O documento discute as teorias de vários pensadores fundamentais da educação, como Comenius, Rousseau, Wallon, Piaget, Vygotsky, Dewey, Rogers, Freire e Ausubel. Estes teóricos defenderam ideias progressistas sobre como a educação deve respeitar o desenvolvimento natural da criança, enfatizar a aprendizagem significativa por meio da experiência, e promover a igualdade de oportunidades para todos os alunos.
2. ...COMENIUS...
COMÊNIO (1592-1670), foi o pensador tcheco, considerado o primeiro grande nome da
moderna história da educação.
Quando se fala de uma escola em que as crianças são respeitadas como seres humanos
dotados de inteligência, aptidões, sentimentos e limites, logo pensamos em concepções modernas
de ensino. Essas ideias, consagradas apenas no século 20, já eram defendidas em pleno século 17,
na obra Didática Magna, a qual marca o início da sistematização da pedagogia e da didática no
Ocidente.
No livro, Comênio realiza uma racionalização de todas as ações educativas, indo da teoria
didática até as questões do cotidiano da sala de aula.
1592 - 1670
Nas relações entre professor e aluno, seriam consideradas as possibilidades e os interesses da criança.
E a organização do tempo e do currículo levaria em conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos
quanto dos professores, de ter outras atividades.
O ensino deveria estar mais próximo da realidade da criança de acordo com a sua faixa etária, e conduzindo o
ensino para que a criança aprenda a partir das coisas simples (concretas) para as complexas.
As escolas não deveriam sufocar a mente dos alunos com muitos conhecimentos ao mesmo tempo, para que não
lhes causassem confusões sem aprendizado, no sentido de que “quem presta atenção a várias coisas tem menor
sensibilidade para cada uma dela” (COMENIUS, 2006, p. 254) e a aprendizagem não se torna significativa.
Com o pressuposto de uma ação gradual no desenvolvimento humano, Comenius propõe a organização escolar
de acordo com o desenvolvimento físico do indivíduo até os 24 anos de idade, distribuído em quatro estágios, de seis
anos cada.
3. ...ROUSSEAU...
JEAN-JACQUES ROUSSEAU, nasceu em Genebra, no ano de 1712 (morte 1778). É
considerado um grande estudioso dentro das áreas da política e da educação.
Rousseau criou o conceito de infância (apud CERIZARA, 1990, pg. 82) ao dizer que “A criança
não é um adulto inacabado, ela possui seu valor nela mesma. Em certo sentido, que é o mais
importante, cada idade se basta a si mesma”.
Rousseau é considerado precursor da pedagogia da Existência por entender que a educação
deve respeitar o desenvolvimento natural do educando.
O objetivo da educação na infância era de preparar o indivíduo em sua natureza humana
para ser uma pessoa de caráter, capaz de viver em sociedade, prepará-lo para todas as condições
humanas.
Fonte: http://educere.bruc.com.br/CD2011/pdf/4309_2728.pdf
Rousseau menciona que a educação formadora é fruto da natureza, dos homens e das coisas. Gadotti (2004) em
seu livro os Mestres de Rousseau, descreve estes três mestres como sendo:
A educação da natureza, aquela que é percebida pelos sentidos e órgãos, e processado pelas
faculdades cognitivas e intelectuais de cada indivíduo, ou seja, o eu.
A educação que vem dos homens, é aquela que se recebe dos outros através da mediação, interação,
comunicação e estimulação.
A educação é a que vem das coisas, fruto da experiência pessoal sobre os objetos.
Os atuais benefícios da educação infantil não se distanciam daqueles propostos por Rousseau em sua educação,
uma vez que seu objetivo principal era preparar o indivíduo para a vida com autonomia.
1712 - 1778
4. ...WALLON...
1879 - 1962
WALLON é conhecido por seu trabalho sobre a Psicologia do Desenvolvimento, de postura
interacionista, pois o homem seria formado não somente por influência fisiológica, mas também
por influência social.
Entre o indivíduo e o seu meio há uma unidade indivisível, a sociedade seria uma
necessidade orgânica que determina seu desenvolvimento e consequentemente sua inteligência
(FONSECA, 2008, p. 15).
A cognição está alicerçada ao que ele deu o nome de campos funcionais: o movimento, a
afetividade, a inteligência e a pessoa.
O reconhecimento de que o ser humano possui estágios nos quais a linguagem apresenta-se de forma diversa.
O reconhecimento da importância do cognitivo para a alfabetização.
A afirmação de uma maturação quanto à compreensão da realidade.
Buscou compreender o desenvolvimento infantil por meio das relações estabelecidas entre a criança e seu
ambiente, privilegiando a pessoa em sua totalidade, nas suas expressões singulares e na relação com os outros.
Ele não propôs um sistema linear e organizado de etapas de evolução psíquica, mas desenvolveu sua teoria
buscando compreender os objetivos da criança e os meios que ela utiliza para realizá-los.
Define o desenvolvimento como um processo descontínuo, marcado por rupturas e crises.
5. ...PIAGET...
1896 - 1980
A importância de se definir os períodos de desenvolvimento da inteligência reside no fato de que,
em cada um, o indivíduo adquire novos conhecimentos ou estratégias de sobrevivência, de compreensão e
interpretação da realidade.
A obra de Piaget não oferece uma didática sobre como desenvolver a inteligência do aluno. Ela
mostra que cada fase de desenvolvimento apresenta características e possibilidades de crescimento da
maturação ou de aquisições.
A compreensão deste processo é fundamental para que os professores possam também
compreender com quem estão trabalhando.
O conhecimento destas possibilidades faz com que os professores possam oferecer estímulos
adequados a um maior desenvolvimento do indivíduo na leitura, na escrita e na interpretação textual.
PIAGET diz que a embriologia humana evolui também após o nascimento, criando
estruturas cada vez mais complexas.
A inteligência pode ser exercitada, buscando um aperfeiçoamento de potencialidades, que
evolui "desde o nível mais primitivo da existência, caracterizado por trocas bioquímicas até o nível
das trocas simbólicas“.
A construção da inteligência dá-se, portanto em etapas sucessivas, com
complexidades crescentes, encadeadas umas às outras.
A inteligência do indivíduo, como adaptação a situações novas, portanto, está
relacionada com a complexidade desta interação do indivíduo com o meio.
6. ...WYGOTSKY...
1896 - 1934
VYGOTSKY desenvolveu a teoria sociocultural do desenvolvimento cognitivo.
A sua teoria tem raízes na teoria marxista do materialismo dialético, ou seja, que as
mudanças históricas na sociedade e a vida material produzem mudanças na natureza humana.
Abordou o desenvolvimento cognitivo por um processo de orientação. Em vez de olhar
para o final do processo de desenvolvimento, ele debruçou-se sobre o processo em si e
analisou a participação do sujeito nas atividades sociais.
Ele propôs que o desenvolvimento não precede a socialização. Ao invés, as estruturas
sociais e as relações sociais levam ao desenvolvimento das funções mentais.
O processo básico pelo qual isto ocorre é a mediação (a ligação entre duas estruturas, uma social e uma
pessoalmente construída, através de instrumentos ou sinais). Quando os signos culturais vão sendo internalizados
pelo sujeito é quando os humanos adquirem a capacidade de uma ordem de pensamento mais elevada.
O desenvolvimento cognitivo depende das interações com as pessoas e com os instrumentos do mundo da
criança. Esses instrumentos são reais: canetas, papel, computadores; ou símbolos: linguagem, sistemas matemáticos,
signos.
Ele atribui à escola fundamental importância, bem como ao papel do professor no processo ensino-
aprendizagem. A intervenção deliberada por parte do professor acelera o desenvolvimento de funções mentais.
O trabalho pedagógico a ser desenvolvido na Educação de Adultos deve partir das experiências dos alunos e
considerar a aquisição e sistematização de conhecimentos.
A aprendizagem na criança podia ocorrer através do jogo, da brincadeira, da instrução
formal ou do trabalho entre um aprendiz e um aprendiz mais experiente.
7. ...DEWEY...
JOHN DEWEY foi o continuador do Pragmatismo filosófico, doutrina que preconiza que todo o
aprendizado, todo o conhecimento deve ter um fim prático iniciado por William James (1842 –
1910) e Charles Sanders Peirce (1839 – 1914), ambos também americanos.
A Educação em Dewey é um processo pelo qual uma cultura é transmitida de geração para
geração, acontecendo por meio da comunicação de hábitos, atividades, pensamentos e
sentimentos dos membros mais velhos da cultura aos mais novos. E é por este facto que, a
Educação não se deverá limitar ao ensino escolar e formal, mas também como fazendo parte da
própria vida.
O intuito fundamental da Educação é fazer com que a aprendizagem de todo o conhecimento
leve à prática.
1859-1952
Tudo o que se deve estudar na escola, as matérias preconizadas para tal, deveriam tomar em conta a vida social de
cada indivíduo, de tomar em conta também as vivências e o quotidiano de cada indivíduo, e, neste caso, os planos
deveriam ser feitos segundo as necessidades do aluno.
A educação tem como intuito, integrar na sociedade os alunos, mas não uma integração passiva, mas sim
transformadora, inconformista e crítica,
O currículo deve ser concebido tendo em conta a vida real dos alunos.
Dewey foi um dos maiores defensores da democracia, na segunda metade do século XIX e primeira metade do
século XX. Para Dewey, a Educação Democrática é aquela onde a igualdade de oportunidades é um elemento
fundamental, isto é, todos os indivíduos presentes no processo de ensino e aprendizagem devem ter a mesma
oportunidade de ensino e que não deverá haver diferenças de classes, cada aluno deve-se enriquecer com as
experiências dos outros, entrando numa relação de inter-ajuda.
Quantas vezes você já ouviu falar na necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos alunos? De prepará-los
para questionar a realidade? De unir teoria e prática? De problematizar? Se você se preocupa com essas questões, já
esbarrou, mesmo sem saber, em algumas das concepções de John Dewey
8. ...CARL ROGERS ...
1902 - 1987
CARL ROGERS nasceu em 1902 em Chicago. Sua teoria convida a todos a refletir sobre as
mudanças necessárias e que devem ser buscadas, tanto dentro como fora da sala de aula. Ela
aponta para uma profunda mudança no relacionamento entre professor e aluno, relacionamento
esse capaz de provocar transformações intensas, tanto no comportamento de ambos como na
busca dos saberes.
No campo da psicanálise ele desenvolveu a ideia da terapia centrada na pessoa. No campo
da educação, aplicando as experiências do consultório, trabalhou a aprendizagem centrada na
pessoa.
Rogers defendeu a ideia de mudança de comportamento através da aprendizagem
significativa, aquela que provoca uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na
orientação da ação futura que escolhe ou nas suas atitudes e na sua personalidade.
Um relacionamento interpessoal, afetuoso e de interesse de ambos, professor e aluno,
juntos, contribui para o aprendizado significativo.
O professor passa a ser considerado um facilitador da aprendizagem, não mais aquele que transmite
conhecimento, e sim aquele que auxilia os educandos a aprender a viver como indivíduos em processo de
transformação.
O educando é instado a buscar o seu próprio conhecimento, consciente de sua constante transformação.
Rogers considera o indivíduo como um todo: mente e corpo, sentimento e intelecto são partes integrantes do
mesmo ser e são inseparáveis.
Na educação moderna só está sendo valorizada a parte intelectual, como se o conhecimento cognitivo pudesse ser
separado das vivências do ser humano. Um indivíduo que apresenta problemas emocionais não consegue reter um bom
aprendizado, por isso é necessário considerar que a atmosfera psicológica é fundamental para o processo de
aprendizagem.
9. ...PAULO FREIRE...
1921 - 1997
O método PAULO FREIRE tem como ponto fundamental as palavras geradoras. Seu método
consiste em três momentos entrelaçados:
O primeiro momento é a investigação temática, pela qual professor e aluno buscam, no
universo vocabular do educando e da sociedade onde vive as palavras e temas centrais de sua
biografia. Essas palavras geradoras são selecionadas em função da riqueza silábica, do valor
fonético e principalmente em função do significado social, trazendo a cultura do aluno para
dentro da sala de aula.
O segundo momento a tematização, pela qual professor e aluno codificam e descodificam
esses temas, buscando seu significado social, tomando assim consciência do mundo vivido. É
nesta fase que são elaboradas as fichas para a decomposição das famílias fonéticas dando para a
leitura e a escrita.
O terceiro, a problematização na qual eles buscam superar uma primeira visão mágica por
uma visão crítica, partindo para a transformação do contexto vivido.
O educador deve ser o portador da consciência mais avançada de seu meio, necessita possuir antes de tudo a noção
crítica de seu papel, isto é, refletir sobre o significado de sua missão profissional.
O educador deve priorizar o conhecimento de mundo trazido pelo aluno, para relacionar o que ele conhece com a
aprendizagem na sala de aula.
O alfabetizando adulto é visto como detentor de um saber, no sentido do conceito de cultura e sujeito da educação,
nunca objeto.
O aluno não é um depósito que deve ser preenchido pelo professor, cada um, juntos pode aprender e descobrir
novas dimensões e possibilidades na realidade da vida, pois o educador é somente o mediador no processo de ensino-
aprendizagem e aprende junto com seu aluno.
10. ...AUSUBEL...
A teoria de DAVID AUSUBEL (1918-2008) é baseada na visão cognitivista, ou seja, a
aprendizagem é a organização e integração de material na estrutura cognitiva do indivíduo.
A aprendizagem significativa no processo de ensino necessita fazer algum sentido para o
aluno e, nesse processo, a informação deverá interagir e ancorar-se nos conceitos relevantes já
existentes na estrutura do aluno.
A aprendizagem significativa é o processo através do qual uma nova informação relaciona-se
com um aspecto relevante da estrutura de conhecimento do indivíduo.
Aprendizagem implica em modificações na estrutura cognitiva e não só acréscimos. À
medida em que a aprendizagem significativa ocorre, conceitos são desenvolvidos, elaborados e
diferenciados em decorrência de sucessivas interações:
A Estrutura cognitiva é uma estrutura hierárquica de conceitos que são abstrações da experiência do
indivíduo. Novas ideais e informações são aprendidas e retidas na medida em que existem pontos de ancoragem . A
aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos relevantes preexistentes na
estrutura cognitiva de quem aprende.
Diferenciação progressiva - As ideias mais gerais e mais inclusivas da disciplina devem ser apresentadas no
início para, depois irem sendo progressivamente diferenciadas. Em termos de detalhe e especificidade
é mais fácil para o ser humano captar aspectos diferenciados de um todo mais inclusivo previamente
aprendido, do que chegar ao todo a partir de suas partes diferenciadas.
•Reconciliação integrativa - Explorar relações entre ideias, apontar similaridades e diferenças importantes,
reconciliar discrepâncias reais ou aparentes. O conteúdo deve não só proporcionar a diferenciação
progressiva, mas também: explorar, explicitamente, relações entre proposições e conceitos, chamar
atenção para diferenças e similaridades importantes e reconciliar inconsistências reais ou aparentes.
1918-2008
11. ...BRUNER...
JEROME BRUNER é um psicólogo do desenvolvimento americano que, como Piaget, tem
desenvolvido uma teoria do desenvolvimento cognitivo.
Na sua perspectiva, a aprendizagem pode ser sumarizada como « compreensão geral da
estrutura de uma determinada matéria» (Bruner 1962:28). Depois desta compreensão, o aluno
deduz o significado na relação com o todo e, consequentemente, qualquer coisa que tenha
significado é relacionada com toda a estrutura.
A criança passa por três estágios de desenvolvimento cognitivo, nomeadamente, por
modos de pensamento ativo, icônico e simbólico.
No Modo Icônico as crianças formam imagens e desenhos das experiências que têm tido, e como
resultado, elas podem interagir com os objetos que estão fisicamente ausentes mas presentes na sua
mente.
No Modo Simbólico, a criança representa a informação com base em símbolos, ideias, pensamentos e
conceitos. Este estádio é referido como simbólico na mediada em que a pessoa tem um bom comando
da linguagem, que serve como veículo para a expressão dos seus pensamentos.
A aprendizagem é modificação do comportamento resultante da experiência.
O papel do professor é o de incentivador dos alunos no sentido de descobrirem por si mesmos os princípios do
conteúdo a ser apreendido.
O currículo deve ser organizado em espiral, para que o aluno construa continuamente sobre o que já aprendeu.
O Modo Ativo constitui o primeiro estágio, observado na maioria das crianças.
é baseado na ação ou motor, que reflete no tocar, no saborear, no mexer e no
agarrar objeto. É provável que seja usado pelos adolescentes e adultos.
1915 - 2016
12. ...GARDNER...
1943 -
Para GARDNER, não existem habilidades gerais, portanto a inteligência não pode ser
medida por testes.
As crianças têm mentes muito diferentes umas das outras, elas possuem forças e
fraquezas diferentes, e é um erro pensar que existe uma única inteligência em torno da qual
todas as crianças podem ser comparadas.
Existem sete grandes eixos de inteligência: lógico-matemática, linguística, espacial, físico-
cinestésica, interpessoal, intrapessoal, musical, naturalista e existencial.
Todos os indivíduos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas em todas as
inteligências.
A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e
neurobiológicos quanto por condições ambientais.
O conceito de cultura é central na Teoria das Inteligências Múltiplas.
A definição de inteligência como a habilidade para resolver problemas ou criar produtos, que são significativos
em um ou mais ambientes culturais, sugere que alguns talentos somente se desenvolvem porque são valorizados pelo
ambiente.
Para Gardner, cada cultura valoriza certos talentos, que são passados para a geração seguinte.