O documento discute a presença de Deus no ser humano e a busca de sentido. Três ideias principais são: 1) A busca por um sentido à vida leva os jovens a buscar referências transcendentais. 2) Frankl acredita que a liberdade interior permite encontrar sentido mesmo nas piores circunstâncias. 3) A experiência de Deus pode responder à busca humana por sentido e propósito.
2. A PRESENÇA DE DEUS NO SER
HUMANO E A BUSCA DE SENTIDO
VIKTOR FRANKL
Ir. Fernanda Olivette dos Santos ASCJ
EM
3. OBJETIVO
Compreender
que a busca do ser
humano pelo transcendente o auxilia a
responder ao seu anseio por um sentido
à sua vida.
4.
“[...] este período, de mudanças rápidas e complexas,
deixa, sobretudo os jovens, a quem pertence e de quem
depende o futuro, na sensação de estarem privados de
pontos de referência autênticos. A necessidade de um
alicerce sobre o qual construir a existência pessoal e
social faz-se sentir de maneira premente, principalmente
quando se é obrigado a constatar o caráter fragmentário
de propostas que elevam o efêmero ao nível de valor,
iludindo assim a possibilidade de se alcançar o verdadeiro
sentido da existência. Deste modo, muitos arrastam a sua
vida quase até à borda do precipício, sem saber o que os
espera. Isto depende também do fato de, às vezes, quem
era chamado por vocação a exprimir em formas culturais o
fruto da sua reflexão, ter desviado o olhar da verdade,
preferindo o sucesso imediato ao esforço duma paciente
investigação sobre aquilo que merece ser vivido.”
(JOÃO PAULO II, 2006, p. 13, § 6)
5. “Ele
(Deus) é a realidade primeira, fundamental,
onipresente e onicompreensiva, que nos tira do
nada com um puríssimo ato de amor, e com
igual amor nos mantém no ser. Para Deus, pois,
que corre espontâneo e insistente o nosso
pensamento; para ele corre insaciavelmente,
como a “corça para a nascente da água”,
porque dele pouco sabemos, apesar de a
história das religiões e da humanidade ter
colecionado tantas mensagens a seu respeito.”
(Mondin)
6. A PRESENÇA DE DEUS
“Rompeu
Deus o silêncio: saiu de
seu mistério, dirigiu-se ao homem e
desvendou-lhe os segredos de sua
vida pessoal; comunicou-lhe seu
desígnio inaudito de uma aliança que
levasse a uma participação de vida.”
(LATOURELLE 1981, p. 5)
7. “A
razão e a fé constituem como duas
asas pelas quais o espírito humano se
eleva para a contemplação da verdade.
Foi Deus quem colocou no coração do
homem o desejo de conhecer a verdade
e, em última análise, de conhecer a ele,
para que, conhecendo-o e amando-o,
possa chegar também à verdade plena
sobre si próprio.”
Papa, João Paulo II, na Carta Encíclica Fides et Ratio, de João Paulo II (1998, p. 5)
8. A BUSCA DE SENTIDO
A busca de sentido presente no homem é como um
anseio de o fazer perceber-se capaz de ser mais que o
mero existir imanente.
“O homem não é capaz de viver por mecanismos de
defesa e dar a vida por formações reativas, mas o
homem é capaz sim de viver por valores e ideais e dar
a vida por eles se for preciso.”
(Frankl)
9. VIKTOR EMIL FRANKL
Nasceu em Viena, 26 de março de 1905.
2 de setembro de 1997.
Sendo judeu foi preso juntamente com sua esposa no
mesmo ano em que se casaram, no ano de 1942, nos
campos de concentração perde sua esposa e seus pais.
Frankl passa por quatro campos nazistas entre 1942 a
1945 o mais conhecido deles é o “famoso” Auschwitz
(1944).
12. A
experiência da vida no campo de
concentração mostrou-nos que a pessoa
pode muito bem agir “fora dos esquemas”.
Há suficientes exemplos, muitos deles
heroicos, que demonstraram ser possível
superar a apatia e reprimir a irritação; e
que continua existindo, portanto, um
resquício de liberdade do espírito humano,
de atitude livre do eu frente ao meio
ambiente, mesmo nessa situação de
coação aparentemente absoluta, tanto
exterior como interior [...]
13. No
campo de concentração se pode privar a pessoa
de tudo, menos da liberdade última de assumir uma
atitude alternativa frente às condições dadas. E
havia alternativa! A cada dia, a cada hora no campo
de concentração, havia milhares de oportunidades
de concretizar essa decisão interior, uma decisão
da pessoa contra ou favor da sujeição aos poderes
do ambiente que ameaçavam privá-la daquilo que é
sua característica mais intrínseca - sua liberdade - e
que a induzem, com a renúncia à liberdade e à
dignidade, a virar mero joguete e objeto das
condições externas, deixando-se por eles cunhar
um prisioneiro “típico” do campo de concentração.
(FRANKL, 2011, p. 88)
14. “Naquele
momento eu sabia pouco
de mim ou do mundo, só tinha na
cabeça uma frase, sempre a mesma:
desde minha estreita prisão chamei
o meu Senhor e Ele me respondeu
desde o espaço na liberdade.”
(Frankl)
15. “quem
busca sempre encontra Deus,
porque se dá conta de que sempre
estava nele antes mesmo de buscá-lo
[...] o mistério de Deus é a raiz de
nossa própria vida”.
(Leonardo Boff)
16. A EXPERIÊNCIA COM DEUS COMO
RESPOSTA À BUSCA DE SENTIDO
O
aspecto mais sublime da dignidade humana
está nesta vocação do homem à comunhão com
Deus. Este convite que Deus dirige ao homem,
de dialogar com Ele, começa com a existência
humana. Pois se o homem existe, é só porque
Deus o criou por amor e, por amor, não cessa
de dar-lhe o ser, e o homem só vive
plenamente, segundo a verdade, se reconhecer
livremente este amor e se entregar ao Criador.
(PAPA PAULO VI. 1965, p.19,§1)
17.
“Se Deus existe, a vida pode não se acabar com a
morte, o conceito de justiça alarga-se e a
imortalidade da alma deixa de ser apenas uma
quimera, já que irrompe a perspectiva da eternidade.
Um destino no além-túmulo se nos espera e somos
interpelados a agir, aqui e agora de acordo com as
suas exigências irrefragáveis. Além disso os valores
supremos que norteiam nossa existência também
passam a ser outros, porquanto o fim para o qual
tendemos muda. Eis o transcendente como fim último
do homem, e o que o move não pode ser mais
valores tão somente temporais e pragmáticos, outrora
absolutos e invioláveis.”
(CAMPOS; 2011, p. 17)
18.
“Em um último e violento protesto contra o inexorável
de minha morte iminente, senti como se meu... sentime transcender àquele mundo desesperado,
insensato, e de alguma parte escutei o vitorioso “sim”
como contestação à minha pergunta sobre a
existência de uma intencionalidade última. E naquele
momento, em uma franja longínqua acendeu uma luz,
que ficou ali fixa no horizonte como alguém a houvera
pintado, em meio do gris miserável daquele
amanhecer na Baviera. E a luz brilhou em meio à
obscuridade.”
(FRANKL, 1982, p.48)
19. O
desejo de Deus está inscrito no coração do
homem, que foi criado por Deus e para Deus.
Deus não deixa de atrair o homem para si, e só
em Deus encontra a paz, a verdade e a alegria,
que não cessa de buscar. O homem é um ser
religioso. Como dizia São Paulo na cidade de
Atenas, "em Deus vivemos, nos movemos e
existimos" .*
(CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Nº. 27, p.23, 1993)
*ATOS DOS APÓSTOLOS, 17:28. b
20. A LIBERDADE E A RESPOSTA DO HOMEM A DEUS
“Pela fé, o homem presta assentimento a esse testemunho divino de
transcendência. Isto significa que reconhece plena e integralmente a
verdade de tudo o que foi revelado, porque é o próprio Deus que o garante.
Esta verdade, oferecida ao homem sem que ele a possa exigir, insere-se no
horizonte da comunicação interpessoal e impele a razão a abrir-se a esta e
a acolher o seu sentido profundo. É por isso que o ato pelo qual nos
entregamos a Deus sempre foi considerado pela Igreja como um momento
de opção fundamental, que envolve a pessoa inteira. Inteligência e vontade
põem em ação o melhor da sua natureza espiritual, para consentir que o
sujeito realize um ato no pleno exercício da sua liberdade pessoal. Na fé,
portanto, não basta a liberdade estar presente, exige-se que entre em ação.
É a fé que permite a cada um exprimir, do melhor modo, a sua própria
liberdade. Por outras palavras, a liberdade não se realiza nas opções contra
Deus. Na verdade, como poderia ser considerado um uso autêntico da
liberdade, a recusa de se abrir àquilo que permite a realização de si
mesmo? No acreditar é que a pessoa realiza o ato mais significativo da sua
existência; de fato, nele a liberdade alcança a certeza da verdade e decide
viver nela.”
(JOÃO PAULO II, 2006, p. 21, § 13)