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Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010
Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares
O Theka, Projecto da Gulbenkian com vista à Formação de Professores para o
Desenvolvimento de Bibliotecas Escolares iniciou-se em 2004 e terminou em 2008 no Algarve.
A modalidade de formação foi um curso estruturado em:
• sessões presenciais (seminários);
• acompanhamento por tutores;
• trabalho autónomo em projectos de desenvolvimento de bibliotecas escolares/centros
de recursos educativos;
• formas de participação e-learning, através de Plataforma Moodle.
O meu relato, refere-se ao curso implementado no Algarve que envolveu cerca de 20
participantes e que, como tutora, o estruturei em torno do que lhe chamei as 3 linhas de força
do THEKA: Projecto, Formação e Desenvolvimento.
Tendo estas 3 linhas de força como metodologia de trabalho para a formação/autoformação
dos participantes, explicito-as na ordem inversa do seu enunciado, atendendo que são elas o
suporte basilar de todo este Projecto de Formação.
Desenvolvimento
Qualquer tipo de desenvolvimento se caracteriza por uma adaptação às necessidades
detectadas, reconhecidas e assumidas, pelo que o desenvolvimento é ele mesmo a resposta
emergente da necessidade, que se serve de estratégias para melhorar a adequação dos
procedimentos num processo deliberado e focado na perspectiva evolucionária da própria
ideia de desenvolvimento e na busca pela maximização dos impactos. Assim sendo o
desenvolvimento é um caminho feito pelos praticantes de estratégias e pelas estratégias em, si
mesmas, para melhorar a adaptação ao contexto micro e macro onde se inserem. Sendo que,
cabe às estratégias responder tendencialmente aos objectivos propostos e cabe aos
definidores e praticantes das estratégias, os indivíduos que tomam as decisões, sobre quais os
caminhos a seguir, o papel de elaborar planos ou tomar decisões, baseadas na visão da
totalidade, evitando concepções fragmentadas, desarticuladas, descontínuas e
compartimentadas.
Formular estratégias implica determinar percursos de acção apropriados para alcançar
objectivos, o que inclui actividades como: análise, planeamento e selecção de estratégias que
aumentem as hipóteses de atingir as metas propostas, dentro de uma visão holística da missão
da estrutura.
Formação
A formação contínua em educação é ponto-chave para vencer o desafio da qualidade que
passa por uma perspectiva de formação não como um fim em si mesma mas processo
evolutivo orientado para uma intencionalidade.
1
Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010
Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares
Nesta formação coube-me o papel de tutora.
O que é ser tutora num processo formativo?
Ser tutora é simplesmente ajudar a olhar não só para o que se faz, mas para quem e o modo
como, o faz, em que a acumulação de saberes não é o fim, mas um instrumento para o saber
em acção.
Ser tutora passou pelo papel de ajudante do problematizar, do aprender a construir e a
comparar novas estratégias de acção, novas teorias, novos modos de enfrentar e definir os
problemas.
Neste processo de construção/ reconstrução, a prática foi desenhada a partir da análise,
descrição, depuração e explicitação dos factos/procedimentos que propiciam a compreensão
de sua própria prática e do contexto dos projectos direccionados para a intencionalidade da
Biblioteca Escolar, na busca da concretização da sua missão.
Formação centrada não no que as pessoas sabem, e sim, naquilo que pensam saber e no que
podem fazer com o que sabem, para melhorar o desempenho da Biblioteca Escolar.
De tudo isto, não está alheio o conceito de Comunidades de Prática, sendo-lhe reconhecido
influência nos comportamentos dos indivíduos, nas facetas profissionais e cívicas, na
aprendizagem e na inovação.
Comunidades de Prática como oportunidade de resolver problemas implicando a criatividade,
a espontaneidade, a compreensão profunda e o pensamento crítico, apresentando-se como
uma resposta à continuidade de um comportamento aprendente e colaborativo, baseado em
aprendizagens sólidas, redes e grupos de investigação – acção, onde o compartilhar de ideias e
saberes são o suporte sólido e continuado, destas comunidades, levando a que os núcleos
centrais, os protagonistas dos projectos, modifiquem os núcleos periféricos, de forma
integrada e progressiva.
Estes modelos de formação tendem a exercer uma liderança continuada e orientada para o
contexto da acção e a prática profissional, resultando numa resposta contextualizada à escola,
na medida em que são o resultado da análise e da consciência da necessidade formativa dos
principais actores e destinatários do contexto educativo (professores, alunos, comunidade
educativa), o que tem algum paralelismo com a construção de uma carta pessoal de formação
contrariando a lógica do consumidor de formação que troca horas de formação por créditos.
Um dos sucessos desta formação foi a tutoria entre pares que se revelou facilitadora da
construção da confiança profissional conduzindo ao desenvolvimento da biblioteca escolar.
Será que os projectos teriam o impacto vivido, criativo e partilhado por todos os
intervenientes de biblioteca escolar sem um acompanhamento contínuo e em contexto?
A Formação não é boa ou má de acordo com o grau de satisfação imediatamente expresso
pelos seus participantes, mas pelo impacto que tem, o que daí ficou, de que é que cada um se
2
Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010
Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares
apropriou, qual o impacto daí resultante na sua prática diária e a que metas ambiciona chegar?
De que capacidade de reflectir sobre os produtos e processos se apoderou?
A formação é boa sempre que for absorvida pelas práticas profissionais.
Projecto
O projecto representou o elo unificador de todo o processo de formação, foi mais um meio
para chegar a um fim. Foi o elo de relação dinâmica entre a intenção do que se queria e a
planificação, execução e avaliação do que se realizou e atingiu. O projecto fez-se acompanhar
de metodologias de investigação/acção. O que fazer? Como fazer? Resultou? O que falhou? A
espiral de construção e de reformulação deu-lhe forma constante. A mudança foi a companhia
preferida. Aconteceu?
Há uma diferença entre saber e acreditar. Quando sei não tenho necessidade de acreditar,
acreditar situa-se no mundo do “para saber”. E na vida das bibliotecas escolares esta é uma
verdade que não pode ser preguiçosa. Cada professor bibliotecário deve saber o que faz a sua
biblioteca, o que não faz e qual o impacto do seu trabalho, no fundo terá se saber responder a
estou, e como estou, a trabalhar a Missão da Biblioteca Escolar.
E se a Missão é “A biblioteca escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos
que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e
utilizadores efectivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação.”. Então,
esta é a razão de ser, este é o campo de trabalho, esta é a linha de força que forçou à
focalização do projecto, rentabilizando todas as oportunidades de desenvolvimento presente e
futuro. Os projectos foram respostas à aspiração individual e colectiva, norteados por
princípios da qualidade tais como:
• A focalização nos utilizadores, tentando compreender as suas necessidades e
empreendendo esforços no sentido de as superar;
• Envolvimento de diversos elementos da comunidade escolar,
• Desenvolvimento das acções, actividades e dos recursos associados, como processo
inserido na gestão da biblioteca num sistema para que a mesma atinja os seus
objectivos.
• A melhoria contínua na prestação de serviços, como um objectivo permanente.
• Abordagem à tomada de decisões baseadas em factos, em informações e resultantes
de análise de dados.
• Relações mutuamente benéficas com toda a comunidade com vista à promoção do
valor da Biblioteca Escolar.
Desenvolvimento em bibliotecas escolares implica a clareza da necessidade, pois é no
reconhecimento de uma ausência que a força criadora de satisfação se alimenta.
3
Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010
Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares
O que é que sei sobre a Missão da Biblioteca Escolar? Qual é a necessidade desta biblioteca
escolar? Será que é preciso desenvolve-la? Porquê e para quê? O que é realmente o
desenvolvimento na Biblioteca Escolar?
Se partir do princípio que a mudança é uma constante inerente ao curso natural dos próprios
elementos, as pessoas mudam a cada dia, as cidades mudam, o modo como se fazem as coisas
mudam, então, como não posso/devo pensar em Mudança para a Biblioteca Escolar? Como
não posso pensar que a Biblioteca talvez necessite de uma revolução? Sabendo que o
imobilismo, o “status quo” induz à inércia e/ou à inutilidade.
O que é que a biblioteca Escolar tem de tão especial que não se encontra em mais lado
nenhum?
E por fim, uma pequena história. Dois homens iniciaram ao mesmo tempo e com o memo
mestre, a sua aprendizagem numa oficina de carpintaria, trabalhando lado a lado e com
bocados de madeira, da mesma árvore.
Das mãos de um saíam verdadeiras obras de arte e da boca do outro saíam queixumes
consecutivos pelas feridas nas mãos, causadas pelas ferramentas.
Quarteira, 29 de Outubro de 2010
(Professora Maria Madalena Gomes dos Santos)
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  • 1. Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010 Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares O Theka, Projecto da Gulbenkian com vista à Formação de Professores para o Desenvolvimento de Bibliotecas Escolares iniciou-se em 2004 e terminou em 2008 no Algarve. A modalidade de formação foi um curso estruturado em: • sessões presenciais (seminários); • acompanhamento por tutores; • trabalho autónomo em projectos de desenvolvimento de bibliotecas escolares/centros de recursos educativos; • formas de participação e-learning, através de Plataforma Moodle. O meu relato, refere-se ao curso implementado no Algarve que envolveu cerca de 20 participantes e que, como tutora, o estruturei em torno do que lhe chamei as 3 linhas de força do THEKA: Projecto, Formação e Desenvolvimento. Tendo estas 3 linhas de força como metodologia de trabalho para a formação/autoformação dos participantes, explicito-as na ordem inversa do seu enunciado, atendendo que são elas o suporte basilar de todo este Projecto de Formação. Desenvolvimento Qualquer tipo de desenvolvimento se caracteriza por uma adaptação às necessidades detectadas, reconhecidas e assumidas, pelo que o desenvolvimento é ele mesmo a resposta emergente da necessidade, que se serve de estratégias para melhorar a adequação dos procedimentos num processo deliberado e focado na perspectiva evolucionária da própria ideia de desenvolvimento e na busca pela maximização dos impactos. Assim sendo o desenvolvimento é um caminho feito pelos praticantes de estratégias e pelas estratégias em, si mesmas, para melhorar a adaptação ao contexto micro e macro onde se inserem. Sendo que, cabe às estratégias responder tendencialmente aos objectivos propostos e cabe aos definidores e praticantes das estratégias, os indivíduos que tomam as decisões, sobre quais os caminhos a seguir, o papel de elaborar planos ou tomar decisões, baseadas na visão da totalidade, evitando concepções fragmentadas, desarticuladas, descontínuas e compartimentadas. Formular estratégias implica determinar percursos de acção apropriados para alcançar objectivos, o que inclui actividades como: análise, planeamento e selecção de estratégias que aumentem as hipóteses de atingir as metas propostas, dentro de uma visão holística da missão da estrutura. Formação A formação contínua em educação é ponto-chave para vencer o desafio da qualidade que passa por uma perspectiva de formação não como um fim em si mesma mas processo evolutivo orientado para uma intencionalidade. 1
  • 2. Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010 Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares Nesta formação coube-me o papel de tutora. O que é ser tutora num processo formativo? Ser tutora é simplesmente ajudar a olhar não só para o que se faz, mas para quem e o modo como, o faz, em que a acumulação de saberes não é o fim, mas um instrumento para o saber em acção. Ser tutora passou pelo papel de ajudante do problematizar, do aprender a construir e a comparar novas estratégias de acção, novas teorias, novos modos de enfrentar e definir os problemas. Neste processo de construção/ reconstrução, a prática foi desenhada a partir da análise, descrição, depuração e explicitação dos factos/procedimentos que propiciam a compreensão de sua própria prática e do contexto dos projectos direccionados para a intencionalidade da Biblioteca Escolar, na busca da concretização da sua missão. Formação centrada não no que as pessoas sabem, e sim, naquilo que pensam saber e no que podem fazer com o que sabem, para melhorar o desempenho da Biblioteca Escolar. De tudo isto, não está alheio o conceito de Comunidades de Prática, sendo-lhe reconhecido influência nos comportamentos dos indivíduos, nas facetas profissionais e cívicas, na aprendizagem e na inovação. Comunidades de Prática como oportunidade de resolver problemas implicando a criatividade, a espontaneidade, a compreensão profunda e o pensamento crítico, apresentando-se como uma resposta à continuidade de um comportamento aprendente e colaborativo, baseado em aprendizagens sólidas, redes e grupos de investigação – acção, onde o compartilhar de ideias e saberes são o suporte sólido e continuado, destas comunidades, levando a que os núcleos centrais, os protagonistas dos projectos, modifiquem os núcleos periféricos, de forma integrada e progressiva. Estes modelos de formação tendem a exercer uma liderança continuada e orientada para o contexto da acção e a prática profissional, resultando numa resposta contextualizada à escola, na medida em que são o resultado da análise e da consciência da necessidade formativa dos principais actores e destinatários do contexto educativo (professores, alunos, comunidade educativa), o que tem algum paralelismo com a construção de uma carta pessoal de formação contrariando a lógica do consumidor de formação que troca horas de formação por créditos. Um dos sucessos desta formação foi a tutoria entre pares que se revelou facilitadora da construção da confiança profissional conduzindo ao desenvolvimento da biblioteca escolar. Será que os projectos teriam o impacto vivido, criativo e partilhado por todos os intervenientes de biblioteca escolar sem um acompanhamento contínuo e em contexto? A Formação não é boa ou má de acordo com o grau de satisfação imediatamente expresso pelos seus participantes, mas pelo impacto que tem, o que daí ficou, de que é que cada um se 2
  • 3. Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010 Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares apropriou, qual o impacto daí resultante na sua prática diária e a que metas ambiciona chegar? De que capacidade de reflectir sobre os produtos e processos se apoderou? A formação é boa sempre que for absorvida pelas práticas profissionais. Projecto O projecto representou o elo unificador de todo o processo de formação, foi mais um meio para chegar a um fim. Foi o elo de relação dinâmica entre a intenção do que se queria e a planificação, execução e avaliação do que se realizou e atingiu. O projecto fez-se acompanhar de metodologias de investigação/acção. O que fazer? Como fazer? Resultou? O que falhou? A espiral de construção e de reformulação deu-lhe forma constante. A mudança foi a companhia preferida. Aconteceu? Há uma diferença entre saber e acreditar. Quando sei não tenho necessidade de acreditar, acreditar situa-se no mundo do “para saber”. E na vida das bibliotecas escolares esta é uma verdade que não pode ser preguiçosa. Cada professor bibliotecário deve saber o que faz a sua biblioteca, o que não faz e qual o impacto do seu trabalho, no fundo terá se saber responder a estou, e como estou, a trabalhar a Missão da Biblioteca Escolar. E se a Missão é “A biblioteca escolar disponibiliza serviços de aprendizagem, livros e recursos que permitem a todos os membros da comunidade escolar tornarem-se pensadores críticos e utilizadores efectivos da informação em todos os suportes e meios de comunicação.”. Então, esta é a razão de ser, este é o campo de trabalho, esta é a linha de força que forçou à focalização do projecto, rentabilizando todas as oportunidades de desenvolvimento presente e futuro. Os projectos foram respostas à aspiração individual e colectiva, norteados por princípios da qualidade tais como: • A focalização nos utilizadores, tentando compreender as suas necessidades e empreendendo esforços no sentido de as superar; • Envolvimento de diversos elementos da comunidade escolar, • Desenvolvimento das acções, actividades e dos recursos associados, como processo inserido na gestão da biblioteca num sistema para que a mesma atinja os seus objectivos. • A melhoria contínua na prestação de serviços, como um objectivo permanente. • Abordagem à tomada de decisões baseadas em factos, em informações e resultantes de análise de dados. • Relações mutuamente benéficas com toda a comunidade com vista à promoção do valor da Biblioteca Escolar. Desenvolvimento em bibliotecas escolares implica a clareza da necessidade, pois é no reconhecimento de uma ausência que a força criadora de satisfação se alimenta. 3
  • 4. Encontro THEKA, Quarteira, 29 de Outubro de 2010 Criatividade, Partilha e Desenvolvimento em Bibliotecas Escolares O que é que sei sobre a Missão da Biblioteca Escolar? Qual é a necessidade desta biblioteca escolar? Será que é preciso desenvolve-la? Porquê e para quê? O que é realmente o desenvolvimento na Biblioteca Escolar? Se partir do princípio que a mudança é uma constante inerente ao curso natural dos próprios elementos, as pessoas mudam a cada dia, as cidades mudam, o modo como se fazem as coisas mudam, então, como não posso/devo pensar em Mudança para a Biblioteca Escolar? Como não posso pensar que a Biblioteca talvez necessite de uma revolução? Sabendo que o imobilismo, o “status quo” induz à inércia e/ou à inutilidade. O que é que a biblioteca Escolar tem de tão especial que não se encontra em mais lado nenhum? E por fim, uma pequena história. Dois homens iniciaram ao mesmo tempo e com o memo mestre, a sua aprendizagem numa oficina de carpintaria, trabalhando lado a lado e com bocados de madeira, da mesma árvore. Das mãos de um saíam verdadeiras obras de arte e da boca do outro saíam queixumes consecutivos pelas feridas nas mãos, causadas pelas ferramentas. Quarteira, 29 de Outubro de 2010 (Professora Maria Madalena Gomes dos Santos) 4