Este documento apresenta o projeto de pesquisa "Visíveis ou Invisíveis", que analisa a representação dos moradores de rua nos principais jornais de São Paulo. O objetivo é estudar como esses discursos constroem a visibilidade desta população de forma diferente, considerando os objetivos editoriais de cada publicação. A metodologia inclui análise quantitativa e qualitativa dos textos usando a Análise de Discurso Francesa para identificar os sentidos produzidos sobre a cidade e a diferença.
1. Projeto de pesquisa
“VISÍVEIS OU INVISÍVEIS? – A REPRESENTAÇÃO MIDIÁTICA DOS
MORADORES DE RUA NOS DISCURSOS DA IMPRENSA DA CIDADE DE SÃO
PAULO. UM ESTUDO SOBRE COMUNICAÇÃO, CONSUMO E DIFERENÇA”
Guy Almeida Jr.
2013
2. Cidade de São Paulo
■ 11 milhões de habitantes
■ Expansão industrial a
partir dos anos 1950
■ Fluxos migratórios
■ Cidade midiática
■ Projeto Nova-Luz
3. 14 mil moradores de rua*
* Fonte: Censo da população em situação de rua na municipalidade de São Paulo
Corpos diferentes à normatização
4. Tema
Como é a representação dos moradores de rua nos veículos jornalísticos
impressos da cidade de São Paulo
7. Nosso objetivo primário de pesquisa é analisar como
se constituem os regimes de visibilidade dos
moradores de ruas nos discursos jornalísticos das
publicações: Ocas, Veja São Paulo e Destak, ou seja,
com objetivos editoriais distintos.
OBJETIVO PRINCIPAL
8. Objetivos secundários
■ Conceituar “cidade”, “pobreza” e “diferença”, a fim de
estabelecer relações entre os três conceitos
■ Identificar os discursos presentes nos textos jornalísticos
sobre o tema moradores de rua e suas representações
em cada uma das revistas investigadas
■ Comparar as análises dos discursos dos veículos
formadores de nosso corpus.
9. Metodologia
■ Para realizar a pesquisa faremos, primeiramente um
levantamento quantitativo sobre a incidências do tema
morador de rua nos veículos a partir de 2005
■ Tomaremos como referencial técnico-metodológico
Análise de Discurso de Linha Francesa nos discursos da
diferença produzidos nos artigos selecionados
■ Estudo comparativo
10. Justificativas
A quem e por que estamos alinhados?
■ Comunicação e consumo (PPGCOM): O projeto está enquadrado dentro do
campo da comunicação e do consumo, pois temos como objeto os discursos
jornalísticos e como o consumo desses discursos promovem sentidos acerca da
cidade e do morador de rua. A cidade em nosso caso é considerada como uma
instância da comunicação e do consumo.
■ Relevância social: O morador de rua pertence a um grupo frequentemente
analisado por pesquisas de caráter social e tema de veiculação na mídia. Os
discursos sobre eles são pesquisados Viviane de Melo Resende da Universidade
de Brasília.
■ Linha de pesquisa (produção): análise de como são construídos os discursos
jornalísticos sobre moradores em publicações
11. Justificativas
■ Diferença: Do ponto de vista da diferença, escolhemos os moradores de
rua, pois esses são considerados diferentes em relação à normalização das
cidades.
■ Linha de pesquisa - dinâmicas midiáticas e de consumo associadas à
construção da identidade e da diferença: estudada também pela nossa
orientadora, Tania Hoff.
12. Referenciais Teóricos - ADF
Para Eni Orlandi (2009), o discurso trata do
homem falando, ou seja, a palavra em
movimento, inserida em determinados
contextos, e produzindo sentidos.
Sua materialização se dá a partir do texto.
13. Cidade na história
“É ao mesmo tempo o
movimento demográfico e a
economia que criam, a partir
do século XIII, mas sobretudo
a partir do século XIV,
esse novo tipo de população
urbana que são os marginais,
para os quais é extremamente
frágil o limite entre
pobreza, miséria e crime,
mais ainda para as mulheres
que se debatem entre
a miséria e a prostituição”
(LeGoff, 1998, p.46).
14. Cidades
“Para apresentar e expor a “problemática
urbana”, impõe-se um ponto de partida: o
processo de industrialização. Sem possibilidade
de constetação, esse processo é, há um século e
meio, o motor das transformações na sociedade”
(Lefevbre, 2011, p.11)
15. Cidade e contexto sócio-econômico
“Pobreza não é só privação material, mas um conjunto duradouro
e complexo de relações e instruções sociais, econômicas,
culturais e políticas criadas para encontrar segurança dentro de
uma situação de insegurança” (Santos,1979, p. 10).
16. Cidade como instância comunicacional
“A comunicação é a viagem de uma
diferença que contém o sentido da
informação. A comunicação urbana
exacerba estas diferenças, multiplica-as,
fá-las coexistir e entrar em conflito”
(CANEVACCI, 2004, p. 43)
17. Consumo, cidadania e produção de sentido
“O consumo não é apenas reprodução de
forças, mas também produção de sentidos:
lugar de uma luta que não se restringe à
posse de objetos, pois passa ainda mais
decisivamente pelos usos que lhes dão
forma social e nos quais se inscrevem
demandas e dispositivos de ação
provenientes de diversas competências
culturais” (Martín-Barbero,2009, p. 292).
18. Identidade e diferença
“Em todo caso, a experiência do
estranho e do inesperado é uma marca
das cidades e precisamente o
que a caracteriza como um universo de
circulação e comunicação bastante
singular” (CAIAFA, 2003, p. 91).
19. Plano de redação
1. Cidade e diferença na sociedade de consumo
I. Formação do espaço urbano/cidade na modernidade na
perspectiva do consumo
II. Processos de urbanização no Brasil e constituição da sociedade
do consumo
III. A cidade de São Paulo e seus usos: processos históricos de
expansão e segregação
IV. Conceituando a diferença: o morador em situação de rua.
20. Plano de redação
2. A cidade como instância comunicacional
I. A cidade contemporânea: midiatização
II. Usos do espaço urbano contemporâneo e práticas de
consumo: descentralização e diversificaçãodiversidade
cultural e grupos diferentes
III. A metrópole: o palco para encontro dos diferentes corpos
IV. A cidade como instancia comunicacional: o jornalismo como
uma das representações possíveis da cidade
V. Consumo das representações da metrópole promovido pelo
jornalismo: a produção de sentidos.
21. Plano de redação
3. A Cidade diferente na mídia jornalística – O
consumo midiático de notícias do jornal Destak e
das revistas Ocas e Veja São Paulo
I. Apresentação do corpus e dos critérios de seleção
II. Metodologia de análise: ADF
III. Estudo comparativo: Destak e Revista Oca
4. Consideração finais
22. Plano de redação (Cronograma)
■ Maio – Redação do primeiro capítulo e início da análise da
revista Ocas
■ Junho – Redação do segundo capítulo, análise das
revistas Ocas e Veja São Paulo e do jornal Destak
■ Julho – Comparação das análises dos veículos e redação
do terceiro capítulo. Entrega da primeira versão completa
do relatório de qualificação.
■ Segundo semestre – restante do trabalho
23. Bibliografia
■ BIBLIOGRAFIA
■ BENJAMIN, W. Paris, capital do século XIX. In: KOTHE
(ORG), F. W. Benjamin. São Paulo: Ática, 1985. p. 30-
43.
■ BURSZTYN, M. NO OLHO DA RUA: NOMADES,
EXCLUIDOS, VIRADORES. Rio de Janeiro: Garamond,
2000.
■ CAIAFA, J. Comunicação e diferença nas cidades.
Lugar Comum, Rio de Janeiro, p. 91 -102, Jun 2003.
■ CAIAFA, J. Comunicação da diferença. Revista
Fronteiras – estudos midiáticos, São Leopoldo, v. VI,
n. 2, p. 47-56, julho/dezembro 2004.
■
24. Bibliografia
■ CANCLINI, G. Consumidores e Cidadãos. 6ª. ed. Rio de
Janeiro: UFRJ, 2006.
■ CANEVACCI, M. A cidade polifônica. São Paulo: Studio
Nobel, 2004.
■ CANTARINO, C. A organização internacional dos
moradores de rua. Ciência e Cultura. vol.57 no.1 São
Paulo Jan./Mar. 2005, São Paulo, v. 57, n. 1, p. 6-7,
Jan/Mar 2005.
■ HOFF, T. Produção simbólica de sentido e publicização
do discurso da diferença na esfera do consumo.
Comunicon 2011, São Paulo, 10 e 11 outubros 2011.
■ JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. São
Paulo: WMF Martins Fontes, 2011.
25. Bibliografia
■ LE GOFF,. Por amor às cidades: conversações com Jean
Lebrun. São Paulo: Universidade Estadual Paulista,
1998. 159 p.
■ LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro,
2001.
■ MARTIN-BARBERO, J. Dos meios às mediações:
comunicação, cultura e hegemonia. 6ª. ed. Rio de
Janeiro: UFRJ, 2009.
■ MUMFORD, L. A cidade na história. Belo Horizonte:
Itatiaia, v. I, 1965.
■ ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e
procedimentos. 8ª. ed. Campinas: Pontes, 2009.
26. Bibliografia
■ RESENDE, V. D. M. “Não é falta de humanidade, é para
dificultar a permanência deles perto de nosso prédio”:
análise discursiva crítica de uma circular de
condomínio acerca de “moradores de rua” em Brasília,
Brasil. Discurso & Sociedad, Barcelona, v. 2, n. 2, p.
422-444, 2008.
■ RESENDE, V. D. M. Representação discursiva de
pessoas em situação de rua no “caderno Brasília”:
naturalização e expurgo do outro. Linguagem em
(Dis)curso, Tubarão, v. vol.12, n.2, n. 2, p. 439-465,
mai-ago 2012.
■ SANTOS, M. Pobreza Urbana. São Paulo: Hucitec,
1979.
27. Bibliografia
■ SANTOS, M. O espaço do cidadão. São Paulo: Nobel, 1987.
■ SANTOS, M. Por uma economia política da cidade. São
Paulo: Hucitec - EDUC, 1994.
■ SIMMEL, G. A metrópole e a vida mental. In: VELHO, O. G.
O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1967.
p. 13-28.
■ SINGER, P. Economia Política da Urbanização. 12ª. ed. São
Paulo: Brasiliense, 1990.
■ WEBER, M. H. A cidade traída: recortes da mídia, do governo
e da academia. In: ORGS. MÉDOLA, A. S. L. D.; ARAUJO, D.
C.; BRUNO, F. Imagem, visibilidade e cultura midiática. Livro
da XV COMPÓS. Porto Alegre: Sulina, 2007. p. 247-276.