1. Escrita das Américas: a
literatura como fonte
Ensino de História e Linguagens: da graduação à
educação básica, práticas de leitura documental
Coordenadora: Adriane Vidal Costa
Bárbara Munaier
Isadora Vivacqua
José Antônio
2. Isabel Allende
• De nacionalidade chilena, Isabel Allende nasceu
em Lima (Peru), no ano de 1942. É filha do
diplomata Tomás Allende (primo de Salvador
Allende) e de Francisca Llona.
• Aos dezesseis anos começou a trabalhar como
jornalista e posteriormente como escritora.
• A Casa dos Espíritos inaugurou sua carreira
literária em 1982, e logo ela seria reconhecida
como uma das grandes autoras hispano-
americanas da atualidade.
3.
4. • No dia 11 de Setembro de 1973, o general
Augusto Pinochet põe fim à democracia do
Chile, e o tio de Isabel, Salvador Allende,
suicida. Pinochet instala uma ditadura cruel,
que vitimou mais de 40.000 pessoas.
• Isabel se exila na Venezuela. Junto com seus
pais e seus filhos, permanece em Caracas por
treze anos.
5. • Agravando a situação, a família recebe notícias
de que o avô de Isabel estava gravemente
doente e ela não podia visitá-lo por conta da
ditadura. Exatamente nesse difícil contexto,
Isabel começa a escrever uma carta de
despedida a seu avô. O avô falece, mas Isabel
continua a escrever.. e assim nasce “A Casa
dos Espíritos” (1982), inspirada em sua
própria família.
6. “Quando eu era criança, ouvia as histórias de
minha mãe, de minhas tias, de minhas avó, e
as entesourava na memória: existia a tradição
oral. No exílio tudo isto acaba. Por isso quis
escrever este romance. A sua última parte
corresponde ao Chile da repressão. Tudo que
se conta ali é rigorosamente verdadeiro e
procede de reportagens que eu mesma
realizei. O tamanho das celas, a comida dos
presos, tudo é verídico.”
Isabel Allende
7.
8. A via chilena para o Socialismo
Salvador Allende 1970 - 1973
9. “Salvador Allende vence as
eleições presidenciais do
Chile, de setembro de 1970
como candidato da Unidade
Popular (UP)”
“Ele foi o primeiro presidente
declaradamente marxista que
chegou ao poder através de
eleições gerais e livres”
10. • Salvador Allende já havia concorrido à
presidência três vezes antes de 1970, perdendo
todas. Allende assume o governo em 4 de
novembro de 1970, dando origem a experiência
chilena – expressão indicando o desafio que se
abria para a esquerda de realizar uma transição
democrática ao socialismo.
• Allende acreditava que tal transição seria
possível devido à trajetória política
experimentada pelo Chile, que desde 1932
encontrava-se em uma situação de estabilidade
política, comparada apenas à dos países
ocidentais mais consolidados politicamente.
11. “Jaime estava certo de que os socialistas
finalmente triunfariam, depois de tantos anos de
luta. Atribuía essa vitória ao fato de o povo ter
tomado consciência de suas necessidades e de
sua própria força. Alba repetia as palavras de
Miguel, afirmando que só pela guerra seria
possível vencer a burguesia. Jaime tinha horror a
qualquer forma de extremismo e argumentava
que os guerrilheiros só se justificavam nas
tiranias, em que não há outra solução exceto a
luta armada, mas que são uma aberração num
país onde as mudanças podem ser alcançadas
pelo voto popular.”
Página 334
13. Objetivo Estratégico da Unidade Popular
“Terminar com o domínio dos Imperialistas, dos
monopólios, da oligarquia latifundiária e
iniciar a construção do Socialismo no Chile”
“As transformações revolucionárias de que o
país necessita só poderão realizar-se se o povo
chileno toma em suas mãos o poder e o exerce
efetivamente”
Programa Unidade Popular
14. • A Unidade Popular se apóia em uma base
popular em que predomina trabalhadores
operários organizados em Sindicatos.
“Uma nova constituição política
institucionalizará a incorporação massiva do
povo ao poder estatal”
• Propósito: superação do atraso econômico,
transferindo para o Estado os meios de
produção fundamentais.
15. • Assim, acreditava-se que seria possível reduzir
os problemas imediatos das grandes maiorias,
fornecendo emprego a todos, com
remuneração adequada e política social
redistribuitiva.
“Com esse propósito, o Chile se libertaria do
capital estrangeiro”
16. “Nunca como agora a canção nacional teve
para vocês e para mim tanto e tão profundo
significado. Em nosso discurso dissemos:
somos os herdeiros legítimos dos pais da
pátria e juntos faremos a segunda
independência – a independência econômica
do Chile.”
Salvador Allende
17. “Peço que voltem a suas casas com a alegria
sã da limpa vitória alcançada. E que esta
noite, quando acariciarem seus filhos, quando
buscarem o descanso, pensem no amanhã
duro que teremos pela frente, quando teremos
que colocar mais paixão e mais carinho para
fazer o Chile cada vez maior – e para fazer
cada vez mais justa a vida em nossa pátria.”
Salvador Allende
18. Principais medidas econômicas da UP
• Nacionalização de grandes Minas de Cobre;
• Estatização dos Bancos (96% em fins de 1972);
• Política de redistribuição;
• Nacionalização de setores estratégicos;
- Petróleo: 100% controle Estatal.
- Metalurgia: 95% controle Estatal.
- Borracha: 67% controle Estatal.
20. “A transição chilena fortaleceu o poder do
Estado, mas não conseguiu romper com a
dinâmica anterior”
• A proposta da UP provoca uma recessão geral
de investimentos.
“Apontando uma perspectiva socialista, não
podia ser assimilada pacificamente pela
burguesia e o imperialismo”
21. Marcha dos 800 Mil em apoio a Allende
Visita de Fidel Castro ao Chile
22. • Empresários e partidos de direita (DC e Partido
Nacional) promovem atitudes deliberadas para
desestabilizar o governo de Allende.
“Lock-outs, greves patronais (suporte da CIA), apoio
a grupos paramilitares e terroristas, especulação
de alimentos e produtos do dia-a-dia”
23. “Enquanto o povo celebrava a vitória (...) a
direita realizava uma série de ações
estratégicas destinadas a estraçalhar a
economia e a desprestigiar o governo. Tinha
nas mãos os meios de difusão mais
poderosos, contava com recursos econômicos
quase ilimitados e com a ajuda dos gringos,
que destinaram fundos secretos para o plano
de sabotagem. Em poucos meses os
resultados foram visíveis.”
Página 348
24. “O povo encontrou-se pela primeira vez com
dinheiro suficiente para cobrir suas
necessidades básicas e comprar algumas
coisas que sempre desejara, mas já não podia,
porque as lojas estavam quase vazias.
Começara o desabastecimento, que veio a se
converter num pesadelo coletivo”
Página 348
25. “Houve racionamento de gasolina, e as filas de
automóveis podiam durar dois dias e uma
noite, bloqueando a cidade como uma
gigantesca e imóvel jiboia tostando ao sol.
Não havia tempo para tantas filas, e os
empregados tiveram de se deslocar a pé ou de
bicicleta. As ruas encheram-se de ciclistas
ofegantes, parecendo um delírio holandês. Era
essa a situação quando os caminhoneiros se
declaram em greve”
Página 349
27. “O bombardeio, embora breve, deixou o palácio
em ruínas. As duas da tarde o incêndio já
devorava os antigos salões, que haviam servido
desde os tempos coloniais, e só ficara um
punhado de homens em volta do presidente. Os
militares entraram no edifício e ocuparam tudo o
que restara da planta baixa. Em meio ao estrondo
ouviram a voz histérica de um oficial ordenando-
lhe que se rendessem e descessem em fila
indiana e com as mãos para o alto. O presidente
apertou as mãos de cada um. ‘Eu descerei por
último’, disse. Não voltaram a vê-lo com vida”.
Páginas 369 e 370
28. Sob o comando de Augusto
Pinochet, o Palácio La Moneda
é bombardeado.
Salvador Allende se recusa a
renúncia
29. “Certamente esta será a última oportunidade
de falar para vocês. A Força Aérea
bombardeou as torres da Rádio Postais
e Radio Corporação. (...) Perante estes fatos só
posso dizer aos trabalhadores: Eu não vou
renunciar! (...) Colocado numa transição
histórica, pagarei com minha vida a lealdade
do povo. E lhes digo que tenho certeza de que
a semente que temos entregue à consciência
digna de milhares e milhares de chilenos não
poderá ser ceifada definitivamente.”
30. “Trabalhadores da minha pátria, tenho fé no
Chile e no seu destino. Outros homens superarão
este momento cinzento e amargo em que a
traição pretende impor-se. Sigam vocês sabendo
que, muito mais cedo que tarde, de novo se
abrirão as grandes avenidas por onde passará o
homem livre, para construir uma sociedade
melhor. Viva Chile! Viva o povo! Vivam os
trabalhadores! ”
(Fragmentos do último
discurso de Salvador Allende)
31. Ditadura (1973 – 1989)
• No meio político, houve repressão para com os setores
da esquerda. Tanto os mais radicais quanto os
reformistas, perderam espaço. O governo especializou
a polícia e exército nacional criando Núcleos de
Repressão, buscando cobrir todo o território nacional;
• Buscou garantir total controle da população: consumou
prisões e execuções no Estádio nacional do Chile, que
ficou conhecido como “Estádio da Morte”;
• Plano internacional de combate a guerrilhas: Operação
Condor. O cabeça do plano é Manuel Contreras, chefe
da DINA.
33. “Orquestrou-se uma campanha destinada a
limpar da face da Terra o bom nome do ex-
presidente, com a esperança de que o povo
deixasse de chorar por ele.
(...)
De uma só penada, os militares mudaram a
história, apagando os episódios, as ideologias
e as personagens que o regime desaprovava.”
Página 383
34. Principais apoiadores de Salvador Allende,
presos no dia do Golpe. Praticamente todos
esses homens, íntimos do ex-presidente,
foram sumariamente executados.
35. “A censura, que a princípio só atingiu os meios
de comunicação, logo se estendeu aos textos
escolares, às letras das canções, aos roteiros
dos filmes e às conversas privadas. Havia
palavras proibidas por decreto militar, como
‘companheiro’, e outras que não se diziam por
precaução, apesar de nenhum decreto tê-las
eliminado do dicionário, como liberdade,
justiça e sindicato”
Páginas 383 e 384
36. “O Poeta agonizou em sua casa junto ao mar.
Estava doente, e os acontecimentos dos últimos
tempos esgotaram seu desejo de continuar
vivendo.” Página 387
“Nenhum de seus amigos pôde se aproximar na
hora da morte, porque estavam fora da lei,
fugitivos, exilados ou mortos.
(...)
Pouco a pouco, o funeral do Poeta transformou-
se no ato simbólico de enterrar a liberdade”
Página 388
38. “Um bofetão brutal jogou-a no chão, mãos
violentas recolocaram-na em pé, dedos
ferozes incrustaram-lhes nos seios, triturando-
lhes os mamilos, e o medo venceu-a por
completo. (...)” Página 406
39. “(...)Vozes desconhecidas pressionavam-na, ouvia
o nome de Miguel, mas não sabia o que lhe
perguntavam e só repetia, incansavelmente, um
não monumental enquanto lhe batiam, lhe
mexiam, lhe arrancavam a blusa, e ela não
conseguia pensar, só repetia não e não, e não,
calculando quanto poderia resistir antes de
esgotarem suas forças, sem saber que aquilo era
apenas o começo, até que se sentiu desfalecer, e
os homens a deixaram tranquila, esticada no
chão, por um tempo que lhe pareceu curto.”
Página 406
41. Entre el 11 de septiembre y el 31 de diciembre
de 1973 desaparecieron 319 personas
42. Economia - Neoliberalismo
• Houve um forte alinhamento político ao bloco
capitalista, e uma das consequências dessa
aproximação foi a adoção do neoliberalismo,
sendo a primeira experiência na América Latina.
• As políticas neoliberais resultaram nas
privatizações em massa, abertura para a entrada
de produtos, empresas e créditos internacionais,
bem como um enxugamento de grandes quadros
do Estado, visando uma atuação estatal mínima
nos demais setores.
43. Conseqüências
• Alguns defensores do neoliberalismo consideraram
esse período como “milagre chileno”, mas as
estatísticas mostram o contrário. O Chile obteve um
dos piores desempenhos econômicos na América
Latina nesses anos.
• Além do mais, essa política econômica teve como
resultados bem marcantes no meio social, a
acentuação das diferenças sociais e da concentração de
renda.
• Grandes conglomerados financeiros e industriais
assumiram o controle da maior parte das empresas.
44. Fim da ditadura
• Devido ao caráter violento, repressivo e
autoritário do governo Pinochet, várias
instituições internacionais e países romperam as
relações diplomáticas com o Chile em sinal de
protesto.
• Internamente, havia enorme insatisfação popular
em relação aos rumos tomados pelo governo
(intensa repressão, violência e perseguição), além
de que as desigualdades sociais aumentavam
cada vez mais e o país enfrentava uma crise
econômica
45. • Frente à tudo isso, houve um plebiscito nacional,
previsto pela constituição, em 1988, onde a
população deveria escolher pelo “Sim”
(permanência de Pinochet no poder) ou pelo
“Não” (convocação de eleições para o ano
seguinte).
• Cerca de 55% da população votou pelo “Não”. Em
1989, o Chile passou por eleições diretas e
Patricio Aylwin foi eleito presidente pela Coalizão
de Partidos pela Democracia. A ditadura chilena
se encerrou em 11 de março de 1990, com a
posse do novo presidente civil.
48. “(...) Quero pensar que meu ofício é a vida e
que minha missão não é prolongar o ódio,
mas apenas encher estas páginas enquanto
espero o regresso de Miguel, enquanto
enterro meu avô, que descansa agora ao meu
lado neste quarto, enquanto aguardo que
cheguem tempos melhores, gerando a criança
que trago no ventre, filha de tantas violações
ou, talvez, filha de Miguel, mas sobretudo
minha filha.”
Página 432
49. 11 de setembro de 2009 - Vídeo
• Link:
https://www.youtube.com/watch?v=7vrSq4cievs