1. PONTAL – O ZÉ PERREIRA, SEM O ZÉ E SEM O PEREIRA.
Nossos carnavais de bairros, a hora é esta, para serem resgatados. Estes sim, sempre
fizeram a diferença de um povo o acolhedor.
Os nossos carnavais, da década de 50 e 60 eram independentes. Os Blocos, Cordões
e Afoxés tinham por obrigação desfilarem aqui no domingo e na terça-feira, ficando só
a segunda de carnaval para uma apresentação em Ilhéus (centro).
Dentre os Blocos e Cordões, “Os Bambas do Salgueiro” de Dona América, era o que
mais chamava a atenção, pela riqueza das fantasias e a organização, mas a criançada
ficava mesmo na expectativa, da vez do desfile, pelas ruas do bairro do afoxé de Cabo
Jonas, que popularmente chamávamos de “Os Pauzinhos”, em razão do bailado, que
era ritmado com pedaços de paus, uma verdadeira acrobacia.
Por tradição, no sábado a partir da meia-noite, o “Zé Pereira” percorria as ruas do
Pontal, para anunciar que, o carnaval estava começando, e a população abria suas
portas, para acompanhar o Bloco, pelo menos por uma quadra. Outros blocos que, aqui
desfilavam: “Quebra-Quebra Guabiraba”, “Maria Vai Com As Outras”, DIVA etc.
Aqui também desfilavam, os homens da cabeça grande (tipo os bonecos de Recife), os
Mandus, que era uma pessoa com uma peneira gigante na cabeça, coberta com um
lençol branco, que descia até a cintura, dando um feche final, com um pau atravessado,
como se fosse às mãos do fantasiado. Era o terror da criançada.
No final da década de 40, a juventude do Pontal, desfrutava de um espaço para suas
festas dançantes e apresentações dos cantores e artistas da época, numa casa
residencial localizada, no mesmo local que mais tarde viria a ser a sede do clube, e era
uma opção dos bailes a fantasias,que começavacom seu “grito de carnaval”, no sábado
que perdurava, até a terça-feira gorda de carnaval (termos da época).
O Clube do Pontal passa a figurar como um dos melhores de Ilhéus. O clube toma outra
dimensão, chegando a trazer diversas apresentações de artistas, que estavam no auge
nos anos 60. E dentre eles: Raulzito (Raúl Seixas) e suas Panteras, Jerry Adriane,
Wanderlei Cardoso, Paulo Sérgio, Renato e seus Blue Caps, Altemar Dutra, conjunto
Alegria Espanhola, Virginia Lane e suas Vedetes, etc.
Hoje o clube está entregue as traças, dependendo de mais uma vez de um líder para
soerguê-lo, pois inclusive os 16 (dezesseis) e únicos sócios remidos/proprietários, já
assinaram um documento, colocando o espaço a disposição do serviço público
municipal. Que na campanha, assumiram o compromisso de tornar aquele espaço, útil
para o bairro. Mas, até agora ficou no papel.
Tínhamos também, nosso folclore como: O Bumba-meu-boi, O Boi-Estrela, comandado
por Beleléu, e outro pelo senhor Hermes, a Bandinha de Reis com suas flautas
(conhecida como “Os Zabumbas”). Estes eventos ocorriam no dia 6 de Janeiro - Dia de
2. Reis, e o Terno das Flores, que desfilava no mês de setembro, juntamente com a Rainha
da Primavera.
Foi preciso, para que nossa praça fosse revitalizada, contar com a experiência
diplomática, do nossoamigo e colega de ginásio, José Henrique Abobreira, e eu, através
do Pontal Criativo. Por um bom tempo, o ZÉ PERREIRA, andou meio esquecido, mas,
graças a família Carnebó, o Jorginho Bar, seu Clério e outros, o Zé Pereira, dá a volta
por cima, e ressurge das cinzas.
Acontece que, a cada ano, vem perdendo suaoriginalidade, devido a corrida econômica.
Para deixar bem claro, não somos contra o Zé Pereira atual, mas que, seja com
responsabilidade, com respeito às leis, pois quem está se tornando vítima, é a Praça
São João Batista. Que foi requalificada, numa parceria, pública/privada, em 2015 e
voltou aos tempos de outrora.
Hoje já precisando, de uma conservação/recuperação, com custo quase zero, para a
prefeitura, mas o atual prefeito, diz não ter verbas. O que se viu ontem, foi uma praça
invadida, com vendas de bebidas alcoólicas, quando é proibido por LEI, a
comercialização destes produtos, em todos espaços públicos requalificados.
Fica a pergunta: estas barracas foram autorizadas, e por quem? Quem assim o fez,
talvez não saiba desta lei. Se não foram, fica realmente, a nossa única praça, ao bel
prazer de quem quer que seja, tornando-se uma bagunça generalizada.
As fotos por si só, dirão a realidade.
José Rezende Mendonça.
Pontalense com orgulho.