Este documento discute o significado e a essência do Evangelho. Em três frases ou menos, o documento argumenta que (1) o Evangelho pregado por Jesus Cristo ensina a praticar o amor a Deus e ao próximo em todos os atos da vida diária, (2) a verdadeira religião é aquela que liga o indivíduo a Deus através de ações caridosas no mundo, não apenas em rituais, e (3) seguir os ensinamentos do Evangelho de amor é o caminho para a felicidade e a salvação
2. Definição 1) EVANGELHO é a tradução portuguesa
da palavra grega Euangelion que foi notavelmente
enriquecida de significados. Para os gregos mais
antigos ela indicava a “gorjeta” que era dada a quem
trazia uma boa notícia. Mais tarde passou a
significar uma “boa-nova”, segundo a exata
etimologia do termo...
...Ao termo estava unida a idéia de festa com
cânticos, luzes e cerimônias festivas...
...Era, em suma, o anúncio da alegria, porque
continha uma certeza de bem-estar, de paz e
salvação. (Battaglia, 1984, p. 19 e 20).
retirado de: http://www.ceismael.com.br/oratoria/oratoria030.htm
3. Definição 2) EVANGELHO é uma mensagem,
geralmente de conteúdo religioso.
A expressão surgiu com o cristianismo e
significava boas novas, ou boas notícias.
Desde Justino no ano 150 começou a ser dado o
nome de Evangelhos aos livros que contivessem a
mensagem do EVANGELHO, ou ainda, que
narrassem qualquer parte a vida de Jesus Cristo
ou elencassem seus ensinamentos.
No mundo atual a palavra é usada indistintamente
se referindo a qualquer mensagem religiosa ou
que seja pregada como solução completa para
algum problema...
Retirado de: http://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho
4. Definição Espírita de EVANGELHO:
Para Kardec, o EVANGELHO é o conjunto das
máximas morais do Cristo, ou ainda, “...o ensino
moral do Cristo...”.
Ainda segundo Kardec, esse EVANGELHO, que
contém o “...ensino moral do Cristo...”, pode se
constituir no “...terreno onde todos os cultos
podem reunir-se, estandarte sob qual todos
podem colocar-se, quaisquer que sejam suas
crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria
das disputas religiosas...”.
Fonte: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo (FEB, 89ª
Edição)
5. No seu Evangelho O Mestre Jesus nos colocou
que “...ninguém chega ao Pai senão por mim...”.
Mas o que significa esta colocação?
Na verdade, Jesus trouxe, com seu Evangelho,
uma nova forma de encarar a relação com Deus,
mostrando que a Lei de Amor, a Lei Maior, é
aplicada no dia-a-dia, na relação humana,
societária e com a natureza.
Por isso, o Evangelho foi vivido pelo Cristo,
exemplificado, não simplesmente escrito ou
divulgado como um pensamento filosófico,
esotérico ou místico.
6. Na sua passagem terrena, Jesus deixou claro
que a aplicação da Lei de Amor, a Deus e ao
Próximo, é realizada nos atos da vida normal,
não dentro dos Templos.
Exemplificou isso em toda a sua trajetória,
vivendo intensamente o Amor e a Caridade, a
Humildade, o Perdão, a Tolerância, a
Fraternidade, a Paciência, a Abnegação, a
Pregação do Bem, principalmente nos
mostrando que isso era possível ao homem
comum, àquele que estiver disposto a eliminar
seus maus pendores e cultivar as qualidades e
virtudes divinas que jazem adormecidas dentro
de nós.
7. Por isso o Cristo se coloca como o “...caminho
que leva a Deus...”, por nos ter deixado o
exemplo claro e vivo do comportamento que liga
nossa alma, nosso pensamento e nosso
sentimento ao Criador.
Assim sendo, temos que reconsiderar nosso
conceito de “religião”, que tem por significado
exatamente “...ligar a Deus...”, deixando de lado
a falsa idéia de que de que os Templos / Igrejas
e seus rituais, liturgias e dogmas de fé
constituem por si só o “caminho da salvação”.
Como se ligar a Deus é o conteúdo e o ensino do
EVANGELHO, que deve ser transformado em
aprendizado, em práxis, em vivência.
8. Infelizmente, por comodismo e interesse, é
muita mais fácil “entender” que basta seguir as
exigências específicas de determinada religião,
no que se refere as manifestações de
“religiosidade”, do que buscar o efetivo
“...caminho traçado pelo Mestre Jesus...” para
se alcançar a “salvação”.
Disse o Cristo: “...eu sou o Caminho, a Verdade
e a vida, e ninguém chega ao Pai senão por
mim...” .
O caminho, a verdade, a vida, é o Amor, aplicado
e vivenciado, em todos os momentos e atos da
vida. A comunhão com Deus só ocorrerá desta
maneira.
9. A religião praticada apenas dentro do Templo ou
Igreja não tem sentido, pois Deus nos criou para
a vida de relação, com o semelhante e com a
natureza.
O valor do Templo ou Igreja está em reunir a
força da oração, da fé, de permitir o aprendizado
conjunto, do auxílio ou reforço mútuo. No
entanto, a comunhão com o Alto ocorrerá por
nossas ações fora dele.
Recorramos ao Templos e Igrejas sim, para nos
fortalecer, para alavancarmos nossa fé e nossa
esperança, mas nunca nos esqueçamos de
realmente praticar a Religião em cada momento.
10. Se não conseguirmos entender que a verdadeira
Religião (a que liga com Deus) não tem nome,
não tem seita, não tem Templo, não tem Igreja,
exatamente por se consistir na efetiva ligação
com Deus, não conseguiremos trilhar o
“...caminho do Cristo...”,, o caminho do
EVANGELHO.
A “salvação”, o alcance da felicidade, ocorrerá
naturalmente, quando conseguirmos erigir o
Templo Verdadeiro à Deus em nossos corações,
purificado e elevado com a prática do Amor, da
Caridade, do Bem em todas as suas formas.
Foi isso que Jesus colocou claramente como
condição para “...chegar a Deus...”
11. • O Mestre Jesus nos disse que toda a Lei do
Universo pode ser resumida em “... Amar a Deus
sobre todas as coisas e ao próximo como a si
mesmo...”;
• O Mestre nos deixou ainda um grande axioma de
aplicação prática, vital para quem busca a
felicidade: “...fazei aos outros apenas o que
queiras para vós mesmos...”;
• A natureza, em todas as suas formas e
manifestações, é Obra Divina, e merece ser amada
e respeitada. Quem busca a felicidade, a
espiritualização, ama, respeita e protege toda a
natureza e toda a Criação Divina, inclusive seu
próprio patrimônio físico (corpo);
12. • Sem sombra de dúvida, a construção da
felicidade, a espiritualização, o equilíbrio
espiritual, físico, mental e energético passa pela
construção diária, pela aplicação minuto a
minuto da Lei do Amor, em todos os atos da
vida, pelo respeito e amor ao semelhante e a
natureza;
• Essa é a verdadeira RELIGIÃO, aquela trazida
pelo EVANGELHO, aquela que nos liga
verdadeiramente com DEUS;
• o TEMPLO VERDADEIRO, está dentro de nós
mesmos.
13. “Quem não provou amarguras,
No vale humano da dor,
Nada entende de doçuras,
E desconhece o que é o amor;
Amarguras são o manto dos que amam com ardor.”
Poema captado por São João da Cruz durante um êxtase
14. A VISÃO DAS RELIGIÕES TRADICIONAIS
Criação do Vida de
Nascimento Relação na
Espírito
Terra
Análise da
Foi uma Vida Morte do
“pessoa Terrestre Corpo Físico
boa”? (julgamento)
Pouco Purga-
Sim Não tório
Pouco “ruim”
ou muito
“ruim”?
C É U !!! INFERNO
Muito
15. OS PROBLEMAS DESSA VISÃO TRADICIONAL
• Para analisar os problemas da visão tradicional de
Céu e Inferno, devemos iniciar por examinar
alguns atributos de Deus:
– Deus é amor infinito;
– Deus é bondade e justiça infinita;
– Deus é perfeito;
– Deus é Criador de todos os espíritos;
– Deus é sabedor de todas as coisas em todos os
tempos;
– o destino e o funcionamento de todo o universo
é regido pela vontade e amor de Deus.
16. . Considerando que esses atributos Divinos são
verdadeiros, e são realmente aceitos por todas as
religiões, cabem algumas interrogações:
– ao criar o espírito Deus já não saberia o seu
destino final, ou seja, o céu ou o inferno?
• Claro que sim pois Deus possui a
onisciência.
– se Deus já sabia o destino de um espírito ao
criá-lo, por que cria espíritos destinados ao
“inferno”, ao sofrimento eterno?
• Se Deus criasse espíritos destinados
eternamente ao sofrimento e a dor (ao
inferno), isso estaria em desacordo com sua
infinita bondade, justiça e amor.
17. – se for verdade que o mal é necessário, para que
os “justos”, que os “bons” o superem, não seria
o mal criado também por Deus?
• Se o mal fosse criado por Deus, este não
seria soberanamente justo, bom e amoroso e,
portanto, não seria Deus.
– Se existir uma só vida na terra, e no final dela
existir a recompensa para os “bons e justos”,
na forma do Céu (Paraíso), ao criar espíritos que
vão para o céu e espíritos que vão para o
inferno, isso seria justo por parte de Deus?
• Claro que não, e nesse caso Deus não
existiria, pois Deus, necessariamente, é
18. – No “inferno” tradicional, temos a figura do
demônio, diabo, satã, belzebu, o anjo decaído,
guardião eterno do mal, encarregado de “punir”
os “pecadores” no “fogo do inferno”. Isso é
coerente com os atributos divinos?
• Evidentemente que não. Se o demônio
existisse, seria criação de Deus e, portanto, o
mal teria sido criado por Deus.
• Além disso se Deus tivesse criado o
demônio, teria criado um filho seu destinado
ao sofrimento e ao mal eterno. Ele não o faria.
• Se for verdadeiro que o demônio era um “anjo
rebelado”, Deus teria falhado ao criar “anjos”,
e com isso não seria perfeito, e sem
19. – No “Céu” ou paraíso tradicional, existe a figura
dos anjos, arcanjos, querubins, serafins e
outros da plêiade dos “anjos”. Esses seres
foram criados por Deus, para trabalhar ao seu
lado e para ajudar os Homens. Isso está de
acordo com os atributos de Deus?
• Claro que não. Se Deus tivesse criado os
“anjos” de forma diferenciada do que cria os
espíritos dos seres humanos, estaria
cometendo uma enorme injustiça;
• teria criado seres privilegiados, os anjos, que
nada fizeram para merecerem receber tal
título e incumbência, e teria criado os
espíritos, seres de segunda classe,
21. Evolução do Criação do Vida de
Princípio Espírito por Relação na
Inteligente Deus Terra
Ciclo de Aprendizado
Necessita novo Volta ao Morte do
Ciclo de Plano Corpo Físico
Aprendizado na espiritual
Matéria?
Sim Reencarnação
Não
Construção Eterna
Continua Evolução do Conhecimento e
no Plano Espiritual da Felicidade
auxiliando a Deus
22. Religião: postura ou prática?
Será a religião, em seu aspecto mais amplo, que é
o de re-ligar a criatura ao Criador, uma postura
interior, ou uma prática externa?
A religião, como agente de transformação moral,
tem sua real manifestação na postura, na conduta
do indivíduo, ou meramente na prática de
cerimônias e preceitos rituais e simbólicas?
(fonte: adaptado de -
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/diversos/comportamento/a-religiao
-interior.html)
23. Na Revista Espírita, volume de 1868, Kardec
coloca que: “...Dissemos que o verdadeiro
objetivo das assembléias religiosas deve ser a
comunhão de pensamentos; é que com efeito, a
palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em
sua acepção nata e verdadeira, é um laço que
religa os homens numa comunidade de
sentimentos, de princípios e de crenças...”.
Esse conjunto de “...sentimento, princípios e
crenças...” é o próprio EVANGELHO, o
“...conjunto das Leis Morais do Cristo...”.
24. A Educadora e Escritora Dora Incontri, em uma
entrevista, perguntada a respeito das influências
de Pestalozzi em Allan Kardec, faz uma colocação
preciosa:
“... São várias. Eu não acho que tenha sido casual
o fato de ele ser mestre de Kardec, acho que ele
foi realmente um precursor do Espiritismo. Uma
das coisas mais impressionantes que existe de
relação de pensamento, é a questão do conceito
de religião, porque Pestalozzi já tinha o conceito
espírita de religião, uma religião natural, sem
hierarquias, sacerdócio, a religião como algo
íntimo de homem...”.
Obs: grifo nosso
25. “... A religião verdadeira é aquela que enternece
os corações, fala às almas, orienta-as, infunde
coragem e jamais atemoriza. Deve dar liberdade
de fé e de raciocínio, pois ‘onde há liberdade, aí
reina o Espírito do Senhor’ ...”.
(fonte: Revista Internacional de Espiritismo – Junho de 1961 http://www.universoespirita.
org.br/periodicos%20na%20integra/rev_internacional_esp/junho61/espiritismo_religiao_
noraldino.htm)
Temos que lembrar o que nos disse Jesus: “...
Conheceis a verdade, e a verdade vos libertará...”
e ainda: “... Amar a Deus sobre todas as coisas e
ao próximo como a si mesmo: toda a lei e todos
os profetas aí estão contidos...”
26. Das colocações anteriormente levantadas, temos
bases para as seguintes propositivas:
a) a “religião espírita” é uma religião natural,
baseada na fé raciocinada, sem dogmas, sem
templos, sem sacerdotes, sem hierarquia
eclesiástica, sem rituais. Não é Igreja, não é Seita.
b) a “religião espírita” é a da obra Deus, onde o ser
(espírito) se reconhece como criatura divina, em
igualdade com toda a criação universal.
c) a “religião espírita” é a da efetiva busca da
ligação com Deus, pelo Amor e pelo Respeito às
Leis Universais, tendo por base o EVANGELHO do
Cristo.
27. d) a “religião espírita” é a da busca individual do
aperfeiçoamento e da evolução, pela
compreensão de nosso papel na natureza e no
destino do Universo.
e) a “religião espírita” é a da busca da harmonia,
em todos os seus aspectos, baseada no
equilíbrio, no respeito, na ética, no bem e na
caridade.
f) a “religião espírita” é a do Livre Arbítrio, sem
imposições, sem castigos, sem temores, sem
inferno e sem céu, mas com responsabilidade
proporcional, refletida na Lei de Causa e Efeito.
28. g) a “religião espírita” é aquela em que o “templo”
é o universo, o “altar” é a vida de relação e a
“oração” é o viver em harmonia com a Lei de
Deus, em todos os atos da vida diária.
h) a “religião espírita” é aquela em que o “Reino
de Deus” deve ser construído em nosso interior,
pela compreensão da Lei Maior, pelo pensamento
elevado, pela atitude firme no caminho do bem,
pela construção diária da evolução e do
aperfeiçoamento pessoal.
i) a “religião espírita” é aquela da educação, do
aprendizado, da busca da verdade, do “amai-vos e
instruí-vos”.
29. j) A “religião espírita” é aquela do equilíbrio
entre ciência, filosofia e ética/moral, estbilizando
o tripé que nos permite conhecer, inferir e amar.
l) A “religião espírita” é aquela onde trilhamos a
nossa própria estrada, construíndo-a e
pavimentando-a com nossos erros e nosso
acertos, e isso reconhecemos como útil e
necessário.
m) A “religião espírita” é aquela em que não se
necessita nem mesmo ter uma religião, bastando
sim amar, respeitar, compreender, ajudar, servir.
30. n) A “religião espírita” é aquela que nos permite
reconhecer que “somos deuses”, que nos convida
a utilizar esse poder divino para nossa evolução,
para mudar a nós mesmo, para mudar o mundo,
para construir o bem.
o) A “religião espírita” é aquela que nos lembra
que nós fomos criados para sermos felizes e nos
permite estudar, compreender e vivenciar os
caminhos para tal, nos dizendo que apenas nós
mesmos podemos fazer isso por nós.
p) A “religião espírita” é aquela que praticamos
quando nos ligamos com Deus, seja qual for o
lugar onde estivermos, seja qual for a atividade
que realizamos.
31. Palestra apresentada no Centro Espírita Luz Eterna - CELE
Curitiba-Pr, em, 20 de dezembro de 2005
www.cele.org.br
www.carlosparchen.net