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Universidade Federal do Pará
       Estudo de Temas Contemporâneos:
  Economia política da comunicação na Amazônia



                      Aulas 1 e 2
O problema da concentração midiática
                     19 e 21/03/2012



         Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro
              Faculdade de Comunicação

              Fabio.fonsecadecastro@gmail.com
                 hupomnemata.blogspot.com
A questão da aula: o que é concentração
              midiática?

• O processo da concentração de mídia no Brasil e no
  mundo.
• Os problemas causados pela ausência de
  regulamentação sobre o assunto.
• Por que não se regulamenta? O que impede a
  regulamentação?
• A luta pela regulamentação e pela democratização
  da comunicação.
O processo de concentração
midiática no Brasil: estudo de
          um caso.
Fase concorrencial

•   Em 1931 havia 2.959 jornais e revistas no país.
•   Destes, 702 estavam em SP e 524 no RJ.
•   Não havia veículos de expressão nacional.
•   Padrão empresarial centrado na pequena empresa.
1ª fase monopolista: Os Diários
                  Associados
• Assis Chateaubriand compra O Jornal, do RJ, em 1924.
• Métodos: chantagem e denuncismo.
• Em 1959 já era o maior grupo de comunicação da
  América Latina:
   –   40 jornais e revistas
   –   20 estações de rádio
   –   10 emissoras de TV
   –   1 agência de notícias
   –   1 agência de publicidade
• Começo da erupção do sistema em 1964: crise na
  sucessão e não-alinhamento ao Golpe Militar.
2ª fase monopolista: Rede Globo
• 69 veículos próprios
• 35 grupos afiliados, controlando 340 veículos – em geral os
  mais influentes em cada estado e região.
• Esse sistema inclui:
   –   33 jornais
   –   52 estações de rádio AM
   –   76 estações de rádio FM
   –   11 estações de rádios OC
   –   105 emissoras de TV
   –   27 revistas
   –   9 operadoras de TV paga
   –   3.305 retransmissoras de TV.
Outros grupos monopolistas
• Grupo Abril
  – Victor Civita chega ao Brasil em 1949, vindo dos EUA,
    trazendo um acordo com a Disney.
  – 1950: Pato Donald
  – 1951: Fotonovelas
  – Anos 60-70: segmentação do setor, c/ surgimento de
    revistas de moda, automóveis, turismo, etc.
  – 1968: revista Veja.
  – Hoje: Editora Abril,, Abril Digital, MTV, FIZ TV, Canal Ideal,
    TVA, Editoras Ática e Scipione.
  – 7 das 10 revistas + vendidas no país.
Outros grupos monopolistas

• Grupo O Estado de São Paulo
  – Criado em 1875.
  – A partir de 1932 se torna o porta-voz das elites paulistas,
    derrotadas em seu levante “constitucionalista”.

• Grupo Folha da Manhã
  – “Folha de S. Paulo” fundada em 1921.
  – Em 1962 é adquirido pelas famílias Frias e Caldeira e
    prospera com a ditadura militar.
  – Crescimento espetacular nos anos 1990.
Outros grupos monopolistas

• Grupo SBT
  – 1º canal, no RJ, em 1976.
  – Em 1981 recebe do Governo Militar 4 canais tomados à
    Tupi.
  – Possui 195 veículos próprios.
  – 37 grupos afiliados.
  – 1.441 retransmissoras.
Outros grupos monopolistas

• Grupo Record
  – Fundado em 1953 e vendido à IURD nos anos 1990.
  – 30 grupos afiliados.
  – 870 retransmissoras.
O problema

   Sob o falso pretexto da
“liberdade de imprensa”,
essas empresas praticam a
liberdade de monopólio.

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  • 1. Universidade Federal do Pará Estudo de Temas Contemporâneos: Economia política da comunicação na Amazônia Aulas 1 e 2 O problema da concentração midiática 19 e 21/03/2012 Prof. Dr. Fábio Fonseca de Castro Faculdade de Comunicação Fabio.fonsecadecastro@gmail.com hupomnemata.blogspot.com
  • 2. A questão da aula: o que é concentração midiática? • O processo da concentração de mídia no Brasil e no mundo. • Os problemas causados pela ausência de regulamentação sobre o assunto. • Por que não se regulamenta? O que impede a regulamentação? • A luta pela regulamentação e pela democratização da comunicação.
  • 3. O processo de concentração midiática no Brasil: estudo de um caso.
  • 4. Fase concorrencial • Em 1931 havia 2.959 jornais e revistas no país. • Destes, 702 estavam em SP e 524 no RJ. • Não havia veículos de expressão nacional. • Padrão empresarial centrado na pequena empresa.
  • 5. 1ª fase monopolista: Os Diários Associados • Assis Chateaubriand compra O Jornal, do RJ, em 1924. • Métodos: chantagem e denuncismo. • Em 1959 já era o maior grupo de comunicação da América Latina: – 40 jornais e revistas – 20 estações de rádio – 10 emissoras de TV – 1 agência de notícias – 1 agência de publicidade • Começo da erupção do sistema em 1964: crise na sucessão e não-alinhamento ao Golpe Militar.
  • 6. 2ª fase monopolista: Rede Globo • 69 veículos próprios • 35 grupos afiliados, controlando 340 veículos – em geral os mais influentes em cada estado e região. • Esse sistema inclui: – 33 jornais – 52 estações de rádio AM – 76 estações de rádio FM – 11 estações de rádios OC – 105 emissoras de TV – 27 revistas – 9 operadoras de TV paga – 3.305 retransmissoras de TV.
  • 7. Outros grupos monopolistas • Grupo Abril – Victor Civita chega ao Brasil em 1949, vindo dos EUA, trazendo um acordo com a Disney. – 1950: Pato Donald – 1951: Fotonovelas – Anos 60-70: segmentação do setor, c/ surgimento de revistas de moda, automóveis, turismo, etc. – 1968: revista Veja. – Hoje: Editora Abril,, Abril Digital, MTV, FIZ TV, Canal Ideal, TVA, Editoras Ática e Scipione. – 7 das 10 revistas + vendidas no país.
  • 8. Outros grupos monopolistas • Grupo O Estado de São Paulo – Criado em 1875. – A partir de 1932 se torna o porta-voz das elites paulistas, derrotadas em seu levante “constitucionalista”. • Grupo Folha da Manhã – “Folha de S. Paulo” fundada em 1921. – Em 1962 é adquirido pelas famílias Frias e Caldeira e prospera com a ditadura militar. – Crescimento espetacular nos anos 1990.
  • 9. Outros grupos monopolistas • Grupo SBT – 1º canal, no RJ, em 1976. – Em 1981 recebe do Governo Militar 4 canais tomados à Tupi. – Possui 195 veículos próprios. – 37 grupos afiliados. – 1.441 retransmissoras.
  • 10. Outros grupos monopolistas • Grupo Record – Fundado em 1953 e vendido à IURD nos anos 1990. – 30 grupos afiliados. – 870 retransmissoras.
  • 11. O problema Sob o falso pretexto da “liberdade de imprensa”, essas empresas praticam a liberdade de monopólio.