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Guache
Marques



PINTURAS
 PERÍODO DE 1992 A 2011
Copyright by Guache Marques
Julho de 2011
Textos de críticos de arte, biografia e fotos
de trabalhos recentes em pinturas

* Todos os direitos reservados.
PINTURAS
Guache Marques

      As Pinturas vieram a fazer parte
 da obra do artista desde a década de 90,
      com o interesse cada vez maior
    por novos materiais e suas diversas
   configurações. Conseguiu com essa
  técnica o Prêmio de Fomento às Artes
     concedido pela UNESCO durante
      a mostra do V Mercado Cultural
      no Espaço Cultural da Caixa em
        Salvador, com Sala Especial.
    As pinturas realizadas por Guache,
    nesse período, se revestem de um
      aprimorado estudo da temática
   afro-brasileira onde magia e mistério
          lhe servem como fontes
         constantes de inspiração.
Série Signos Afro, 1998
Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes”
                      na Galeria ACBEU/Salvador em 1998
                        Massa acrílica gesso e tinta acrílica
                                 Dimensões: 100 x 100 cm
Série Signos Afro, 2009
Signo recortado de outro trabalho aplicado sobre fundo azul
 utilizando os recursos de edição de imagens do Photoshop
                     Resolução de 150 dpi | Arquivo JPEG
      Dimensões para impressão final em canvas: 70 x 90 cm
Série Signos Afro, 2005
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 40 x 30 cm
Série Signos Afro, 2000
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 100 x 100 cm
Série Signos Afro, 2008
Obra integrante do livro “50 Anos de Arte na Bahia”
      da crítica de Arte da (A.I.C.A.), Matilde Matos
    Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                          Dimensões: 110 x 100 cm
Série Signos Afro: Ferramenta de Exu, 2005
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 80 x 80 cm
Série Signos Afro: Peji, 1998
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 100 x 100 cm
Série Signos Afro: Ferramentas de Orixás, 2008
    Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                          Dimensões: 100 x 110 cm
Arte Digital | Série Signos Afro: O Signo Ancestral, 2010
           Junção de elementos extraídos de outros trabalhos e dispostos sobre fundo
                        com texturas, utilizando os recursos do Adobe Photoshop CS5
Arquivo JPEG | Resolução de 150 dpis | Dimensões para impressão final: 80 x 110 cm
A Invenção do Signo, 2007
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 120 x 100 cm
Série Signos Afro, 1998
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 110 x 100 cm
Série Signos Afro: Ferramentas de Orixás, 2008
    Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                           Dimensões: 90 x 160 cm
Série Signos Afro (Abstração), 2009
  Obra integrante da exposição “Corredor das Artes”
na Escola de Belas Artes / Galeria Canizares em 2010
      Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                              Dimensões: 30 x 30 cm
Série Signos Afro: Ferramentas de Orixá, 2005
          Obra integrante da exposição individual “S!GNOS”
no MAC - Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana
             Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                   Dimensões: 100 x 110 cm
Série Signos Afro: Peji, 1999
Obra integrante do acervo do MRA - Museu Regional de Arte de Feira de Santana
                                Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                                      Dimensões: 100 x 110 cm
Série Signos Afro: Exu, 2003
Obra integrante do livro “50 Anos de Arte na Bahia”
      da crítica de Arte da (A.I.C.A.), Matilde Matos
    Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                             Dimensões: 80 x 80 cm
Série Signos Afro, 2008
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 50 x 50 cm
Série Signos Afro, 2008
          Obra integrante da exposição individual “S!GNOS”
no Museu de Arte Contemporânea / MAC de Feira de Santana
              Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                      Dimensões: 50 x 50 cm
Série Signos Afro: Africae, 2008
          Obra integrante da exposição individual “S!GNOS”
no Museu de Arte Contemporânea / MAC de Feira de Santana
              Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                     Dimensões: 90 x 160 cm
Série Signos Afro: Africae, 2008
                          Obra integrante da exposição com sala especial
                    no V MERCADO CULTURAL tendo obtido o premio de
Fomento às Artes concedido pela UNESCO para projetos na América Latina
                           Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                                 Dimensões: 110 x 100 cm
Série Signos Afro, 2009
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 50 x 50 cm
Série Signos Afro, 1998
Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes”
                           na Galeria ACBEU/Salvador/Bahia
             Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                   Dimensões: 100 x 100 cm
Série Signos Afro, 1998
                      Obra integrante da exposição “Corredor das Artes”
na Galeria Cañizares da Escola de Belas Artes da UFBA - Salvador/Bahia
                          Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                                  Dimensões: 30 x 30 cm
Bossa: Violão de uma Nota Só
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                         Dimensão: 80 x 80 cm
Série Signos Afro: Ferramenta de Orixá, 2002
 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensão: 150 x 100 cm
Série Signos Afro: Ferramenta de Orixá Exu, 2006
                          Obra integrante da exposição individual do
projeto Arte/Sofitel da Galeria Prova do Artista em Costa do Sauípe
                      Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                              Dimensões: 70 x 70 cm
Série Signos Afro: Ferramenta de Orixá Exu, 2008
                          Obra integrante da exposição com sala especial
                    no V MERCADO CULTURAL tendo obtido o premio de
Fomento às Artes concedido pela UNESCO para projetos na América Latina
                           Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                                 Dimensões: 140 x 140 cm
Série Signos Afro, 2004
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 140 x 140 cm
Série Signos Afro, 1998
         Obra integrante da exposição individual
“Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador
  Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 100 x 100 cm
Série Signos Afro, 1998
         Obra integrante da exposição individual
“Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador
  Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 100 x 150 cm
Série Signos Afro: A Invenção do Signo II, 1999
   Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                         Dimensões: 110 x 100 cm
Série Signos Afro, 2004
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 80 x 80 cm
Série Signos Afro, 2004
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 110 x 100 cm
Série Signos Afro, 2004
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 120 x 100 cm
Série Signos Afro: Emblemas, 2005
                      Obra integrante da exposição individual no projeto
Arte/Salvador da Galeria Prova do Artista no Hotel Sofitel/ Rio de Janeiro
                          Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                                  Dimensões: 80 x 80 cm
Série Signos Afro, 2009
         Obra integrante da exposição individual
“Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 100 x 100 cm
A Paixão (detalhe), 2000
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 50 x 50 cm
Expo Tropicália, 2003
           Obra integrante da exposição coletiva
“Tropicália” no Museu de Arte Moderna da Bahia
  Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 100 x 100 cm
Série Signos Afro, 1998
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 70 x 70 cm
Série Signos Afro, 2009
           Obra integrante da exposição individual no projeto
Arte/Salvador da Galeria Prova do Artista em Costa do Sauípe
               Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                       Dimensões: 90 x 80 cm
Série Signos Afro, 2009
Obra integrante da exposição “Salvador, 450 Anos
   Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                         Dimensões: 110 x 100 cm
Série Signos Afro, 2009
                    Obra integrante da exposição individual do projeto
Arte/Sofitel da Galeria Prova do Artista no Hotel Sofitel/Rio de Janeiro
                        Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                                Dimensões: 80 x 80 cm
Série Signos Afro, 2009
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                        Dimensões: 50 x 50 cm
Série Signos Afro: Santuário, 1998
Obra integrante da exposição individual no ACBEU / Salvador
              Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                                    Dimensões: 100 x 150 cm
A Paixão, 2002
Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela
                      Dimensões: 100 x 120 cm
TEXTOS
CURRÍCULO
 CRÍTICAS
EXPOSIÇÕES
guache marques |                                        currículo
Guache Marques é natural de Feira de Santana (janeiro de 1954).
Desde o início na EBA (Escola de Belas Artes da UFBA) em 1974 com os desenhos a nanquim e pastel seco, até
as pinturas e arte digital atuais passando, ainda, pelas gravuras e fotos-desenho nas oficinas do MAM nos anos
80, tem desenvolvido, um trabalho voltado para o entendimento do homem, seus desígnios, suas vicissitudes,
suas crenças e mitos.
Tem elaborado em suas pinturas um discurso que hoje apresenta acentuadas preocupações com a nossa
identidade mestiça e nossa cultura de tradições e contemporaneidade evocando as raízes de um cotidiano que
ele mesmo vivencia através da releitura de signos da cultura afro e indígena, onde magia e mistério lhe servem
como fontes constantes de inspiração.
Ultimamente dedicando-se à arte digital, além da pintura e do desenho, Guache tem diversificado ainda mais a
sua atuação nas artes plásticas. Já transitou com desenvoltura por diversas técnicas como os desenhos a
nanquim e pastel seco dos anos 70, com premiações no Gabinete Português de Leitura em Salvador (1º prêmio
em desenho) em 1975 e em 1978 no I Salão Universitário de Artes Visuais no TCA (1º prêmio de aquisição em
desenho); assim como na década de 80 com as fotos-desenho e gravuras nas Oficinas do MAM; e também as
premiadas pinturas dos anos 90 com o prêmio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO em 2003 no
Mercado Cultural com sala especial no Conjunto Cultural da Caixa. Recebeu ainda, prêmios em instalações no
Encontro de arte da FUNCISA (Fundação Cidade de Salvador) em 1976 e Bienal do Recôncavo da Fundação
Danneman, em co-autoria, em 1991. A Arte Digital chega pra inserir sua obra numa nova mídia e completar o
elenco de novas técnicas, demonstrando assim, as preocupações do artista com o seu tempo.

Consta no seu currículo, individuais na Galeria GAFFES em Feira com desenhos em 1974, na Galeria ACBEU com
pinturas em 1998 e 2002, no MAC em Feira de Santana em 2008 com pinturas e arte digital e no Projeto
Arte/Sofitel da Galeria Prova do Artista em 2004/Salvador, 2005/Rio de Janeiro e 2006/Costa do Sauípe com
pinturas e arte digital, além de dezenas de coletivas em Salvador, Buenos Ayres, Coritiba, Rio de Janeiro, Macau
(China) e Paris.
Participou ainda de diversas exposições; no Museu de Arte da Bahia - Geração 70 / Salão de Artes Visuais e
Tropicália no MAMBa/ coletiva em Buenos Aires durante a Semana de Intercâmbio Cultural Brasil-Argentina /
coletiva pelo projeto Arts Plastiques d"aujourd"hui em Paris-França / pelo projeto Arte Arte Salvador 450 anos no
MAM, Macau/China, Porto/Portugal, Curitiba e Museu da Cidade em Salvador / coletiva Brazilians On The Move
Exhibition em Londres na Galeria Tavid / expo Bahian Artists Exposition - W. K. Kellogg Fundation no ICBA Salva-
dor / expo coletiva e acervo Faraimará - Homenagem aos 70 Anos de Mãe Stela - llé Axé Opô Afonjá / Projeto de
Revitalização do Parque Histórico de Cabaceiras - Museu Castro Alves - Muritiba/BA / Arte Comestível em
Salvador e Feira de Santana / expo coletiva 2334 no Casarão do Pelô / Circuito das Artes.

Realizou diversos painéis coletivos em Salvador, destacando-se o da Biblioteca Central da UFBA, Secretaria de
Administração no Centro Administrativo, Escola Polivalente do Cabula, Artistas em Defesa do Parque São Bartolo-
meu, Projeto Natureza Viva - Dia Mundial do Meio Ambiente, além de doações para campanhas em prol da
Irmandade da Boa Morte em Cachoeira, pela preservação da Ararinha Azul, em defesa do Parque São Bartolo-
meu, em homenagem aos 70 anos de Mãe Stela do Ilê Axé Opô Afonjá.
Possui quadros em acervo do MAMBa (Museu de Arte Moderna da Bahia), MAB (Museu de Arte da Bahia), Museu
de Castro Alves em Muritiba, ACBEU (Associação Cultural Brasil Estados Unidos), Faculdade de Geologia -
Pavilhão de Aulas da UFBA, Gabinete Português de Leitura, Museu Regional de Feira de Santana/MRA/CUCA,
Museu de Arte Contemporânea/MAC em Feira, Pinacoteca do CDL Clube dos Dirigentes Lojistas – Feira de
Santana/BA. Utilizando as técnicas de bico de pena e pastel seco, fez ilustrações para a Revista Exu (publicação
da Fundação Casa de Jorge Amado), Revista da Bahia, livro de contos “Dona Cici, A Contadora de Histórias, alem
de diversos livros de poesia. Como Designer Gráfico, criou logomarcas, cartazes e folders para várias instituições.
Fez parte da comissão julgadora do IV Salão Regional de Artes Plásticas em Valença pela Fundação Cultural do
Estado da Bahia em 2004 e do Prêmio Braskem de Cultura e Arte em 2007. Designer Gráfico do Irdeb/TVE
Bahia.
resumo | alguns textos críticos
“ A impressão do conjunto é de que o artista, não obstante a serenidade da pessoa, habita fantástico mundo de uma civilização tribal em
permanente festa. Pois a profusão de cores fortes é característica dominante em sua obra, no que revela um equilíbrio admirável.”
Gláucia Lemos, 2011 | Crítica de Arte (pós graduação UFBa) | Escritora ( Academia de Letras da Bahia e União Brasileira de Escritores/SP)

“ É claro que não se pode ignorar a presença dos signos pintados – estão aí simplesmente e, ademais, traçados com um vigor e uma
clareza que preservam prontamente reconhecível a sua procedência. Restam, entretanto, formalmente depurados, não mais atrelados ao
contexto original do qual foram arrancados. Do símbolo emotivo só vestígios subsistem: a abstração os esteriliza.”
Caius Marcellus, 2010 | Artista Plástico, Musicista

“ Uma trajetória histórica e um artista que sabe lidar com a matéria plástica.”
Aldo Tripodi, 2005 | Crítico de Arte, Poeta, Ensaísta

“ Nos trabalhos atuais de Guache Marques, a figura propriamente dita, desapareceu, deixando um grafismo, realizado de forma pessoal,
no qual transparece a simbologia do misticismo baiano. As cores estão cada vez mais vibrantes e diversificadas e o apuro técnico segue o
seu ritmo cada vez mais atraente.”
Justino Marinho, 2004 | Artista Plástico | Crítico de Arte

"... nossa relação com sua arte deve atravessar a visceralidade de sua expressão... que chega hoje a um abstracionismo/figurativo com o
referencial nos signos afro-brasileiros, sejam religiosos ou profanos, reinterpretando uma cultura que nenhum de nós, aqui vivendo,
podemos evitar em nossas vidas, quanto mais em nosso imaginário”.
Claudius Portugal, 2002 | Poeta, Ensaísta e Crítico de Arte

“ Nas composições que estrutura dentro do espaço de cada tela, não é a forma explícita dos signos que revelam o tema... Seus trabalhos
desta série revelam o que é real para ele na nossa cultura: a força da fé e do rito que paira entre o sensual e o espiritual, o sincretismo
religioso que nos leva a ver em torno das formas monumentais e icônicas, uma auréola sacra que tanto envolve o peji quanto o santuário”.
Matilde Matos, 2002 | Crítica de Arte | Membro da A.I.C.A. e A.B.C.A.

“... a sua linguagem registra impressões, seu olhar sobre o real, o cotidiano. Trata-se de uma grande riqueza artística, razão pela qual a
Câmara Municipal de Salvador registra votos de louvor ao pintor e reconhecimento ao seu talento que tanto honra os soteropolitanos.
Javier Alfaya, 1998 | Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer na Câmara Municipal de Salvador

" Guache, por detrás de sua aparente linearidade e economia, aponta para um dos traços mais marcantes do pós-moderno, que é o
compromisso dialético com a raiz."
Ildásio Tavares, 1998 | Poeta e Crítico de Arte

“ Seus trabalhos perderam muito da suavidade cromática, em que jà era evidente a prioridade ao mundo interior do artista. Mas quem
pode ser suave face a nossa controvertida realidade? São pinturas fortes e originais, sugerindo uma fusão fortuita do comportamento
natural com a selvageria psicológica.”
Matilde Matos, 1988 | Crítica de Arte | Membro da A.I.C.A. e A.B.C.A.

” Sua obra foge ao discurso fácil do homem feliz. Antes, sem rodeios, mostra o seu lado mais esconso e vil - aquilo que nos constrange.
Com um apurado domínio técnico, trabalhando com pastel e tinta acrílica, o artista vai nos dando conta da despersonalização a que o
poder tem submetido o homem.”
Washington Queiroz, 1986 | Poeta e Antropólogo Social

“ Guache Marques despe o homem de seus valores morais, tirando-o do pedestal da escala zoológica e discursa amplamente sobre o seu
lado burlesco... mostrando toda sua crueza, em todos os jogos que a raça humana se propõe a jogar e sustenta a análise da competição
desenfreada do homem, contra si próprio.”
Kássia Maria, 1985 | Jornalista
técnicas utilizadas
Desenhos a Bico de pena
O período que antecede o ingresso na Escola de Belas Artes da UFBa, em 1974, é quando são executados
os trabalhos em bico de pena, técnica usual entre vários artistas da época. O realismo fantástico era o estilo
em voga nas artes plásticas e Guache desenvolveu, durante algum tempo essa técnica por suas afinidades
com o desenho, tendo, inclusive, em 1978, ganho o 1º Prêmio no Salão Baiano de Artes Visuais com a série
de trabalhos intitulada: "Mãe Terra", Mãe Útero" e Mãe Dor, consolidando-se numa técnica de difícil fatura,
tendo ilustrado também com o seu trabalho, diversos livros de poesia.


Desenhos a Pastel Seco
O tempo que o artista passou na Escola de Belas Artes, de 1974 a 1980 fazendo o curso de Artes Plásticas,
coincide com a produção dos trabalhos na técnica do pastel seco e lápis Caran D`ache. Trata-se de uma
técnica difícil de ser executada considerando-se o desenho como a base da formação de todo artista, e
Guache utilizou-se não só do papel como suporte, aplicando o pastel sobre placas de eucatex reinventando
assim diversas maneiras na sua utilização.


Gravuras
De 1980 a 1985, Guache frequentou, como aluno e logo após como Professor, as Oficinas de Expressão
Plástica (hoje Oficinas de Arte em Série) do Museu de Arte Moderna da Bahia sob a coordenação do artista
plástico Juarez Paraiso. Neste período, após um curso ministrado pelo renomado gravador do Rio de
Janeiro, Antonio Grosso, executou diversas gravuras, notadamente litogravuras, técnica que mais o atraiu
pelos recursos de desenho, e as possibilidades que ele encerra.


Foto-desenhos
Em meados da década de 80, Guache interessou-se por um trabalho que despisse o ser humano das suas
vicissitudes e o colocasse na berlinda, mostrando o seu lado esconso, animal, escondido sob uma capa de
civilidade. Daí nasceu um trabalho voltado para esse questionamento. Utilizou-se para isso de figuras hieráti-
cas, fruto de uma pesquisa feita a partir da observação da silhueta de peixes, perfilados em fotos que, uma
vez trabalhadas com nanquim, lápis grafite e tinta acrílica, davam uma visão distorcida do ser humano,
revelando os seus arquétipos. Uma das fases mais instigantes do artista, que num discurso áspero e sem
concessões estilísticas, dava sua interpretação da realidade do homem desse final de século.


Pinturas
As Pinturas vieram a fazer parte da obra do artista na década de 90, com o interesse cada vez maior por
novos materiais e suas diversas configurações. Conseguiu com essa técnica o Prêmio de Fomento às Artes
concedido pela UNESCO durante a mostra do V Mercado Cultural no Espaço Cultural da Caixa em Salvador,
com Sala Especial. As pinturas realizadas por Guache, nesse período, se revestem de um aprimorado estudo
da temática afro-brasileira onde magia e mistério lhe servem como fontes constantes de inspiração.


Arte Digital
Utilizando recursos e efeitos visuais do programa Photoshop, realiza arte digital (infogravuras) revisitando sua
própria obra.
exposições individuais
2007   Exposição S!GNOS - MAC Museu de Arte Contemporânea Egberto Costa - Feira de Santana/BA
2006   Pinturas Recentes - Projeto Arte Sofitel - Galeria Prova do Artista / Sofitel Costa do Sauipe - Sauipe/BA
2005   Pinturas Recentes - Projeto Arte Sofitel - Galeria Prova do Artista / Sofitel Rio de Janeiro - R. aneiro/RJ
2004   Pinturas Recentes - Projeto Arte Sofitel - Galeria Prova do Artista / Sofitel Salvador - Salvador/BA
2003   V Mercado Cultural - Prêmio UNESCO de Fomento das Artes - Sala Especial - Salvador/BA
2002   Pinturas e Arte Digital - Gal. ACBEU - Salvador/BA
1998   A Condição Humana - Gal. ACBEU - Salvador/BA




exposições coletivas | resumo

2011   Exposição Coletiva SINAPEV - Sindicato dos Artistas Plásticos Visuais da Bahia - Atelier Leonel Matos
2010   Ocupação Internacional da Feira de São Joaquim - Feira de São Joaquim - Salvador/BA
       Homenagem a Nossa Senhora Santana - MAB Museu de Arte da Bahia - Salvador/BA
2009   Corredor das Artes - Galeria Cañizares - Escola de Belas Artes - Salvador/BA
       Arte Comestível I e II - Centro de Cultura Amélio Amorim - Feira de Santana/BA
       Jorge, Guerreiro de Luz - Sobrado Galeria de Arte - Salvador/BA
2008   Corredor das Artes - Palacete das Artes - Museu Rodin - Salvador/BA
2007   60 Artistas Contemporâneos da Bahia em Pequenos Formatos - Galeria Prova do Artista - Salvador/ BA
2006   Pinturas Recentes - Galeria Prova do Artista / Arte Sofitel - Hotel Sofitel Costa do Sauípe
2005   Art for Today - Museu de Arte da Bahia
       Dança no Pelô” - Escola de Dança da FUNCEB - Coreografia com trabalhos de artistas plásticos
2003   Homenagem a Caribe - Galeria da EBEC - Salvador/BA
2001   Arte-Arte Salvador 450 Anos - Museu da Cidade - Macau/CHINA
1999   Arte-Arte Salvador 450 Anos - Museu da Cidade - Coritiba/PR
       Arte -Arte Salvador 450 Anos - Museu de Arte Moderna - Salvador/BA
1998   Galerie Leonardo - Arts Plastiques d"aujourd hui - Paris - France
       Tropicália 30 Anos - Museu de Arte Moderna - Salvador /BA
1997   Tendências da Bahia - Prova do Artista - Hotel Sofitel 4 Rodas - Salvador /BA
1995   Faraimará - Homenagem aos 70 Anos de Mãe Stela - llé Axé Opô Afonjá - Salvador/BA
1988   Bahian Artists Exposition - W. K. Keiiogg Fundation - Inst. Cult. Brasil/Alemanha - ICBA - Salvador/BA
       I Salão Baiano de Artes Plásticas - Museu de Arte Moderna - Salvador/BA
1987   Semana de Intercâmbio Cultural Brasil/Argentina - Buenos Aires - Argentina
1986   Projeto de Revitalização do Parque Histórico de Cabaceiras - Museu Castro Alves - Muritiba/BA
1985   Geração 70 - Museu de Arte da Bahia - Salvador/BA
       Painel - lO Artistas Plásticos na Secretaria da Fazenda - Centro Administrativo - Salvador/BA
1983   Painel - Biblioteca Central da UFBA - Campus Universitário - Salvador/BA
1979   I Salão Baiano de Artes Visuais - 1º Prêmio em desenho
painéis
1997   Dia Mundial do Meio Ambiente - Iguatemi - Salvador/BA
1995   Projeto Chocalho de Cabra - Centro de Cultura Amélio Amorim - Feira de Santana/BA
1986   XIV Jornada de Cinema da Bahia - Outdoor - Salvador/BA
       1O Artistas Plásticos na Secretaria da Fazenda - Centro Administrativo - Salvador/BA
1985   Parque São Bartolomeu - Salvador/Bahia
1983   Biblioteca Central da UFBA - Campus Universitário - Salvador/BA
       Projeto Mural Rio Vermelho - Rua da Paciência - Salvador/Bahia (83, 84, 85, 86 e 87)
1982   Complexo Escolar Polivalente do Cabula - Salvador/Bahia
       XII Jornada de Curta Metragem - Cine Gláuber Rocha - Salvador/BA
       Escola de Arquitetura - Universidade Federal da Bahia - Salvador/Bahia
       XIV Jornada Baiana de Curta Metragem - Outdoor - Salvador/BA




prêmios e menções:
2003   V Mercado Cultural – Prêmio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO em pintura -
       Sala Especial no Conjunto Cultural da Caixa – Salvador/BA
1991   I Bienal do Recôncavo - Projeto Retalhos - Prêmio de Aquisição em co-autoria - Instalação -
       Fundação DANEMANN - São Félix/BA
1978   I Salão Universitário de Artes Visuais - 1º Prêmio de Aquisição - Desenho
       Teatro Castro Alves - Salvador/BA
1978   I Encontro de Arte FUNCISA (Fund. Cidade do Salvador) - Menção Honrosa em co-autoria -
       Instalação / Pousada do Carmo - Salvador/BA
1975   Comemoração dos 200 anos da morte de Alexandre Herculano - 1º Prêmio de Aquisição em Desenho
       Gabinete Português de Leitura - Salvador/A




doações:
       Em prol da Campanha de Preservação do Parque São Bartolomeu – Salvador/Ba
       Em prol da Campanha Natal Sem Fome – EBEC – 2002/2003/2004
       Em prol de Campanha do GACC – Grupo de Apoio à Criança com Câncer
       Em prol da Luta de Libertação dos povos da Nicarágua
       Em prol da Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte - Cachoeira/Ba
       Em prol da Campanha Salvar Salvador - Prefeitura
       Pela preservação da Ararinha Azul - Salvador/Ba
       Em Homenagem à Mãe Stela do Ilê Axé Opô Afonjá - Salvador/Ba
       Comemoração dos 450 Anos da Fundação da Cidade do Salvador - MAM - Salvador/Ba
       Em prol da Campanha do Grupo de Apoio à Criança com Câncer - GACC
referências bibliográficas
Revista Veracidade ___________________      Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano,
                                            Habitação e Meio Ambiente (SEDHAM) Salvador/Ba
                                            Ano 6 No. 10 - Dezembro de 2010 - págs 97 a 110

Livro 50 Anos de Arte na Bahia -
Matilde Matos _______________________ Dezembro de 2010 - págs 196, 197, 242 e 243

Revista Viver Bahia ___________________     Revista de Turismo da Bahia - Ano I, No. 6
                                            Fevereiro de 2008 - págs 32 e 33

Arte/Arte Salvador 450 Anos ____________    Catálogo com texto - págs 104 e 105

Catálogo com Obras
do Acervo do ACBEU __ _______________       Salvador/Bahia - 2003 - págs 96 e 97

Pinacoteca da CDL ___________________       Centro de Dirigentes Logistas em Feira de Santana
                                            págs 38, 39, 40 e 41

Revista da ADEMI/BA _________________       Associação de Emp. do Mercado Imobiliário da Bahia
                                            Ano 4 No. 23 - 2005 - págs 66 e 67

Correio da Bahia ____________________       Caderno Folha da Bahia
                                            Entrevista de 08 de março de 2005

Livro/Catálogo
100 Artistas Plásticos da Bahia _________   Galeria Prova do Artista - Patrocinio COPENE - pág. 59

Revista Dendê de Cultura e Arte ________    Nº 7 - págs. 20 e 21

Jornal Soterópolis ___________________      Ano 1 No. 4 - pág. 4

WEB - Portal Cyberartes _________ http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=582&m=44
texto caius marcellus |                                          musicista, crítico de arte

NATUREZA MÍTICA
O verdadeiro tema das pinturas “afro” de Guache Marques não é, como se tem dito, a africanidade ou
afrodescendência;
o tema dessas pinturas é a cor. Os motivos afro-brasileiros podem aqui ser o assunto, um dado circunstan-
cial, contingente, privilegiado até e tornado valioso. Contudo, um outro assunto, bem diverso do atual, desde
que se prestasse aos desenvolvimentos solicitados pelo artista, poderia ter sido eleito sem que se alterasse o
núcleo temático. É interessante, a propósito, notar quão facilmente alguns títulos aparentados entre si – e que
certamente poderiam ser substituídos sem grande prejuízo – podem induzir a equívocos de interpretação,
sobretudo quando, na Bahia, evocam-se as “raízes”, atraindo para si a atenção do interlocutor que neles
procura, em vão, o sentido das obras.

É claro que não se pode ignorar a presença dos signos pintados – estão aí simplesmente e, ademais, traça-
dos com um vigor e uma clareza que preservam prontamente reconhecível a sua procedência. Restam,
entretanto, formalmente depurados, não mais atrelados ao contexto original do qual foram arrancados. Do
símbolo emotivo só vestígios subsistem: a abstração os esteriliza; dir-se-ia que tal símbolo é o objeto a ser
consumido, e então a operação pictórica consiste em fazê-lo recuar. Agora são esqueletos sobre e em torno
dos quais a cor se encorpa, expande-se e se contrai alternadamente, e arrasta consigo a luz; são esqueletos
a delimitar e dar sustentação a zonas de cromatismo vibrante, quando não submergem, diluídos, à potência
destas. Não é novidade, para quem o tenha seguido em sua carreira, reconhecer em Guache um virtuoso da
cor, que a intensifica, fá-la persuasiva [e também, nesse sentido, barroca], não raro estridente, criando, por
vezes, intumescências à superfície do quadro sem quaisquer possibilidades de neutralizar-se e apagar-se,
saturando-a antes com fulgores, que são também registros “termométricos” desse ambiente inventado. Os
signos assumem valor tectônico: já quase uma arquitetura sem massa e sem peso (pois toda a densidade se
restringe à própria realidade material da pintura, sua fisicidade), estão aí para aclarar relações – logo não
poderiam admitir outro talhe senão o geométrico.

A associação cor-forma geométrica é histórica: dos mosaicos romanos a Mondrian, das marchetarias renas-
centistas à publicidade contemporânea, que técnico das artes visuais pôde ignorá-la? Esse binômio é a
língua dos brasões, dos emblemas áulicos d’outrora, mas é, não menos, o das logomarcas e ícones hodier-
nos. Entretanto a cor de Guache não é plana nem homogênea, embora firmemente encapsulada na grade
geométrica e remetida continuamente ao plano; é, ao contrário, um campo de força cuja grande intensidade
vibratória se arremessa à retina do observador, num efeito devido em parte à interferência de grafismos e
pinceladas distribuídos irregularmente para pôr em relação áreas contíguas que de outro modo estariam
isoladas, talvez inertes. Além disso, uma cor límpida, pura, pouco se prestaria a uma abordagem fundamen-
talmente dinâmica (ainda que não óbvia) da pintura; e o dinamismo aí alcançado é auto-evidente.

Mas há algo em Guache que, não sendo – creio – intencionalmente temático, nos informa dessa africanidade
que se quer encontrar nessas obras. Esse algo subjaz à sua técnica colorística: um certo predomínio do
quente e do morno dado pelo amplo uso de tons terrosos, óxidos de ferro naturais ou sintéticos. São arran-
jos cromáticos sugestivos de sua própria origem material, da sua categoria no reino natural. E é desse ponto
de vista que se poderia falar, legitimamente, em “raízes”, na medida em que tais relações reverberam subjeti-
vamente, como memória afetiva duma cultura na qual uma Natureza mítica, em contraste com as atuais
tecnocracias, é ecoada sem cessar.
texto claudius portugal |                                    poeta, crítico de arte

PINTURAS RECENTES DE GUACHE
Há artes que são silenciosas, outras que pisam com o som de pés descalços, outras que
mordem, às vezes até a própria cauda, e há as que nos olham, exigem o nosso olhar e, desta
relação, fazem a sua existência para que nenhum ponto de vista fique desabitado, permaneça
alheio. Enfim, não são paisagens surdas. Sua arte não é ouvir a água pela água. Ela nos mostra
que a natureza humana ainda pulsa e que as horas soletram o grito.

É assim que Guache Marques nos avisa: nossa relação com sua arte deve atravessar a viscera-
lidade de sua expressão, um percurso onde técnicas foram desenvolvidas e outras assimiladas.
Do bico de pena, pastel seco e lápis até a pintura acrílica: do suporte do papel para a tela
como uma necessidade para exprimir sua representação plástica, tendo como começo o ainda
aluno da Escola de Belas Artes; do desenho, iniciado com distorções gráficas, inerente ao tipo
de trabalho do estudante, tendo como base forte conotação realista, centrado na figura
humana diante uma temática de conteúdo social, e que chega hoje a um abstracionismo com o
referencial nos signos afro-brasileiros, sejam religiosos ou profanos, reinterpretando uma cultura
que nenhum de nós, aqui vivendo, podemos evitar em nossas vidas, quanto mais em nosso
imaginário.

Mas não imaginem que em Guache Marques temos um simples apropriar-se de signos e
elementos para uma pintura oca. Nele não há uma representação mimética, retórica, decorati-
va, pois sua busca nesta pintura tem por objetivo uma leitura da Bahia e de si mesmo, a sua
arte nesta Bahia, onde o espaço dual branco/preto do começo de carreira foi substituído por
um vermelho/amarelo, sustentado pelas curvas internas de suas linhas através de um desenho
que mantém-se vivo, forte, imprescindível, necessidade orgânica para uma criação que existe
basicamente no diálogo entre este desenho e as cores terrrosas sobre uma superfície altamente
detalhada de ícones e gestos, para realizar, principalmente, o que podemos assinalar como
tensão permanente, e isto em todos os seus períodos ou fases, que é a erotização - se no seu
início aparecia junto com uma agressividade de imagens, hoje torna-se eminentemente sugesti-
va, plástica, quase que uma liturgia do artista para com sua arte e as formas de sua cidade. É
neste território erótico que a pintura de Guache intervém com todas as suas medidas na arte
de sua geração e na arte baiana. Esta é a sua assinatura. Sua terra bruta, sua informação. É
dela que se nutre e se constrói, anteriormente pelo desenho explícito, agora pelo irradiar das
cores em linhas ovaladas de portais e flechas.

Sua arte aporta e aposta no humano, desde seu nascimento, percurso ou leitura, sempre
saindo a procura de um fazer que não se estabelece em nenhum porto, pois cada técnica e
material o chama para novos descobrimentos, e exige que este seu olhar e sua busca tenham
em nós seus cúmplices, o que leva que não tenhamos diante dela jamais o silêncio. Ao abrir e
fechar o seu espaço nesta pintura ele escava a terra e afirma que não basta o sopro do vento
para existir o canto. É preciso que se afirme, cada vez mais, a palavra. Não o lamento substan-
tivo, ponto de exclamação, algum consolo, mas uma linguagem corporal, em todas as linhas e
cores.
texto ildásio tavares |                                     poeta, crítico de arte

DA RAIZ A CONTEMPORANEIDADE
Me apraz na pintura de Guache Marques sua determinação de ser isto que T. S. Eliot cobrava da linguagem
moderna, a ponta de um iceberg. A dignidade de movimento de um iceberg deve-se a que apenas 1/8 de
sua massa está acima da superfície. Assim, a pintura de Guache, por detrás de sua aparente linearidade e
economia, aponta para um dos traços mais marcantes do pós-moderno, que é o compromisso dialético
com a raiz, ou seja, a viagem ao chão para plantar o suporte de um imaginário que resulta sempre num
contomo consistente; nada de castelos no ar - existe uma Tradição, cumpre conhecer seus signos.

E aí voltamos à eterna querela de forma e conteúdo, linguagem e temática, binômio que se resolve em
Guache com bastante organicidade, desde a sobriedade dos tons, quase monocromáticos, a envelopar com
precisão o clima - semduvidamente místico - até a harmonia de composição, onde forma e volume dimen-
sionam o desenho: há densidade e carinho e o artesão Guache pôs-se por inteiro a serviço do pintor e de
todo seu processo de ideação, seleção e combinação iconográfica para o faturamento do discurso pelo
apropriado da linguagem. Vale a pena saber o esmero técnico, o cuidadoso apuro para que a idéia se torne
cor, a cor se vista de forma, a forma adquira volume. Isto é pintura. E no caso de Guache Marques pintura
densa, tensa, em que com acentos muito pessoais, ele trilha o caminho de outros que foram às fontes da
magia e do mistério para enfeixá-los na tela, na tinta, na estesia, na arte. Jamais no folclore.




texto justino marinho |                                       crítico de arte

EMBLEMAS DA AFRICANIDADE

Guache Marques, artista que começou a carreira nos anos 70 ao lado de Murilo, Zivé Giudice, Florival
Oliveira, Bel Borba, Leonel Matos, Almandrade, Angela Cunha e tantos outros representativos dessa
geração, foi no início, fiel ao trabalho executado sobre papel em desenhos a pastel, passando depois
à pintura como forma de expressão.
Nos trabalhos atuais de Guache Marques, a figura propriamente dita, desapareceu, deixando um
grafismo, realizado de forma pessoal, no qual transparece a simbologia do misticismo baiano. As
cores estão cada vez mais vibrantes e diversificadas e o apuro técnico segue o seu ritmo cada vez
mais atraente. Nessa sua fase atual, signos afro-brasileiros misturam-se a cores terrosas e juntam-se
a uma textura que lembra a marca modernista. A textura agora utilizada lembra ainda, o couro tão
usado pelos vaqueiros, em suas lembranças da criança, nascida na região de Feira de Santana. Na
verdade, a pintura executada por Guache é densa e forte na expressão e guarda coerência com
tudo que ele tem feito no decorrer de sua carreira.
texto matilde matos |                                                              crítica de arte membro

A PINTURA DE GUACHE MARQUES
Artista consciente da importância de preservar sua autenticidade no fazer artístico, em face dos avanços tecnológicos, Guache
Marques buscou referências nos signos da cultura afro-baiana para desenvolver esta série de quadros de 1998.
Nas composições que estrutura dentro do espaço de cada tela, não é a forma explícita dos signos africanos que revelam o tema.
Sua experiência anterior com o surrealismo o ensinou que importante é passar a impressão de algo que tenha a ver com o seu
sentir em relação ao tema. Seus trabalhos desta série revelam o que é real para ele na nossa cultura: a força da fé e do rito que
paira entre o sensual e o espiritual, o sincretismo religioso que nos leva a ver em torno das formas monumentais e icônicas, uma
auréola sacra que tanto envolve o peji quanto o santuário.

O recurso maior que caracteriza sua linguagem está no modo de trabalhar a pintura. A estrutura inicial que define cada quadro
serve de âncora e dá o sentido de movimento e equilíbro, mas toda a atmosfera do conteúdo quem faz são as cores e a incrível
textura, trabalhada, cavada na camada de gêsso e massa acrílica que faz sua pintura matérica, onde vai jogando a tinta em
veladuras até ela ir tomando corpo, as nuances surgindo entre saliências e reentrâncias.
A pintura de Guache é elaborada com paciência e amor ao ofício. Nela aqueles vibrantes amarelos e marrons ressoam como
tambores de ritmo acentuado no grito estridente de um azul anil. O estilo e a qualidade destes quadros estão assegurados na
concordância afinada do tema com a forma original que o artista criou para expressá-lo.



texto aldo trípodi |                                                    crítico de arte
GUACHE MARQUES E A EXPRESSIVIDADE DE SUA PINTURA
Necessário que se diga que a análise crítica da obra de arte perpassa, pelos entendimentos dos problemas que cercam a criação artística,
cabendo a crítica de arte formular um juízo favorável ou contrário a fim de que se possa consagrar e fazer justiça à obra de arte. Ao introduzir-
mos tais palavras é apenas para que possamos limpar o terreno no qual vamos pisar. Guache Marques é um destes artistas que desobriga a
crítica de arte a fazer algum reparo sobre sua produção artística.
Uma trajetória histórica e um artista que sabe lidar com a matéria plástica, o que se tornam argumentos irrefutáveis, caso algum incauto deseje
expressar algo que não se alinhe com a sua produção. Por outro lado fica a crítica obrigada a se manifestar, à medida em que o artista resolve
muito bem os problemas da criação. Ora, não pode o artista, em seu processo criador consagrar a sua criação, quem deve afirmar a este
respeito é a estética.

Por isso, sentimos a necessidade de expressar sobre seu discurso pictórico. Guache em sua fase de desenhos foi impressionante, traços fortes,
os temas por ele eleito são definidos como expressivamente humanos. Na pintura, transita sem nenhum problema pela ´abstratização´ gestual,
incorporando texturas com uma poética invulgar. No fundo o contraste entre o preto e o branco, superposto a um corte entre tons marrons e
outras cores, numa bela sinfonia.
Como também no figurativo, no qual passeia por um expressionismo surrealista, ou como no caso dos orixás onde impõe ao observador uma
nítida sensação de autoridade mitológica no panteão dos deuses africanos, não banalizando o tema como outros artistas locais de mão
apressadas e turísticas reduz a possibilidade de fluir um pensamento e uma interação do que foi criado com a possibilidade de deliciosa sedução
que ele sabe fazer muito bem.
Passeia pelos signos afro-baianos, pelo simbólico e mítico. Pode parecer que não define uma linguagem, ao contrário segue uma coerência
estilística, somente encontrada em artistas como Sante Scaldaferri, César Romero, Juraci Dórea, Chico Liberato, Jamison Pedra, e outros que
não caberiam nestas poucas letras. Este artista escreve uma história da arte baiana e brasileira, por isso justo a emissão deste nosso juízo de
valor.

Guache Marques é natural de Feira de Santana, 1954, onde iniciou seus estudos preliminares sobre arte. Em Salvador concluiu, em 1980 na
Escola de Belas Artes, o curso de Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia, quando foi monitor das disciplinas de Desenho Artístico e
Técnicas de Representação Gráfica dos professores Ailton Lima e Jamison Pedra, respectivamente. Nesse mesmo ano começou a freqüentar as
Oficinas de Arte em Série do Museu de Arte Moderna da Bahia, sob a coordenação do artista plástico e Professor Emérito da EBA-Ufba, Juarez
Paraíso, como aluno e, mais tarde, como Professor Orientador nas técnicas de Xilogravura e Litogravura e Gravura em Metal.
o desenho e a pintura de guache
Washington Queiroz | Poeta e Antropólogo Social

Investir-se da realidade, transfigurá-la e indicar caminhos à vida - esta é a característica de toda grande
obra de arte. É neste trilho que Guache Marques caminha. Sua obra foge ao discurso fácil do homem feliz.
Antes, sem rodeios, mostra o seu lado mais esconso e vil - aquilo que nos constrange. Com um apurado
domínio técnico, trabalhando com pastel e tinta acrílica, o artista vai nos dando conta da despersonalização
a que o poder tem submetido o homem.
“Invest in reality transfigure it, indicate lifes path, these are the real purposes of all art. This is Guaches way
the goes beyond the simple dialogue of man content. Without beating around the bush he shows us his
most hidden and evil side which catches us of guard. Working with pastels and acrylics he demonstrates a
refined control of technique, exposins man, depersonalized by the established power.”


guache, as formas e a cor
Gláucia Lemos | Crítica de Arte (pós graduação pela UFBa) | Escritora ( da Academia de Letras da Bahia e da
União Brasileira de Escritores/SP)

Conheço a obra de Guache Marques desde que fomos contemporâneos na Escola de Belas Artes da UFBa. Desde que
dela me recordo, vem a fidelidade à temática tribal o que oferece hoje a unidade, sem prejuizo da diversidade que
reside na evidente renovação do artista. Sem fugir à mesma abordagem, que trabalha com olhar muito pessoal,
absolutamente liberto do já desgastado laço afro-religioso, Guache Marques não se repete, sabendo, entretanto,
conservar sua autenticidade. Assim, as formas se sucedem no mesmo ambiente, sempre com nova inspiração.
Impressiona de imediato o colorista consciente. A impressão do conjunto é de que o artista, não obstante a serenidade
da pessoa, habita fantástico mundo de uma civilização tribal em permanente festa. Pois a profusão de cores fortes é
característica dominante em sua obra, no que revela um equilíbrio admirável. Os tons primários se sucedem a se
avizinham dos secundários e seus complementares, sem a totalidade ser ferida por algum ponto de tensão que lhe
quebre a harmonia.
Não vi as obras senão pela internet, o que não me facilita análise demorada de detalhes outros, como textura e
identificação de suportes. À primeira vista, parece-me, em alguns casos, reconhecer trabalho a nanquim sobre papel.
Isso me faz recordar ter Guache Marques revelado sempre sua excelência no desenho, tanto no apuro das formas,
quanto na justeza de utilização do campo pictórico, habilidade que não poderia perder, agora, naturalmente, mais
aprimorada pela experiência e exercício contínuo. E os que sabem, têm consciência de que o desenho, por si só, já
revela um artista.
Emfim, temos o desenhista garantindo a estrutura perfeita das formas que expressarão seu discurso plástico, aliado
ao colorista harmônico, reunidos no domìnio do espaço, e oferecendo aos olhos e ao espírito do expectador, a
encantante linguagem através da qual Guache Marques se comunica com o mundo.
CONTATOS
                          ATELIER
       Avenida Cardeal da Silva, 2210 | Rio Vermelho
                Salvador | Bahia | Bahia
 Fone      55 71 9936 6264                        |   55 71 3116 7431

                                       EMAILS

                      guachemarques@hotmail
                    guachemarques@yahoo.com.br
                     guachemarques@gmail.com


                             ENDEREÇOS NA WEB

                      www.guache.blogger.com.br
           blogsite com textos, links para museus e galerias e obras do artista


   http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=582&m=44
              página do artista no CIBERARTES, site sobre artes plásticas
            abrangendo desde as técnicas e estilos às biografias dos artistas



        http://www.expoart.com.br/guachemarques/
página do artista no EXPOART, site com ensaios, críticas, links e obras de diversos artistas


http://www.facebook.com/home.php#!/Guachemarques
                   página do artista com textos, links variados, álbuns


       http://www.flickr.com/photos/guachemarques/
         página do artista no site do Yahoo com fotos e álbuns compartilhados


            http://www.arteatual.net/art-guache.htm
        página do artista no site ARTE ATUAL. Obras, biografia e links para vários
Pinturas de Guache Marques 1992-2011

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Pinturas de Guache Marques 1992-2011

  • 2. Copyright by Guache Marques Julho de 2011 Textos de críticos de arte, biografia e fotos de trabalhos recentes em pinturas * Todos os direitos reservados.
  • 3. PINTURAS Guache Marques As Pinturas vieram a fazer parte da obra do artista desde a década de 90, com o interesse cada vez maior por novos materiais e suas diversas configurações. Conseguiu com essa técnica o Prêmio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO durante a mostra do V Mercado Cultural no Espaço Cultural da Caixa em Salvador, com Sala Especial. As pinturas realizadas por Guache, nesse período, se revestem de um aprimorado estudo da temática afro-brasileira onde magia e mistério lhe servem como fontes constantes de inspiração.
  • 4. Série Signos Afro, 1998 Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador em 1998 Massa acrílica gesso e tinta acrílica Dimensões: 100 x 100 cm
  • 5. Série Signos Afro, 2009 Signo recortado de outro trabalho aplicado sobre fundo azul utilizando os recursos de edição de imagens do Photoshop Resolução de 150 dpi | Arquivo JPEG Dimensões para impressão final em canvas: 70 x 90 cm
  • 6. Série Signos Afro, 2005 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 40 x 30 cm
  • 7. Série Signos Afro, 2000 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 100 cm
  • 8. Série Signos Afro, 2008 Obra integrante do livro “50 Anos de Arte na Bahia” da crítica de Arte da (A.I.C.A.), Matilde Matos Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 110 x 100 cm
  • 9. Série Signos Afro: Ferramenta de Exu, 2005 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 80 x 80 cm
  • 10. Série Signos Afro: Peji, 1998 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 100 cm
  • 11. Série Signos Afro: Ferramentas de Orixás, 2008 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 110 cm
  • 12. Arte Digital | Série Signos Afro: O Signo Ancestral, 2010 Junção de elementos extraídos de outros trabalhos e dispostos sobre fundo com texturas, utilizando os recursos do Adobe Photoshop CS5 Arquivo JPEG | Resolução de 150 dpis | Dimensões para impressão final: 80 x 110 cm
  • 13. A Invenção do Signo, 2007 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 120 x 100 cm
  • 14. Série Signos Afro, 1998 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 110 x 100 cm
  • 15. Série Signos Afro: Ferramentas de Orixás, 2008 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 90 x 160 cm
  • 16. Série Signos Afro (Abstração), 2009 Obra integrante da exposição “Corredor das Artes” na Escola de Belas Artes / Galeria Canizares em 2010 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 30 x 30 cm
  • 17. Série Signos Afro: Ferramentas de Orixá, 2005 Obra integrante da exposição individual “S!GNOS” no MAC - Museu de Arte Contemporânea de Feira de Santana Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 110 cm
  • 18. Série Signos Afro: Peji, 1999 Obra integrante do acervo do MRA - Museu Regional de Arte de Feira de Santana Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 110 cm
  • 19. Série Signos Afro: Exu, 2003 Obra integrante do livro “50 Anos de Arte na Bahia” da crítica de Arte da (A.I.C.A.), Matilde Matos Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 80 x 80 cm
  • 20. Série Signos Afro, 2008 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 50 x 50 cm
  • 21. Série Signos Afro, 2008 Obra integrante da exposição individual “S!GNOS” no Museu de Arte Contemporânea / MAC de Feira de Santana Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 50 x 50 cm
  • 22. Série Signos Afro: Africae, 2008 Obra integrante da exposição individual “S!GNOS” no Museu de Arte Contemporânea / MAC de Feira de Santana Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 90 x 160 cm
  • 23. Série Signos Afro: Africae, 2008 Obra integrante da exposição com sala especial no V MERCADO CULTURAL tendo obtido o premio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO para projetos na América Latina Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 110 x 100 cm
  • 24. Série Signos Afro, 2009 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 50 x 50 cm
  • 25. Série Signos Afro, 1998 Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador/Bahia Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 100 cm
  • 26. Série Signos Afro, 1998 Obra integrante da exposição “Corredor das Artes” na Galeria Cañizares da Escola de Belas Artes da UFBA - Salvador/Bahia Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 30 x 30 cm
  • 27. Bossa: Violão de uma Nota Só Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensão: 80 x 80 cm
  • 28. Série Signos Afro: Ferramenta de Orixá, 2002 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensão: 150 x 100 cm
  • 29. Série Signos Afro: Ferramenta de Orixá Exu, 2006 Obra integrante da exposição individual do projeto Arte/Sofitel da Galeria Prova do Artista em Costa do Sauípe Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 70 x 70 cm
  • 30. Série Signos Afro: Ferramenta de Orixá Exu, 2008 Obra integrante da exposição com sala especial no V MERCADO CULTURAL tendo obtido o premio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO para projetos na América Latina Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 140 x 140 cm
  • 31. Série Signos Afro, 2004 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 140 x 140 cm
  • 32. Série Signos Afro, 1998 Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 100 cm
  • 33. Série Signos Afro, 1998 Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 150 cm
  • 34. Série Signos Afro: A Invenção do Signo II, 1999 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 110 x 100 cm
  • 35. Série Signos Afro, 2004 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 80 x 80 cm
  • 36. Série Signos Afro, 2004 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 110 x 100 cm
  • 37. Série Signos Afro, 2004 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 120 x 100 cm
  • 38. Série Signos Afro: Emblemas, 2005 Obra integrante da exposição individual no projeto Arte/Salvador da Galeria Prova do Artista no Hotel Sofitel/ Rio de Janeiro Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 80 x 80 cm
  • 39. Série Signos Afro, 2009 Obra integrante da exposição individual “Pinturas Recentes” na Galeria ACBEU/Salvador Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 100 cm
  • 40. A Paixão (detalhe), 2000 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 50 x 50 cm
  • 41. Expo Tropicália, 2003 Obra integrante da exposição coletiva “Tropicália” no Museu de Arte Moderna da Bahia Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 100 cm
  • 42. Série Signos Afro, 1998 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 70 x 70 cm
  • 43. Série Signos Afro, 2009 Obra integrante da exposição individual no projeto Arte/Salvador da Galeria Prova do Artista em Costa do Sauípe Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 90 x 80 cm
  • 44. Série Signos Afro, 2009 Obra integrante da exposição “Salvador, 450 Anos Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 110 x 100 cm
  • 45. Série Signos Afro, 2009 Obra integrante da exposição individual do projeto Arte/Sofitel da Galeria Prova do Artista no Hotel Sofitel/Rio de Janeiro Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 80 x 80 cm
  • 46. Série Signos Afro, 2009 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 50 x 50 cm
  • 47. Série Signos Afro: Santuário, 1998 Obra integrante da exposição individual no ACBEU / Salvador Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 150 cm
  • 48. A Paixão, 2002 Tinta acrílica, gesso e massa acrílica sobre tela Dimensões: 100 x 120 cm
  • 50. guache marques | currículo Guache Marques é natural de Feira de Santana (janeiro de 1954). Desde o início na EBA (Escola de Belas Artes da UFBA) em 1974 com os desenhos a nanquim e pastel seco, até as pinturas e arte digital atuais passando, ainda, pelas gravuras e fotos-desenho nas oficinas do MAM nos anos 80, tem desenvolvido, um trabalho voltado para o entendimento do homem, seus desígnios, suas vicissitudes, suas crenças e mitos. Tem elaborado em suas pinturas um discurso que hoje apresenta acentuadas preocupações com a nossa identidade mestiça e nossa cultura de tradições e contemporaneidade evocando as raízes de um cotidiano que ele mesmo vivencia através da releitura de signos da cultura afro e indígena, onde magia e mistério lhe servem como fontes constantes de inspiração. Ultimamente dedicando-se à arte digital, além da pintura e do desenho, Guache tem diversificado ainda mais a sua atuação nas artes plásticas. Já transitou com desenvoltura por diversas técnicas como os desenhos a nanquim e pastel seco dos anos 70, com premiações no Gabinete Português de Leitura em Salvador (1º prêmio em desenho) em 1975 e em 1978 no I Salão Universitário de Artes Visuais no TCA (1º prêmio de aquisição em desenho); assim como na década de 80 com as fotos-desenho e gravuras nas Oficinas do MAM; e também as premiadas pinturas dos anos 90 com o prêmio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO em 2003 no Mercado Cultural com sala especial no Conjunto Cultural da Caixa. Recebeu ainda, prêmios em instalações no Encontro de arte da FUNCISA (Fundação Cidade de Salvador) em 1976 e Bienal do Recôncavo da Fundação Danneman, em co-autoria, em 1991. A Arte Digital chega pra inserir sua obra numa nova mídia e completar o elenco de novas técnicas, demonstrando assim, as preocupações do artista com o seu tempo. Consta no seu currículo, individuais na Galeria GAFFES em Feira com desenhos em 1974, na Galeria ACBEU com pinturas em 1998 e 2002, no MAC em Feira de Santana em 2008 com pinturas e arte digital e no Projeto Arte/Sofitel da Galeria Prova do Artista em 2004/Salvador, 2005/Rio de Janeiro e 2006/Costa do Sauípe com pinturas e arte digital, além de dezenas de coletivas em Salvador, Buenos Ayres, Coritiba, Rio de Janeiro, Macau (China) e Paris. Participou ainda de diversas exposições; no Museu de Arte da Bahia - Geração 70 / Salão de Artes Visuais e Tropicália no MAMBa/ coletiva em Buenos Aires durante a Semana de Intercâmbio Cultural Brasil-Argentina / coletiva pelo projeto Arts Plastiques d"aujourd"hui em Paris-França / pelo projeto Arte Arte Salvador 450 anos no MAM, Macau/China, Porto/Portugal, Curitiba e Museu da Cidade em Salvador / coletiva Brazilians On The Move Exhibition em Londres na Galeria Tavid / expo Bahian Artists Exposition - W. K. Kellogg Fundation no ICBA Salva- dor / expo coletiva e acervo Faraimará - Homenagem aos 70 Anos de Mãe Stela - llé Axé Opô Afonjá / Projeto de Revitalização do Parque Histórico de Cabaceiras - Museu Castro Alves - Muritiba/BA / Arte Comestível em Salvador e Feira de Santana / expo coletiva 2334 no Casarão do Pelô / Circuito das Artes. Realizou diversos painéis coletivos em Salvador, destacando-se o da Biblioteca Central da UFBA, Secretaria de Administração no Centro Administrativo, Escola Polivalente do Cabula, Artistas em Defesa do Parque São Bartolo- meu, Projeto Natureza Viva - Dia Mundial do Meio Ambiente, além de doações para campanhas em prol da Irmandade da Boa Morte em Cachoeira, pela preservação da Ararinha Azul, em defesa do Parque São Bartolo- meu, em homenagem aos 70 anos de Mãe Stela do Ilê Axé Opô Afonjá. Possui quadros em acervo do MAMBa (Museu de Arte Moderna da Bahia), MAB (Museu de Arte da Bahia), Museu de Castro Alves em Muritiba, ACBEU (Associação Cultural Brasil Estados Unidos), Faculdade de Geologia - Pavilhão de Aulas da UFBA, Gabinete Português de Leitura, Museu Regional de Feira de Santana/MRA/CUCA, Museu de Arte Contemporânea/MAC em Feira, Pinacoteca do CDL Clube dos Dirigentes Lojistas – Feira de Santana/BA. Utilizando as técnicas de bico de pena e pastel seco, fez ilustrações para a Revista Exu (publicação da Fundação Casa de Jorge Amado), Revista da Bahia, livro de contos “Dona Cici, A Contadora de Histórias, alem de diversos livros de poesia. Como Designer Gráfico, criou logomarcas, cartazes e folders para várias instituições. Fez parte da comissão julgadora do IV Salão Regional de Artes Plásticas em Valença pela Fundação Cultural do Estado da Bahia em 2004 e do Prêmio Braskem de Cultura e Arte em 2007. Designer Gráfico do Irdeb/TVE Bahia.
  • 51. resumo | alguns textos críticos “ A impressão do conjunto é de que o artista, não obstante a serenidade da pessoa, habita fantástico mundo de uma civilização tribal em permanente festa. Pois a profusão de cores fortes é característica dominante em sua obra, no que revela um equilíbrio admirável.” Gláucia Lemos, 2011 | Crítica de Arte (pós graduação UFBa) | Escritora ( Academia de Letras da Bahia e União Brasileira de Escritores/SP) “ É claro que não se pode ignorar a presença dos signos pintados – estão aí simplesmente e, ademais, traçados com um vigor e uma clareza que preservam prontamente reconhecível a sua procedência. Restam, entretanto, formalmente depurados, não mais atrelados ao contexto original do qual foram arrancados. Do símbolo emotivo só vestígios subsistem: a abstração os esteriliza.” Caius Marcellus, 2010 | Artista Plástico, Musicista “ Uma trajetória histórica e um artista que sabe lidar com a matéria plástica.” Aldo Tripodi, 2005 | Crítico de Arte, Poeta, Ensaísta “ Nos trabalhos atuais de Guache Marques, a figura propriamente dita, desapareceu, deixando um grafismo, realizado de forma pessoal, no qual transparece a simbologia do misticismo baiano. As cores estão cada vez mais vibrantes e diversificadas e o apuro técnico segue o seu ritmo cada vez mais atraente.” Justino Marinho, 2004 | Artista Plástico | Crítico de Arte "... nossa relação com sua arte deve atravessar a visceralidade de sua expressão... que chega hoje a um abstracionismo/figurativo com o referencial nos signos afro-brasileiros, sejam religiosos ou profanos, reinterpretando uma cultura que nenhum de nós, aqui vivendo, podemos evitar em nossas vidas, quanto mais em nosso imaginário”. Claudius Portugal, 2002 | Poeta, Ensaísta e Crítico de Arte “ Nas composições que estrutura dentro do espaço de cada tela, não é a forma explícita dos signos que revelam o tema... Seus trabalhos desta série revelam o que é real para ele na nossa cultura: a força da fé e do rito que paira entre o sensual e o espiritual, o sincretismo religioso que nos leva a ver em torno das formas monumentais e icônicas, uma auréola sacra que tanto envolve o peji quanto o santuário”. Matilde Matos, 2002 | Crítica de Arte | Membro da A.I.C.A. e A.B.C.A. “... a sua linguagem registra impressões, seu olhar sobre o real, o cotidiano. Trata-se de uma grande riqueza artística, razão pela qual a Câmara Municipal de Salvador registra votos de louvor ao pintor e reconhecimento ao seu talento que tanto honra os soteropolitanos. Javier Alfaya, 1998 | Presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer na Câmara Municipal de Salvador " Guache, por detrás de sua aparente linearidade e economia, aponta para um dos traços mais marcantes do pós-moderno, que é o compromisso dialético com a raiz." Ildásio Tavares, 1998 | Poeta e Crítico de Arte “ Seus trabalhos perderam muito da suavidade cromática, em que jà era evidente a prioridade ao mundo interior do artista. Mas quem pode ser suave face a nossa controvertida realidade? São pinturas fortes e originais, sugerindo uma fusão fortuita do comportamento natural com a selvageria psicológica.” Matilde Matos, 1988 | Crítica de Arte | Membro da A.I.C.A. e A.B.C.A. ” Sua obra foge ao discurso fácil do homem feliz. Antes, sem rodeios, mostra o seu lado mais esconso e vil - aquilo que nos constrange. Com um apurado domínio técnico, trabalhando com pastel e tinta acrílica, o artista vai nos dando conta da despersonalização a que o poder tem submetido o homem.” Washington Queiroz, 1986 | Poeta e Antropólogo Social “ Guache Marques despe o homem de seus valores morais, tirando-o do pedestal da escala zoológica e discursa amplamente sobre o seu lado burlesco... mostrando toda sua crueza, em todos os jogos que a raça humana se propõe a jogar e sustenta a análise da competição desenfreada do homem, contra si próprio.” Kássia Maria, 1985 | Jornalista
  • 52. técnicas utilizadas Desenhos a Bico de pena O período que antecede o ingresso na Escola de Belas Artes da UFBa, em 1974, é quando são executados os trabalhos em bico de pena, técnica usual entre vários artistas da época. O realismo fantástico era o estilo em voga nas artes plásticas e Guache desenvolveu, durante algum tempo essa técnica por suas afinidades com o desenho, tendo, inclusive, em 1978, ganho o 1º Prêmio no Salão Baiano de Artes Visuais com a série de trabalhos intitulada: "Mãe Terra", Mãe Útero" e Mãe Dor, consolidando-se numa técnica de difícil fatura, tendo ilustrado também com o seu trabalho, diversos livros de poesia. Desenhos a Pastel Seco O tempo que o artista passou na Escola de Belas Artes, de 1974 a 1980 fazendo o curso de Artes Plásticas, coincide com a produção dos trabalhos na técnica do pastel seco e lápis Caran D`ache. Trata-se de uma técnica difícil de ser executada considerando-se o desenho como a base da formação de todo artista, e Guache utilizou-se não só do papel como suporte, aplicando o pastel sobre placas de eucatex reinventando assim diversas maneiras na sua utilização. Gravuras De 1980 a 1985, Guache frequentou, como aluno e logo após como Professor, as Oficinas de Expressão Plástica (hoje Oficinas de Arte em Série) do Museu de Arte Moderna da Bahia sob a coordenação do artista plástico Juarez Paraiso. Neste período, após um curso ministrado pelo renomado gravador do Rio de Janeiro, Antonio Grosso, executou diversas gravuras, notadamente litogravuras, técnica que mais o atraiu pelos recursos de desenho, e as possibilidades que ele encerra. Foto-desenhos Em meados da década de 80, Guache interessou-se por um trabalho que despisse o ser humano das suas vicissitudes e o colocasse na berlinda, mostrando o seu lado esconso, animal, escondido sob uma capa de civilidade. Daí nasceu um trabalho voltado para esse questionamento. Utilizou-se para isso de figuras hieráti- cas, fruto de uma pesquisa feita a partir da observação da silhueta de peixes, perfilados em fotos que, uma vez trabalhadas com nanquim, lápis grafite e tinta acrílica, davam uma visão distorcida do ser humano, revelando os seus arquétipos. Uma das fases mais instigantes do artista, que num discurso áspero e sem concessões estilísticas, dava sua interpretação da realidade do homem desse final de século. Pinturas As Pinturas vieram a fazer parte da obra do artista na década de 90, com o interesse cada vez maior por novos materiais e suas diversas configurações. Conseguiu com essa técnica o Prêmio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO durante a mostra do V Mercado Cultural no Espaço Cultural da Caixa em Salvador, com Sala Especial. As pinturas realizadas por Guache, nesse período, se revestem de um aprimorado estudo da temática afro-brasileira onde magia e mistério lhe servem como fontes constantes de inspiração. Arte Digital Utilizando recursos e efeitos visuais do programa Photoshop, realiza arte digital (infogravuras) revisitando sua própria obra.
  • 53. exposições individuais 2007 Exposição S!GNOS - MAC Museu de Arte Contemporânea Egberto Costa - Feira de Santana/BA 2006 Pinturas Recentes - Projeto Arte Sofitel - Galeria Prova do Artista / Sofitel Costa do Sauipe - Sauipe/BA 2005 Pinturas Recentes - Projeto Arte Sofitel - Galeria Prova do Artista / Sofitel Rio de Janeiro - R. aneiro/RJ 2004 Pinturas Recentes - Projeto Arte Sofitel - Galeria Prova do Artista / Sofitel Salvador - Salvador/BA 2003 V Mercado Cultural - Prêmio UNESCO de Fomento das Artes - Sala Especial - Salvador/BA 2002 Pinturas e Arte Digital - Gal. ACBEU - Salvador/BA 1998 A Condição Humana - Gal. ACBEU - Salvador/BA exposições coletivas | resumo 2011 Exposição Coletiva SINAPEV - Sindicato dos Artistas Plásticos Visuais da Bahia - Atelier Leonel Matos 2010 Ocupação Internacional da Feira de São Joaquim - Feira de São Joaquim - Salvador/BA Homenagem a Nossa Senhora Santana - MAB Museu de Arte da Bahia - Salvador/BA 2009 Corredor das Artes - Galeria Cañizares - Escola de Belas Artes - Salvador/BA Arte Comestível I e II - Centro de Cultura Amélio Amorim - Feira de Santana/BA Jorge, Guerreiro de Luz - Sobrado Galeria de Arte - Salvador/BA 2008 Corredor das Artes - Palacete das Artes - Museu Rodin - Salvador/BA 2007 60 Artistas Contemporâneos da Bahia em Pequenos Formatos - Galeria Prova do Artista - Salvador/ BA 2006 Pinturas Recentes - Galeria Prova do Artista / Arte Sofitel - Hotel Sofitel Costa do Sauípe 2005 Art for Today - Museu de Arte da Bahia Dança no Pelô” - Escola de Dança da FUNCEB - Coreografia com trabalhos de artistas plásticos 2003 Homenagem a Caribe - Galeria da EBEC - Salvador/BA 2001 Arte-Arte Salvador 450 Anos - Museu da Cidade - Macau/CHINA 1999 Arte-Arte Salvador 450 Anos - Museu da Cidade - Coritiba/PR Arte -Arte Salvador 450 Anos - Museu de Arte Moderna - Salvador/BA 1998 Galerie Leonardo - Arts Plastiques d"aujourd hui - Paris - France Tropicália 30 Anos - Museu de Arte Moderna - Salvador /BA 1997 Tendências da Bahia - Prova do Artista - Hotel Sofitel 4 Rodas - Salvador /BA 1995 Faraimará - Homenagem aos 70 Anos de Mãe Stela - llé Axé Opô Afonjá - Salvador/BA 1988 Bahian Artists Exposition - W. K. Keiiogg Fundation - Inst. Cult. Brasil/Alemanha - ICBA - Salvador/BA I Salão Baiano de Artes Plásticas - Museu de Arte Moderna - Salvador/BA 1987 Semana de Intercâmbio Cultural Brasil/Argentina - Buenos Aires - Argentina 1986 Projeto de Revitalização do Parque Histórico de Cabaceiras - Museu Castro Alves - Muritiba/BA 1985 Geração 70 - Museu de Arte da Bahia - Salvador/BA Painel - lO Artistas Plásticos na Secretaria da Fazenda - Centro Administrativo - Salvador/BA 1983 Painel - Biblioteca Central da UFBA - Campus Universitário - Salvador/BA 1979 I Salão Baiano de Artes Visuais - 1º Prêmio em desenho
  • 54. painéis 1997 Dia Mundial do Meio Ambiente - Iguatemi - Salvador/BA 1995 Projeto Chocalho de Cabra - Centro de Cultura Amélio Amorim - Feira de Santana/BA 1986 XIV Jornada de Cinema da Bahia - Outdoor - Salvador/BA 1O Artistas Plásticos na Secretaria da Fazenda - Centro Administrativo - Salvador/BA 1985 Parque São Bartolomeu - Salvador/Bahia 1983 Biblioteca Central da UFBA - Campus Universitário - Salvador/BA Projeto Mural Rio Vermelho - Rua da Paciência - Salvador/Bahia (83, 84, 85, 86 e 87) 1982 Complexo Escolar Polivalente do Cabula - Salvador/Bahia XII Jornada de Curta Metragem - Cine Gláuber Rocha - Salvador/BA Escola de Arquitetura - Universidade Federal da Bahia - Salvador/Bahia XIV Jornada Baiana de Curta Metragem - Outdoor - Salvador/BA prêmios e menções: 2003 V Mercado Cultural – Prêmio de Fomento às Artes concedido pela UNESCO em pintura - Sala Especial no Conjunto Cultural da Caixa – Salvador/BA 1991 I Bienal do Recôncavo - Projeto Retalhos - Prêmio de Aquisição em co-autoria - Instalação - Fundação DANEMANN - São Félix/BA 1978 I Salão Universitário de Artes Visuais - 1º Prêmio de Aquisição - Desenho Teatro Castro Alves - Salvador/BA 1978 I Encontro de Arte FUNCISA (Fund. Cidade do Salvador) - Menção Honrosa em co-autoria - Instalação / Pousada do Carmo - Salvador/BA 1975 Comemoração dos 200 anos da morte de Alexandre Herculano - 1º Prêmio de Aquisição em Desenho Gabinete Português de Leitura - Salvador/A doações: Em prol da Campanha de Preservação do Parque São Bartolomeu – Salvador/Ba Em prol da Campanha Natal Sem Fome – EBEC – 2002/2003/2004 Em prol de Campanha do GACC – Grupo de Apoio à Criança com Câncer Em prol da Luta de Libertação dos povos da Nicarágua Em prol da Irmandade Nossa Senhora da Boa Morte - Cachoeira/Ba Em prol da Campanha Salvar Salvador - Prefeitura Pela preservação da Ararinha Azul - Salvador/Ba Em Homenagem à Mãe Stela do Ilê Axé Opô Afonjá - Salvador/Ba Comemoração dos 450 Anos da Fundação da Cidade do Salvador - MAM - Salvador/Ba Em prol da Campanha do Grupo de Apoio à Criança com Câncer - GACC
  • 55. referências bibliográficas Revista Veracidade ___________________ Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (SEDHAM) Salvador/Ba Ano 6 No. 10 - Dezembro de 2010 - págs 97 a 110 Livro 50 Anos de Arte na Bahia - Matilde Matos _______________________ Dezembro de 2010 - págs 196, 197, 242 e 243 Revista Viver Bahia ___________________ Revista de Turismo da Bahia - Ano I, No. 6 Fevereiro de 2008 - págs 32 e 33 Arte/Arte Salvador 450 Anos ____________ Catálogo com texto - págs 104 e 105 Catálogo com Obras do Acervo do ACBEU __ _______________ Salvador/Bahia - 2003 - págs 96 e 97 Pinacoteca da CDL ___________________ Centro de Dirigentes Logistas em Feira de Santana págs 38, 39, 40 e 41 Revista da ADEMI/BA _________________ Associação de Emp. do Mercado Imobiliário da Bahia Ano 4 No. 23 - 2005 - págs 66 e 67 Correio da Bahia ____________________ Caderno Folha da Bahia Entrevista de 08 de março de 2005 Livro/Catálogo 100 Artistas Plásticos da Bahia _________ Galeria Prova do Artista - Patrocinio COPENE - pág. 59 Revista Dendê de Cultura e Arte ________ Nº 7 - págs. 20 e 21 Jornal Soterópolis ___________________ Ano 1 No. 4 - pág. 4 WEB - Portal Cyberartes _________ http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=582&m=44
  • 56. texto caius marcellus | musicista, crítico de arte NATUREZA MÍTICA O verdadeiro tema das pinturas “afro” de Guache Marques não é, como se tem dito, a africanidade ou afrodescendência; o tema dessas pinturas é a cor. Os motivos afro-brasileiros podem aqui ser o assunto, um dado circunstan- cial, contingente, privilegiado até e tornado valioso. Contudo, um outro assunto, bem diverso do atual, desde que se prestasse aos desenvolvimentos solicitados pelo artista, poderia ter sido eleito sem que se alterasse o núcleo temático. É interessante, a propósito, notar quão facilmente alguns títulos aparentados entre si – e que certamente poderiam ser substituídos sem grande prejuízo – podem induzir a equívocos de interpretação, sobretudo quando, na Bahia, evocam-se as “raízes”, atraindo para si a atenção do interlocutor que neles procura, em vão, o sentido das obras. É claro que não se pode ignorar a presença dos signos pintados – estão aí simplesmente e, ademais, traça- dos com um vigor e uma clareza que preservam prontamente reconhecível a sua procedência. Restam, entretanto, formalmente depurados, não mais atrelados ao contexto original do qual foram arrancados. Do símbolo emotivo só vestígios subsistem: a abstração os esteriliza; dir-se-ia que tal símbolo é o objeto a ser consumido, e então a operação pictórica consiste em fazê-lo recuar. Agora são esqueletos sobre e em torno dos quais a cor se encorpa, expande-se e se contrai alternadamente, e arrasta consigo a luz; são esqueletos a delimitar e dar sustentação a zonas de cromatismo vibrante, quando não submergem, diluídos, à potência destas. Não é novidade, para quem o tenha seguido em sua carreira, reconhecer em Guache um virtuoso da cor, que a intensifica, fá-la persuasiva [e também, nesse sentido, barroca], não raro estridente, criando, por vezes, intumescências à superfície do quadro sem quaisquer possibilidades de neutralizar-se e apagar-se, saturando-a antes com fulgores, que são também registros “termométricos” desse ambiente inventado. Os signos assumem valor tectônico: já quase uma arquitetura sem massa e sem peso (pois toda a densidade se restringe à própria realidade material da pintura, sua fisicidade), estão aí para aclarar relações – logo não poderiam admitir outro talhe senão o geométrico. A associação cor-forma geométrica é histórica: dos mosaicos romanos a Mondrian, das marchetarias renas- centistas à publicidade contemporânea, que técnico das artes visuais pôde ignorá-la? Esse binômio é a língua dos brasões, dos emblemas áulicos d’outrora, mas é, não menos, o das logomarcas e ícones hodier- nos. Entretanto a cor de Guache não é plana nem homogênea, embora firmemente encapsulada na grade geométrica e remetida continuamente ao plano; é, ao contrário, um campo de força cuja grande intensidade vibratória se arremessa à retina do observador, num efeito devido em parte à interferência de grafismos e pinceladas distribuídos irregularmente para pôr em relação áreas contíguas que de outro modo estariam isoladas, talvez inertes. Além disso, uma cor límpida, pura, pouco se prestaria a uma abordagem fundamen- talmente dinâmica (ainda que não óbvia) da pintura; e o dinamismo aí alcançado é auto-evidente. Mas há algo em Guache que, não sendo – creio – intencionalmente temático, nos informa dessa africanidade que se quer encontrar nessas obras. Esse algo subjaz à sua técnica colorística: um certo predomínio do quente e do morno dado pelo amplo uso de tons terrosos, óxidos de ferro naturais ou sintéticos. São arran- jos cromáticos sugestivos de sua própria origem material, da sua categoria no reino natural. E é desse ponto de vista que se poderia falar, legitimamente, em “raízes”, na medida em que tais relações reverberam subjeti- vamente, como memória afetiva duma cultura na qual uma Natureza mítica, em contraste com as atuais tecnocracias, é ecoada sem cessar.
  • 57. texto claudius portugal | poeta, crítico de arte PINTURAS RECENTES DE GUACHE Há artes que são silenciosas, outras que pisam com o som de pés descalços, outras que mordem, às vezes até a própria cauda, e há as que nos olham, exigem o nosso olhar e, desta relação, fazem a sua existência para que nenhum ponto de vista fique desabitado, permaneça alheio. Enfim, não são paisagens surdas. Sua arte não é ouvir a água pela água. Ela nos mostra que a natureza humana ainda pulsa e que as horas soletram o grito. É assim que Guache Marques nos avisa: nossa relação com sua arte deve atravessar a viscera- lidade de sua expressão, um percurso onde técnicas foram desenvolvidas e outras assimiladas. Do bico de pena, pastel seco e lápis até a pintura acrílica: do suporte do papel para a tela como uma necessidade para exprimir sua representação plástica, tendo como começo o ainda aluno da Escola de Belas Artes; do desenho, iniciado com distorções gráficas, inerente ao tipo de trabalho do estudante, tendo como base forte conotação realista, centrado na figura humana diante uma temática de conteúdo social, e que chega hoje a um abstracionismo com o referencial nos signos afro-brasileiros, sejam religiosos ou profanos, reinterpretando uma cultura que nenhum de nós, aqui vivendo, podemos evitar em nossas vidas, quanto mais em nosso imaginário. Mas não imaginem que em Guache Marques temos um simples apropriar-se de signos e elementos para uma pintura oca. Nele não há uma representação mimética, retórica, decorati- va, pois sua busca nesta pintura tem por objetivo uma leitura da Bahia e de si mesmo, a sua arte nesta Bahia, onde o espaço dual branco/preto do começo de carreira foi substituído por um vermelho/amarelo, sustentado pelas curvas internas de suas linhas através de um desenho que mantém-se vivo, forte, imprescindível, necessidade orgânica para uma criação que existe basicamente no diálogo entre este desenho e as cores terrrosas sobre uma superfície altamente detalhada de ícones e gestos, para realizar, principalmente, o que podemos assinalar como tensão permanente, e isto em todos os seus períodos ou fases, que é a erotização - se no seu início aparecia junto com uma agressividade de imagens, hoje torna-se eminentemente sugesti- va, plástica, quase que uma liturgia do artista para com sua arte e as formas de sua cidade. É neste território erótico que a pintura de Guache intervém com todas as suas medidas na arte de sua geração e na arte baiana. Esta é a sua assinatura. Sua terra bruta, sua informação. É dela que se nutre e se constrói, anteriormente pelo desenho explícito, agora pelo irradiar das cores em linhas ovaladas de portais e flechas. Sua arte aporta e aposta no humano, desde seu nascimento, percurso ou leitura, sempre saindo a procura de um fazer que não se estabelece em nenhum porto, pois cada técnica e material o chama para novos descobrimentos, e exige que este seu olhar e sua busca tenham em nós seus cúmplices, o que leva que não tenhamos diante dela jamais o silêncio. Ao abrir e fechar o seu espaço nesta pintura ele escava a terra e afirma que não basta o sopro do vento para existir o canto. É preciso que se afirme, cada vez mais, a palavra. Não o lamento substan- tivo, ponto de exclamação, algum consolo, mas uma linguagem corporal, em todas as linhas e cores.
  • 58. texto ildásio tavares | poeta, crítico de arte DA RAIZ A CONTEMPORANEIDADE Me apraz na pintura de Guache Marques sua determinação de ser isto que T. S. Eliot cobrava da linguagem moderna, a ponta de um iceberg. A dignidade de movimento de um iceberg deve-se a que apenas 1/8 de sua massa está acima da superfície. Assim, a pintura de Guache, por detrás de sua aparente linearidade e economia, aponta para um dos traços mais marcantes do pós-moderno, que é o compromisso dialético com a raiz, ou seja, a viagem ao chão para plantar o suporte de um imaginário que resulta sempre num contomo consistente; nada de castelos no ar - existe uma Tradição, cumpre conhecer seus signos. E aí voltamos à eterna querela de forma e conteúdo, linguagem e temática, binômio que se resolve em Guache com bastante organicidade, desde a sobriedade dos tons, quase monocromáticos, a envelopar com precisão o clima - semduvidamente místico - até a harmonia de composição, onde forma e volume dimen- sionam o desenho: há densidade e carinho e o artesão Guache pôs-se por inteiro a serviço do pintor e de todo seu processo de ideação, seleção e combinação iconográfica para o faturamento do discurso pelo apropriado da linguagem. Vale a pena saber o esmero técnico, o cuidadoso apuro para que a idéia se torne cor, a cor se vista de forma, a forma adquira volume. Isto é pintura. E no caso de Guache Marques pintura densa, tensa, em que com acentos muito pessoais, ele trilha o caminho de outros que foram às fontes da magia e do mistério para enfeixá-los na tela, na tinta, na estesia, na arte. Jamais no folclore. texto justino marinho | crítico de arte EMBLEMAS DA AFRICANIDADE Guache Marques, artista que começou a carreira nos anos 70 ao lado de Murilo, Zivé Giudice, Florival Oliveira, Bel Borba, Leonel Matos, Almandrade, Angela Cunha e tantos outros representativos dessa geração, foi no início, fiel ao trabalho executado sobre papel em desenhos a pastel, passando depois à pintura como forma de expressão. Nos trabalhos atuais de Guache Marques, a figura propriamente dita, desapareceu, deixando um grafismo, realizado de forma pessoal, no qual transparece a simbologia do misticismo baiano. As cores estão cada vez mais vibrantes e diversificadas e o apuro técnico segue o seu ritmo cada vez mais atraente. Nessa sua fase atual, signos afro-brasileiros misturam-se a cores terrosas e juntam-se a uma textura que lembra a marca modernista. A textura agora utilizada lembra ainda, o couro tão usado pelos vaqueiros, em suas lembranças da criança, nascida na região de Feira de Santana. Na verdade, a pintura executada por Guache é densa e forte na expressão e guarda coerência com tudo que ele tem feito no decorrer de sua carreira.
  • 59. texto matilde matos | crítica de arte membro A PINTURA DE GUACHE MARQUES Artista consciente da importância de preservar sua autenticidade no fazer artístico, em face dos avanços tecnológicos, Guache Marques buscou referências nos signos da cultura afro-baiana para desenvolver esta série de quadros de 1998. Nas composições que estrutura dentro do espaço de cada tela, não é a forma explícita dos signos africanos que revelam o tema. Sua experiência anterior com o surrealismo o ensinou que importante é passar a impressão de algo que tenha a ver com o seu sentir em relação ao tema. Seus trabalhos desta série revelam o que é real para ele na nossa cultura: a força da fé e do rito que paira entre o sensual e o espiritual, o sincretismo religioso que nos leva a ver em torno das formas monumentais e icônicas, uma auréola sacra que tanto envolve o peji quanto o santuário. O recurso maior que caracteriza sua linguagem está no modo de trabalhar a pintura. A estrutura inicial que define cada quadro serve de âncora e dá o sentido de movimento e equilíbro, mas toda a atmosfera do conteúdo quem faz são as cores e a incrível textura, trabalhada, cavada na camada de gêsso e massa acrílica que faz sua pintura matérica, onde vai jogando a tinta em veladuras até ela ir tomando corpo, as nuances surgindo entre saliências e reentrâncias. A pintura de Guache é elaborada com paciência e amor ao ofício. Nela aqueles vibrantes amarelos e marrons ressoam como tambores de ritmo acentuado no grito estridente de um azul anil. O estilo e a qualidade destes quadros estão assegurados na concordância afinada do tema com a forma original que o artista criou para expressá-lo. texto aldo trípodi | crítico de arte GUACHE MARQUES E A EXPRESSIVIDADE DE SUA PINTURA Necessário que se diga que a análise crítica da obra de arte perpassa, pelos entendimentos dos problemas que cercam a criação artística, cabendo a crítica de arte formular um juízo favorável ou contrário a fim de que se possa consagrar e fazer justiça à obra de arte. Ao introduzir- mos tais palavras é apenas para que possamos limpar o terreno no qual vamos pisar. Guache Marques é um destes artistas que desobriga a crítica de arte a fazer algum reparo sobre sua produção artística. Uma trajetória histórica e um artista que sabe lidar com a matéria plástica, o que se tornam argumentos irrefutáveis, caso algum incauto deseje expressar algo que não se alinhe com a sua produção. Por outro lado fica a crítica obrigada a se manifestar, à medida em que o artista resolve muito bem os problemas da criação. Ora, não pode o artista, em seu processo criador consagrar a sua criação, quem deve afirmar a este respeito é a estética. Por isso, sentimos a necessidade de expressar sobre seu discurso pictórico. Guache em sua fase de desenhos foi impressionante, traços fortes, os temas por ele eleito são definidos como expressivamente humanos. Na pintura, transita sem nenhum problema pela ´abstratização´ gestual, incorporando texturas com uma poética invulgar. No fundo o contraste entre o preto e o branco, superposto a um corte entre tons marrons e outras cores, numa bela sinfonia. Como também no figurativo, no qual passeia por um expressionismo surrealista, ou como no caso dos orixás onde impõe ao observador uma nítida sensação de autoridade mitológica no panteão dos deuses africanos, não banalizando o tema como outros artistas locais de mão apressadas e turísticas reduz a possibilidade de fluir um pensamento e uma interação do que foi criado com a possibilidade de deliciosa sedução que ele sabe fazer muito bem. Passeia pelos signos afro-baianos, pelo simbólico e mítico. Pode parecer que não define uma linguagem, ao contrário segue uma coerência estilística, somente encontrada em artistas como Sante Scaldaferri, César Romero, Juraci Dórea, Chico Liberato, Jamison Pedra, e outros que não caberiam nestas poucas letras. Este artista escreve uma história da arte baiana e brasileira, por isso justo a emissão deste nosso juízo de valor. Guache Marques é natural de Feira de Santana, 1954, onde iniciou seus estudos preliminares sobre arte. Em Salvador concluiu, em 1980 na Escola de Belas Artes, o curso de Artes Plásticas pela Universidade Federal da Bahia, quando foi monitor das disciplinas de Desenho Artístico e Técnicas de Representação Gráfica dos professores Ailton Lima e Jamison Pedra, respectivamente. Nesse mesmo ano começou a freqüentar as Oficinas de Arte em Série do Museu de Arte Moderna da Bahia, sob a coordenação do artista plástico e Professor Emérito da EBA-Ufba, Juarez Paraíso, como aluno e, mais tarde, como Professor Orientador nas técnicas de Xilogravura e Litogravura e Gravura em Metal.
  • 60. o desenho e a pintura de guache Washington Queiroz | Poeta e Antropólogo Social Investir-se da realidade, transfigurá-la e indicar caminhos à vida - esta é a característica de toda grande obra de arte. É neste trilho que Guache Marques caminha. Sua obra foge ao discurso fácil do homem feliz. Antes, sem rodeios, mostra o seu lado mais esconso e vil - aquilo que nos constrange. Com um apurado domínio técnico, trabalhando com pastel e tinta acrílica, o artista vai nos dando conta da despersonalização a que o poder tem submetido o homem. “Invest in reality transfigure it, indicate lifes path, these are the real purposes of all art. This is Guaches way the goes beyond the simple dialogue of man content. Without beating around the bush he shows us his most hidden and evil side which catches us of guard. Working with pastels and acrylics he demonstrates a refined control of technique, exposins man, depersonalized by the established power.” guache, as formas e a cor Gláucia Lemos | Crítica de Arte (pós graduação pela UFBa) | Escritora ( da Academia de Letras da Bahia e da União Brasileira de Escritores/SP) Conheço a obra de Guache Marques desde que fomos contemporâneos na Escola de Belas Artes da UFBa. Desde que dela me recordo, vem a fidelidade à temática tribal o que oferece hoje a unidade, sem prejuizo da diversidade que reside na evidente renovação do artista. Sem fugir à mesma abordagem, que trabalha com olhar muito pessoal, absolutamente liberto do já desgastado laço afro-religioso, Guache Marques não se repete, sabendo, entretanto, conservar sua autenticidade. Assim, as formas se sucedem no mesmo ambiente, sempre com nova inspiração. Impressiona de imediato o colorista consciente. A impressão do conjunto é de que o artista, não obstante a serenidade da pessoa, habita fantástico mundo de uma civilização tribal em permanente festa. Pois a profusão de cores fortes é característica dominante em sua obra, no que revela um equilíbrio admirável. Os tons primários se sucedem a se avizinham dos secundários e seus complementares, sem a totalidade ser ferida por algum ponto de tensão que lhe quebre a harmonia. Não vi as obras senão pela internet, o que não me facilita análise demorada de detalhes outros, como textura e identificação de suportes. À primeira vista, parece-me, em alguns casos, reconhecer trabalho a nanquim sobre papel. Isso me faz recordar ter Guache Marques revelado sempre sua excelência no desenho, tanto no apuro das formas, quanto na justeza de utilização do campo pictórico, habilidade que não poderia perder, agora, naturalmente, mais aprimorada pela experiência e exercício contínuo. E os que sabem, têm consciência de que o desenho, por si só, já revela um artista. Emfim, temos o desenhista garantindo a estrutura perfeita das formas que expressarão seu discurso plástico, aliado ao colorista harmônico, reunidos no domìnio do espaço, e oferecendo aos olhos e ao espírito do expectador, a encantante linguagem através da qual Guache Marques se comunica com o mundo.
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  • 63. CONTATOS ATELIER Avenida Cardeal da Silva, 2210 | Rio Vermelho Salvador | Bahia | Bahia Fone 55 71 9936 6264 | 55 71 3116 7431 EMAILS guachemarques@hotmail guachemarques@yahoo.com.br guachemarques@gmail.com ENDEREÇOS NA WEB www.guache.blogger.com.br blogsite com textos, links para museus e galerias e obras do artista http://www.cyberartes.com.br/artigo/?i=582&m=44 página do artista no CIBERARTES, site sobre artes plásticas abrangendo desde as técnicas e estilos às biografias dos artistas http://www.expoart.com.br/guachemarques/ página do artista no EXPOART, site com ensaios, críticas, links e obras de diversos artistas http://www.facebook.com/home.php#!/Guachemarques página do artista com textos, links variados, álbuns http://www.flickr.com/photos/guachemarques/ página do artista no site do Yahoo com fotos e álbuns compartilhados http://www.arteatual.net/art-guache.htm página do artista no site ARTE ATUAL. Obras, biografia e links para vários