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Esquemas-síntese
das cantigas
de amigo
I. «Sedia-m’eu na ermida de San Simon»,
Meendinho (p. 24)
Cantiga de amigo narrativa: a ida à ermida.
Personagens
• A amiga
• O amigo
(ausente)
Ação
A amiga aguarda
a chegada
do amigo.
Ele não chega,
e a maré sobe
Tempo
A duração
da subida
da maré
Espaço
• A ermida de San
Simon, situada
numa ilha
• Ondas do mar
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento.
Ansiosa
Aguarda
o seu amigo,
que não aparece
O mar sobe;
não há barqueiro
para a ajudar;
não sabe remar
Desesperada
Morrerá
«fremosa»
no alto mar
Nervosa
Papel da Natureza: o perigoso cenário das ondas do mar que rodeiam a amiga.
• Põe a vida da amiga em risco
• Impede o encontro do par amoroso
• Propicia a «morte» da amiga
Mar
Cenário: os elementos contribuem para o isolamento da donzela.
Mar
Ilhéu
Ermida
Donzela
Tempos verbais:
Pretérito
Causas
da situação
atual
Problema
enfrentado
no momento
de enunciação
Futuro
Desenlace
da situação:
morte
Presente/gerúndio
II. «Ai flores, ai flores do verde pino»,
D. Dinis (p. 28)
Cantiga de amigo dialogada: pedido angustiado às flores do verde pino.
Personagens
• A amiga
• A Natureza
(flores
do verde pino)
Ação
A amiga questiona as flores
sobre o estado e o paradeiro
do seu amigo.
As flores asseguram-na
de que o amigo está bem
e que chegará no prazo
combinado
Estrutura
Cantiga paralelística perfeita:
unidade central — dístico
• último verso de cada estrofe
é repetido no primeiro verso
da estrofe correspondente
no dístico seguinte
• técnica de leixa-pren:
repetição parcial ou integral
de versos
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado!
Ai Deus, e u é?
A donzela dirige-se às flores do verde pinho:
• pede-lhes notícias do seu amigo
• acusa o amigo de lhe ter mentido e de não
cumprir a promessa de se encontrar com ela
Resposta das flores do verde pinho:
• confirmam que o amigo está bem
• asseguram-lhe que o amigo cumprirá a sua
promessa e estará com ela como combinou
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela sofrimento por não ter
notícias do seu amigo.
Ansiosa/insegura
Refrão
interrogativo
Apóstrofe
à Natureza com uso
da interjeição «Ai»
repetida ao longo
da cantiga
Furiosa
Frases de tipo
exclamativo
Angustiada/saudosa
Refrão da cantiga «Ai Deus, e u é?» — apóstrofe interrogativa à divindade.
• Demonstra a ansiedade da donzela.
• Intensifica as emoções da donzela.
• Tempo primaveril; fertilidade
• Juventude
• Sentimento entre a donzela e o amigo
Simbologia
das flores
do verde pino
Papel da Natureza: confidente da donzela/tranquiliza a donzela/confirma
a lealdade do amigo junto da donzela.
III. «Bailemos nós já todas três, ai amigas»,
Airas Nunes (p. 30)
Ambiente primaveril
Árvores em flor
Relação de proximidade:
Amigas
Irmanas
Cantiga de amigo (bailia): convite às amigas; desejo de ir dançar.
Personagens
Três amigas A donzela incita
as amigas a bailar
Espaço
Campestre:
• Debaixo
das avelaneiras
• Debaixo das avelãs
• Debaixo do ramo florido
Ação
Simbologia do número 3:
Perfeição
Harmonia
Consequência:
as donzelas belas
e apaixonadas
dançarão como elas
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela tenta convencer as suas
amigas a dançarem com ela.
Alegre ConfianteSegura
Discurso persuasivo
Participar
no ritual
da dança
Convencer
as amigas
a dançar
1. Ser bela como
as três amigas
2. Amar alguém
Outras donzelas
bailarão: o ritual
cumprir-se-á
Intenção Ação Condição Consequência
Caracterização das três amigas no discurso do sujeito poético: autoelogio.
Repetição
das expressões positivas:
beleza e formosura
«quem for velida como nós»
«quem for louçana como nós»
«quem bem parecer como nós parecemos»
Características formais: estrutura paralelística com refrão intercalado.
IV. «Levad’, amigo, que dormides
as manhanas frias»,
Nuno Fernandes Torneol (p. 34)
Cantiga de amigo, de temática semelhante à do género alba:
a separação dos amantes.
Personagens
• Locutor:
a amiga
• Destinatário:
o amigo
• Testemunha:
as aves
1. A donzela alerta o amigo para
a chegada da manhã
2. As aves celebram o seu amor
3. O amigo partiu os ramos em que
as aves celebrantes pousavam
4. O amigo secou as fontes que
as aves celebrantes usavam
Espaço
Cenário
do idílio amoroso:
• Manhã
• Canto dos pássaros
• Ramos das árvores
• Fontes
Ação
• A donzela alerta o amigo para a chegada da manhã.
• A separação dos amantes é acompanhada por mudanças na Natureza.
Transformação na Natureza == evolução da relação amorosa
Estrutura da cantiga:
Coplas 1-4
Ambiente idílico, afetivo: a donzela acorda o amigo / a certeza de ser amada
Tempo presente: verbos no presente e no imperfeito do modo indicativo; modo imperativo
1.ª parte
Harmonia
Mensageiro da manhã
Assunto do canto: amor
Canto das aves
Coplas 5-8
Ambiente desagradável, penoso
Destruição dos símbolos da harmonia amorosa pelo amigo
Situação passada e que já não existe: verbos no perfeito do indicativo2.ª parte
Rutura
O amigo corta os ramos em que as aves pousavam
O amigo seca as fontes em que as aves bebiam
Canto das aves
termina porque
Simbologia do refrão:
Características formais: cantiga paralelística perfeita.
• Coplas 1 a 4: alegria da donzela.
• Coplas 5 a 8: antítese entre a tristeza descrita nos versos e a alegria
apresentada no refrão.
São idênticos, em intervalos de cinco, os versos 2/7, 8/13, 11/16, 14/19 e 17/22.
V. «Ondas do mar de Vigo»,
Martim Codax (p. 36)
Cantiga de amigo, de temática semelhante à do género marinha
ou barcarola: a presença do mar.
Situação inicial: amigo ausente.
O sujeito poético e os elementos da Natureza:
EU
Donzela
TU
Ondas do
mar de Vigo
Apóstrofe
Confidentes
Mensageiras
Sentimentos pelo amigo
Paradeiro do amigo
Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento.
Coplas 1 e 2
Coplas 3 e 4
Refrão
«se vistes meu amigo?»
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«o por que eu suspiro?»
«por que ei gram cuidado?»
Ansiosa
Duvidosa
Aflita
Preocupada
Desejo de rever o amigo;
desejo de união
«E ai se verra cedo!»
virá — futuro do modo indicativo
Angústia e receio constantes
devido à ausência do amado
Inquieta
Emotiva
Repetição
Frases interrogativas
Frase exclamativa
• Cantiga de refrão.
• Cantiga paralelística perfeita, com emprego da técnica de leixa-pren.
Características formais:
VI. «Digades, filha, mha filha velida»,
Pero Meogo (p. 40)
Cantiga de amigo dialogada: conversa entre uma mãe e a sua filha.
Texto
lírico Texto
dramático Texto
narrativo
Veados ==símbolo
do amigo
Situação inicial: a mãe interroga a filha acerca do seu atraso na fonte.
Percebe que a filha
está apaixonada.
Recusa a mentira
Discurso da filha:
veados revolviam a água
Personagens
• A mãe — madre
vigilante e protetora
• A donzela — filha
apaixonada
• Coplas 1 e 2 :
a mãe interroga a filha
• Coplas 3 e 4: a filha
justifica o seu atraso
• Coplas 5 e 6 : a mãe
não aceita a explicação
da donzela
Espaço
Campestre:
• a fonte
• outros elementos
da Natureza
(referência ao rio, ao mar
e aos cervos do monte)
Ação
«mentir por amigo», «mentir por amado» —
encontro com o namorado
Discurso da mãe:
os veados não revolvem
as águas
A filha mente para
esconder a verdadeira
razão do seu atraso
Refrão: entre parênteses / aparte — expressa o pensamento da donzela
e confirma a suspeita da mãe de que o amor domina a donzela.
• Cantiga de refrão.
• Cantiga paralelística perfeita, com emprego da técnica de leixa-pren.
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Cantigas de amigo - resumo

  • 2. I. «Sedia-m’eu na ermida de San Simon», Meendinho (p. 24)
  • 3. Cantiga de amigo narrativa: a ida à ermida. Personagens • A amiga • O amigo (ausente) Ação A amiga aguarda a chegada do amigo. Ele não chega, e a maré sobe Tempo A duração da subida da maré Espaço • A ermida de San Simon, situada numa ilha • Ondas do mar
  • 4. Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento. Ansiosa Aguarda o seu amigo, que não aparece O mar sobe; não há barqueiro para a ajudar; não sabe remar Desesperada Morrerá «fremosa» no alto mar Nervosa
  • 5. Papel da Natureza: o perigoso cenário das ondas do mar que rodeiam a amiga. • Põe a vida da amiga em risco • Impede o encontro do par amoroso • Propicia a «morte» da amiga Mar Cenário: os elementos contribuem para o isolamento da donzela. Mar Ilhéu Ermida Donzela
  • 6. Tempos verbais: Pretérito Causas da situação atual Problema enfrentado no momento de enunciação Futuro Desenlace da situação: morte Presente/gerúndio
  • 7. II. «Ai flores, ai flores do verde pino», D. Dinis (p. 28)
  • 8. Cantiga de amigo dialogada: pedido angustiado às flores do verde pino. Personagens • A amiga • A Natureza (flores do verde pino) Ação A amiga questiona as flores sobre o estado e o paradeiro do seu amigo. As flores asseguram-na de que o amigo está bem e que chegará no prazo combinado Estrutura Cantiga paralelística perfeita: unidade central — dístico • último verso de cada estrofe é repetido no primeiro verso da estrofe correspondente no dístico seguinte • técnica de leixa-pren: repetição parcial ou integral de versos
  • 9. Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi á jurado! Ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo! Ai Deus, e u é? Ai flores, ai flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo! Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi á jurado! Ai Deus, e u é? A donzela dirige-se às flores do verde pinho: • pede-lhes notícias do seu amigo • acusa o amigo de lhe ter mentido e de não cumprir a promessa de se encontrar com ela Resposta das flores do verde pinho: • confirmam que o amigo está bem • asseguram-lhe que o amigo cumprirá a sua promessa e estará com ela como combinou
  • 10. Estado de espírito do sujeito poético: a donzela sofrimento por não ter notícias do seu amigo. Ansiosa/insegura Refrão interrogativo Apóstrofe à Natureza com uso da interjeição «Ai» repetida ao longo da cantiga Furiosa Frases de tipo exclamativo Angustiada/saudosa
  • 11. Refrão da cantiga «Ai Deus, e u é?» — apóstrofe interrogativa à divindade. • Demonstra a ansiedade da donzela. • Intensifica as emoções da donzela. • Tempo primaveril; fertilidade • Juventude • Sentimento entre a donzela e o amigo Simbologia das flores do verde pino Papel da Natureza: confidente da donzela/tranquiliza a donzela/confirma a lealdade do amigo junto da donzela.
  • 12. III. «Bailemos nós já todas três, ai amigas», Airas Nunes (p. 30)
  • 13. Ambiente primaveril Árvores em flor Relação de proximidade: Amigas Irmanas Cantiga de amigo (bailia): convite às amigas; desejo de ir dançar. Personagens Três amigas A donzela incita as amigas a bailar Espaço Campestre: • Debaixo das avelaneiras • Debaixo das avelãs • Debaixo do ramo florido Ação Simbologia do número 3: Perfeição Harmonia Consequência: as donzelas belas e apaixonadas dançarão como elas
  • 14. Estado de espírito do sujeito poético: a donzela tenta convencer as suas amigas a dançarem com ela. Alegre ConfianteSegura Discurso persuasivo Participar no ritual da dança Convencer as amigas a dançar 1. Ser bela como as três amigas 2. Amar alguém Outras donzelas bailarão: o ritual cumprir-se-á Intenção Ação Condição Consequência
  • 15. Caracterização das três amigas no discurso do sujeito poético: autoelogio. Repetição das expressões positivas: beleza e formosura «quem for velida como nós» «quem for louçana como nós» «quem bem parecer como nós parecemos» Características formais: estrutura paralelística com refrão intercalado.
  • 16. IV. «Levad’, amigo, que dormides as manhanas frias», Nuno Fernandes Torneol (p. 34)
  • 17. Cantiga de amigo, de temática semelhante à do género alba: a separação dos amantes. Personagens • Locutor: a amiga • Destinatário: o amigo • Testemunha: as aves 1. A donzela alerta o amigo para a chegada da manhã 2. As aves celebram o seu amor 3. O amigo partiu os ramos em que as aves celebrantes pousavam 4. O amigo secou as fontes que as aves celebrantes usavam Espaço Cenário do idílio amoroso: • Manhã • Canto dos pássaros • Ramos das árvores • Fontes Ação • A donzela alerta o amigo para a chegada da manhã. • A separação dos amantes é acompanhada por mudanças na Natureza.
  • 18. Transformação na Natureza == evolução da relação amorosa Estrutura da cantiga: Coplas 1-4 Ambiente idílico, afetivo: a donzela acorda o amigo / a certeza de ser amada Tempo presente: verbos no presente e no imperfeito do modo indicativo; modo imperativo 1.ª parte Harmonia Mensageiro da manhã Assunto do canto: amor Canto das aves Coplas 5-8 Ambiente desagradável, penoso Destruição dos símbolos da harmonia amorosa pelo amigo Situação passada e que já não existe: verbos no perfeito do indicativo2.ª parte Rutura O amigo corta os ramos em que as aves pousavam O amigo seca as fontes em que as aves bebiam Canto das aves termina porque
  • 19. Simbologia do refrão: Características formais: cantiga paralelística perfeita. • Coplas 1 a 4: alegria da donzela. • Coplas 5 a 8: antítese entre a tristeza descrita nos versos e a alegria apresentada no refrão. São idênticos, em intervalos de cinco, os versos 2/7, 8/13, 11/16, 14/19 e 17/22.
  • 20. V. «Ondas do mar de Vigo», Martim Codax (p. 36)
  • 21. Cantiga de amigo, de temática semelhante à do género marinha ou barcarola: a presença do mar. Situação inicial: amigo ausente. O sujeito poético e os elementos da Natureza: EU Donzela TU Ondas do mar de Vigo Apóstrofe Confidentes Mensageiras
  • 22. Sentimentos pelo amigo Paradeiro do amigo Estado de espírito do sujeito poético: a donzela em progressivo sofrimento. Coplas 1 e 2 Coplas 3 e 4 Refrão «se vistes meu amigo?» «se vistes meu amado?» «o por que eu suspiro?» «por que ei gram cuidado?» Ansiosa Duvidosa Aflita Preocupada Desejo de rever o amigo; desejo de união «E ai se verra cedo!» virá — futuro do modo indicativo Angústia e receio constantes devido à ausência do amado Inquieta Emotiva Repetição Frases interrogativas Frase exclamativa
  • 23. • Cantiga de refrão. • Cantiga paralelística perfeita, com emprego da técnica de leixa-pren. Características formais:
  • 24. VI. «Digades, filha, mha filha velida», Pero Meogo (p. 40)
  • 25. Cantiga de amigo dialogada: conversa entre uma mãe e a sua filha. Texto lírico Texto dramático Texto narrativo
  • 26. Veados ==símbolo do amigo Situação inicial: a mãe interroga a filha acerca do seu atraso na fonte. Percebe que a filha está apaixonada. Recusa a mentira Discurso da filha: veados revolviam a água Personagens • A mãe — madre vigilante e protetora • A donzela — filha apaixonada • Coplas 1 e 2 : a mãe interroga a filha • Coplas 3 e 4: a filha justifica o seu atraso • Coplas 5 e 6 : a mãe não aceita a explicação da donzela Espaço Campestre: • a fonte • outros elementos da Natureza (referência ao rio, ao mar e aos cervos do monte) Ação «mentir por amigo», «mentir por amado» — encontro com o namorado Discurso da mãe: os veados não revolvem as águas A filha mente para esconder a verdadeira razão do seu atraso
  • 27. Refrão: entre parênteses / aparte — expressa o pensamento da donzela e confirma a suspeita da mãe de que o amor domina a donzela. • Cantiga de refrão. • Cantiga paralelística perfeita, com emprego da técnica de leixa-pren. Características formais: