O documento contém três poemas curtos sobre temas políticos e sociais de Portugal no século XX. O primeiro poema de Fernando Pessoa celebra a liberdade, a poesia e a infância. O segundo poema de Viky C critica a democracia associando-a a conceitos negativos. O terceiro poema de Henrique Pedro descreve um sentimento revolucionário preso dentro de si.
2. LIBERDADE LIBERDADE Ai que prazer Não cumprir um dever, Ter um livro para ler E não fazer ! Ler é maçada, Estudar é nada. Sol doira Sem literatura O rio corre, bem ou mal, Sem edição original. E a brisa, essa, (…) Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, Flores, música, o luar, e o sol, que peca Só quando, em vez de criar, seca. Mais que isto É Jesus Cristo, Que não sabia nada de finanças Nem consta que tivesse biblioteca... Fernando Pessoa
3. DEMOCRACIA Democracia Democracia tem D Como tem Desilusão, Desgoverno, Desemprego, Desgraça, Desunião... Está também em Decadência, Desespero, Dependência, Desordem, Desobediência, Em Desconchavo e Demência, Em denúncia e Displicência. Também tem D Ditadura, Ironias do Destino... (…) O que quero é afirmar Que jamais me irei negar, -Sem nunca tergiversar -De chamar pelo nome os bois. Viky C.
4. REVOLUÇÃO Revolução No meu coração Está obstruída Uma tal torrente De sentimento Razão E revolução Que se alguém a liberta! Porém Se a alma apenas será feliz Depois de em comícios se exaltar E nos campos lutar Nada disso já fiz E portanto Não passo de um pobre diabo (…) Como Mais um Que tem Uma glândula Avariada Henrique Pedro