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Oprimeiro anestésico local descrito foi a cocaína,
extraída das folhas de Erythroxylon coca em
1860 por Nieman, na Alemanha. Moreno y Maiz, em
1868, foi o primeiro a descrever o uso potencial da
cocaína como anestésico local, mas só em 1884
Koller a utilizou pela primeira vez para anestesia
tópica do olho. A identificação da cocaína como deri-
vado do ácido benzóico possibilitou a síntese da
benzocaína, também éster do ácido benzóico, em
1890, por Ritsert. Em 1905, Einhorn e Braun sinteti-
zaram a procaína, derivada do ácido para-aminoben-
zóico, mais hidrossolúvel e menos tóxica que a
benzocaína, compatível com o uso sistêmico. Em
1943, Löfgren sintetizou a lidocaína,derivada do áci-
do dietil-aminoacético, iniciando-se a era dos anes-
tésicos locais tipo amida, relativamente isentos de
reações alérgicas, tão comuns com os derivados do
ácido para-aminobenzóico.
FARMACODINÂMICA
Anestésicos locais são substâncias que blo-
queiam a condução nervosa de forma reversível,
sendo seu uso seguido de recuperação completa da
função do nervo. O local de ação dos anestésicos
locais é a membrana celular, onde bloqueiam o pro-
cesso de excitação-condução.
O processo de excitação-condução de um
nervo é a expressão de uma série de fenômenos
eletroquímicos, que variam em função do estado da
membrana. Um microeletrodo inserido no axoplasma
de uma célula nervosa em repouso registra uma
diferença de potencial de -60 a -90 mV, sendo que a
essa diferença de potencial se convencionou chamar
de potencial de repouso. Nesse momento a membra-
na é totalmente permeável ao potássio e praticamen-
te impermeável ao sódio. A concentração de sódio
extracelular é maior que a intracelular (140 mEq/L e
5-10 mEq/L respectivamente) e o contrário é obser-
vado com o potássio (3-5 mEq/L e 110-170 mEq/L
respectivamente). A alta concentração de potássio
intracelular é mantida por forças de atração de car-
gas negativas, principalmente protéicas. O potencial
de repouso de uma célula é fundamentalmente dado
pela relação intracelular/extracelular de potássio.
Com a ativação da membrana por qualquer
estímulo físico,químico ou elétrico, aumenta progres-
sivamente a permeabilidade ao sódio e o potencial
transmembrana se torna menos negativo, até atingir
o potencial de deflagração, quando a permeabilidade
ao sódio aumenta muito. Desencadeia-se neste mo-
mento o potencial de ação. Como conseqüência des-
sa grande entrada de carga positiva para o
intracelular, inverte-se a polaridade da célula, que
agora contém mais cargas positivas dentro que fora
da célula. Um eletrodo colocado no intracelular regis-
tra uma diferença de potencial positiva. A partir de
então a membrana torna-se novamente impermeável
ao sódio e a bomba de sódio restaura o equilíbrio
eletroquímico normal. A passagem de sódio através
da membrana, ou seja, a condutância dos canais de
sódio a este íon, depende da conformação do canal,
que por sua vez depende da variação de voltagem
existente através da membrana. A cada variação de
voltagem corresponde uma conformação do canal,
que permite maior ou menor passagem de íons. Ad-
mite-se que o canal de sódio exista fundamentalmen-
te em 3 conformações diferentes: aberta, fechada e
inativada.A forma aberta permite a passagem de íons
e as formas fechada e inativada são não condutoras.
Os anestésicos locais interrompem a con-
dução do estímulo nervoso por bloquear a condutân-
cia dos canais de sódio e conseqüentemente impedir
a deflagração do potencial de ação. A ligação dos
anestésicos locais aos canais de sódio depende da
conformação do canal, sendo portanto um fenômeno
voltagem dependente (Figura 1). A afinidade pela
configuração fechada é baixa, enquanto que a con-
formação inativada é extremamente favorável à inte-
Rev Bras Anestesiol
1994; 44: 1: 75 - 82
Farmacologia dos Anestésicos Locais
José Carlos Almeida Carvalho,TSA 1
Carvalho JCA - Pharmacology of Local Anesthetics
Key Words: PHARMACOLOGY: Local Anesthetics
1 Doutor em Farmacologia - USP e Médico Supervisor de
Anestesia Obstétrica HCFMUSP
Correspondência para José Carlos Almeida Carvalho
Av Macuco 49/21
04523-000 São Paulo - SP
© 1994, Sociedade Brasileira de Anestesiologia
Revista Brasileira de Anestesiologia 75
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
ração. Assim sendo, o anestésico local se liga prefe-
rentemente à forma inativada do canal, não con-
dutora, mantendo-o nesta forma, estabilizando assim
a membrana.
Quanto maior o número de canais na forma
inativada houver, maior será a facilidade de bloqueio.
Quanto maior a freqüencia de estímulos de uma fibra,
mais canais se abrem, se fecham e se inativam. O
bloqueio do canal de sódio é proporcional à freqüên-
cia dos impulsos despolarizantes, que fazem com
que mais canais inativados apareçam. Esse
fenômeno é chamado de bloqueio uso ou freqüencia-
dependente1. Esse é um conceito importante, não só
para se entender a instalação do bloqueio, mas tam-
bém a ação tóxica do anestésico em outros órgãos,
tais como o coração: ritmos rápidos e hipóxia e aci-
dose, que despolarizam a membrana, favorecem a
impregnação da fibra miocárdica pelo agente.
Outra hipótese pela qual os anestésicos
locais podem interromper a condutância ao sódio
independe de sua ligação com a estrutura protéica e
hidrossolúvel do canal. Pode haver entrada do an-
estésico na parte lipídica da membrana, desorgani-
zando e expandindo a matriz lipídica, obstruindo os
canais por contigüidade (Figura 2). A maioria dos
anestésicos locais age tanto por interação com os
canais protéicos como por expansão da membrana
celular.
A partir da despolarização de um canal,
despolariza-se um segmento de axônio e criam-se
condições para a transmissão do impulso. Quando
um segmento do axônio é despolarizado, uma dife-
rença de potencial existe entre ele e as regiões
adjacentes, causando uma corrente local, que se
move para o segmento adjacente, tornando seu po-
tencial de membrana menos negativo. Os canais de
sódio da região adjacente se abrem, conduzindo o
impulso. Na fibra não mielinizada, o impulso se di-
funde de forma contínua, mas na fibra mielinizada os
canais de sódio estão situados quase que exclusi-
vamente nos nodos de Ranvier, favorecendo uma
condução tipo saltatória do estímulo. Essa condução
saltatória é mais rápida, porém recentemente obser-
vou-se que a margem de segurança da transmissão
neural é menor nessas fibras2. Quanto mais grossa
e mielinizada a fibra, maior a distância internodal, e
maior a perda da corrente capacitiva transmitida ao
longo da membrana. Qualquer interferência com o
processo de excitação-condução será suficiente para
bloquear tal fibra. Como conseqüência foi revisto o
conceito de que as fibras mais finas e não mielini-
zadas são mais sensíveis aos anestésicos locais. Na
verdade, a sensibilidade aos anestésicos locais é
maior para as fibras tipo A, depois para as tipo B e
depois para as tipo C3. A ordem inversa de bloqueio
que se observa na seqüência de uma anestesia tipo
raqui ou peridural (bloqueio das fibras tipo C em
primeiro lugar, depois as tipo B e depois as tipo A) é
explicada pela disposição anatômica das fibras que
favorecem sua exposição aos anestésicos locais.
Os anestésicos locais variam em seus efei-
tos clínicos e essas diferenças dependem de sua
estrutura química. Reconhece-se, na fórmula geral
dos anestésicos locais, três partes fundamentais
(Figura 3):
1. Radical aromático: é a porção lipossolúvel da droga,
responsável por sua penetração no nervo. Entre os
exemplos de radicais aromáticos estão o ácido ben-
zóico (cocaína, benzocaína), o ácido para-aminoben-
zóico (procaína, cloro-procaína) ou a xilidina
(lidocaína, bupivacaína). O ácido para-aminoben-
zóico, sendo uma molécula pequena, pode funcionar
Fig 2 - Teoria da expansão da membrana celular: obstrução indireta dos
canais de sódio (Adaptado de Pallasch TJ. Dent Drug Service
Newsletter 1983;4:25).
Fig 1 - Mecanismo de ação dos anestésicos locais. Aminas terciárias
inibem o influxo de sódio ligando-se a sítio ‘‘receptor’’ no canal
de sódio (R-AL). O canal de sódio pode estar na forma aberta
(A), fechada (F) ou inativada (I). O anestésico local se liga
preferencialmente à forma inativada. Moléculas pequenas, não
ionizáveis, como a benzocaína, interagem com a matriz lipídica
(R-B), expandindo a membrana celular (Adaptado de Pallasch
TJ. Dent Drug Service Newsletter 1983;4:25).
CARVALHO
76 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
como hapteno e determinar rea--ções alérgicas. A
xilidina praticamente não determina tais reações.
2. Cadeia intermediária: é o esqueleto da molécula do
anestésico. Variações da cadeia intermediária levam a
variações tanto da potência como da toxicidade dos
anestésicos locais.
3. Grupo amina: é a porção ionizável da molécula, que
vai sofrer a influência do pH do meio e, portanto, é a
única que pode ser manipulada pelo anestesiologista.
É ela que determina a velocidade de ação do an-
estésico local.
De acordo com a natureza química da li-
gação entre o anel aromático e o grupamento amina,
os anestésicos locais são divididos em dois grandes
grupos: ésteres e amidas. Os ésteres são biotrans-
formados rapidamente no plasma, pela colinesterase
plasmática, enquanto que os amidas dependem de
biotransformação pelos microssomos hepáticos.
Os anestésicos locais são bases fracas,
portanto insolúveis em água. Para que se tornem
hidrossolúveis são feitos reagir com o ácido
clorídrico. Desta forma, num frasco de anestésico
local temos a droga sob a forma de cloridrato, em
solução aquosa. Nesta solução, parte do anestésico
local estará na forma ionizada e parte na forma não
ionizada. O grau de ionização do anestésico depende
do pKa da droga e do pH do meio e é regido pela
equação de Henderson-Hasselbach:
pKa - pH = log ionizado/não ionizado
Como o pH das soluções de anestésico
local é ácido (3,5 a 5,5), principalmente para as
soluções contendo epinefrina, a maior parte do an-
estésico local está na forma ionizada. Ao ser injetado
no organismo é tamponado pelos sistemas tampão
teciduais, a equação é desviada no sentido de
aumento da forma não ionizada, e assim o anestésico
local pode penetrar nos tecidos (é a forma não ioni-
zada que atravessa as barreiras biológicas). Ao
chegar à membrana axonal, encontra um território
mais ácido, ioniza-se novamente e assim tem con-
dições de agir, fazendo interação de cargas com
pontos específicos do canal de sódio.
Grande parte da manipulação dos anestési-
cos locais baseia-se em modificações de sua porção
amina. Podemos reduzir o grau de ionização dos
anestésicos locais aumentando a temperatura da
solução4 e também alcalinizando as soluções. Todo
o cuidado deve ser tomado quando da alcalinização
de soluções de anestésicos locais. Caso o pH suba
muito, a quantidade de base aumentará muito e
sendo a base insolúvel em água, o resultado será a
precipitação do produto.
As características clínicas dos anestésicos
locais estão diretamente ligadas a suas propriedades
físico-químicas, que por sua vez dependem de sua
fórmula estrutural. Hoje reconhece-se a importância
da estereoisomeria na ação dos anestésicos locais5.
A maioria dos anestésicos locais de uso clínico são
comercializados em sua forma racêmica, ou seja,
tanto o isômero levógiro quanto o dextrógiro são
utilizados. Muitas das ações indesejáveis desse
grupo de drogas podem ser atribuídas a sua forma
dextrógira. A ropivacaína é o primeiro anestésico
local utilizado exclusivamente na forma levógira,
sendo que a esse fato se atribui sua menor toxici-
dade.
As propriedades físico-químicas dos an-
estésicos locais explicam suas características clíni-
cas (Tabela I), quais sejam sua velocidade de ação,
potência, duração e toxicidade. A ropivacaína6, o
mais recente dos anestésicos locais, tem perfil inter-
mediário entre o dos agentes mais comumente utili-
zados em nosso meio, a lidocaína e a bupivacaína;
assim sendo, espera-se que sua potência e sua
toxicidade sejam também intermediárias entre as
desses agentes.
Fig 3 - Fórmula geral dos anestésicos locais.
FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS
Revista Brasileira de Anestesiologia 77
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
Tabela I - Propriedades físico-químicas dos anestésicos locais
Peso
Molecular
pKa Coeficiente de
partição
Ligação
Protéica
(%)
Ésteres
Procaína 236 8,9 0,02 6
Tetracaína 264 8,5 4,10 76
Cloroprocaína 271 8,7 0,14 -
Amidas
Prilocaína 220 7,9 0,90 55
Lidocaína 234 7,7 2,90 65
Mepivacaína 246 7,6 0,80 75
Bupivacaína 288 8,1 28,00 95
Etidocaína 276 7,7 141,00 95
Ropivacaína 274 8,0 9,00 90-95
Quando utilizamos um anestésico local na
clínica, são três as características que nos interes-
sam diretamente:
a) potência: guarda relação direta com a lipossolubidi-
dade da droga.
b) duração: guarda relação direta com o grau de ligação
protéica.
c) velocidade ação: guarda relação inversa com o grau
de ionização.
Além destas propriedades, alguns anestési-
cos locais podem determinar um bloqueio diferencial
das fibras sensitivas e motoras. O exemplo clássico
é a bupivacaína. Principalmente nas concentrações
de 0,125 e 0,25%, o bloqueio sensitivo efetivo pode
ser conseguido com mínimo bloqueio motor. No caso
da ropivacaína, espera-se que essa diferença seja
ainda mais evidente. Quando comparada com a bupi-
vacaína, a ropivacaína determina bloqueio semel-
hante das fibras tipo C, porém muito menor das fibras
tipo A7.
FARMACOCINÉTICA
No local de deposição dos anestésicos lo-
cais, diferentes compartimentos competem pela
droga: o tecido nervoso, a gordura, os vasos san-
guíneos e linfáticos. O que resta no tecido nervoso
para a ação principal é apenas uma pequena parte.
Para garantir boa qualidade de bloqueio, duração
adequada e menor toxicidade, é fundamental que se
controle a absorção a partir de seu local de apli-
cação, o que exige cuidados especiais.
Os fatores mais importantes relacionados à
absorção dos anestésicos locais são: a) local de
injeção; b) dose; c) presença de vasoconstritor; d)
características farmacológicas do agente.
a) Local de injeção: quanto mais vascularizado for o local
de aplicação do anestésico local, maior o nível plas-
mático esperado. A aplicação de anestésico local na
mucosa traqueobrônquica, por exemplo, deve ser feita
com muito critério, já que a mucosa não oferece di-
ficuldade à passagem do anestésico, equivalendo
praticamente a uma injeção venosa. Dentro das anest-
esias regionais, o bloqueio intercostal, por envolver
várias aplicações em territórios vascularizados, é a
técnica que determina as maiores concentrações plas-
máticas de anestésico local.
b) Dose: na faixa pediátrica a lidocaína deve ser utilizada
em doses de 7 a 10 mg/kg, quando utilizamos soluções
sem ou com epinefrina, respectivamente; no adulto,
não deve ser ultrapassada a dose de 500 mg, utili-
zando-se sempre que possível associação com epin-
efrina. No caso da bupivacaína, não existe dose tóxica
bem estabelecida. Entretanto, as doses recomen-
dadas são, de 2 a 3 mg/kg na faixa pediátrica. No
adulto não existe correlação entre dose por kilograma
de peso e concentração plasmática de anestésico
local8. Existe sim, uma correlação direta entre a dose
utilizada e a concentração plasmática, independente
do peso do paciente.
c) Presença do vasoconstritor: sempre que não houver
contra-indicação (circulação terminal, problemas car-
diovasculares graves), o vasoconstritor deve ser utili-
zado. A incidência de fenômenos de intoxicação é
menor quando se utiliza a associação. Quanto mais
vascularizado for o local de aplicação do anestésico
local, maior será o benefício da associação. O vaso-
constritor ideal é a epinefrina, na concentração de 5
µg/ml (1:200.000). A epinefrina, além de reduzir a
velocidade de absorção do anestésico local, possui
ação anestésico local, melhorando, dessa forma, a
qualidade do bloqueio. A prática da mistura de anesté-
sicos locais por vezes leva a utilização de epinefrina
em concentrações menores, por exemplo 1:400.000,
que não se mostra eficiente em reduzir sua absorção.
d) Características farmacológicas dos anestésicos lo-
cais: duas características principais influem no nível
plasmático: lipossolubilidade e ação vasodilatadora9.
Comparando os dois anestésicos de maior utilização
em nosso meio, a lidocaína tem ação vasodilatadora 1
quando comparada com atividade vasodilatadora 2,5
da bupivacaína. Seria de se esperar, portanto, maiores
níveis plasmáticos para a bupivacaína. Entretanto, a
lipossolubilidade da bupivacaína é 27,5 enquanto que
a da lidocaína é 2,9. Isso faz com que a distribuição da
bupivacaína no tecido gorduroso seja muito grande,
restando menos anestésico para ser absorvido pelo
componente vascular. Assim sendo, as concentrações
plasmáticas de bupivacaína são menores que as de
lidocaína. O novo agente ropivacaína, diferente dos
anestésicos locais de uso clínico, que causam vasodi-
CARVALHO
78 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
latação, determina redução do fluxo sangüíneo em
pele de suínos10. Esse fato pode explicar menores
concentrações plasmáticas da droga.
Uma vez que o anestésico local seja ab-
sorvido, dois fenômenos acontecem: ligação com
proteínas plasmáticas e distribuição para os tecidos.
A α-globulina tem a maior afinidade para a
maioria dos agentes, porém quantitativamente a al-
bumina é mais importante. Para uma concentração
de 1 µg/ml no plasma, a ligação protéica é de 65%
para a lidocaína e de 95% para a bupivacaína (vide
Tabela I para outros agentes). A ligação protéica dos
anestésicos locais diminui a medida em que sua
concentração plasmática aumenta. Anestésicos lo-
cais de grande ligação protéica terão sua fração livre
muito aumentada com pequenas reduções de prote-
inemia, diferente daqueles de pequena ligação
protéica.
A fração livre determina, via de regra, a
fração tecidual da droga, que é a que vai exercer os
efeitos tóxicos. Dessa forma, pacientes hipoprote-
inêmicos terão maior chance de se intoxicar com
bupivacaína do que com lidocaína. Nem sempre,
entretanto, a fração livre do anestésico espelha fiel-
mente a fração tecidual da droga. Outros fatores
entram em jogo na distribuição do anestésico, além
da ligação protéica. Por exemplo, a fração livre da
lidocaína é muito maior do que a da bupivacaína,
porém sua fração tecidual é menor, e isso acontece
porque o volume de distribuição da lidocaína é maior,
assim como sua depuração (clearance).
Uma situação que ilustra bem esse conceito
é o da gestante. Em virtude de menor concentração
de albumina a gestante apresenta maior fração livre
de anestésico local. Poderia se esperar, então,
grande aumento da fração livre e tecidual da droga.
Entretanto, o grande aumento do volume de dis-
tribuição do anestésico (para a bupivacaína ele
chega a aumentar 400% em virtude do aumento do
líquido extracelular na gestante), faz com que a
fração tecidual da droga seja a mesma da paciente
não grávida11.
A eliminação dos anestésicos locais depen-
de de um efeito combinado entre a depuração e o
volume de distribuição, de acordo com a relação:
onde:
t 1 ⁄ 2 β: meia vida de eliminação
VD: volume de distribuição
Cl: depuração (clearance)
Anestésicos com t 1 ⁄ 2 β longo se acumulam
no organismo e podem levar a intoxicação sistêmica
no caso de doses subseqüentes. Os principais parâ-
metros farmacocinéticos dos anestésicos locais po-
dem ser vistos na Tabela II12,13
Tabela II. Parâmetros farmacocinéticos dos anestésicos locais
Cl
(L/h)
Vdss
(L)
t1
2
β
(h)
Ésteres
Cocaína 140 144 0,71
Procaína 393 65 0,14
Cloroprocaína 207 35 0,12
Amidas
Prilocaína 142 191 1,6
Lidocaína 57 91 1,6
Mepivacaína 46 84 1,9
Bupivacaína 35 73 2,7
Etidocaína 66 134 2,7
Ropivacaína 43 59 1,8
Cl: depuração ( clearance); Vdss: Volume de distribuição no
equilíbrio
t
1
2
ββ: meia vida de eliminação
TOXICIDADE
Caso o anestésico local atinja outras mem-
branas excitáveis em quantidade suficiente, seja por
sobredose, absorção exagerada ou injeção intravas-
cular, poderá também exercer sobre essas membra-
nas uma ação estabilizadora. As principais
membranas a considerar são as do sistema nervoso
central e coração.
Dois conceitos básicos são importantes
para o uso seguro dos anestésicos locais:
a) quanto maior sua potência, maior sua toxici-
dade;
b) o sistema nervoso central é mais sensível que
o cardiovascular.
Os sinais e sintomas de intoxicação pelo
anestésico local dependem não só da concentração
plasmática, mas também da velocidade com que se
estabelece essa concentração. A concentração plas-
mática tóxica aproximada para a lidocaína é 8 µg/ml,
enquanto que para a bupivacaína é de 3-4 µg/ml.
t1
2
β = 0,693 (VD/Cl)
FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS
Revista Brasileira de Anestesiologia 79
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
A medida que se eleva a concentração plas-
mática, observam-se importantes sinais clínicos para
o diagnóstico e profilaxia da intoxicação pelos anes-
tésicos locais: formigamento de lábios e língua, zum-
bidos, distúrbios visuais, abalos musculares,
convulsões,inconsciência, coma, parada respiratória
e depressão cardiovascular. O formigamento de lín-
gua e lábios não é propriamente uma manifestação
de toxicidade no sistema nervoso central, mas sim de
elevados níveis de anestésico local no tecido frouxo
e vascularizado da língua e dos lábios.
É importante lembrar que o anestésico local
é sempre um depressor da membrana celular e que
embora fenômenos excitatórios estejam presentes
no quadro de intoxicação, eles traduzem sempre uma
depressão do SNC (Figura 4). Dessa forma, outros
agentes depressores devem ser evitados em seu
tratamento. Uma função harmoniosa do SNC pressu-
põe um equilíbrio entre os circuitos neuronais inibitó-
rios e excitatórios. A medida que se eleva a
concentração do anestésico no SNC,existe uma de-
pressão desses circuitos, mas a depressão dos inibi-
tórios predomina; nesse momento manifestam-se
sinais de excitação, inclusive a convulsão. É impor-
tante observar que trata-se apenas de um desequilí-
brio de forças, mas os circuitos excitatórios também
estão inibidos. Dessa forma, ao usarmos um depres-
sor, estaremos contribuindo para uma depressão
mais grave do SNC.
O substrato fisiopatológico da intoxicação é
o predomínio da atividade excitatória, com grande
consumo de oxigênio local e conseqüente acidose,
dentro de um quadro geral de depressão. A medida
terapêutica correta é devolver a oxigenação e corrigir
a acidose. A hipoxia e a acidose potencializam a
toxicidade dos anestésicos locais, principalmente
dos agentes de longa duração14. É muito importante
lembrar que a convulsão provocada por um an-
estésico local é limitada. Se houver circulação cere-
bral, a redistribuição do anestésico local ocorre
rapidamente, com redução da concentração tecidual
da droga e controle do quadro. Isso é verdade para
os anestésicos locais de curta duração (prilocaína,
procaína, lidocaína); no caso dos anestésicos de
longa duração, o quadro pode ser mais duradouro.
Caso não se consiga ventilar e oxigenar o paciente,
deve-se fazer uso de succinilcolina para facilitar o
procedimento. O uso de benzodiazepínicos e bar-
bitúricos deve ser reservado para situações in-
comuns de convulsões subentrantes e duradouras.
Além da ventilação e oxigenação, é muito importante
que a circulação seja mantida, pois dela depende a
redistribuição do anestésico local.
Assim como no SNC, os efeitos tóxicos se
fazem sentir também no aparelho cardiovascular.
Tanto a força contrátil como a condução do estímulo
no coração são deprimidas pelo anestésico local.
Clarkson e Hondequem15 (Figura 5), em 1985,
propuseram um mecanismo de cardio-toxicidade dos
anestésicos locais que se baseia na cinética de li-
gação desses agentes com a fibra miocárdica. A
exemplo do que acontece no nervo, os anestésicos
locais se ligam à fibra miocárdica quando o canal
Fig 4 - Ação depressora dos anestésicos locais sobre o sistema nervoso
central. 1) controle: impulsos inibitórios e facilitatórios em
equilíbrio; 2 e 3) predomínio da ação do anestésico local sobre
impulsos inibitórios manifestam-se por fenômenos excitatórios,
inclusive convulsão; 4) fenômenos excitatórios representam,
na verdade, uma depressão e podem evoluir para depressão
completa, principalmente na vigência de outros depressores do
sistema nervoso central.
Fig 5 - Mecanismo de depressão da fibra miocárdica pela bupivacaína.
A cada ciclo cardíaco canais de sódio passam da forma em
repouso (R), para a forma aberta (A) e inativada (I). A bupiva -
caína entra rapidamente no canal quando sua conformação é
aberta ou inativada, porém sua saída é lenta (fast in - slow out).
O intervalo de repouso diastólico é insuficiente para a liberação
do canal. A cada ciclo mais canais são ocupados, até que a
depressão cardíaca se instale (Adaptado de Clarkson CW,
Hondeken LM. Anesthesiology 1985; 62:396-405).
CARVALHO
80 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
está na forma inativada. No intervalo de repouso
diastólico deve haver tempo suficiente para que o
agente se libere do canal da fibra. No caso da bupi-
vacaína, o tempo de ligação é longo, há um padrão
de entrada rápida no canal e saída lenta (‘‘fast in-slow
out’’) e o intervalo diastólico não é suficiente para
permitir sua liberação. Dessa forma, a cada ciclo que
se passa mais canais vão sendo ocupados até que a
depressão do órgão se instale. Já para a lidocaína,
que exibe uma entrada rápida no canal, com saída
também rápida (‘‘fast in-fast out’’), o intervalo de
repouso diastólico é suficiente para permitir que os
canais sejam liberados.
O fenômeno do bloqueio freqüência de-
pendente é fundamental para explicar a diferença de
toxicidade entre a lidocaína e a bupivacaína. Dentro
da variação fisiológica da freqüencia cardíaca (50-
150 bpm), quanto maior a freqüencia, maior a inten-
sidade de bloqueio para a bupivacaína. Ao contrário,
com a lidocaína, os efeitos depressores não apare-
cem enquanto a freqüencia cardíaca não estiver
acima de 150-200 bpm. Nos nervos periféricos, que
são submetidos à maior freqüencia de estímulos,
ambos os agentes tendem a se acumular, de forma
que a bupivacaína é apenas 4 vezes mais tóxica que
a lidocaína. No coração, entretanto, dado a faixa de
freqüencia de estímulos, a bupivacaína é 70 vezes
mais tóxica que a lidocaína.
A taquicardia, a hipóxia e a acidose, que
despolarizam a célula miocárdica, agravam o quadro
de intoxicação, pois promovem mais ciclos cardíacos
e fornecem mais canais inativados para a impreg-
nação pelo anestésico local. Além disso, a acidose
local retém o anestésico dentro da fibra, já que,
sendo uma droga básica, tende a se acumular em
territórios de maior acidez.
Thomas e col16, em 1986, propuseram a
teoria de que a depressão cardiovascular dos an-
estésicos locais possa ser decorrente de uma ação
no sistema nervoso central e sua interação com o
aparelho cardiovascular. Experimentalmente, ao de-
positar pequenas quantidades de anestésico local
em centros vasoativos da medula, promoveram arrit-
mias graves e hipotensão arterial. É muito provável,
portanto, que a depressão cardiovascular do an-
estésico local dependa tanto de uma ação direta,
como de um efeito indireto, via sistema nervoso cen-
tral.
A sensibilidade da fibra nervosa e cardíaca
ao anestésico local pode estar modificada em algu-
mas situações especiais, por exemplo na
gestação17. Admite-se que essa maior sensibilidade
se deva à ação da progesterona18. Assim sendo,
embora tais dados tenham sido obtidos em animais
de laboratório, é necessário cautela na utilização
desse grupo de drogas em pacientes obstétricas,
principalmente em se tratando de anestésicos locais
de longa duração.
Várias drogas têm sido propostas para o
tratamento da intoxicação por anestésico local, tanto
de sua ação depressora do inotropismo cardíaco
quanto das complexas arritmias cardíacas.
A solução salina hipertônica (NaCl 7,5%)
mostrou-se útil em reverter a depressão induzida
pela bupivacaína sobre a fibra de Purkinje de coel-
hos19. Além disso, o cloreto de sódio hipertônico
protegeu cães, nos quais se induziu depressão car-
diovascular pela bupivacaína; entretanto, quando
utilizado terapeuticamente após a toxicidade in-
stalada mostrou resultados controversos20. Outras
drogas pesquisadas incluem a lidocaína, a amio-
darona, o bretílio e a amrinona. Embora a lidocaína
seja a droga de escolha no tratamento de disritmias
ventriculares, há o risco de um efeito tóxico aditivo
da lidocaína quando utilizada para tratar intoxicação
pela bupivacaína21. A amiodarona e o bretílio não
mostraram resultados encorajadores22. A amrinona,
possivelmente através de um mecanismo de lib-
eração de cálcio intracelular, mostrou-se útil em re-
verter intoxicação pela bupivacaína em porcos23.
Faltam estudos clínicos.
Independente de todo o progresso que se
tenha feito no sentido de buscar um antídoto para o
anestésico local, é necessário que se tenha em
mente que o segredo da recuperação de um paciente
que sofre um grave quadro de intoxicação por an-
estésico local é o pronto atendimento, com medidas
vigorosas de ventilação, oxigenação, suporte cardio-
vascular e correção da acidose. Com essas providên-
cias poderemos tratar eficientemente aqueles que,
apesar das medidas profiláticas, vieram a desen-
volver graves intoxicações sistêmicas por esse im-
portante grupo de drogas.
Carvalho JAC - Farmacologia dos Anestési-
cos Locais
Unitermos: FARMACOLOGIA: Anestésicos
Locais
REFERÊNCIAS
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inhibition of sodium currents in frog myelinated
nerve by the lidocaine derivative GEA 968. J Phar-
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Revista Brasileira de Anestesiologia 81
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
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none on recovery from severe bupivacaine
intoxication in pigs. Anesthesiology, 1992; 77: 309-
15.
CARVALHO
82 Revista Brasileira de Anestesiologia
Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994

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Histórico dos anestésicos locais e sua farmacodinâmica

  • 1. Oprimeiro anestésico local descrito foi a cocaína, extraída das folhas de Erythroxylon coca em 1860 por Nieman, na Alemanha. Moreno y Maiz, em 1868, foi o primeiro a descrever o uso potencial da cocaína como anestésico local, mas só em 1884 Koller a utilizou pela primeira vez para anestesia tópica do olho. A identificação da cocaína como deri- vado do ácido benzóico possibilitou a síntese da benzocaína, também éster do ácido benzóico, em 1890, por Ritsert. Em 1905, Einhorn e Braun sinteti- zaram a procaína, derivada do ácido para-aminoben- zóico, mais hidrossolúvel e menos tóxica que a benzocaína, compatível com o uso sistêmico. Em 1943, Löfgren sintetizou a lidocaína,derivada do áci- do dietil-aminoacético, iniciando-se a era dos anes- tésicos locais tipo amida, relativamente isentos de reações alérgicas, tão comuns com os derivados do ácido para-aminobenzóico. FARMACODINÂMICA Anestésicos locais são substâncias que blo- queiam a condução nervosa de forma reversível, sendo seu uso seguido de recuperação completa da função do nervo. O local de ação dos anestésicos locais é a membrana celular, onde bloqueiam o pro- cesso de excitação-condução. O processo de excitação-condução de um nervo é a expressão de uma série de fenômenos eletroquímicos, que variam em função do estado da membrana. Um microeletrodo inserido no axoplasma de uma célula nervosa em repouso registra uma diferença de potencial de -60 a -90 mV, sendo que a essa diferença de potencial se convencionou chamar de potencial de repouso. Nesse momento a membra- na é totalmente permeável ao potássio e praticamen- te impermeável ao sódio. A concentração de sódio extracelular é maior que a intracelular (140 mEq/L e 5-10 mEq/L respectivamente) e o contrário é obser- vado com o potássio (3-5 mEq/L e 110-170 mEq/L respectivamente). A alta concentração de potássio intracelular é mantida por forças de atração de car- gas negativas, principalmente protéicas. O potencial de repouso de uma célula é fundamentalmente dado pela relação intracelular/extracelular de potássio. Com a ativação da membrana por qualquer estímulo físico,químico ou elétrico, aumenta progres- sivamente a permeabilidade ao sódio e o potencial transmembrana se torna menos negativo, até atingir o potencial de deflagração, quando a permeabilidade ao sódio aumenta muito. Desencadeia-se neste mo- mento o potencial de ação. Como conseqüência des- sa grande entrada de carga positiva para o intracelular, inverte-se a polaridade da célula, que agora contém mais cargas positivas dentro que fora da célula. Um eletrodo colocado no intracelular regis- tra uma diferença de potencial positiva. A partir de então a membrana torna-se novamente impermeável ao sódio e a bomba de sódio restaura o equilíbrio eletroquímico normal. A passagem de sódio através da membrana, ou seja, a condutância dos canais de sódio a este íon, depende da conformação do canal, que por sua vez depende da variação de voltagem existente através da membrana. A cada variação de voltagem corresponde uma conformação do canal, que permite maior ou menor passagem de íons. Ad- mite-se que o canal de sódio exista fundamentalmen- te em 3 conformações diferentes: aberta, fechada e inativada.A forma aberta permite a passagem de íons e as formas fechada e inativada são não condutoras. Os anestésicos locais interrompem a con- dução do estímulo nervoso por bloquear a condutân- cia dos canais de sódio e conseqüentemente impedir a deflagração do potencial de ação. A ligação dos anestésicos locais aos canais de sódio depende da conformação do canal, sendo portanto um fenômeno voltagem dependente (Figura 1). A afinidade pela configuração fechada é baixa, enquanto que a con- formação inativada é extremamente favorável à inte- Rev Bras Anestesiol 1994; 44: 1: 75 - 82 Farmacologia dos Anestésicos Locais José Carlos Almeida Carvalho,TSA 1 Carvalho JCA - Pharmacology of Local Anesthetics Key Words: PHARMACOLOGY: Local Anesthetics 1 Doutor em Farmacologia - USP e Médico Supervisor de Anestesia Obstétrica HCFMUSP Correspondência para José Carlos Almeida Carvalho Av Macuco 49/21 04523-000 São Paulo - SP © 1994, Sociedade Brasileira de Anestesiologia Revista Brasileira de Anestesiologia 75 Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 2. ração. Assim sendo, o anestésico local se liga prefe- rentemente à forma inativada do canal, não con- dutora, mantendo-o nesta forma, estabilizando assim a membrana. Quanto maior o número de canais na forma inativada houver, maior será a facilidade de bloqueio. Quanto maior a freqüencia de estímulos de uma fibra, mais canais se abrem, se fecham e se inativam. O bloqueio do canal de sódio é proporcional à freqüên- cia dos impulsos despolarizantes, que fazem com que mais canais inativados apareçam. Esse fenômeno é chamado de bloqueio uso ou freqüencia- dependente1. Esse é um conceito importante, não só para se entender a instalação do bloqueio, mas tam- bém a ação tóxica do anestésico em outros órgãos, tais como o coração: ritmos rápidos e hipóxia e aci- dose, que despolarizam a membrana, favorecem a impregnação da fibra miocárdica pelo agente. Outra hipótese pela qual os anestésicos locais podem interromper a condutância ao sódio independe de sua ligação com a estrutura protéica e hidrossolúvel do canal. Pode haver entrada do an- estésico na parte lipídica da membrana, desorgani- zando e expandindo a matriz lipídica, obstruindo os canais por contigüidade (Figura 2). A maioria dos anestésicos locais age tanto por interação com os canais protéicos como por expansão da membrana celular. A partir da despolarização de um canal, despolariza-se um segmento de axônio e criam-se condições para a transmissão do impulso. Quando um segmento do axônio é despolarizado, uma dife- rença de potencial existe entre ele e as regiões adjacentes, causando uma corrente local, que se move para o segmento adjacente, tornando seu po- tencial de membrana menos negativo. Os canais de sódio da região adjacente se abrem, conduzindo o impulso. Na fibra não mielinizada, o impulso se di- funde de forma contínua, mas na fibra mielinizada os canais de sódio estão situados quase que exclusi- vamente nos nodos de Ranvier, favorecendo uma condução tipo saltatória do estímulo. Essa condução saltatória é mais rápida, porém recentemente obser- vou-se que a margem de segurança da transmissão neural é menor nessas fibras2. Quanto mais grossa e mielinizada a fibra, maior a distância internodal, e maior a perda da corrente capacitiva transmitida ao longo da membrana. Qualquer interferência com o processo de excitação-condução será suficiente para bloquear tal fibra. Como conseqüência foi revisto o conceito de que as fibras mais finas e não mielini- zadas são mais sensíveis aos anestésicos locais. Na verdade, a sensibilidade aos anestésicos locais é maior para as fibras tipo A, depois para as tipo B e depois para as tipo C3. A ordem inversa de bloqueio que se observa na seqüência de uma anestesia tipo raqui ou peridural (bloqueio das fibras tipo C em primeiro lugar, depois as tipo B e depois as tipo A) é explicada pela disposição anatômica das fibras que favorecem sua exposição aos anestésicos locais. Os anestésicos locais variam em seus efei- tos clínicos e essas diferenças dependem de sua estrutura química. Reconhece-se, na fórmula geral dos anestésicos locais, três partes fundamentais (Figura 3): 1. Radical aromático: é a porção lipossolúvel da droga, responsável por sua penetração no nervo. Entre os exemplos de radicais aromáticos estão o ácido ben- zóico (cocaína, benzocaína), o ácido para-aminoben- zóico (procaína, cloro-procaína) ou a xilidina (lidocaína, bupivacaína). O ácido para-aminoben- zóico, sendo uma molécula pequena, pode funcionar Fig 2 - Teoria da expansão da membrana celular: obstrução indireta dos canais de sódio (Adaptado de Pallasch TJ. Dent Drug Service Newsletter 1983;4:25). Fig 1 - Mecanismo de ação dos anestésicos locais. Aminas terciárias inibem o influxo de sódio ligando-se a sítio ‘‘receptor’’ no canal de sódio (R-AL). O canal de sódio pode estar na forma aberta (A), fechada (F) ou inativada (I). O anestésico local se liga preferencialmente à forma inativada. Moléculas pequenas, não ionizáveis, como a benzocaína, interagem com a matriz lipídica (R-B), expandindo a membrana celular (Adaptado de Pallasch TJ. Dent Drug Service Newsletter 1983;4:25). CARVALHO 76 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 3. como hapteno e determinar rea--ções alérgicas. A xilidina praticamente não determina tais reações. 2. Cadeia intermediária: é o esqueleto da molécula do anestésico. Variações da cadeia intermediária levam a variações tanto da potência como da toxicidade dos anestésicos locais. 3. Grupo amina: é a porção ionizável da molécula, que vai sofrer a influência do pH do meio e, portanto, é a única que pode ser manipulada pelo anestesiologista. É ela que determina a velocidade de ação do an- estésico local. De acordo com a natureza química da li- gação entre o anel aromático e o grupamento amina, os anestésicos locais são divididos em dois grandes grupos: ésteres e amidas. Os ésteres são biotrans- formados rapidamente no plasma, pela colinesterase plasmática, enquanto que os amidas dependem de biotransformação pelos microssomos hepáticos. Os anestésicos locais são bases fracas, portanto insolúveis em água. Para que se tornem hidrossolúveis são feitos reagir com o ácido clorídrico. Desta forma, num frasco de anestésico local temos a droga sob a forma de cloridrato, em solução aquosa. Nesta solução, parte do anestésico local estará na forma ionizada e parte na forma não ionizada. O grau de ionização do anestésico depende do pKa da droga e do pH do meio e é regido pela equação de Henderson-Hasselbach: pKa - pH = log ionizado/não ionizado Como o pH das soluções de anestésico local é ácido (3,5 a 5,5), principalmente para as soluções contendo epinefrina, a maior parte do an- estésico local está na forma ionizada. Ao ser injetado no organismo é tamponado pelos sistemas tampão teciduais, a equação é desviada no sentido de aumento da forma não ionizada, e assim o anestésico local pode penetrar nos tecidos (é a forma não ioni- zada que atravessa as barreiras biológicas). Ao chegar à membrana axonal, encontra um território mais ácido, ioniza-se novamente e assim tem con- dições de agir, fazendo interação de cargas com pontos específicos do canal de sódio. Grande parte da manipulação dos anestési- cos locais baseia-se em modificações de sua porção amina. Podemos reduzir o grau de ionização dos anestésicos locais aumentando a temperatura da solução4 e também alcalinizando as soluções. Todo o cuidado deve ser tomado quando da alcalinização de soluções de anestésicos locais. Caso o pH suba muito, a quantidade de base aumentará muito e sendo a base insolúvel em água, o resultado será a precipitação do produto. As características clínicas dos anestésicos locais estão diretamente ligadas a suas propriedades físico-químicas, que por sua vez dependem de sua fórmula estrutural. Hoje reconhece-se a importância da estereoisomeria na ação dos anestésicos locais5. A maioria dos anestésicos locais de uso clínico são comercializados em sua forma racêmica, ou seja, tanto o isômero levógiro quanto o dextrógiro são utilizados. Muitas das ações indesejáveis desse grupo de drogas podem ser atribuídas a sua forma dextrógira. A ropivacaína é o primeiro anestésico local utilizado exclusivamente na forma levógira, sendo que a esse fato se atribui sua menor toxici- dade. As propriedades físico-químicas dos an- estésicos locais explicam suas características clíni- cas (Tabela I), quais sejam sua velocidade de ação, potência, duração e toxicidade. A ropivacaína6, o mais recente dos anestésicos locais, tem perfil inter- mediário entre o dos agentes mais comumente utili- zados em nosso meio, a lidocaína e a bupivacaína; assim sendo, espera-se que sua potência e sua toxicidade sejam também intermediárias entre as desses agentes. Fig 3 - Fórmula geral dos anestésicos locais. FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Revista Brasileira de Anestesiologia 77 Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 4. Tabela I - Propriedades físico-químicas dos anestésicos locais Peso Molecular pKa Coeficiente de partição Ligação Protéica (%) Ésteres Procaína 236 8,9 0,02 6 Tetracaína 264 8,5 4,10 76 Cloroprocaína 271 8,7 0,14 - Amidas Prilocaína 220 7,9 0,90 55 Lidocaína 234 7,7 2,90 65 Mepivacaína 246 7,6 0,80 75 Bupivacaína 288 8,1 28,00 95 Etidocaína 276 7,7 141,00 95 Ropivacaína 274 8,0 9,00 90-95 Quando utilizamos um anestésico local na clínica, são três as características que nos interes- sam diretamente: a) potência: guarda relação direta com a lipossolubidi- dade da droga. b) duração: guarda relação direta com o grau de ligação protéica. c) velocidade ação: guarda relação inversa com o grau de ionização. Além destas propriedades, alguns anestési- cos locais podem determinar um bloqueio diferencial das fibras sensitivas e motoras. O exemplo clássico é a bupivacaína. Principalmente nas concentrações de 0,125 e 0,25%, o bloqueio sensitivo efetivo pode ser conseguido com mínimo bloqueio motor. No caso da ropivacaína, espera-se que essa diferença seja ainda mais evidente. Quando comparada com a bupi- vacaína, a ropivacaína determina bloqueio semel- hante das fibras tipo C, porém muito menor das fibras tipo A7. FARMACOCINÉTICA No local de deposição dos anestésicos lo- cais, diferentes compartimentos competem pela droga: o tecido nervoso, a gordura, os vasos san- guíneos e linfáticos. O que resta no tecido nervoso para a ação principal é apenas uma pequena parte. Para garantir boa qualidade de bloqueio, duração adequada e menor toxicidade, é fundamental que se controle a absorção a partir de seu local de apli- cação, o que exige cuidados especiais. Os fatores mais importantes relacionados à absorção dos anestésicos locais são: a) local de injeção; b) dose; c) presença de vasoconstritor; d) características farmacológicas do agente. a) Local de injeção: quanto mais vascularizado for o local de aplicação do anestésico local, maior o nível plas- mático esperado. A aplicação de anestésico local na mucosa traqueobrônquica, por exemplo, deve ser feita com muito critério, já que a mucosa não oferece di- ficuldade à passagem do anestésico, equivalendo praticamente a uma injeção venosa. Dentro das anest- esias regionais, o bloqueio intercostal, por envolver várias aplicações em territórios vascularizados, é a técnica que determina as maiores concentrações plas- máticas de anestésico local. b) Dose: na faixa pediátrica a lidocaína deve ser utilizada em doses de 7 a 10 mg/kg, quando utilizamos soluções sem ou com epinefrina, respectivamente; no adulto, não deve ser ultrapassada a dose de 500 mg, utili- zando-se sempre que possível associação com epin- efrina. No caso da bupivacaína, não existe dose tóxica bem estabelecida. Entretanto, as doses recomen- dadas são, de 2 a 3 mg/kg na faixa pediátrica. No adulto não existe correlação entre dose por kilograma de peso e concentração plasmática de anestésico local8. Existe sim, uma correlação direta entre a dose utilizada e a concentração plasmática, independente do peso do paciente. c) Presença do vasoconstritor: sempre que não houver contra-indicação (circulação terminal, problemas car- diovasculares graves), o vasoconstritor deve ser utili- zado. A incidência de fenômenos de intoxicação é menor quando se utiliza a associação. Quanto mais vascularizado for o local de aplicação do anestésico local, maior será o benefício da associação. O vaso- constritor ideal é a epinefrina, na concentração de 5 µg/ml (1:200.000). A epinefrina, além de reduzir a velocidade de absorção do anestésico local, possui ação anestésico local, melhorando, dessa forma, a qualidade do bloqueio. A prática da mistura de anesté- sicos locais por vezes leva a utilização de epinefrina em concentrações menores, por exemplo 1:400.000, que não se mostra eficiente em reduzir sua absorção. d) Características farmacológicas dos anestésicos lo- cais: duas características principais influem no nível plasmático: lipossolubilidade e ação vasodilatadora9. Comparando os dois anestésicos de maior utilização em nosso meio, a lidocaína tem ação vasodilatadora 1 quando comparada com atividade vasodilatadora 2,5 da bupivacaína. Seria de se esperar, portanto, maiores níveis plasmáticos para a bupivacaína. Entretanto, a lipossolubilidade da bupivacaína é 27,5 enquanto que a da lidocaína é 2,9. Isso faz com que a distribuição da bupivacaína no tecido gorduroso seja muito grande, restando menos anestésico para ser absorvido pelo componente vascular. Assim sendo, as concentrações plasmáticas de bupivacaína são menores que as de lidocaína. O novo agente ropivacaína, diferente dos anestésicos locais de uso clínico, que causam vasodi- CARVALHO 78 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 5. latação, determina redução do fluxo sangüíneo em pele de suínos10. Esse fato pode explicar menores concentrações plasmáticas da droga. Uma vez que o anestésico local seja ab- sorvido, dois fenômenos acontecem: ligação com proteínas plasmáticas e distribuição para os tecidos. A α-globulina tem a maior afinidade para a maioria dos agentes, porém quantitativamente a al- bumina é mais importante. Para uma concentração de 1 µg/ml no plasma, a ligação protéica é de 65% para a lidocaína e de 95% para a bupivacaína (vide Tabela I para outros agentes). A ligação protéica dos anestésicos locais diminui a medida em que sua concentração plasmática aumenta. Anestésicos lo- cais de grande ligação protéica terão sua fração livre muito aumentada com pequenas reduções de prote- inemia, diferente daqueles de pequena ligação protéica. A fração livre determina, via de regra, a fração tecidual da droga, que é a que vai exercer os efeitos tóxicos. Dessa forma, pacientes hipoprote- inêmicos terão maior chance de se intoxicar com bupivacaína do que com lidocaína. Nem sempre, entretanto, a fração livre do anestésico espelha fiel- mente a fração tecidual da droga. Outros fatores entram em jogo na distribuição do anestésico, além da ligação protéica. Por exemplo, a fração livre da lidocaína é muito maior do que a da bupivacaína, porém sua fração tecidual é menor, e isso acontece porque o volume de distribuição da lidocaína é maior, assim como sua depuração (clearance). Uma situação que ilustra bem esse conceito é o da gestante. Em virtude de menor concentração de albumina a gestante apresenta maior fração livre de anestésico local. Poderia se esperar, então, grande aumento da fração livre e tecidual da droga. Entretanto, o grande aumento do volume de dis- tribuição do anestésico (para a bupivacaína ele chega a aumentar 400% em virtude do aumento do líquido extracelular na gestante), faz com que a fração tecidual da droga seja a mesma da paciente não grávida11. A eliminação dos anestésicos locais depen- de de um efeito combinado entre a depuração e o volume de distribuição, de acordo com a relação: onde: t 1 ⁄ 2 β: meia vida de eliminação VD: volume de distribuição Cl: depuração (clearance) Anestésicos com t 1 ⁄ 2 β longo se acumulam no organismo e podem levar a intoxicação sistêmica no caso de doses subseqüentes. Os principais parâ- metros farmacocinéticos dos anestésicos locais po- dem ser vistos na Tabela II12,13 Tabela II. Parâmetros farmacocinéticos dos anestésicos locais Cl (L/h) Vdss (L) t1 2 β (h) Ésteres Cocaína 140 144 0,71 Procaína 393 65 0,14 Cloroprocaína 207 35 0,12 Amidas Prilocaína 142 191 1,6 Lidocaína 57 91 1,6 Mepivacaína 46 84 1,9 Bupivacaína 35 73 2,7 Etidocaína 66 134 2,7 Ropivacaína 43 59 1,8 Cl: depuração ( clearance); Vdss: Volume de distribuição no equilíbrio t 1 2 ββ: meia vida de eliminação TOXICIDADE Caso o anestésico local atinja outras mem- branas excitáveis em quantidade suficiente, seja por sobredose, absorção exagerada ou injeção intravas- cular, poderá também exercer sobre essas membra- nas uma ação estabilizadora. As principais membranas a considerar são as do sistema nervoso central e coração. Dois conceitos básicos são importantes para o uso seguro dos anestésicos locais: a) quanto maior sua potência, maior sua toxici- dade; b) o sistema nervoso central é mais sensível que o cardiovascular. Os sinais e sintomas de intoxicação pelo anestésico local dependem não só da concentração plasmática, mas também da velocidade com que se estabelece essa concentração. A concentração plas- mática tóxica aproximada para a lidocaína é 8 µg/ml, enquanto que para a bupivacaína é de 3-4 µg/ml. t1 2 β = 0,693 (VD/Cl) FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Revista Brasileira de Anestesiologia 79 Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 6. A medida que se eleva a concentração plas- mática, observam-se importantes sinais clínicos para o diagnóstico e profilaxia da intoxicação pelos anes- tésicos locais: formigamento de lábios e língua, zum- bidos, distúrbios visuais, abalos musculares, convulsões,inconsciência, coma, parada respiratória e depressão cardiovascular. O formigamento de lín- gua e lábios não é propriamente uma manifestação de toxicidade no sistema nervoso central, mas sim de elevados níveis de anestésico local no tecido frouxo e vascularizado da língua e dos lábios. É importante lembrar que o anestésico local é sempre um depressor da membrana celular e que embora fenômenos excitatórios estejam presentes no quadro de intoxicação, eles traduzem sempre uma depressão do SNC (Figura 4). Dessa forma, outros agentes depressores devem ser evitados em seu tratamento. Uma função harmoniosa do SNC pressu- põe um equilíbrio entre os circuitos neuronais inibitó- rios e excitatórios. A medida que se eleva a concentração do anestésico no SNC,existe uma de- pressão desses circuitos, mas a depressão dos inibi- tórios predomina; nesse momento manifestam-se sinais de excitação, inclusive a convulsão. É impor- tante observar que trata-se apenas de um desequilí- brio de forças, mas os circuitos excitatórios também estão inibidos. Dessa forma, ao usarmos um depres- sor, estaremos contribuindo para uma depressão mais grave do SNC. O substrato fisiopatológico da intoxicação é o predomínio da atividade excitatória, com grande consumo de oxigênio local e conseqüente acidose, dentro de um quadro geral de depressão. A medida terapêutica correta é devolver a oxigenação e corrigir a acidose. A hipoxia e a acidose potencializam a toxicidade dos anestésicos locais, principalmente dos agentes de longa duração14. É muito importante lembrar que a convulsão provocada por um an- estésico local é limitada. Se houver circulação cere- bral, a redistribuição do anestésico local ocorre rapidamente, com redução da concentração tecidual da droga e controle do quadro. Isso é verdade para os anestésicos locais de curta duração (prilocaína, procaína, lidocaína); no caso dos anestésicos de longa duração, o quadro pode ser mais duradouro. Caso não se consiga ventilar e oxigenar o paciente, deve-se fazer uso de succinilcolina para facilitar o procedimento. O uso de benzodiazepínicos e bar- bitúricos deve ser reservado para situações in- comuns de convulsões subentrantes e duradouras. Além da ventilação e oxigenação, é muito importante que a circulação seja mantida, pois dela depende a redistribuição do anestésico local. Assim como no SNC, os efeitos tóxicos se fazem sentir também no aparelho cardiovascular. Tanto a força contrátil como a condução do estímulo no coração são deprimidas pelo anestésico local. Clarkson e Hondequem15 (Figura 5), em 1985, propuseram um mecanismo de cardio-toxicidade dos anestésicos locais que se baseia na cinética de li- gação desses agentes com a fibra miocárdica. A exemplo do que acontece no nervo, os anestésicos locais se ligam à fibra miocárdica quando o canal Fig 4 - Ação depressora dos anestésicos locais sobre o sistema nervoso central. 1) controle: impulsos inibitórios e facilitatórios em equilíbrio; 2 e 3) predomínio da ação do anestésico local sobre impulsos inibitórios manifestam-se por fenômenos excitatórios, inclusive convulsão; 4) fenômenos excitatórios representam, na verdade, uma depressão e podem evoluir para depressão completa, principalmente na vigência de outros depressores do sistema nervoso central. Fig 5 - Mecanismo de depressão da fibra miocárdica pela bupivacaína. A cada ciclo cardíaco canais de sódio passam da forma em repouso (R), para a forma aberta (A) e inativada (I). A bupiva - caína entra rapidamente no canal quando sua conformação é aberta ou inativada, porém sua saída é lenta (fast in - slow out). O intervalo de repouso diastólico é insuficiente para a liberação do canal. A cada ciclo mais canais são ocupados, até que a depressão cardíaca se instale (Adaptado de Clarkson CW, Hondeken LM. Anesthesiology 1985; 62:396-405). CARVALHO 80 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 7. está na forma inativada. No intervalo de repouso diastólico deve haver tempo suficiente para que o agente se libere do canal da fibra. No caso da bupi- vacaína, o tempo de ligação é longo, há um padrão de entrada rápida no canal e saída lenta (‘‘fast in-slow out’’) e o intervalo diastólico não é suficiente para permitir sua liberação. Dessa forma, a cada ciclo que se passa mais canais vão sendo ocupados até que a depressão do órgão se instale. Já para a lidocaína, que exibe uma entrada rápida no canal, com saída também rápida (‘‘fast in-fast out’’), o intervalo de repouso diastólico é suficiente para permitir que os canais sejam liberados. O fenômeno do bloqueio freqüência de- pendente é fundamental para explicar a diferença de toxicidade entre a lidocaína e a bupivacaína. Dentro da variação fisiológica da freqüencia cardíaca (50- 150 bpm), quanto maior a freqüencia, maior a inten- sidade de bloqueio para a bupivacaína. Ao contrário, com a lidocaína, os efeitos depressores não apare- cem enquanto a freqüencia cardíaca não estiver acima de 150-200 bpm. Nos nervos periféricos, que são submetidos à maior freqüencia de estímulos, ambos os agentes tendem a se acumular, de forma que a bupivacaína é apenas 4 vezes mais tóxica que a lidocaína. No coração, entretanto, dado a faixa de freqüencia de estímulos, a bupivacaína é 70 vezes mais tóxica que a lidocaína. A taquicardia, a hipóxia e a acidose, que despolarizam a célula miocárdica, agravam o quadro de intoxicação, pois promovem mais ciclos cardíacos e fornecem mais canais inativados para a impreg- nação pelo anestésico local. Além disso, a acidose local retém o anestésico dentro da fibra, já que, sendo uma droga básica, tende a se acumular em territórios de maior acidez. Thomas e col16, em 1986, propuseram a teoria de que a depressão cardiovascular dos an- estésicos locais possa ser decorrente de uma ação no sistema nervoso central e sua interação com o aparelho cardiovascular. Experimentalmente, ao de- positar pequenas quantidades de anestésico local em centros vasoativos da medula, promoveram arrit- mias graves e hipotensão arterial. É muito provável, portanto, que a depressão cardiovascular do an- estésico local dependa tanto de uma ação direta, como de um efeito indireto, via sistema nervoso cen- tral. A sensibilidade da fibra nervosa e cardíaca ao anestésico local pode estar modificada em algu- mas situações especiais, por exemplo na gestação17. Admite-se que essa maior sensibilidade se deva à ação da progesterona18. Assim sendo, embora tais dados tenham sido obtidos em animais de laboratório, é necessário cautela na utilização desse grupo de drogas em pacientes obstétricas, principalmente em se tratando de anestésicos locais de longa duração. Várias drogas têm sido propostas para o tratamento da intoxicação por anestésico local, tanto de sua ação depressora do inotropismo cardíaco quanto das complexas arritmias cardíacas. A solução salina hipertônica (NaCl 7,5%) mostrou-se útil em reverter a depressão induzida pela bupivacaína sobre a fibra de Purkinje de coel- hos19. Além disso, o cloreto de sódio hipertônico protegeu cães, nos quais se induziu depressão car- diovascular pela bupivacaína; entretanto, quando utilizado terapeuticamente após a toxicidade in- stalada mostrou resultados controversos20. Outras drogas pesquisadas incluem a lidocaína, a amio- darona, o bretílio e a amrinona. Embora a lidocaína seja a droga de escolha no tratamento de disritmias ventriculares, há o risco de um efeito tóxico aditivo da lidocaína quando utilizada para tratar intoxicação pela bupivacaína21. A amiodarona e o bretílio não mostraram resultados encorajadores22. A amrinona, possivelmente através de um mecanismo de lib- eração de cálcio intracelular, mostrou-se útil em re- verter intoxicação pela bupivacaína em porcos23. Faltam estudos clínicos. Independente de todo o progresso que se tenha feito no sentido de buscar um antídoto para o anestésico local, é necessário que se tenha em mente que o segredo da recuperação de um paciente que sofre um grave quadro de intoxicação por an- estésico local é o pronto atendimento, com medidas vigorosas de ventilação, oxigenação, suporte cardio- vascular e correção da acidose. Com essas providên- cias poderemos tratar eficientemente aqueles que, apesar das medidas profiláticas, vieram a desen- volver graves intoxicações sistêmicas por esse im- portante grupo de drogas. Carvalho JAC - Farmacologia dos Anestési- cos Locais Unitermos: FARMACOLOGIA: Anestésicos Locais REFERÊNCIAS 01.Courtney KR - Mechanism of frequency-dependent inhibition of sodium currents in frog myelinated nerve by the lidocaine derivative GEA 968. J Phar- macol Exp Ther, 1987; 195: 225. 02. Gissen AJ, Covino BG, Gregus J - Differential FARMACOLOGIA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Revista Brasileira de Anestesiologia 81 Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994
  • 8. sensitivity of mammaliam fibers to local anesthetic drugs. Anesthesiology, 1980; 53: 467-74. 03. Wildsmith JAW, Gissen AJ, Takman B, Covino BG. Differential nerve blockade: esters v. amides and the influence of pKa. Br J Anaesth, 1987; 59: 379-84. 04. Kamaya H, Haves JJ, Ueda I - Dissociation con- stants of local anesthetics and their temperature dependence. Anesth Analg, 1983; 62: 1025-30. 05. Akerman B, Hellberg IB, Trossvik C - Primary evaluation of the local anesthetic properties of the amino amide agent ropivacaine (LEA 103). Acta Anesthesiol Scand, 1988; 32: 571-8. 06. Rosemberg PH, Kytta J, Alila A - Absorption of bupivacaine, etidocaine, lignocaine and ropiva- caine into N-heptane, rat sciatic nerve and human extradural and subcutaneous fat. Br J Anaesth, 1986; 58: 310-14. 07. Bader AM, Datta S, Flanagan H, Covino BG - Comparison of bupivacaine and ropivacaine in- duced conduction blockade in the isolated rabbit vagus nerve. Anesth Analg, 1989; 68: 724-27. 08. Carvalho JCA, Mathias RS, Senra WG, Santos SRC, Gomide do Amaral RV - Relação entre peso corpóreo e concentração plasmática máxima de bupivacaína em anestesia peridural para cesari- ana. Rev Bras Anestesiol, 1987; 37: CBA 150. 09. Covino BG, Vassalo HG - Aspectos farmaco--cinéti- cos dos anestésicos locais em: Covino BG, Vas- salo HG, Anestésicos Locais: Mecanismo de Ação e Uso Clínico. Rio de Janeiro, Colina, 1985; 131. 10. Kopacz DJ, Carpenter RL, Mackey DC - Effect of ropivacaine on cutaneous capillary blood flow in pigs. Anesthesiology, 1989; 71: 69-74. 11. Denson D, Coyle DE, Thompson GA, Santos D et al. Bupivacaine protein binding in the term parturi- ent: effects of lactic acidosis - Clin Pharmacol Ther, 1984;35: 702-9. 12. Tucker GT. Pharmacokinetics of local anesthetics. Br J Anaesth, 1986; 58: 717-31. 13. Lee A, Fagan D, Lamont M, Tucker GT, Halldin M, Scott DB - Disposition kinetics of ropivacaine in humans. Anesth Analg, 1989; 69: 736-8. 14. Rosen MA, Thigpen JW, Shnider SM et al - Bupi- vacaine-induced cardiotoxicity in hypoxic and aci- dotic sheep. Anest Analg, 1985; 64: 1089-96. 15. Clarkson CW, Hondeghem LM - Mechanism for bupivacaine depression of cardiac conduction: fast block of sodium channels during the action poten- tial with slow recovery from block during diastole. Anesthesiology, 1985; 62: 396-405. 16. Thomas Rd, Behbehani MM, Coyle DE, Denson DD - Cardiovascular toxicity of local anesthetics: an alternative hypothesis. Anesth Analg, 1986; 65: 444-50. 17. Datta S, Lambert D, Gregus J et al - Differential sensitivity of mammaliam nerve fibers during preg- nancy. Anesth Analg, 1983; 1070-2. 18. Moller RA, Datta S, Fox J, Johnson M, Covino BG - Progesterone-induced increase in cardiac sensi- tivity to bupivacaine. Anesthesiology, 1988; 60: A675. 19. Simonetti MPB, Moller RA, Covino BG - Hypertonic saline reverses bupivacaine-induced depression of rabbit purkinje fiber depolarization Vmax. Bra- zilian J Med Biol Res, 1989; 22: 1393-96. 20. Simonetti MPB, Cremonesi E, Rodrigues IJ, San- tos VA - Efeitos do cloreto de sódio hipertônico sobre a toxicidade cardiovascular da bupivacaína. Rev Bras Anestesiol, 1990; 40: 421-28. 21. Munson ES, Paul WL, Embro WJ - Central nervous system toxicity of local anesthetic mixtures in mon- keys. Anesthesiology, 1977; 46: 179-83. 22. Haasio J, Pitkänen MT, Kyttä J, Rosemberg PH - Treatment of bupivacaine-induced cardiac arrhyth- mias in hypoxic and hypercarbic pigs with amio- darone or bretylium. Reg Anesth, 1990; 15: 174-179. 23. Lindgren L, Randell T, Suzuki N, Kyttä J, Yli- Hankala A, Rosemberg PH - The effect of amri- none on recovery from severe bupivacaine intoxication in pigs. Anesthesiology, 1992; 77: 309- 15. CARVALHO 82 Revista Brasileira de Anestesiologia Vol. 44 : Nº 1, Janeiro - Fevereiro, 1994