O documento discute os modos de navegação social no Brasil, como a malandragem e o "jeitinho", que são formas criativas de contornar regras e obter vantagens pessoais. Esses mecanismos surgiram para equilibrar a ordem e disciplina com a realidade ambígua brasileira. Eles refletem a dificuldade de aplicar normas universais e a desmoralização das leis quando aplicadas de forma não imparcial.
5. O Resultado disto foi um sistema
social dividido e equilibrado, no
meio de ambos, a malandragem, o
jeitinho e o famoso,
“sabe com quem esta falando”?
Seria um modo de enfrentar
as contradições e
paradoxos de modo
Tipicamente Brasileiro.
6. Malandragem
... o malandro é um profissional no uso
do ”jeitinho” e na habilidade de
solucionar os problemas que a lei ou
regras de convivência social possam
lhe trazer, de forma original e com
grande criatividade cria mecanismos
para tirar partido de situações
corriqueiras da vida.
7. Malandragem
Também
entendido como
esperteza, a
ideia do
malandro que se
orgulha em
contar
vantagens
9. “JEITINHO” - junção do “pode” com o “não pode”
“É, sobretudo, um modo simpático,
desesperado ou humano de relacionar o
impessoal com o pessoal como uma
forma simpática, de fazer a junção
inteiramente
casuística da lei,
com a pessoa que
a está utilizando
afim de
obter vantagens
pessoais.
11. Você sabe com quem esta falando?
• É uma versão extremada e
corrompida do “jeitinho”, e muito
menos simpática, essa versão
aparece quando o cidadão por ter
qualquer relação com alguma figura
importante de certo status social, se
acha no direito de transpor o
“não pode”, e age com repressão
contra a repressão.
12. • O Brasil sempre enfrentou um
dilema sociocultural entre a
aplicação de leis que, ao menos no
papel, contempla a todos e os
modos de navegação social que se
utilizam da esperteza e das
relações sociais de alguns para
burlar o sistema jurídico a luz de
suas conveniências pessoais.
13. Uma das consequências da
reiteração da aplicação dessas
formas de navegação social é a
desmoralização das leis e regras de
convívio social, que perdem o
respeito e crédito ao dividir o
sistema social de forma não
imparcial quando aplicadas
14. Diferentemente do Brasil, alguns países como:
• Estados Unidos,
• França
• Inglaterra,
existe uma coerência, uma ligação forte, entre a
regra jurídica e as práticas da vida diária.
“Ficamos, pois, sempre confundidos e,
ao mesmo tempo, fascinados com a
chamada disciplina existente nesses
países” (DAMATTA, 1986, p.99).
15. Talvez devido a nossa falta de
coerência entre a lei e os costumes da
vida comum, nós muitas vezes não
agimos de acordo com o
mandamento jurídico e procuramos
descobrir e aperfeiçoar modos de
navegação social visando fugir do tão
temido ”não pode!”
contido nas entrelinhas da lei.
16. Esses modos de navegação
social que usamos para
viabilizar a resolução de
problemas pessoais se dividem
basicamente no “jeitinho” e
na malandragem.
18. • Já está implícita na mente dos brasileiros
a semente degenerativa do sistema
jurídico que nos leva a crer que há
sempre um jeito de satisfazer nossas
vontades.
19. Meios de navegação social
[...] trata-se mesmo de um modo - jeito ou
estilo - profundamente original e
brasileiro de viver, e às vezes sobreviver,
num sistema em que a casa nem sempre
fala com a rua e as leis formais da vida
pública nada têm a ver com as boas regras
da moralidade costumeira que governam a
nossa honra, o respeito e, sobretudo, a
lealdade que devemos aos amigos, aos
parentes e aos compadres. (Damatta, 1986)
20. O Despachante
• No Brasil temos a figura do despachante ,
um especialista em entrar em contato com
repartições oficiais para obtenção de
documentos que normalmente implicam
em confusões. Ele é um especialista em
utilizar o ”jeitinho” .
• Tendo grande importância devido a
dificuldade de juntar a
lei com a realidade
social.
21.
22. Esse nosso modo de navegação social
possui um grande valor social e sabe-se
que esse nosso estilo de viver nasceu junto
com o nosso país, o primeiro documento
que se remete as terras brasileiras, a carta
histórica de Perro Vaz de Caminha, onde o
referido autor, após dar ótimas notícias a
sua alteza o rei de Portugal, se aproveita
da situação para de forma malandra e
sutil vir a fazer no desfecho da carta um
pedido, de foro particular, a essa
majestade.