS:
PROXIMAL: Ver se o paciente é capaz de: Tocar a nuca com ambas as mãos?_________
DISTAL: Ver se o paciente é capaz de: Apanhar um lápis sobre a mesa com cada uma das mãos e colocá-lo
de volta?__________________
FUNÇÃO DOS MS Is:
Ver se o paciente é capaz de executar:
Levantar da cadeira____________ Caminhar 3,5m ________Voltar e sentar____________
ESTADO MENTAL:
Solicitar ao paciente que repita o nome dos objetos: MESA-MAÇÃ-DINHEIRO
Após alguns minutos (até 3 min) faça-o repetir. |1|Sim. Repetiu os 3 nomes |2|Não*
* Se incapaz de repetir os três nomes, aplicar o Teste Cognitivo
HUMOR:
Perguntar: “Você freqüentemente se sente triste ou desanimado”?
*Se Sim, aplicar Teste para Depressão
DOMICÍLIO:
Perguntar: “Sofreu queda em casa nos últimos 12 meses”? ____. Quantas vezes? ___
Na sua casa tem: Escadas? (n°) ___ Tapetes soltos? ____Corrimão no banheiro? _____
ATIVIDADES DIÁRIAS:
Perguntar: “Sem auxílio, você é capaz de”:
Sair da cama? ______Vestir-se?_______ Preparar sua refeições? _____ Fazer compras?______
INCONTINÊNCIA:
Perguntar: “Você, às vezes, perde urina ou fica molhado”? ____________
*Se Sim, perguntar:
Quantas vezes _____ Isto provoca algum incômodo ou embaraço?_______
NUTRIÇÃO:
Perguntar: “Você perdeu mais que 4Kg no último ano”? ___________
Peso usual ______ Kg Altura _______ cm
SUPORTE SOCIAL:
Perguntar: “Alguém poderia ajudá-lo caso você fique doente ou incapacitado”?
Quem poderia ajudá-lo?
Quem seria capaz de tomar decisões de saúde por você caso não seja capaz de fazê-lo?
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Anexo B – Procedimentos para avaliação funcional do paciente idoso com rastreamento positivo.
Problema
Visão
Audição
Membros superiores
Membros inferiores
Estado mental
Humor
Risco domiciliar
Atividades diárias
Continência
Nutrição
Suporte social
Atividade sexual
Rastreamento Positivo
Incapacidade de ler além de
20/40 no Cartão de Jaeger
Não responde à pergunta
formulada no Teste do Sussurro
Incapacidade de realizar as tarefas
propostas
Incapacidade de levantar-se ou
mover-se
Incapacidade de repetir todos os
três nomes depois de um minuto
Resposta afirmativa
Resposta afirmativa
Resposta afirmativa
Resposta afirmativa
Resposta afirmativa ou peso abaixo
do aceitável
........................
Problemas na capacidade de
desfrutar do prazer nas relações
sexuais
Intervenção
Referir ao oftalmologista.
Verificar presença de cerúmen através de
otoscopia. Em caso positivo, promover a
remoção; em caso negativo, referir ao
otorrinolaringologista.
Exame completo dos Ms Ss (músculos,
articulações e nervos), atenção para dor,
fraqueza muscular e limitação de
movimentos. Considerar possibilidade de
fisioterapia.
Avaliação neurológica e musculoesquelética
completa. Atenção para dor, amplitude dos
movimentos, equilíbrio e avaliação da
marcha.
Considerar possibilidade de fisioterapia.
Aplicar instrumento de avaliação do estado
mental.
Aplicar teste de depressão.
Avaliar segurança domiciliar e instituir
adaptações necessárias.
Determinar as razões da inabilidade
(comparar limitação física com motivação),
corroborar a resposta com o que aparenta o
paciente, solicitar informações junto aos
familiares. Instituir intervenções médicas,
sociais e ambientais apropriadas.
Definir quantidade e freqüência. Pesquisar
causas reversíveis, incluindo irritação local,
estados poliúricos e medicações
Considerar referência ao urologista.
Fazer avaliação médica apropriada.
Identificar as pessoas no prontuário médico.
Familiarizar-se com os recursos disponíveis
na comunidade.
Fornecer informações essenciais sobre as
alterações da sexualidade. Identificar
problemas fisiológicos e/ou psicológicos
relacionados.
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OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO
AVALIAÇÃO PARA DEPRESSÃO
“Geriatric Depression Scale: 15-question form” (GDS-15)
Nome:___________________________________________________Pront._________
As respostas em destaque indicam depressão e valem um ponto.
Este questionário não deve ser mostrado ao paciente.
1 – Em geral, você está satisfeito com sua vida? sim/NÃO
2 – Você diminuiu seus interesses ou abandonou algumas de suas atividades? SIM/não
3 – Você sente que a sua vida está vazia? SIM/não
4 – Você se sente freqüentemente entediado (a)? SIM/não
5 – Você se sente de bom humor a maior parte do tempo ? sim/NÃO
6 – Você teme que algo de ruim vá acontecer com você? SIM/não
7 – Você se sente alegre a maior parte do tempo ? sim/NÃO
8 – Você freqüentemente se sente desamparado (a)? SIM/não
9 – Você prefere ficar em casa, mais do que sair e fazer coisas novas? SIM/não
10 – Você sente que tem mais problemas com a memória do que a maioria das pessoas? SIM/não
11 – Atualmente, você pensa que é maravilhoso estar vivo (a)? sim/NÃO
12 – Você sente como muito indigno o modo como você vive? SIM/não
13 – Você se sente cheio de energia? sim/NÃO
14 – Você sente que sua situação é sem esperança? SIM/não
15 – Você considera que a maioria das pessoas está melhor do que você? SIM/não
TOTAL DE PONTOS_______________
Escores maiores que 5 (CINCO) indicam provável quadro de depressão.*
Data de realização do teste _____/______/_____
Anexo C – Avaliação para depressão
* Contam pontos as respostas assinaladas em letra maiúscula.
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PROMEFSEMCAD
45
REFERÊNCIAS
1 Miller KE, Zylstra RG, Standridge JB. The geriatric patient: a systematic approach to maintaining health.
Am Fam Physician. 2000 Feb 15;61(4):1089-104. Erratum in:Am Fam Physician 2000 Oct 1;62(7):1519-
20.
2 Wong LL, Carvalho JA. O rápido processo de envelhecimento populacional do Brasil: sérios desafios
para as políticas públicas. Rev Bras Estud Popul. 2006;23(1):5-26.
3 Moreira MM. Envelhecimento da população brasileira: aspectos gerais. Trabalho apresentado no
Seminário “Envelhecimento da população brasileira: aspectos macro e microrrelevantes para políticas
sociais, regionais e nacionais”. Belo Horizonte: ABEP-CEDEPLAR, 6-7 de dezembro de 1999.
4 Sánchez AI, Bertolozzi MR. Pode o conceito de vulnerabilidade apoiar a construção do conceito de
saúde coletiva? Ciênc Saúde Coletiva. 2007;12(2):319-24.
5 Comprehensive functional assessment for elderly patients. Health and Public Policy Committee,American
College of Physicians. Ann Intern Med. 1988 Jul 1;109(1):70-2.
6 King Edward’s Hospital Fund for London. Promoting health among elderly people. A Statement form a
Working Group. London; 1988.
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8 Fries JF, Green LW, Levine S. Health promotion and the compression of morbidity. Lancet. 1989 Mar
4;1(8636):481-3.
9 Fries JF, Bloch DA, Harrington H, Richardson N, Beck R. Two-year results of a randomized controlled
trial of a health promotion program in a retiree population: the Bank of America Study. Am J Med. 1993
May;94(5):455-62.
10 Mangin D, Sweeney K, Heath I. Preventive health care in elderly people needs rethinking. BMJ. 2007
Aug 11;335(7614):285-7.
11 Walter LC, Covinsky KE. Cancer screening in elderly patients: a framework for individualized decision
making. JAMA. 2001 Jun 6;285(21):2750-6.
12 U. S. Preventive ServicesTask Force. Guide to Clinical Preventive Services: Report of the U S Preventive
Services Task Force. 2 ed. Philadelhpia: Lippincott Williams & Wilkins;1996.
13 Canadian Task Force on Preventive Health Care / (Health Canada); 2001.
14 American Cancer Society guidelines for the early detection of cancer; 2001.
15 Brasil. Tábua completa de mortalidade – Ambos os sexos – 2002. IBGE, Diretoria de Pesquisa (DEP),
Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS).
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  • 1. SISTEMA DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA A DISTÂNCIA PROMEF PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE ORGANIZADO PELA SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE Diretores acadêmicos Eno Dias de Castro Filho Maria Inez Padula Anderson Artmed/Panamericana Editora Ltda. PROMEF | PORTO ALEGRE | CICLO 3 | MÓDULO 2 | 2008
  • 2. Os autores têm realizado todos os esforços para localizar e indicar os detentores dos direitos de autor das fontes do material utilizado. No entanto, se alguma omissão ocorreu, terão a maior satisfação de, na primeira oportunidade, reparar as falhas ocorridas. A medicina é uma ciência em permanente atualização científica. À medida que as novas pesquisas e a experiência clínica ampliam nosso conhecimento, modificações são necessárias nas modalidades terapêuticas e nos tratamentos farmacológicos. Os autores desta obra verifica- ram toda a informação com fontes confiáveis para assegurar-se de que esta é completa e de acordo com os padrões aceitos no momento da publica- ção. No entanto, em vista da possibilidade de um Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade Boulevard 28 de Setembro, 44 - Sl. 605 20551-031 - Vila Isabel - Rio de Janeiro, RJ Tel/Fax: (21) 2264-5117 sbmfc@sbmfc.org.br www.sbmfc.org.br SISTEMA DE EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA A DISTÂNCIA (SEMCAD® ) PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO EM MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE Artmed/Panamericana Editora Ltda. Avenida Jerônimo de Ornelas, 670. Bairro Santana 90040-340 – Porto Alegre, RS – Brasil Fone (51) 3025-2550 – Fax (51) 3025-2555 E-mail: info@semcad.com.br consultas@semcad.com.br http://www.semcad.com.br erro humano ou de mudanças nas ciências médicas, nem os autores, nem a editora ou qualquer outra pessoa envolvida na preparação da publicação deste trabalho garantem que a totalidade da informação aqui contida seja exata ou completa e não se responsabilizam por erros ou omissões ou por resultados obtidos do uso da informação. Aconselha-se aos leitores confirmá-la com outras fontes. Por exemplo, e em particular, recomenda-se aos leitores revisar o prospecto de cada fármaco que planejam administrar para certificar-se de que a informação contida neste livro seja correta e não tenha produzido mudan- ças nas doses sugeridas ou nas contra-indica- ções da sua administração. Esta recomendação tem especial importância em relação a fármacos novos ou de pouco uso. Estimado leitor É proibida a duplicação ou reprodução deste Programa de Atualização e Medicina de Família e Comunidade, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na web e outros), sem permissão expressa da Editora. Os inscritos aprovados na avaliação de Ciclo do Programa de Atualização em Medicina de Família e Comunida- de receberão Certificado de 80h/aula, outorgado pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunida- de e pelo Sistema de Educação Médica Continuada a Distância (SEMCAD) da Artmed/Panamericana Editora, e créditos a serem contabilizados, pela Comissão Nacional deAcreditação (CNA), para obtenção da recertificação (Certificado de Avaliação Profissional).
  • 3. PROMEFSEMCAD 9 O IDOSO: AUTONOMIA, DEPENDÊNCIA E RISCO Sergio Antonio Sirena – Médico de Família e Comunidade. Doutor em Clínica Médica, concentração em Geriatria José Nicoletti Filho – Médico de Família e Comunidade. Pós-Graduando do Curso de Especialização em Geriatria e Gerontologia do Hospital Moinhos de Vento – Porto Alegre/RS SERGIO ANTONIO SIRENA JOSÉ NICOLETTI FILHO ...agregar vida aos anos, agregar saúde à vida, agregar saúde aos anos... Princípios de Saúde para Todos – OMS (1985) INTRODUÇÃO O envelhecimento populacional é evidente na quase totalidade das nações. O rápido aumento da popula- ção de idosos provoca grandes desafios à capacidade e à vontade política dos setores sociais e da saúde para que proporcionem sistemas coordenados de atenção, já que o prolongamento da expectativa de vida ativa para os adultos somente é possível se os setores públicos desenvolverem ações integradas que preparem a sociedade para essa nova realidade. Os aspectos econômicos, sociais e da saúde do envelhecimento populacional estão intrinsecamente liga- dos ao processo de desenvolvimento das nações. Com a mudança da proporção de idosos nos países em desenvolvimento, espera-se um maior comprometimento dos escassos recursos públicos destinados à atenção à saúde da população. Nesse contexto, o envelhecimento populacional brasileiro coloca-se como mais um desafio às crescentes demandas sociais do país. A população mundial acima de 65 anos deve dobrar nas próximas três décadas, aumentando de 34 milhões em 1999 para 69 milhões no ano de 2030.1 Dentro dessa perspectiva mundial, o processo de envelheci- mento no Brasil assume particular interesse pelo volume de população envolvida, pela intensidade com que ocorre e por acontecer em um contexto de elevados níveis de pobreza. Esse período de transição define-se como o de maior desafio para a garantia dos atuais e futuros níveis de bem-estar da população brasileira, mediante a criação de empregos e a absorção produtiva dos amplos contingentes de população em idade economicamente ativa. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:019
  • 4. 10 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO No Brasil, no final dos anos 1960, uma rápida e sustentada redução na fecundidade resultou em profunda modificação na distribuição etária. A região Nordeste, que apresenta condições socioeconômicas menos favorecidas, teve uma redução de 50% na taxa de fecundidade total (de 6,1 filhos por mulher, em 1980, para 3,0 em 1995). Uma redução similar também foi verificada na região Norte. Por outro lado, o processo de envelhecimento também é acelerado pela perspectiva de declínio da mortalidade, especialmente con- centrado nas idades mais avançadas. Na estrutura do processo da transição da estrutura etária brasileira, registra-se a redução da presença de crianças com menos 5 anos, de 15 para 11%, entre 1970 e 1990. O grupo etário dos 5 aos 9 anos reduziu- se de 14 para 12%. Assim, o formato acentuadamente piramidal dos gráficos da estrutura etária começou a se desfazer, com clara tendência à forma retangular. Os grupos mais velhos expandiram sua participação, aumentando de 5,1% em 1970 para 8,6% em 2000 (Figura 1).2 Figura 1 -Distribuição da população por grupos etários (Brasil 1950-2050). Fonte:Dados brutos, Nações Unidas (2003). Importantes características do envelhecimento brasileiro referem-se: ■ às diferenças regionais; ■ à feminização do envelhecimento; ■ ao envelhecimento do grupo etário idoso; ■ à urbanização; ■ à ocorrência do envelhecimento em uma situação na qual são amplas as frações de população pobre – as transformações nos arranjos sociais não são benéficas para as populações menos aquinhoadas. As peculiares condições do processo de envelhecimento brasileiro requerem uma especial atenção na formulação de políticas sociais destinadas a garantir as condições mínimas de bem-estar ao crescente grupo de idosos no Brasil.3 110,0 75,0 50,0 25,0 0,0 Emporcentagem 1950 1975 2000 2025 2050 55,5 55,8 65,5 68,4 62,9 0 - 14 anos 15 - 64 anos 65 anos e mais PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0110
  • 5. PROMEFSEMCAD 11 OBJETIVOS Ao final da leitura deste capítulo, espera-se que o leitor seja capaz de: ■ compreender a importância do envelhecimento populacional como fator de mudança nas políticas soci- ais e de saúde em nosso país; ■ conhecer e identificar as principais vulnerabilidades nesse grupo populacional e protagonizar ações de promoção da saúde e prevenção de agravos no cenário da atenção primária à saúde (APS); ■ avaliar o grau de autonomia e dependência de pacientes idosos, estimulando a promoção da saúde como forma de prolongar seu período de independência funcional. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0111
  • 6. 12 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO ESQUEMA CONCEITUAL Conceitos Promoção e manutenção da saúde do idoso Hábitos de vida saudáveis e aconselhamento Caso clínico Conclusão Nutrição Tabagismo Exercícios físicos Status funcional Uso de medicações Incontinência urinária Sexualidade Exame físico Pressão arterial Visão e audição Cognição/status mental Exame da cavidade oral e dentição Rastreamento de câncer (neoplasias) Testes diagnósticos Screening de lipídeos Screening de diabete Doenças da tireóide Osteoporose Aneurisma de aorta abdominal Bacteriúria assintomática Intervenções terapêuticas Imunização contra influenza Imunização contra pneumococo Imunização antitetânica Imunização para herpes-zoster Aspirina para prevenção primária Terapia hormonal O idoso saudável e a comunidade Prevenção de acidentes Queimaduras Instabilidade postural (risco de quedas) Condução de veículos (risco de acidentes de trânsito) PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0112
  • 7. PROMEFSEMCAD 13 CONCEITOS Para uma melhor compreensão do idoso, é importante destacar alguns conceitos. Autonomia é o exercício da autodeterminação. Indivíduo autônomo é aquele que mantém o poder decisório e o controle sobre sua vida, ou seja, autonomia é a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com as próprias regras e preferências. Independência é entendida como a habilidade de executar funções relacionadas à vida diária, isto é, a capacidade de viver independentemente na comunidade com alguma ou nenhuma ajuda de outros. Dependência é a condição que requer o auxílio de pessoas para a realização de atividades do dia-a-dia. Pode apresentar-se em diferentes graus, de acordo com a necessidade do auxílio. Risco é uma abstração que representa a probabilidade de ocorrência de um determinado desfecho. Quando se fala em saúde, considera-se a probabilidade de ocorrência de um evento desfavorável à dimensão física, psíquica,moral,intelectual,social,culturalouespiritualdoserhumano,maisbemdefinidocomovulnerabilidade. É um conjunto de aspectos que vão além do individual, abrangendo aspectos coletivos, contextuais, que levam à suscetibilidade a doenças ou agravos. Esse conceito também leva em conta aspectos que dizem respeito à disponibilidade ou à carência de recursos destinados à proteção das pessoas.4 PROMOÇÃO E MANUTENÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO As ações de promoção e manutenção da saúde consistem na aplicação de serviços de rastreamento e modalidades terapêuticas com o objetivo de preservar a saúde e a autonomia funcional do idoso. Infe- lizmente, a maioria dos estudos de rastreamento deixou de fora a população geriátrica e, por isso, há certa escassez de dados baseados em evidências para firmar recomendações. Em função disso, o médico de família e comunidade (MFC) deve fazer um balanço entre os riscos e os benefícios na investigação de anormalidades em um teste de rastreamento, bem como ter em mente que nesse grupo populacional algu- mas dessas alterações se explicam pela própria fisiologia heterogênea do envelhecimento.5 Ainda não é conhecida inteiramente a relação entre manejo proativo dos pacientes idosos, qualidade de vida e longevidade. É necessário que se produzam mais evidências sobre o quanto a intervenção pode influenciar positivamente nos desfechos. Apesar do grau de incerteza, há consenso quanto aos obje- tivos da promoção da saúde e da prevenção de doenças nos pacientes idosos. São eles: ■■■■■ redução da mortalidade prematura causada por doenças agudas ou crônicas; ■■■■■ manutenção da independência funcional; ■■■■■ extensão da expectativa de vida ativa; ■■■■■ melhora na qualidade de vida. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0113
  • 8. 14 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO Um grupo de estudos6 definiu alguns princípios para promoção e proteção da saúde dos idosos com a intenção de proporcionar diretrizes para a ação dos profissionais de saúde: ■■■■■ a velhice não é uma enfermidade, e sim uma etapa evolutiva da vida; ■■■■■ a maioria das pessoas com mais de 60 anos está em boas condições de saúde, mas, ao envelhecer, perde ou tem comprometida a capacidade de recuperar-se das doenças de forma rápida ou completa e torna-se suscetível a incapacidades e à necessidade de ajuda para seu cuidado pessoal; ■■■■■ é possível melhorar a capacidade funcional mediante reabilitação e estímulo ou evitando novos agra- vos à saúde; ■■■■■ do ponto de vista social e psicológico, os idosos são mais heterogêneos do que os jovens; ■■■■■ a promoção da saúde na velhice deveria dirigir-se para a preservação da saúde mental e física, para o amparo social e, na mesma medida, para a prevenção de doenças e incapacidades; ■■■■■ muitas medidas que afetam a saúde dos idosos transcendem o setor de saúde, sendo necessárias ações intersetoriais. Os objetivos clássicos de prevenção estão centrados na redução da morbidade e da mortalidade. No cuidado do idoso, indubitavelmente, têm maior importância as ações direcionadas para a redução das incapacidades e da dependência, para a prevenção da ruptura familiar e para a manutenção do idoso no seu lar enquanto isso for possível. Assim, o propósito da manutenção da saúde não é apenas retardar ou prevenir doenças e suas advindas morbidades, mas otimizar a qualidade de vida, a satisfação com a vida e manter a independência e a produtividade.7,8 Os idosos, como grupo, respondem positivamente às medidas de prevenção e são capazes de mudar seus hábitos de vida mesmo depois dos 75 anos.9 Vale lembrar que a expectativa de vida tem aumentado consideravelmente também nas pessoas acima de 60 anos. Assim, considerando que, na região Sul do Brasil, a expectativa de vida após os 60 anos é de cerca de 16 anos para homens e de 20 anos para as mulheres, os idosos dispõem de uma quanti- dade considerável de tempo para realizar as mudanças de hábitos de vida e ainda usufruir dos benefícios. Algumas medidas aplicadas ao idoso para prevenir uma condição específica podem não aumentar a longevidade ou melhorar a qualidade de vida, e por isso não apresentam os mesmos benefícios de quando aplicadas em populações mais jovens.10 Esses desfechos têm sido difíceis de mensurar. Artigos recentes na literatura enfatizam a importância de um “contexto para se tomar decisões individualizadas” atendendo recomendações baseadas em populações específicas,11 como as da United States Preventive ServicesTask Force (USPSTF),12 da CanadianTask Force13 e daAmerican Cancer Society (ACS),14 considerando o contexto específico de saúde do indivíduo que busca o cuidado, bem como suas crenças e valores. Informações sobre expectativa de vida associada à idade também podem ser úteis (Figura 2).15 LEMBRAR PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0114
  • 9. PROMEFSEMCAD 15 20,5 17,1 14,1 11,4 9,2 IDADE 60 65 70 75 80 Figura 2 - Expectativa de vida dos anos a viver, quando se atinge uma determinada idade. Assim, um idoso/ idosa, no Brasil, que hoje consegue chegar aos 70 anos, teria, em média, mais 14 anos de vida. Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2002).15 A maioria das recomendações da USPSTF para pacientes acima dos 65 anos se sobrepõe àquelas para a população adulta em geral. Categorias que ganham particular ênfase são as de sensopercepção (visão e audição) e prevenção de acidentes (queimaduras e quedas). O médico de atenção primária pode fazer um rastreamento de saúde efetivo utilizando ferramentas de avaliação relativamente simples,16 como o Instru- mento de Avaliação Multidimensional do Idoso17 – AMI (Anexo A). Cabe salientar que, sendo a Unidade Básica de Saúde (UBS), na maioria das vezes, o primeiro contato e o local de acompanhamento longitudinal dos pacientes idosos com e no sistema de saúde, compete ao MFC, aplicando os princípios de integralidade, longitudinalidade e coordenação dos cuidados, fazer as recomen- dações e os aconselhamentos apropriados. 1. Pode-se citar como consenso quanto aos objetivos da promoção da saúde e de pre- venção de doenças nos pacientes idosos, EXCETO: A) melhora na qualidade de vida. B) manutenção da independência funcional. C) privilégio dos idosos nesta etapa do seu ciclo vital. D) redução da mortalidade prematura causada por doenças agudas ou crônicas. 2. Qual a expectativa de vida atual para homens e mulheres brasileiros? A) 76 anos para homens e 80 para mulheres, na região Sul do país. B) 76 anos para mulheres e 80 para homens em todo o país. C) Entre 65 e 70 anos para homens e mulheres em todo o país. D) Nenhuma das alternativas está correta. Respostas no final do capítulo PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0115
  • 10. 16 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO 3. Quais as características socioeconômicas do envelhecimento no Brasil? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 4. As ações de promoção de saúde na velhice devem se voltar para quais aspectos? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. HÁBITOS DE VIDA SAUDÁVEIS E ACONSELHAMENTO Aseguir, serão discutidos aspectos relativos a hábitos de vida nos idosos, como nutrição, exercícios físicos, tabagismo, uso de medicações e o status funcional para a realização das atividades da vida diária. NUTRIÇÃO Amaioria das autoridades, incluindo aAmericanAcademy of Family Physicians (AAFP), recomenda avaliação nutricional dos pacientes e aconselhamento dietético para aqueles com alto risco, incluindo adultos com dislipidemia, com outros fatores de risco cardiovascular e com doenças crônicas relacionadas à dieta.18 Em relação ao estado nutricional, estima-se que cerca de 15% dos idosos em geral são subnutridos19 e que a metade da população idosa institucionalizada é afetada por disfagia secundária a acidente vascular cere- bral (AVC), doença de Parkinson, efeitos colaterais de medicação, xerostomia ou demência, e que a des- nutrição está claramente relacionada ao aumento da morbidade, à permanência hospitalar prolongada, à readmissão mais freqüente, à susceptibilidade a úlceras de pressão e ao aumento da mortalidade.20 Apesar disso, não há exames laboratoriais bem validados para determinar essa condição. Combinar dados antropométricos seriados obtidos nas consultas e perguntar diretamente sobre mudanças no apetite são métodos úteis para avaliar o status nutricional do idoso. Peso corporal é um sinal vital em geriatria. Emagrecimento sugere que o paciente não está bem por problemas médicos, sociais ou emocionais. Uma perda de peso maior do que 5% (± 2,3kg) em relação ao seu peso corporal basal em um mês ou de mais de 10% (± 4,5kg) em seis meses é significativa e merece atenção.21 Cabe aqui lembrar que, em nosso país, problemas como ausência de dentes para uma mastigação adequa- da, bem como o uso de próteses mal adaptadas, são fatores que interferem em uma alimentação adequa- da; conseqüentemente, estão relacionados ao status nutricional dos pacientes idosos. A ingesta adequada de cálcio para mulheres também deve ser abordada. Uma revisão sistemática encontrou indefinição quanto à eficácia de regimes que incluem vitamina D ou seus análogos na prevenção de fraturas.22 PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0116
  • 11. PROMEFSEMCAD 17 LEMBRAR Alguns estudos mostraram redução clinicamente relevante nos índices de fratura não-vertebral usando cálcio e suplementação de vitamina D,23 ou somente pulsos de altas doses de vitamina D,24 enquanto o grande estudo Woman’s Health Initiative mostrou que cálcio e vitamina D foram inefetivos em reduzir fratu- ras em um seguimento de sete anos.25 Deficiência de vitamina D é comum em idosos, e sua ingestão diária nessa faixa etária deveria ser de no mínimo 800UI associada a, pelo menos, 1,2g de cálcio elementar na dieta ou como suplemento. Suplementação de rotina com formulações de multivitaminas não parece adequada para idosos, já que não há dados prospectivos randomizados que associem o seu uso à melhora de morbidade ou mortalidade. TABAGISMO Fortes evidências demonstraram que a cessação do tabagismo tanto na população em geral quanto em idosos reduziu significativamente o risco para doença cardiovascular (DCV), diversos cânceres e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).26 Aconselhamento para parar de fumar para todos os pacientes que usam produtos derivados do tabaco de forma regular tem recomendação de nívelA, já que em qualquer idade o impac- to de parar de fumar é positivo. A terapia de reposição de nicotina, apesar de não ter sido estudada especificamente em idosos, se mostrou efetiva como adjuvante para pacientes selecionados (recomendação de nível A).27 EXERCÍCIOS FÍSICOS Exercícios são benéficos em qualquer idade, podendo reduzir todas as causas de morbidade e aumentar a qualidade de vida.28 Exercícios regulares melhoram o condicionamento em pacientes idosos29,30 e podem ser particularmente benéficos para aqueles que apresentam problemas clínicos associados, tais como: ■■■■■ insuficiência cardíaca; ■■■■■ doença arterial coronariana; ■■■■■ osteoartrite; ■■■■■ osteoporose; ■■■■■ diabete; ■■■■■ quedas recorrentes. Mesmo sendo controversa a necessidade de avaliação cardiológica dos pacientes assintomáticos antes de iniciarem um programa de exercícios físicos, parece prudente fornecer instruções cuidadosas sobre o au- mento gradual da atividade escolhida. Indivíduos de maior risco, como aqueles que não são capazes de subir um lance de escadas sem apresentar dispnéia, devem ser orientados a iniciar seu programa de exercícios sob supervisão de um profissional da área. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0117
  • 12. 18 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO LEMBRAR As duas grandes categorias de exercícios são exercício aeróbico dinâmico (natação, caminhada, corrida, ciclismo, etc.) e exercício de força muscular (musculação). Outros componentes do exercício são o equi- líbrio e a flexibilidade. Qualquer uma das modalidades adotadas deve respeitar os princípios da repetição (freqüência) e da progressão lenta em ritmo/intensidade, distância e resistência. Como aconselhamento sobre a intensidade adequada do exercício a ser realizado, pode-se dizer que não se deve exceder o limite de poder manter uma conversa enquanto se exercita. A caminhada é a forma de exercício dinâmico mais acessível. Um alvo razoável para a freqüência cardíaca durante o exercício em idosos é de 20 batimentos por minuto acima da freqüência de repouso.31 Uma recomendação um pouco mais agressiva fica entre 70 e 80% da freqüência cardíaca máxima. A duração do exercício deve somar 30 minutos por dia, podendo ser em uma única etapa ou dividida em etapas de 10 ou 15 minutos. A freqüência recomendada é de pelo menos quatro a cinco vezes por semana. Idosos menos condicionados fisicamente podem ter que começar com caminhadas de cinco minutos quatro vezes por semana. Estudos vêm demonstrando significativo ganho de força com um programa de musculação de alta intensi- dade mesmo entre pacientes institucionalizados muito idosos.32-36 Esse programa geralmente consiste em treinos de resistência muscular progressivos, utilizando inicialmente carga de 70 a 90% do peso máximo que pode ser levantado uma vez por cada grupo muscular. Devem-se fazer duas a três séries de dez repetições três vezes por semana durante oito a dez semanas, aumentando a carga conforme tolerado para manter a intensidade do estímulo. AAmerican Geriatrics Society sugere um programa adicional na prescrição de exercícios para idosos com osteoartrite, enfatizando treino de flexibilidade com alongamento estático três a cinco vezes por semana, de força com exercícios isométricos e isotônicos duas a três vezes por semana, e de resistência com o mínimo de 20 a 30 minutos de atividade aeróbica de três a cinco vezes por semana.36 Treinos de equilíbrio estático como a prática do tai chi chuan podem ser úteis na redução de quedas entre idosos, mesmo que as evidências não sejam definitivas.38-40 A prescrição de exercícios deve ser adequada às necessidades individuais, às metas pessoais e às condi- ções de saúde subjacentes. Propor um programa individualizado parece funcionar melhor do que orienta- ções gerais para exercitar-se mais. Outros profissionais especializados, como fisiatra, educador físico e fisioterapeuta, são importantes para manter uma rotina segura e personalizada para o paciente no âmbito individual. Atividade física em grupos de caminhada, ginástica ou alongamento nas comunidades, além de proporcionar mudanças no estilo de vida, que muitas vezes é inativo e sedentário, acres- centa ainda o benefício do convívio social e deve sempre ser estimulada. O convívio social proporcionado pelo grupo de convivência é eficaz para amenizar a questão do isolamento social que comumente ocorre entre os idosos.41 PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0118
  • 13. PROMEFSEMCAD 19 STATUS FUNCIONAL Comprometimento nas atividades de vida diária (AVDs) resulta em um aumento no risco de quedas, fratura de costela, depressão e institucionalização e pode inclusive predizer um aumento na incidência de demên- cia no idoso afetado. Obter uma história do status funcional, com particular atenção às AVDs (tomar banho, vestir-se e preparar uma refeição), permite ao MFC detectar e focar-se em áreas potencialmente problemá- ticas. Identificando os indivíduos com dificuldades de autocuidado (com atenção tanto aos aspectos de motivação quanto às limitações físicas), deve-se promover intervenções apropriadas no âmbito de atendi- mento médico, no ambiente doméstico e no convívio social. USO DE MEDICAÇÕES A polifarmácia é comum entre os idosos, e a maioria deles usa em média de três a cinco fármacos diferen- tes.42 Enquanto múltiplas medicações podem ser indicadas para tratar condições médicas complexas, a polifarmácia aumenta o risco de interação entre medicamentos e dos efeitos adversos associados. Farmacocinética e farmacodinâmica alteradas fisiologicamente no idoso contribuem para tais eventos ad- versos como causa comum de hospitalização e morbidade.43 É prudente revisar as medicações em uso, incluindo aquelas tomadas por conta própria e os produtos ditos “fitoterápicos” nas consultas de avaliação de saúde de pacientes idosos, regis- trando doses e posologia na evolução. É importante lembrar que as alterações fisiológicas do envelhecimento promovem mudanças também na farmacodinâmica e farmacocinética de pacientes idosos. Dessa forma, recomenda-se que a prescrição de medicamentos para essa população deva respeitar a premissa de iniciar com doses baixas e aumentar gradativa e lentamente, observando atentamente os paraefeitos. Estão listadas, a seguir, recomendações práticas para reduzir os erros de prescrição para os pacien- tes idosos:44,45 ■■■■■ Deve-se manter uma lista precisa de todas as medicações de uso corrente. Esta lista deverá conter o nome do medicamento (genérico e comercial), a dosagem, a freqüência, a via de administração e a indicação. ■■■■■ É importante fazer uma revisão periódica da “sacola de medicamentos”. Deve-se instruir os pacientes para trazerem o recipiente onde guardam a medicação (comprimidos e embalagens) em cada consulta; as embalagens devem ser conferidas com a lista de medicações. ■■■■■ Os pacientes devem estar alertas às potenciais confusões com a medicação, pois os nomes podem ser semelhantes, a aparência dos comprimidos ou cápsulas podem ser idênticas, e alguns medicamentos têm substâncias combinadas. ■■■■■ Os pacientes devem ser informados sobre os nomes genéricos e comerciais, a pronúncia correta, bem como a razão de estar usando tal medicação. ■■■■■ Organizadores de medicação corretamente abastecidos pelo próprio paciente, por um membro da fa- mília ou cuidador podem facilitar a adesão correta da prescrição. ■■■■■ A inserção de farmacêuticos nas equipes de saúde pode ser um recurso importante e pode desempe- nhar um papel chave na redução de erros de medicação na população idosa. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0119
  • 14. 20 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO 5. Levando em conta o fato de que o peso corporal é um sinal vital naqueles pacientes acima de 60 anos, pode-se dizer que o emagrecimento é significativo e merece aten- ção quando há perda de peso: A) de 3% em 1 mês ou 7% em 6 meses. B) maior do que 5% em 6 meses. C) de 10% em 2 meses. D) maior do que 5% em 1 mês ou 10% em 6 meses. 6. Marque a afirmativa correta em relação a erros de prescrição e uso de medicamen- tos. A) A inserção de farmacêuticos nas equipes de saúde pode ser um recurso importan- te na redução de erros de medicação na população idosa. B) Não é bom prescrever medicamentos com o nome genérico, pois isso causa mais confusão. C) Trazer a “sacola de medicamentos” que o paciente usa não ajuda a diminuir os erros de uso da medicação e prolonga o tempo de consulta desnecessariamente. D) Erros no uso da medicação não são freqüentes na população idosa. Respostas no final do capítulo 7. Qual o propósito da avaliação nutricional de pacientes idosos? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 8. A cessação do tabagismo tem efeito protetor para quais doenças? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 9. Em que medida os exercícios físicos são recomendados ao paciente idoso? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 10. Quais as recomendações a serem seguidas pelo paciente idoso na prática de exercícios? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0120
  • 15. PROMEFSEMCAD 21 PREVENÇÃO DE ACIDENTES Queimaduras, quedas e acidentes de trânsito são acidentes comuns em que idosos se envolvem. QUEIMADURAS Queimaduras ocorrem com mais freqüência em pessoas acima dos 60 anos do que em indivíduos mais jovens e estão associadas com maior morbidade e mortalidade nessa faixa etária.46 Pacientes que sofrem queimaduras devem ser submetidos à avaliação cognitiva, pois podem estar apresentando deficit de memória que resulta em comportamentos não-seguros. INSTABILIDADE POSTURAL (RISCO DE QUEDAS) Aproximadamente 30% dos idosos não-institucionalizados caem a cada ano,47 e a incidência anual de quedas atinge 50% em pacientes acima dos 80 anos.48 O risco de quedas que resulta em graves conse- qüências, inclusive a morte, acompanha várias síndromes geriátricas. Sua etiologia é normalmente multifatorial e difícil de definir claramente. Fatores que contribuem para tais índices incluem: ■■■■■ mudanças posturais relacionadas à idade; ■■■■■ deficit visual; ■■■■■ uso de algumas medicações (particularmente anticolinérgicos, sedativos e diuréticos); ■■■■■ doenças afetando força muscular e coordenação. Mesmo sendo tão freqüentes e representando uma das maiores ameaças à autonomia do idoso, as que- das não recebem a atenção clínica que deveriam. Isso ocorre porque os pacientes raramente mencio- nam o evento ao seu médico se não houve lesão por ocasião da queda; o profissional de saúde não tem por hábito perguntar sobre a história pregressa de quedas ou o profissional e o paciente erroneamente acreditam que cair é um processo inevitável do envelhecimento. Mesmo quando resultam em algum agravo que mereça tratamento, raramente as causas das quedas são investigadas. A importância de prevenir quedas é enfatizada pelo estudo que evidenciou que 80% das mulheres idosas prefeririam morrer a ter uma fratura de colo de fêmur que resultasse em internação em instituição geriátrica.49 Entre os idosos que vivem na comunidade e sofreram uma fratura de quadril, 25 a 75% não recuperam seu estado funcional pré-fratura.50 Os fatores de risco para quedas são os seguintes: ■■■■■ história pregressa de queda; ■■■■■ fraqueza muscular em membros inferiores; ■■■■■ idade (> 80 anos); ■■■■■ gênero feminino; ■■■■■ deficit cognitivo; ■■■■■ problemas de equilíbrio; ■■■■■ uso de psicotrópicos; ■■■■■ osteoartrose; PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0121
  • 16. 22 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO ■■■■■ história de AVC; ■■■■■ hipotensão ortostática; ■■■■■ tonturas; ■■■■■ anemia. Sabendo que idosos com risco para quedas recorrentes são passíveis de intervenções efetivas,51 recomenda- se ao menos uma avaliação anual de quedas nestes pacientes. Deve-se avaliar o número de quedas ocorrido, os eventos que ocasionaram a queda e as circunstâncias do ambiente no momento da sua ocorrência. Os fatores com potencial de produzir quedas devem ser investigados. Isso inclui uma avali- ação da prescrição e o estudo da possibilidade de medicações alternativas de menor risco, exame da visão, marcha, equilíbrio, força e flexibilidade dos membros inferiores e revisão de outros problemas de saúde que podem influenciar. Programas de exercícios de força e equi- líbrio, como o tai chi chuan, podem reduzir o risco de cair em 10 a 17%.52 As condições do ambiente residencial também podem aumentar o risco de quedas. Alguns ensaios clínicos que incluíram idosos não-institucionalizados e sem problemas de cognição mostraram uma redu- ção de quedas e traumatismos quando riscos específicos foram alvo de intervenção.53,54 Para identificar riscos potenciais, deve-se perguntar ao paciente sobre dificuldade com escadas, presença de tapetes sol- tos e adequação da luminosidade interna e externa da casa. É importante inquirir sobre a presença de equipamentos de segurança, como corrimão no banheiro. Se a investigação dos riscos de acidentes evidenciar alguma área com problemas, deve ser feito um inven- tário completo sobre a segurança do domicílio do idoso, visando planejar as modificações ou adaptações necessárias. Mais informações sobre o conceito de “casa segura” estão disponíveis em www.casasegura.arq.br. No exame físico uma manobra chamada teste get up and go, em que o paciente é instruído a levantar-se da posição sentada, caminhar dez passos, virar-se e retornar à cadeira para sentar novamente, mostrou-se válido para avaliar a função dos membros inferiores e o equilíbrio durante a marcha. Se o paciente levar mais de 16 segundos para completar a manobra, apresentar instabilidade postural ou deficit na marcha, isso sugere aumento no risco de quedas.55 A avaliação da mobilidade pode também predizer incapacidade futura. Uma pontuação composta da performance baseada no tempo para caminhar 2,4 metros, levantar-se de uma cadeira cinco vezes e reali- zar testes de equilíbrio foi capaz de predizer incapacidade em uma coorte de idosos não-dependentes com 71 anos de idade ou mais. Em um seguimento de quatro anos houve um risco quatro a cinco vezes maior de incapacidade comparando os grupos com maior e menor pontuação.56 Outra maneira para avaliar mobilidade é o tempo necessário para caminhar por um corredor de 400 metros. Em um estudo de seguimento com 2.300 pacientes entre 70 e 79 anos os tempos para percorrer tal distân- cia foram relacionados com mortalidade, DCV incidente e limitações de mobilidade.57 A mortalidade foi três vezes maior para aqueles no quartil inferior (tempo > 6 minutos) comparada com aqueles no quartil superior (tempo < 5 minutos) – HR 3,23, IC 2,11-4,94. LEMBRAR PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0122
  • 17. PROMEFSEMCAD 23 CONDUÇÃO DE VEÍCULOS (RISCO DE ACIDENTES DE TRÂNSITO) Motoristas com mais de 70 anos sofrem mais acidentes com veículos motorizados e acidentes fatais para motoristas e pedestres por quilômetro rodado do que adultos de meia-idade. Isso parece resultar de fatores como declínio da acuidade visual e auditiva e nas habilidades psicomotoras.58,59 Demência é outro po- tencial fator contribuinte para acidentes, e os médicos devem recomendar a pacientes que sofrem dessa condição a não guiarem. A American Academy of Neurology desenvolveu guidelines de direção para pacientes portadores de de- mência de Alzheimer baseados na classificação clínica da doença.60 Cintos de segurança têm demonstrado diminuição de morbidade e mortalidade em acidentes com veículos motorizados, e intervenções de aconselhamento podem aumentar o seu uso.61 INCONTINÊNCIA URINÁRIA Estima-se que a incontinência urinária afete de 11 a 34% dos homens idosos e 17 a 55% das mulheres idosas.62 Diabete aproximadamente dobra o risco de incontinência severa em mulheres.63 Problemas de incontinência são freqüentemente tratáveis.64 Têm repercussões sociais e emocionais importantes, mas, mesmo assim, muito raramente são motivo de queixa espontânea por parte dos pacientes.65 Devido à importância da incontinência urinária para o paciente, parece razoável questionar a respeito des- sa doença durante a consulta; para evitar constrangimentos, deve-se fazê-lo por meio de uma pergunta simples e objetiva: “Você já perdeu urina ou sentiu-se molhado?”. Em 83% há concordância entre a respos- ta do paciente e uma avaliação urológica.66 A freqüência e a importância do evento deverão ser relacionadas à repercussão emocional e social. Cau- sas comuns reversíveis devem ser investigadas, tais como delírio, restrição da mobilidade, retenção urinária, infecção e efeitos de medicação. SEXUALIDADE Mais da metade dos casais idosos é sexualmente ativa.67 Problemas afetando a função sexual nessa faixa etária podem incluir condições de saúde, efeitos colaterais de medicações em uso e medo de precipitar um infarto. Em um estudo os pacientes indicaram desejo de discutir a sexualidade com seus médicos.68 Terapia de reposição hormonal pode ser indicada quando níveis baixos de testosterona ou estrógeno estiverem contribuindo para o problema, levando sempre em conta os riscos individuais. Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, os casos de AIDS entre pessoas com mais de 60 anos mais do que dobraram entre os anos de 1997 e 2005. Entre as mulheres mais velhas o quadro é ainda pior. Atribui-se tal crescimento a uma série de razões. Estão incluídos desde os fatores culturais até o envelhe- cimento populacional e o advento dos medicamentos para disfunção erétil. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0123
  • 18. 24 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO Pesquisa realizada em Novo Hamburgo (RS) com participantes dos grupos de convivência da terceira idade do Vale dos Sinos, divulgada no início de 2007, aponta que 86,3% dos idosos entrevistados não são adeptos do preservativo e que 88,8% nunca realizaram teste de HIV.69 É papel do MFC alertar a população idosa para tais riscos e estimular o uso de preservativo, levando em conta o fato de que muitos idosos não sabem usar ou até mesmo desconhecem. O temor de perda da ereção durante os procedimentos de colocação do preserva- tivo deve ser abordado, sendo importante a participação do casal no processo da prevenção. 11. Qual das condições abaixo NÃO se constitui em risco para quedas em idosos? A) História pregressa de queda. B) Anemia. C) Relato espontâneo do paciente sobre um evento de queda. D) Hipotensão ortostática. 12. Marque V (verdadeiro) ou F (falso) em relação às afirmativas sobre a sexualidade do idoso. A) ( ) Menos de 30% dos casais idosos são sexualmente ativos. B) ( ) O medo de precipitar um infarto e os efeitos colaterais de medicações são fatores que podem afetar a função sexual de idosos. C) ( ) Não há risco de contaminação por doenças transmissíveis, pois, nessa faixa etária, a atividade sexual é mínima. D) ( ) Fatores culturais e uso de medicamentos para disfunção erétil podem ser causas do aumento de casos de AIDS entre pessoas com mais de 60 anos. Respostas no final do capítulo 13. Como pode ser prevenido o risco de queda dos idosos? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 14. Como deve ser abordado o problema da incontinência urinária com o idoso? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0124
  • 19. PROMEFSEMCAD 25 LEMBRAR EXAME FÍSICO Aseguir, serão apresentados os principais aspectos que devem ser levados em conta em relação ao exame físico do idoso. PRESSÃO ARTERIAL Doença cardíaca e cerebrovascular são as principais causas de morte entre idosos.70 O tratamento da hipertensão contribuiu para uma redução de 59% na mortalidade por AVC ajustada para a idade e de 50% na mortalidade por doença arterial coronariana desde 1972.71 A importância da pressão arterial sistólica vem sendo enfatizada como fator de risco para DCV especialmente em idosos.72 Hipertensão ocorre em mais de dois terços dos indivíduos acima dos 65 anos, e os benefícios do tratamen- to dessa condição são claros até a idade de 80 anos. Após essa idade o tratamento da hipertensão envolve decisões mais complexas, levando em conta os riscos e os benefícios, já que a redução de eventos cardiovasculares continua no idoso muito idoso (aqueles com mais de 80 anos), mas redução absoluta de mortalidade não foi demonstrada nesse grupo etário para hipertensão em estágio I (pressão sistólica de 140 a 159mmHg e diastólica de 90 a 99mmHg). Os benefícios do tratamento são mais claros para o estágio II (pressão arterial acima de 160/100mmHg). A aferição da pressão arterial deve ser a cada 1 ou 2 anos e, quando seguida de tratamento dos casos de hipertensão, tem evidência (nível I) de modificação positiva de desfechos de saúde. VISÃO E AUDIÇÃO Mudanças significativas ocorrem na visão e na audição dos pacientes à medida que envelhecem. Essas alterações podem ter um impacto grande, que vai desde o aumento do risco de quedas e outros acidentes, no caso da visão, até a perda da habilidade de compreender/interpretar conversas por deficit auditivo, levando ao aumento do risco de isolamento social e depressão.73 Diminuição da acuidade visual foi um preditor independente de mortalidade por todas as causas em um estudo, apesar de não ter sido determinado se corrigir a deficiência reduziria mortalidade.74 A USPSTF de 1996 recomendava o teste de acuidade visual de Snellen em idosos (grau B de recomendação), mas não chegou a conclusões sobre a freqüência ótima para aplicação deste teste. Há evidências insuficientes para recomendar ou contra-indicar oftalmoscopia de rotina feita pelo médico de atenção primária em pacientes idosos assintomáticos. Pacientes acima de 65 anos devem ser rastreados para glaucoma a cada um ou dois anos por um oftalmologista.75 Diabéticos devem fazer anualmente exame com dilatação da pupila para rastreio de retinopatia diabética. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0125
  • 20. 26 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO Para a avaliação da função visual, os pacientes devem ser inquiridos sobre a existência de dificuldade para ler, ver televisão, dirigir ou desenvolver suas atividades comuns da vida diária. Aqueles que responderem afirmativamente terão sua acuidade visual examinada usando o cartão de Jaeger (Figura 3). TESTE PARA VISÃO “Jaeger Card” Este cartão deve ser lido a uma distância de 35 CENTÍMETROS do paciente. Ele deve usar lentes corretivas se for de seu uso habitual. A visão deve ser testada em cada olho em separado e depois em conjunto. Registre o nível de acuidade de cada olho. Figura 3 - Teste para visão – cartão de Jaeger. Fonte: Herkind e colaboradores (1983).76 PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0126
  • 21. PROMEFSEMCAD 27 O cartão de Jaeger é colocado a uma distância de 35cm do rosto do paciente, que deve usar lentes corre- tivas se forem de seu uso habitual. A visão deve ser testada em cada olho em separado e depois em conjunto. O nível de acuidade de cada olho é registrado. Os pacientes que lerem até o nível 20/40 serão considerados sem disfunção. A pergunta inicial é derivada de um dos mais confiáveis itens da escala de atividades de visão de Boston; o teste-reteste de confiabilidade é de 0,8, sendo o cartão de Snellen o padrão-ouro.77 Perguntar ao paciente sobre dificuldades para escutar parece ser uma forma rápida e sem custos para detectar perda auditiva. Enquanto a audiometria é o exame de referência, o teste de whisper, no qual se sussurra uma pergunta nas costas do paciente a aproximadamente 30cm de seus ouvidos em cada lado separadamente, mostrou-se sensível e específico.78 O intervalo para a realização do teste de Whisper não está definido. No caso de não haver resposta à pergunta realizada, deve-se afastar a possibilidade de cerúmen realizando otoscopia. Se não são identifi- cados obstáculos nos condutos auditivos externos, deve-se encaminhar o paciente para realização de audiometria em ambulatório especializado. COGNIÇÃO/STATUS MENTAL A prevalência de demência em idosos aumenta com a idade, atingindo estimativas de 20 a 50% após os 85 anos.79,80 Um indicador sensível de diminuição das funções cognitivas é a perda de memória recente e da habilidade de cálculo.81 A avaliação da memória recente é provavelmente o melhor teste, tendo em vista que a habilidade de cálculo pode ser prejudicada pelo nível cultural e de educação formal dos pacientes. Demência inicial ou moderada pode não ser detectada sem um rastreio específico.82 O miniexame do estado mental de Folstein (MEEM) pode ser útil para determinar uma condição basal e para detectar deficit cognitivo,83 assim como o teste do relógio. Este teste consiste em solicitar à pessoa idosa que desenhe um mostrador de relógio analógico com números. Em seguida, soli- cita-se que sejam acrescentados os ponteiros do relógio, de horas e minutos, representando ali um horário específico. Apesar do surgimento de diversas medicações mostrando alterar ligeiramente o curso da demência tipo Alzheimer incipiente, resta mostrar que a detecção precoce da demência melhora os seus desfechos. O teste de memória recente consiste em solicitar ao paciente que relembre o nome de três objetos imediata- mente e três minutos após serem citados.84 Aincapacidade de relembrar os três nomes deve levar à aplica- ção completa do MEEM para avaliação da função cognitiva. Ao contrário da demência, a depressão é usualmente tratável. Esta condição aumenta significativamente a morbidade e a mortalidade85 e freqüentemente passa despercebida pelos médicos de atenção primária. Recomenda-se rastrear todos os idosos para depressão, apesar de ainda não se saber qual a periodicida- de ideal para a avaliação. A formulação da pergunta “Você freqüentemente se sente triste ou desanimado?”, enfatizando a palavra “freqüentemente”, serve como introdução para uma investigação mais detalhada (sensibilidade = 0,78; especificidade = 0,87).86 PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0127
  • 22. 28 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO O teste de rastreamento, ainda que breve, parece ser capaz de detectar a maioria dos pacientes deprimi- dos e, em alguns casos, tem um desempenho melhor do que o instrumento original do qual foi derivado.87 Pacientes que respondem afirmativamente serão testados com a Escala de Depressão Geriátrica (Anexo C). Trata-se de um questionário de 15 perguntas com respostas objetivas (sim ou não) a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. A Escala de Depressão Geriátrica não é um substituto para uma entrevista diagnóstica realizada por profis- sionais da área de saúde mental. É uma ferramenta útil de avaliação rápida para facilitar a identificação da depressão em idosos. A cada resposta afirmativa deve-se somar um ponto. As perguntas não podem ser alteradas; deve-se perguntar exatamente o que consta no instrumento. Um escore de cinco ou mais pontos na Escala de Depressão Geriátrica sugere depressão de significância clínica. Para os pacientes com suspeita de depressão, será necessária a investigação do uso de álcool e medicações, além de diagnóstico diferencial para problemas de tireóide e causas orgânicas para distúrbio do humor. EXAME DA CAVIDADE ORAL E DENTIÇÃO Inspeção da cavidade oral e palpação da cabeça e das cadeias linfáticas cervicais compreendem o rastreamento para câncer oral. Não estão disponíveis dados bons sobre a efetividade deste rastreio na população idosa, mas a USPSTF recomenda fazê-lo naqueles indivíduos de risco elevado – os tabagistas e aqueles que consomem álcool regularmente. Deve-se orientar também a visita periódica ao dentista. RASTREAMENTO DE CÂNCER (NEOPLASIAS) O rastreamento de neoplasias no idoso é uma área complexa e cercada de controvérsias. Ensaios clíni- cos demonstram a efetividade de uma intervenção, mas não consideram características individuais do paciente como condições co-mórbidas ou status funcional que podem mudar a chance de ter benefício ou dano com o rastreio.8 A idade na qual se deve parar com o screening é ainda incerta para a maioria das neoplasias. Um grupo propôs um sistema conceitual para guiar tais decisões em idosos que pode ser mais útil do que diretrizes na prática clínica.8 Esse sistema começa com a determinação do risco de mortalidade por um câncer detectável. Com isso, é possível determinar o número aproximado de indivíduos que é necessário rastrear para preve- nir uma morte específica por câncer. Esses dados podem ser discutidos com o paciente. O paciente deve entender que potenciais danos resultantes dos testes de rastreio dependem do tipo de exame que é realizado e das investigações subseqüentes de resultados positivos. Sendo assim, enfatiza- se a importância de discutir estas questões com cada paciente, escutando suas preferências e valores pessoais.88,89 Um princípio mais simples para guiar a conduta do médico é que pacientes com expectativa de vida menor do que 5 anos não parecem ter qualquer benefício de sobrevida realizando rastreio para neoplasias. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0128
  • 23. PROMEFSEMCAD 29 Diretrizes com orientações quanto ao intervalo de rastreamento para neoplasias específicas estão disponí- veis por meio da USPSTF e outras. Considerações específicas devem ser feitas ao rastreio de câncer colorretal, de mama e de colo de útero como intervenções que se mostraram efetivas em reduzir mortalida- de específica por câncer11 (Tabela 1). A USPSTF encontrou, até o momento, evidências insuficientes para recomendar ou contra-indicar o rastreamento rotineiro de câncer de próstata. Outros recomendam discutir individualmente os riscos e benefícios deste rastreio. Tabela 1 NÚMERO NECESSÁRIO DE PACIENTES PARA RASTREAMENTO A FIM DE PREVENIR UMA MORTE POR CÂNCER ESPECÍFICO Mamografia Quartil superior de expectativa de vida Quartil intermediário de expectativa de vida Quartil inferior de expectativa de vida Papanicolau Quartil superior de expectativa de vida Quartil intermediário de expectativa de vida Quartil inferior de expectativa de vida Sangue oculto nas fezes (mulheres) Quartil superior de expectativa de vida Quartil intermediário de expectativa de vida Quartil inferior de expectativa de vida Sangue oculto nas fezes (homens) Quartil superior de expectativa de vida Quartil intermediário de expectativa de vida Quartil inferior de expectativa de vida 50 anos 95 133 226 533 728 1140 145 263 577 138 255 630 70 anos 142 242 642 934 1521 4070 178 340 1046 177 380 1877 75 anos 176 330 1361 1177 2113 8342 204 408 1805 207 525 80 anos 240 533 - 1694 3764 - 262 581 - 277 945 85 anos 417 2131 - 2946 15056 - 455 2326 - 554 - - 90 anos 1066 - - 7528 - - 1163 - - 2008 - - Refere-se ao número necessário de pacientes a rastrear durante o período de vida restante para prevenir uma morte específica por câncer para ambos os sexos nas diferentes idades e quartis de expectativa de vida. Fonte: Walter e Covinsky (2001).11 15. Com que freqüência deve ser medida a pressão arterial do idoso? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0129
  • 24. 30 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO 16. Preencha o quadro a seguir, descrevendo os cuidados com a acuidade visual de pacientes idosos, durante a consulta. Pacientes idosos Cuidados Assintomáticos Acima de 65 anos Diabéticos 17. Qual a conduta indicada em relação ao paciente que demonstra dificuldades auditivas? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 18. Como deve ser a investigação de diminuição das funções cognitivas? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 19. Quando e como deve ser utilizada a Escala de Depressão Geriátrica? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 20. Quais os grupos de pacientes preferenciais para a investigação de câncer oral? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0130
  • 25. PROMEFSEMCAD 31 TESTES DIAGNÓSTICOS Os testes diagnósticos recomendados para idosos, descritos a seguir, incluem rastreamento de perfil lipídico, diabete, doenças da tireóide, osteoporose, aneurisma de aorta abdominal e bacteriúria assintomática. SCREENING DE LIPÍDEOS A USPSTF encontrou boas evidências de que o rastreamento do perfil lipídico pode identificar pessoas de meia-idade assintomáticas com risco aumentado de doença coronariana. Há boas evidências de que a farmacoterapia para a redução dos níveis lipídicos diminui a incidência de doença coronariana em pessoas de alto risco, causando poucos efeitos adversos.90 Os benefícios do rastreamento e do tratamento da dislipidemia em adultos de meia-idade e idosos supera os riscos – grau A de recomendação. A idade para suspender o rastreamento ainda não foi definida, mas a avaliação rotineira torna-se menos importante nos mais idosos, já que os níveis lipídicos não costumam aumentar após os 65 anos de idade. Rastreamento de rotina do perfil lipídico não parece beneficiar idosos com baixo risco para DCV. Define-se idoso como idade acima de 65 anos para homens e de 75 anos para mulheres, já que a mulher tende a desenvolver doença coronariana aproximadamente 10 anos após o homem. A terapia farmacológica para redução de colesterol claramente beneficia idosos que já têm doença coronariana diagnosticada e prova- velmente aqueles com múltiplos fatores de risco cardíaco. SCREENING DE DIABETE Estima-se que 5 milhões de brasileiros acima dos 40 anos sofrem de diabete melito, e aproximadamente metade desses casos não são diagnosticados. O rastreamento pode identificar casos ocultos de diabete. Apesar das crescentes evidências de que a normalização da glicemia pode reduzir complicações microvasculares em pacientes jovens, não está claro se idosos assintomáticos terão redução em doenças micro e macrovasculares ou benefício de redução de mortalidade pelo tratamento do diabete. Diretrizes de diferentes organizações divergem quanto à validade do rastreamento para diabete. Sem um consenso definido, cabe ao MFC selecionar pacientes de alto risco de diabete para rastreamento – obesos, hipertensos, dislipidêmicos – buscando o (ainda não comprovado) benefício da redução da hiperglicemia assintomática por meio de dieta e exercícios físicos. Esse rastreamento visa também identificar os pacien- tes cujo diabete poderá exigir um manejo mais agressivo da hipertensão e da hiperlipidemia. DOENÇAS DA TIREÓIDE Doenças subclínicas da tireóide podem estar presentes em idosos assintomáticos, e o rastreamento irá identificá-los.91 A questão mais crítica é definir se há benefícios significativos em detectar e tratar essas condições. A American Thyroid Association recomenda que adultos comecem a ter suas concentrações séricas de TSH medidas a partir dos 35 anos e a cada 5 anos após essa idade.92 No entanto, a USPSTF não encontrou evidências suficientes pra indicar esse rastreamento, assim como o Institute of Medicine, que afirmou também que este não é custo-efetivo. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0131
  • 26. 32 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO Idosos apresentam risco aumentado de efeitos adversos cardiovasculares pela suplementação de hormônio tireóideo, e muitos especialistas não os tratariam por hipotireoidismo subclínico. Se o tratamento já está em curso, os pacientes devem ser rigidamente monitorados, iniciando com baixas doses que devem ser lenta- mente tituladas para corrigir os níveis de TSH. Cabe salientar que o MFC deve estar sempre atento para sinais e sintomas de disfunção tireoidiana no paciente idoso. A pronta identificação e tratamento dos sintomas de disfunção tireoidiana aumentam consideravelmente a qualidade de vida do paciente, além de obviamente reduzir a morbidade. A palpação da tiróide como rotina no exame periódico do adulto e do idoso, ainda que sem evidência de benefício para o paciente, não acrescenta custo relevante e aumenta a perícia do médico neste procedimento para os casos necessários. OSTEOPOROSE A prevalência de densidade mineral óssea reduzida em idosos é elevada com a osteopenia, sendo encon- trada em 37% das mulheres pós-menopáusicas; franca osteoporose (densidade mineral óssea > 2,5 DP abaixo da média para mulheres jovens) é encontrada em 7%.21 Restam dúvidas acerca da capacidade do rastreamento para osteoporose de melhorar desfechos relacionados a fraturas. A USPSTF recomenda que mulheres acima de 65 anos sejam rastreadas rotineiramente por meio de densitometria óssea,93 mas o impacto deste custo é diferente para cada país. Naquelas pacientes com risco aumentado para fraturas por osteoporose a densidade mineral óssea deve ser avaliada a partir dos 60 anos. ANEURISMA DE AORTA ABDOMINAL A USPSTF recomenda rastreamento único para aneurisma de aorta abdominal (AAA) com ultra-sonografia em homens entre 65 e 75 anos que já tenham fumado. Não se recomenda tal rastreamento para mulheres na mesma faixa etária ou para homens que nunca tenham fumado, exceto para aqueles que têm parentes de primeiro grau com história de AAA. BACTERIÚRIA ASSINTOMÁTICA Alguns clínicos solicitam urocultura rotineiramente nos exames periódicos de saúde; entretanto, a USPSTF é contra o rastreamento de rotina em homens e em mulheres não-grávidas para bacteriúria assintomática. Encontrou-se boa evidência de que esse rastreio é inefetivo para melhorar desfechos clínicos,94 e a Infectious Disease Society of America é contra o tratamento de bacteriúria assintomática.95 Na ausência de evidência de benefício da urocultura, o potencial dano associado ao abuso de antibióticos é especialmente significativo. LEMBRAR PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0132
  • 27. PROMEFSEMCAD 33 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS As intervenções terapêuticas descritas a seguir incluem vacinas contra influenza, pneumococo, tétano e herpes-zoster, além de aspirina como prevenção de DCV e terapia hormonal para mulheres pós- menopáusicas. MUNIZAÇÃO CONTRA INFLUENZA Mais de 90% das mortes relacionadas ao vírus influenza ocorrem entre pessoas com mais de 60 anos,96 que também experimentam um aumento significativo de morbidade em função da doença. Um ensaio clínico randomizado97 e grandes estudos observacionais98-100 demonstraram benefício significativo com a vacinação. Como resultado desses achados, a maioria das autoridades recomenda imunização anual contra influenza para todos os indivíduos acima de 65 anos.Avacina deve ser administrada pouco antes do início da estação fria, que no Brasil fica entre os meses de abril e maio. Entretanto, pacientes de alto risco devem ser imunizados assim que a vacina estiver disponível. IMUNIZAÇÃO CONTRA PNEUMOCOCO Doença pneumocócica é uma causa significativa de morbidade e mortalidade em idosos. A vacina está disponível, apesar de ensaios clínicos e metanálises virem demonstrando resultados conflitantes na efetividade em reduzir pneumonias pneumocócicas ou mortalidade.10,101,102 A USPSTF recomenda o uso da vacina antipneumocócica uma vez aos 65 anos, e a questão referente à revacinação segue sem resposta. O Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) e o Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) não recomendam a revacinação de rotina; recomendam apenas para aqueles pacientes vacinados antes dos 65 anos nos quais já tenham se passado cinco anos desde a primeira dose.103,104 Estudos demonstraram a segurança e a eficácia da revacinação após cinco anos medida pelo aumento nos níveis de anticorpos mesmo em pacientes frágeis e institucionalizados.105-107 Mesmo frente a essas evidên- cias, a vacina antipneumocócica ainda não faz parte do calendário vacinal em nosso país. Cabe ao MFC recomendar ou sugerir a vacinação para aqueles pacientes que estão sob maior risco. IMUNIZAÇÃO ANTITETÂNICA Tétano clínico é uma doença rara, mas ocorre na maioria das vezes em adultos mais velhos que não foram vacinados ou subimunizados. Pacientes acima de 60 anos tipicamente totalizam 60% de todos os casos de tétano.108 O CDC e a USPSTF recomendam doses de tétano tipo adulto e toxóide diftérico a cada 10 anos, mesmo que intervalos maiores provavelmente sejam adequados para aqueles vacinados adequadamente na infân- cia ou na idade adulta. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0133
  • 28. 34 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO IMUNIZAÇÃO PARA HERPES-ZOSTER Uma vacina para prevenir o herpes-zoster foi aprovada nos EUA pelo Food and Drug Administration (FDA) em 2006 para adultos acima de 60 anos.109 Ela também foi aprovada na Europa e na Austrália, e não deve ser usada para tratamento de zoster ou de neuralgia pós-herpética. Em um ensaio clínico randomizado durante três anos, em um grupo de 38.546 adultos acima de 60 anos, a vacina reduziu a incidência de herpes-zoster em 51% comparada ao placebo e reduziu a incidência de neuralgia pós-herpética em 67%.110 A relação custo/efetividade dessa vacina permane- ce incerta porque a duração da proteção conferida pela vacina é desconhecida.111 Tal vacina ainda não está disponível no Brasil. ASPIRINA PARA PREVENÇÃO PRIMÁRIA As diretrizes da terceira USPSTF recomendam fortemente que os médicos discutam com seus pacien- tes a quimioprevenção com aspirina para pacientes que apresentam risco aumentado para DCV. Essa recomendação foi feita antes mesmo dos resultados do Woman’s Health Study, que sugere que os bene- fícios e riscos do uso de aspirina para doença arterial coronariana e AVC podem ser diferentes em homens e mulheres.112 O significado clínico da observação da USPSTF é incerto desde que ensaios clínicos de aspirina para prevenção secundária encontraram redução similar em AVCs e infarto do miocárdio entre homens e mulheres.113 Como em pacientes mais jovens, recomenda-se que profilaxia com aspirina deve ser consi- derada em pacientes com um risco de DCV maior ou igual a 3% em cinco anos. O ácido acetilsalicílico deve ser usado como prevenção primária em qualquer diabético com pelo menos um fator de risco adicional para DCV. TERAPIA HORMONAL Terapia de reposição de estrógenos em longo prazo (mais de cinco anos) e terapia combinada estrógeno- progestágeno foram prescritas no passado para mulheres pós-menopáusicas para prevenção de doença arterial coronariana e osteoporose. Em contrapartida, dados do Woman’s Health Initiative não mostraram benefício cardiovascular, além de evidenciar aumento em alguns outros riscos de saúde com a terapia de reposição prolongada usando estrógeno e progestágeno combinados.114 Mesmo assim, a reposição estrogênica de curta duração continua tendo papel muito importante no alívio de sintomas climatéricos, incluindo sintomas vasomotores e geniturinários. O uso de suplementos de DHEA (deidroepiandrosterona) em homens e mulheres ou suplementação de testosterona em baixas doses em homens idosos não mostrou aumento nas medidas de força e performance física, sensibilidade à insulina, composição corporal ou qualidade de vida em um ensaio clínico randomizado, com grupo controle e pacientes acima de 60 anos.115 PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0134
  • 29. PROMEFSEMCAD 35 O IDOSO SAUDÁVEL E A COMUNIDADE A disponibilidade de uma rede social de apoio pode fazer a diferença para assegurar promoção da saúde dos idosos. Quer em relação à proteção afetiva e cognitiva trazida pelo convívio comunitário, quer para possibilitar o uso de equipamentos sociais de apoio à atividade física, ou mesmo para dividir com a família as tarefas de suporte, instituições públicas e/ou comunitárias são muitas vezes fundamentais. A presença de organizações civis que se dediquem à melhoria social também pode oferecer aos idosos oportunidades de eles mesmos agirem como sujeitos da busca por saúde e por uma vida com maior autonomia. A ação do MFC deve estimular na comunidade o impulso a tais mecanismos sociais, e sua relação com os idosos de que cuida pode incluir a indicação de sua participação nessas organizações quando apropriado. 21. Em relação à terapia de reposição hormonal em mulheres pós-climatério, é correto afirmar que: A) não há qualquer indicação para o seu uso. B) seus benefícios somente aparecem após cinco anos de uso. C) a reposição estrogênica de curta duração tem um papel importante no alívio dos sintomas climatéricos. D) a terapia de reposição de estrógenos em longo prazo demonstrou inequívoco efeito de prevenção de doença arterial coronariana. 22. Dentre as diretrizes para profissionais de saúde que trabalham com promoção e pro- teção da saúde do idoso, podem-se identificar alguns princípios, EXCETO: A) a velhice não é uma enfermidade, e sim uma etapa evolutiva da vida. B) é possível melhorar a capacidade funcional mediante reabilitação e estímulo ou evi- tando novos agravos à saúde. C) do ponto de vista social e psicológico, os idosos são mais heterogêneos que os jovens. D) a maioria das pessoas com mais de 60 anos não está em boas condições de saúde, já que, ao envelhecer, perde a capacidade de recuperar-se das doenças de forma rápida ou completa e torna-se suscetível a incapacidades e à necessidade de ajuda para seu cuidado pessoal. Respostas no final do capítulo PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0135
  • 30. 36 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO 23. Em relação aos hábitos de vida saudáveis do idoso, assinale V (verdadeiro) ou F (falso). A) ( ) Deve-se prescrever como rotina formulações de multivitaminas para pacientes idosos. B) ( ) A ingesta diária preconizada para mulheres idosas deveria ser de 1,2g de cálcio na dieta ou em forma de suplemento e de 800UI de vitamina D. C) ( ) Dependendo da faixa etária, deve-se excluir da rotina o aconselhamento para parar de fumar, sendo seu benefício questionável na idade muito avançada. D) ( ) Como aconselhamento sobre a intensidade adequada do exercício a ser realizado, pode-se dizer que não se deve exceder o limite de poder manter uma conversa enquanto se exercita. E) ( ) A fim de evitar constrangimentos, o MFC deve evitar perguntar aos pa- cientes sobre eventuais perdas de urina. F) ( ) Programas de exercícios de força e equilíbrio, como o tai chi chuan, po- dem reduzir em 10 a 17% o risco de quedas em pacientes idosos. 24. Os benefícios do seu rastreamento e tratamento em adultos de meia-idade e idosos supera os riscos – grau A de recomendação. A idade para suspender o rastreamento ainda não foi definida, mas a avaliação rotineira torna-se menos importante após os 65 anos. Essa recomendação está relacionada a que patologia? A) Dislipidemia. B) Diabete melito. C) Doença da tireóide. D) Osteoporose. 25. Estudos observacionais demonstraram benefício significativo com a vacinação. Como resultado desses achados, a maioria das autoridades recomenda imunização anual para todos os indivíduos acima de 65 anos. Essa afirmação relaciona-se à imunização contra que patologia? A) Pneumococo. B) Tétano. C) Herpes-zoster. D) Influenza. Respostas no final do capítulo 26. Qual é a posição da USPSTF quanto ao rastreamento rotineiro de bacteriúria assintomática em homens e em mulheres não-grávidas? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0136
  • 31. PROMEFSEMCAD 37 27. Qual a posição da USPSTF quanto à quimioprevenção com aspirina para pacientes idosos? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. CASO CLÍNICO Identificação: Rosa, 66 anos, feminina, branca, solteira, professora aposentada, acompanhada de uma amiga de nome Catarina. Apresentação do problema: problemas de memória surgidos após a morte de sua mãe, ocorrida há seis meses. A paciente sente-se muito deprimida com esta perda. História da doença atual: a mãe de Rosa veio morar com ela há 16 anos, logo após a morte de seu pai. Ela veio a falecer aos 86 anos, vítima de um infarto agudo do miocárdio. Nos dias que se seguiram ao funeral, Rosa teve dificuldade para dormir, e seu irmão, médico, prescreveu-lhe 2mg de lorazepam para usar à noite quando fosse necessário. Ela iniciou com um comprimido e logo passou a usar dois duas vezes por sema- na. Atualmente está em uso de dois comprimidos cinco a seis vezes por semana. O sono de Rosa é ainda interrompido por períodos de vigília, sendo difícil recobrar o sono. Ela tem anorexia sem perda de peso e falta de energia. Nega sentimentos de raiva em relação à morte de sua mãe, hostilida- de, culpa ou pensamentos de suicídio. A acompanhante, Catarina, relata que há poucos dias houve corte da linha telefônica de Rosa por falta de pagamento. Ela relata que, um ano antes da morte da mãe de Rosa, ela já havia notado tais problemas de memória, mas que agora eles pioraram. Catarina também notou a dificuldade de Rosa em encontrar as palavras certas para expressar-se em conversação usual. Rosa contou a Catarina que sofreu duas quedas em casa nas últimas semanas, mas sem lesões graves. História médica pregressa: Rosa sempre gozou de boa saúde. Sofre de hipertensão arterial sistêmica (HAS) essencial diagnosticada aos 42 anos. Faz uso de diurético tiazídico diariamente e segue uma dieta com pouco sal. História familiar: a mãe de Rosa teve diabete tipo II, HAS e problemas de memória. Sua avó morreu em um asilo por senilidade causada por aterosclerose. Seu pai morreu aos 72 anos por câncer de próstata. Seu irmão está bem aos 64 anos, mas foi tratado para depressão após a morte de sua primeira esposa. Hábitos de saúde: uso mínimo de álcool; não fuma. História social: mora só. Seu parente mais próximo é o irmão, que reside a 300km de distância. Seus vizinhos são amistosos, mas desenvolvem convívio não muito próximo. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0137
  • 32. 38 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO Exame físico: ■■■■■ peso: 60kg; ■■■■■ altura: 1,66m; ■■■■■ PA: 164/92mmHg; ■■■■■ Pulso: 84bpm com ritmo regular; ■■■■■ sopro na bifurcação da carótida esquerda; ■■■■■ equimoses em fase de resolução no cotovelo e antebraço direitos e no quadril esquerdo; ■■■■■ ausculta pulmonar normal; ■■■■■ ausculta cardíaca dentro da normalidade; ■■■■■ exame neurológico sem alterações. Exames de laboratório: ■■■■■ exames de sangue e urina normais. Exame radiológico: ■■■■■ raio X de tórax revela leve cardiomegalia. Exame do estado mental: a postura de Rosa é algo encurvada e seu olhar está distante. Sua fala está arrastada (disartria??). Parece ter dificuldade de encontrar as palavras para expressar seus pensamentos (anomia?). Seu humor é deprimido. A atividade motora é moderadamente lenta. Ela não está psicótica nem tem pensamentos suicidas. Seu minimental é 23 em 30, com deficiências na orientação temporal, aritméti- ca, memória recente e nomeação de objetos. 28. Quais os diagnósticos diferenciais? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 29. Qual sua conduta em relação a este caso? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. 30. Que vulnerabilidades você identifica nesse caso? .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. .................................................................................................................................................................. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0138
  • 33. PROMEFSEMCAD 39 LEMBRAR CONCLUSÃO Existem evidências de que a aplicação de um instrumento de avaliação multidimensional durante a con- sulta médica em atenção primária à saúde aumenta a eficácia diagnóstica para detecção dos problemas de saúde que mais comumente afetam a qualidade de vida do idoso. Por meio de sua aplicação sistemática, foi possível identificar maiores prevalências em todos os domínios pesquisados quando comparadas com aquelas avaliações encontradas nos registros de prontuário tradicional. Isso demonstra maior efetividade na detecção de indivíduos com maior probabilidade de experienciar problemas não conhecidos, passíveis de intervenção. A abordagem por meio de instrumento específico detecta problemas e riscos à saúde freqüentemente negligenciados quando não pesquisados de forma sistemática.15 O instrumento AMI (Anexo A) foi desenvolvido para ser usado em ambulatório de APS, de forma comple- mentar à consulta médica e de maneira oportunística.Aabordagem proposta resume-se à checagem de um limitado número de funções-chave que podem estar alteradas, mas que freqüentemente não são pesquisadas quando uma história e um exame físico convencionais são utilizados na avaliação de pacientes idosos. O instrumento de avaliação multidimensional (AMI) contém testes (Anexo B) cuidadosamente selecionados destinados à avaliação de: ■■■■■ visão; ■■■■■ audição; ■■■■■ função dos membros superiores e inferiores; ■■■■■ função cognitiva; ■■■■■ humor; ■■■■■ risco domiciliar para quedas; ■■■■■ atividades de vida diária básicas e instrumentadas; ■■■■■ incontinência urinária; ■■■■■ perda de peso; ■■■■■ suporte social. Na AMI são utilizadas questões breves e tarefas simples de fácil observação, com a finalidade de obter a informação necessária para um apropriado rastreamento, minimizando o tempo gasto na sua aplica- ção. A abordagem poderá ser incorporada à rotina do atendimento ambulatorial se certos procedimen- tos, relativamente improdutivos, forem eliminados do exame clínico de rotina.116 O instrumento é barato, breve e fácil para uso em ambulatório. Mostrou-se válido e de confiança quando comparado com avali- ações geriátricas.117 Para saber mais ■■■■■ www.medicare.gov/Health/Overview.asp; ■■■■■ www.americangeriatrics.org/products/positionpapers/index.shtml#1; ■■■■■ www.ahrq.gov/ppip/50plus PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0139
  • 34. 40 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO RESPOSTAS ÀS ATIVIDADES E COMENTÁRIOS Atividade 1 Resposta: C Comentário:Apesar dos idosos estarem incluídos em ações de discriminação positiva, principalmente aquelas respaldadas pelo estatuto do idoso, elas não constituem os objetivos consensuais das estratégias de pro- moção de saúde e de prevenção de doenças. Atividade 2 Resposta: A Comentário: Na região Sul do Brasil, a expectativa de vida após os 60 anos é de cerca de 16 anos para homens e de 20 anos para as mulheres. Atividade 5 Resposta: E Comentário: Emagrecimento sugere que o paciente não está bem por problemas médicos, sociais ou emo- cionais. Uma perda de peso maior do que 5% (± 2,3kg) em relação ao seu peso corporal basal em um mês ou de mais de 10% (± 4,5kg) em seis meses é significativa e merece atenção. Atividade 6 Resposta: A Comentário: A polifarmácia é comum entre os idosos, e a maioria deles usa em média de três a cinco fármacos diferentes. Enquanto múltiplas medicações podem ser indicadas para tratar condições médicas complexas, a polifarmácia aumenta o risco de interação entre medicamentos e de efeitos adversos associ- ados. Atividade 11 Resposta: C Comentário: Mesmo sendo tão freqüentes e representando uma das maiores ameaças à autonomia do idoso, as quedas não recebem a atenção clínica que deveriam. Isso ocorre porque os pacientes raramente mencionam o evento ao seu médico se este não causou lesão. Além disso, o profissional de saúde não tem por hábito perguntar sobre a história pregressa de quedas, ou o profissional e o paciente erroneamente acreditam que cair é um processo inevitável do envelhecimento. Atividade 12 Resposta: F; V; F; V Atividade 21 Resposta: C Comentário: Dados do Woman’s Health Initiative não mostraram benefício cardiovascular, além de eviden- ciar aumento de alguns outros riscos de saúde com a terapia de reposição prolongada, usado estrógeno e progestágeno combinados. Mesmo assim, a reposição estrogênica de curta duração continua tendo impor- tante papel no alívio dos sintomas próprios do climatério. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0140
  • 35. PROMEFSEMCAD 41 Atividade 22 Resposta: D Comentário: A maioria das pessoas com mais de 60 anos está, sim, em boas condições de saúde, mas, ao envelhecer, perde progressivamente a capacidade de recuperar-se das doenças de forma rápida ou completa e torna-se assim mais suscetível a incapacidades e à necessidade de ajuda para seu cuidado pessoal. Atividade 23 Resposta: F; V; F; V; F; V Comentário: Suplementação de rotina com formulações de multivitaminas não parece adequado, já que não há dados prospectivos randomizados que associem o seu uso à melhora de morbidade ou mortalidade. Aconselhamento para parar de fumar para todos os pacientes que usam produtos derivados do tabaco de forma regular tem recomendação de nível A, já que em qualquer idade o impacto de parar de fumar é positivo. O constrangimento tanto do médico quanto do paciente é um dos principais motivos para o subdiagnóstico de incontinência urinária em idosos; parece razoável, portanto, questionar a respeito desse sintoma durante a consulta e, para evitar constrangimentos, deve-se fazê-lo por meio de uma pergunta simples e objetiva. Atividade 24 Resposta: A Comentário: Os benefícios do rastreamento e do tratamento da dislipidemia em adultos de meia-idade e idosos supera os riscos – grau A de recomendação. A idade para suspender o rastreamento ainda não foi definida, mas a avaliação rotineira torna-se menos importante nos mais idosos, já que os níveis lipídicos não costumam aumentar após os 65 anos de idade. Atividade 25 Resposta: D Comentário: Um ensaio clínico randomizado e grandes estudos observacionais demonstraram benefício significativo com a vacinação. Como resultado desses achados, a maioria das autoridades recomenda imunização anual contra influenza para todos os indivíduos acima de 65 anos. Atividade 28 Resposta: Demência, depressão, luto patológico, intoxicação por benzodiazepínico. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0141
  • 36. 42 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO ANEXOS Anexo A – Avaliação Multifuncional do Idoso (AMI). AVALIAÇÃO MULTIFUNCIONAL DO IDOSO VISÃO: Perguntar: Você tem dificuldade para dirigir, ver TV, ler ou fazer qualquer outra atividade de vida diária devido a problemas de visão? Se Sim: Aplicar o Cartão de Jaeger. Olho Dir.: ________ Olho Es .: _________ AUDIÇÃO: Aplicar:Teste Whisper O paciente responde à pergunta?Ouvido D: ________ Ouvido E: _________ Se não: Verificar presença de cerume: Ouvido D: ________ Ouvido E: _________ FUNÇÃO DOS MS SS: PROXIMAL: Ver se o paciente é capaz de: Tocar a nuca com ambas as mãos?_________ DISTAL: Ver se o paciente é capaz de: Apanhar um lápis sobre a mesa com cada uma das mãos e colocá-lo de volta?__________________ FUNÇÃO DOS MS Is: Ver se o paciente é capaz de executar: Levantar da cadeira____________ Caminhar 3,5m ________Voltar e sentar____________ ESTADO MENTAL: Solicitar ao paciente que repita o nome dos objetos: MESA-MAÇÃ-DINHEIRO Após alguns minutos (até 3 min) faça-o repetir. |1|Sim. Repetiu os 3 nomes |2|Não* * Se incapaz de repetir os três nomes, aplicar o Teste Cognitivo HUMOR: Perguntar: “Você freqüentemente se sente triste ou desanimado”? *Se Sim, aplicar Teste para Depressão DOMICÍLIO: Perguntar: “Sofreu queda em casa nos últimos 12 meses”? ____. Quantas vezes? ___ Na sua casa tem: Escadas? (n°) ___ Tapetes soltos? ____Corrimão no banheiro? _____ ATIVIDADES DIÁRIAS: Perguntar: “Sem auxílio, você é capaz de”: Sair da cama? ______Vestir-se?_______ Preparar sua refeições? _____ Fazer compras?______ INCONTINÊNCIA: Perguntar: “Você, às vezes, perde urina ou fica molhado”? ____________ *Se Sim, perguntar: Quantas vezes _____ Isto provoca algum incômodo ou embaraço?_______ NUTRIÇÃO: Perguntar: “Você perdeu mais que 4Kg no último ano”? ___________ Peso usual ______ Kg Altura _______ cm SUPORTE SOCIAL: Perguntar: “Alguém poderia ajudá-lo caso você fique doente ou incapacitado”? Quem poderia ajudá-lo? Quem seria capaz de tomar decisões de saúde por você caso não seja capaz de fazê-lo? PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0142
  • 37. PROMEFSEMCAD 43 Anexo B – Procedimentos para avaliação funcional do paciente idoso com rastreamento positivo. Problema Visão Audição Membros superiores Membros inferiores Estado mental Humor Risco domiciliar Atividades diárias Continência Nutrição Suporte social Atividade sexual Rastreamento Positivo Incapacidade de ler além de 20/40 no Cartão de Jaeger Não responde à pergunta formulada no Teste do Sussurro Incapacidade de realizar as tarefas propostas Incapacidade de levantar-se ou mover-se Incapacidade de repetir todos os três nomes depois de um minuto Resposta afirmativa Resposta afirmativa Resposta afirmativa Resposta afirmativa Resposta afirmativa ou peso abaixo do aceitável ........................ Problemas na capacidade de desfrutar do prazer nas relações sexuais Intervenção Referir ao oftalmologista. Verificar presença de cerúmen através de otoscopia. Em caso positivo, promover a remoção; em caso negativo, referir ao otorrinolaringologista. Exame completo dos Ms Ss (músculos, articulações e nervos), atenção para dor, fraqueza muscular e limitação de movimentos. Considerar possibilidade de fisioterapia. Avaliação neurológica e musculoesquelética completa. Atenção para dor, amplitude dos movimentos, equilíbrio e avaliação da marcha. Considerar possibilidade de fisioterapia. Aplicar instrumento de avaliação do estado mental. Aplicar teste de depressão. Avaliar segurança domiciliar e instituir adaptações necessárias. Determinar as razões da inabilidade (comparar limitação física com motivação), corroborar a resposta com o que aparenta o paciente, solicitar informações junto aos familiares. Instituir intervenções médicas, sociais e ambientais apropriadas. Definir quantidade e freqüência. Pesquisar causas reversíveis, incluindo irritação local, estados poliúricos e medicações Considerar referência ao urologista. Fazer avaliação médica apropriada. Identificar as pessoas no prontuário médico. Familiarizar-se com os recursos disponíveis na comunidade. Fornecer informações essenciais sobre as alterações da sexualidade. Identificar problemas fisiológicos e/ou psicológicos relacionados. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0143
  • 38. 44 OIDOSO:AUTONOMIA,DEPENDÊNCIAERISCO AVALIAÇÃO PARA DEPRESSÃO “Geriatric Depression Scale: 15-question form” (GDS-15) Nome:___________________________________________________Pront._________ As respostas em destaque indicam depressão e valem um ponto. Este questionário não deve ser mostrado ao paciente. 1 – Em geral, você está satisfeito com sua vida? sim/NÃO 2 – Você diminuiu seus interesses ou abandonou algumas de suas atividades? SIM/não 3 – Você sente que a sua vida está vazia? SIM/não 4 – Você se sente freqüentemente entediado (a)? SIM/não 5 – Você se sente de bom humor a maior parte do tempo ? sim/NÃO 6 – Você teme que algo de ruim vá acontecer com você? SIM/não 7 – Você se sente alegre a maior parte do tempo ? sim/NÃO 8 – Você freqüentemente se sente desamparado (a)? SIM/não 9 – Você prefere ficar em casa, mais do que sair e fazer coisas novas? SIM/não 10 – Você sente que tem mais problemas com a memória do que a maioria das pessoas? SIM/não 11 – Atualmente, você pensa que é maravilhoso estar vivo (a)? sim/NÃO 12 – Você sente como muito indigno o modo como você vive? SIM/não 13 – Você se sente cheio de energia? sim/NÃO 14 – Você sente que sua situação é sem esperança? SIM/não 15 – Você considera que a maioria das pessoas está melhor do que você? SIM/não TOTAL DE PONTOS_______________ Escores maiores que 5 (CINCO) indicam provável quadro de depressão.* Data de realização do teste _____/______/_____ Anexo C – Avaliação para depressão * Contam pontos as respostas assinaladas em letra maiúscula. PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0144
  • 39. PROMEFSEMCAD 45 REFERÊNCIAS 1 Miller KE, Zylstra RG, Standridge JB. The geriatric patient: a systematic approach to maintaining health. Am Fam Physician. 2000 Feb 15;61(4):1089-104. Erratum in:Am Fam Physician 2000 Oct 1;62(7):1519- 20. 2 Wong LL, Carvalho JA. O rápido processo de envelhecimento populacional do Brasil: sérios desafios para as políticas públicas. Rev Bras Estud Popul. 2006;23(1):5-26. 3 Moreira MM. Envelhecimento da população brasileira: aspectos gerais. Trabalho apresentado no Seminário “Envelhecimento da população brasileira: aspectos macro e microrrelevantes para políticas sociais, regionais e nacionais”. Belo Horizonte: ABEP-CEDEPLAR, 6-7 de dezembro de 1999. 4 Sánchez AI, Bertolozzi MR. Pode o conceito de vulnerabilidade apoiar a construção do conceito de saúde coletiva? Ciênc Saúde Coletiva. 2007;12(2):319-24. 5 Comprehensive functional assessment for elderly patients. Health and Public Policy Committee,American College of Physicians. Ann Intern Med. 1988 Jul 1;109(1):70-2. 6 King Edward’s Hospital Fund for London. Promoting health among elderly people. A Statement form a Working Group. London; 1988. 7 Fries JF. The compression of morbidity: near or far? Milbank Q. 1989;67(2):208-32. 8 Fries JF, Green LW, Levine S. Health promotion and the compression of morbidity. Lancet. 1989 Mar 4;1(8636):481-3. 9 Fries JF, Bloch DA, Harrington H, Richardson N, Beck R. Two-year results of a randomized controlled trial of a health promotion program in a retiree population: the Bank of America Study. Am J Med. 1993 May;94(5):455-62. 10 Mangin D, Sweeney K, Heath I. Preventive health care in elderly people needs rethinking. BMJ. 2007 Aug 11;335(7614):285-7. 11 Walter LC, Covinsky KE. Cancer screening in elderly patients: a framework for individualized decision making. JAMA. 2001 Jun 6;285(21):2750-6. 12 U. S. Preventive ServicesTask Force. Guide to Clinical Preventive Services: Report of the U S Preventive Services Task Force. 2 ed. Philadelhpia: Lippincott Williams & Wilkins;1996. 13 Canadian Task Force on Preventive Health Care / (Health Canada); 2001. 14 American Cancer Society guidelines for the early detection of cancer; 2001. 15 Brasil. Tábua completa de mortalidade – Ambos os sexos – 2002. IBGE, Diretoria de Pesquisa (DEP), Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS). PromefC3M2-09-52.pmd 15/7/2009, 15:0145