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―PAUSA‖ DE MOACIR SCLIAR
“De sonhar ninguém se cansa porque
sonhar é esquecer e esquecer não pesa e
é um sono sem sonhos em que estamos
despertos” (Fernando Pessoa)
Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou
predição; checagem de hipóteses.
a) Que sensações um sonho pode trazer a uma
pessoa?
b) Em que medida o sonho faz parte da vida
das pessoas?
c) A rotina que uma pessoa tem, pode
influenciar em seus sonhos?
Antecipação ou predição
 Leitura do primeiro trecho que vai do primeiro ao
décimo parágrafo.
 Início até - Volto de noite!
 Diante desse trecho lido, o que você acha que
acontecerá?
 Leitura do décimo primeiro até o décimo nono
parágrafo. ―As ruas ainda estavam úmidas de
cerração(...) até deitou-se e fechou os olhos‖
 Por que esse lugar? Por que um cais?
Checagem de hipóteses
Leitura do texto na íntegra.
PAUSA
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se
rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando:
—Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora
recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.
—Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz.
—Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
—Por que não vens almoçar?
—Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu:
—Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais,
olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente
duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as
chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.
Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
—Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
—Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel.
— Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre
floreado, olharam-no com curiosidade:
—Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um
guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas
esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a
gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se
fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os
sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto
abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel
mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos
esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel
tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e
saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
— Já vai, seu Isidoro?
—Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
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—Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
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Samuel saiu.
Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu
avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
(in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)
Localização de informações; Comparação de
informações; Generalizações.
- Quais são as características das
personagens?
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ambiente?
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gerente do hotel o chama de Isidoro.
Por quê?
3- Produção de Inferências locais;
Produção de inferência globais.
 ― Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou
da cama, correu para o banheiro e sem ruído. Fez a
barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente(...)”
 ―Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da
cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se
rapidamente e saiu (...)‖
 - Já vai, seu Isidoro?
Recuperação do contexto de
produção; Definição de finalidades e
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Finalidade
Relacionar o fato histórico ao conto, levando em
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produzido no item 4 com o conto ―Pausa‖ e faça
as relações necessárias.
“De sonhar ninguém se cansa porque sonhar
é esquecer e esquecer não pesa e é um sono
sem sonhos em que estamos despertos”
(Fernando Pessoa)
Percepção de outras linguagens; elaboração de
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  • 2. “De sonhar ninguém se cansa porque sonhar é esquecer e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos” (Fernando Pessoa) Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses.
  • 3. a) Que sensações um sonho pode trazer a uma pessoa? b) Em que medida o sonho faz parte da vida das pessoas? c) A rotina que uma pessoa tem, pode influenciar em seus sonhos?
  • 4. Antecipação ou predição  Leitura do primeiro trecho que vai do primeiro ao décimo parágrafo.  Início até - Volto de noite!  Diante desse trecho lido, o que você acha que acontecerá?  Leitura do décimo primeiro até o décimo nono parágrafo. ―As ruas ainda estavam úmidas de cerração(...) até deitou-se e fechou os olhos‖  Por que esse lugar? Por que um cais?
  • 5. Checagem de hipóteses Leitura do texto na íntegra. PAUSA Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: —Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. —Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz. —Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: —Por que não vens almoçar? —Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse a carga, Samuel pegou o chapéu: —Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé: —Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... —Estou com pressa, seu Raul – atalhou Samuel. — Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre - Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade: —Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
  • 6. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta a chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho: a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a move-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por um índio montado o cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhando de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, levou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista. — Já vai, seu Isidoro? —Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. —Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente. —Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caia. —O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo dos cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa. (in: Alfredo Bosi, org. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cultrix, 1977. p. 275)
  • 7. Localização de informações; Comparação de informações; Generalizações. - Quais são as características das personagens? - Quais são as características do ambiente? - A esposa o chama de Samuel, e o gerente do hotel o chama de Isidoro. Por quê?
  • 8. 3- Produção de Inferências locais; Produção de inferência globais.  ― Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro e sem ruído. Fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente(...)”  ―Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu (...)‖  - Já vai, seu Isidoro?
  • 9. Recuperação do contexto de produção; Definição de finalidades e de metas da atividade da leitura. Solicitar trabalho de pesquisa sobre Ditadura Militar e contexto histórico.
  • 10. Finalidade Relacionar o fato histórico ao conto, levando em conta os elementos narrativos e as informações relacionadas à pesquisa.
  • 11. Percepção das relações de intertextualidade; percepção das relações de interdiscursividade. Solicitar que os alunos relacionem o trabalho produzido no item 4 com o conto ―Pausa‖ e faça as relações necessárias. “De sonhar ninguém se cansa porque sonhar é esquecer e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos” (Fernando Pessoa)
  • 12.
  • 13. Percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações estéticas e/ou políticos.  Música Cotidiano (Chico Buarque de Holanda)