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Interdisciplinarizando com o Cordel na
sala de aula
Diretoria Regional de Ensino de Gurupi
Professores:
Claudilene dos S. Almeida
Jeremias Raimundo Leal.
 
“A Cultura Popular é um magnífico
tesouro que enobrece a alma do nosso
país, encantando e dando lenitivo aos
nossos corações. Ela abrange um
elenco de manifestações que fazem
parte do cotidiano do povo; um
relicário de valores expressivos que
vão se perpetuando através das
gerações, e alimentando a memória
viva da nação”. (Rubenio Marcelo)
Literatura de Cordel
É assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos,
dependurados em barbantes (cordões), nas feiras, mercados,
praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do
interior e nos subúrbios das grandes cidades.
O povo se refere à Literatura de Cordel apenas como Folheto. A
tradição dessas publicações veio da Europa no séc. XVIII, já era
comum entre os portugueses a expressão Literatura de cego,
por causa da Lei promulgada por Dom João V, em 1789,
permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar
com esse tipo de publicação. Chegou ao Brasil através dos
portugueses na metade do séc. XIX.
O Cordel está presente também em outros países como a Itália,
Espanha, México e Portugal.
Recorde de vendas do Cordel
- Na década de 50 em razão da morte de Getúlio Vargas,
foram impressos e vendidos mais de dois milhões de Folhetos, num
total de 60 títulos.
- Hoje mesmo com os constantes progressos tecnológicos e de
comunicação o Cordel continua presente não só na Região Nordeste,
como também de Norte a Sul do nosso País. Conquistando a
admiração e respeito do público em geral.
- É estudado e pesquisado nos meios acadêmicos, ciclos literários e
até em conferências mundiais.
Temáticas do Cordel
Envolvendo realidade e ficção os temas abordados pelos
cordelistas são diversos:
Política, corrupção, problemas sociais, romance,heroísmo,
valores, biografias, histórias fantásticas, costumes e outros.
Cordelistas de ontem e hoje
Agostino Nunes, Ugolino de Sabugi, Silvino Piruá, José
Duda, Francisco das Chagas, João Martins de Athaíde,
Leandro Gomes e Antônio Gonçalves da Silva, o “Patativa
do Assaré” e outros.
Hoje temos vários cordelistas renomados como Gustavo
Dourado, Sézar Obeid, Arievaldo Viana( recentemente
lançou a obra Acorda Cordel na Sala de Aula)e tantos
outros.
As capas do Cordel
As capas dos Folhetos eram ilustradas com gravuras e
títulos chamativos, somente no processo artesanal da
Xilogravura – resultado da impressão feita com uma
espécie de carimbo talhado numa matriz de madeira –
hoje encontramos também desenhadas ou até mesmo
impressas no computador.
Por que trabalhar o Cordel em sala de aula?
A Literatura de Cordel é uma excelente forma de levar a poesia para a
sala de aula, ela universaliza as informações, pois trabalha com temas
diversificados e transversais; é interdisciplinar por natureza:
-Facilita a leitura e compreensão de textos;
-Desenvolve o senso crítico e a análise reflexiva do aluno;
-Permite uma melhor expressão verbal e escrita;
-Mostra o outro lado da História não contada nos Livros Didáticos;
-Facilita o contato do aluno com a rima e o ritmo poético;
-Leva novas informações para quem não tem acesso direto a meios de
comunicação mais independentes e alternativos;
-Desperta no aluno a criatividade poética e um contato direto com uma
poesia de origem milenar e que se mantém ao longo do tempo, apesar
de todas as intempéries sistemáticas. (Gustavo Dourado)
Base para a elaboração do Cordel
A métrica e a rima
Métrica - Arte Poética que ensina os elementos
necessários à leitura de versos medidos.
Sistema de versificação particular a um poeta.
Contagem das sílabas de um verso.
Verso é a linguagem medida e para medir devemos
juntar as palavras em número prefixado de pés.
Chama-se de pés uma sílaba métrica. O verso
português pode ter de duas a doze sílabas, sendo os
mais comuns de seis, sete, dez e doze sílabas; já na
Literatura de Cordel o número de sílabas mais utilizado
é de sete a nove sílabas.
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(Gonçalves Dias)
Eis como se contam as sílabas:
Mi / nha / ter / ra / tem / pal / mei / ras
1 2 3 4 5 6 7
Não conta à sílaba final “ras” porque o verso acaba
na última sílaba tônica.
As / a / ves / que a / qui / gor / jei / am
1 2 3 4 5 6 7
Não / gor / jei / am / co / mo / lá.
1 2 3 4 5 6
Observação: Vale lembrar que quando a palavra
seguinte de um verso inicia com vogal, dependendo do
caso, pode haver a junção da primeira sílaba com a
segunda.
Rimas consoantes - as sílabas que se conformam inteiramente
no som desde a vogal ou ditongo da sílaba tônica até a última
letra ou fonema; ou melhor, consideramos as palavras que
rimam entre si, as que têm o mesmo som na sua terminação:
Coração e paixão – rima em “ão”;
Casado e coitado – rima em “ado”;
Corte e forte – rima em “orte”.
Observação: Toda rima começa na vogal da sílaba tônica da
palavra e vai até o final.
Rimas toantes - aquelas em que só há identidade de sons nas
vogais. Exemplos:
Fuso – veludo; cálida – lágrima.
No caso do Cordel, faz parte da tradição do gênero o uso de
rimas consoantes.
A forma das estrofes do Cordel
Estrofe - conjunto de versos separados por uma linha
(espaço) em branco.
Quadras – estrofes de quatro versos de sete a nove sílabas,
sendo que o segundo verso rima com o quarto (indicada para
ser trabalhada nas séries iniciais ou com iniciantes no Cordel).
“Não tenho medo do homem
Nem do ronco que ele tem A
Um besouro também ronca
Vou olhar não é ninguém”. A
(Gonçalo Ferreira da Silva)
Sextilhas – estrofes de seis versos, sendo que cada verso
tem de sete a nove sílabas, o segundo verso, o quarto e
sexto rimam entre si; deixando órfãos o primeiro, terceiro e
quinto versos. Exemplo:SOS Brasil, poeta residente em
Aliança.
“O pobre vive sujeito
A muita imposição, A
Sem direito à liberdade,
Morando numa invasão A
Uma vida sem sossego
Chorando a falta do pão”. A
(Chico Poeta)
Setilha– estrofe com sete versos de sete a nove sílabas. O
segundo verso, o quarto e sétimo rimam entre si, e o quinto
verso rima com o sexto. Os outros são livres. Exemplo: O mau
humor do seu Lunga no tempo que era bicheiro.
Vou escrever de seu Lunga
Um fato que se passou A
Que antes ninguém sabia
Mas que alguém me contou A
Que para ganhar dinheiro B
Até mesmo de bicheiro B
Seu Lunga trabalhou. A
(Jotabê)
Oito pés de quadrão ou oitavas – são estrofes de oito versos de
sete sílabas.
Os três primeiros versos rimam entre si; o quarto verso, o quinto e
oitavo rimam entre si, e o sexto verso rima com o sétimo.
(AAABBCCB).
“Eu canto com Zé Limeira A
Rei dos vates do Teixeira A
Nesta noite prazenteira A
Da lua sob o clarão B
Sentindo no coração B
A alegria deste canto C
Por isso é que eu canto tanto C
NOS OITO PÉS A QUADRÃO” B
(José Gonçalves)
As décimas- dez versos de sete sílabas, as mais usadas pelos
repentistas. Excelente para glosar notas, e a modalidade só perde para
as sextilhas; adequadas para narrativas de longo fôlego.
O primeiro verso rima com o quarto e o quinto; o segundo com o
terceiro; o sexto com o sétimo e o décimo e o oitavo com o nono
(ABBAACCDDC).
“As obras da natureza A
são de tanta perfeição, B
que a nossa imaginação B
não pinta tanta grandeza A
para imitar tanta beleza. A
Das nuvens com suas cores, C
Se desmanchando em louvores C
De um manto adamascado, D
O artista, com cuidado, D
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(Ugolino do Sabugi)
“Poesia é dom Divino
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Oficina interdisciplinarizando com o cordel na sala de aula

  • 1. Interdisciplinarizando com o Cordel na sala de aula Diretoria Regional de Ensino de Gurupi Professores: Claudilene dos S. Almeida Jeremias Raimundo Leal.  
  • 2. “A Cultura Popular é um magnífico tesouro que enobrece a alma do nosso país, encantando e dando lenitivo aos nossos corações. Ela abrange um elenco de manifestações que fazem parte do cotidiano do povo; um relicário de valores expressivos que vão se perpetuando através das gerações, e alimentando a memória viva da nação”. (Rubenio Marcelo)
  • 3. Literatura de Cordel É assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos, dependurados em barbantes (cordões), nas feiras, mercados, praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do interior e nos subúrbios das grandes cidades. O povo se refere à Literatura de Cordel apenas como Folheto. A tradição dessas publicações veio da Europa no séc. XVIII, já era comum entre os portugueses a expressão Literatura de cego, por causa da Lei promulgada por Dom João V, em 1789, permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação. Chegou ao Brasil através dos portugueses na metade do séc. XIX. O Cordel está presente também em outros países como a Itália, Espanha, México e Portugal.
  • 4. Recorde de vendas do Cordel - Na década de 50 em razão da morte de Getúlio Vargas, foram impressos e vendidos mais de dois milhões de Folhetos, num total de 60 títulos. - Hoje mesmo com os constantes progressos tecnológicos e de comunicação o Cordel continua presente não só na Região Nordeste, como também de Norte a Sul do nosso País. Conquistando a admiração e respeito do público em geral. - É estudado e pesquisado nos meios acadêmicos, ciclos literários e até em conferências mundiais.
  • 5. Temáticas do Cordel Envolvendo realidade e ficção os temas abordados pelos cordelistas são diversos: Política, corrupção, problemas sociais, romance,heroísmo, valores, biografias, histórias fantásticas, costumes e outros. Cordelistas de ontem e hoje Agostino Nunes, Ugolino de Sabugi, Silvino Piruá, José Duda, Francisco das Chagas, João Martins de Athaíde, Leandro Gomes e Antônio Gonçalves da Silva, o “Patativa do Assaré” e outros. Hoje temos vários cordelistas renomados como Gustavo Dourado, Sézar Obeid, Arievaldo Viana( recentemente lançou a obra Acorda Cordel na Sala de Aula)e tantos outros.
  • 6. As capas do Cordel As capas dos Folhetos eram ilustradas com gravuras e títulos chamativos, somente no processo artesanal da Xilogravura – resultado da impressão feita com uma espécie de carimbo talhado numa matriz de madeira – hoje encontramos também desenhadas ou até mesmo impressas no computador.
  • 7. Por que trabalhar o Cordel em sala de aula? A Literatura de Cordel é uma excelente forma de levar a poesia para a sala de aula, ela universaliza as informações, pois trabalha com temas diversificados e transversais; é interdisciplinar por natureza: -Facilita a leitura e compreensão de textos; -Desenvolve o senso crítico e a análise reflexiva do aluno; -Permite uma melhor expressão verbal e escrita; -Mostra o outro lado da História não contada nos Livros Didáticos; -Facilita o contato do aluno com a rima e o ritmo poético; -Leva novas informações para quem não tem acesso direto a meios de comunicação mais independentes e alternativos; -Desperta no aluno a criatividade poética e um contato direto com uma poesia de origem milenar e que se mantém ao longo do tempo, apesar de todas as intempéries sistemáticas. (Gustavo Dourado)
  • 8. Base para a elaboração do Cordel A métrica e a rima Métrica - Arte Poética que ensina os elementos necessários à leitura de versos medidos. Sistema de versificação particular a um poeta. Contagem das sílabas de um verso. Verso é a linguagem medida e para medir devemos juntar as palavras em número prefixado de pés. Chama-se de pés uma sílaba métrica. O verso português pode ter de duas a doze sílabas, sendo os mais comuns de seis, sete, dez e doze sílabas; já na Literatura de Cordel o número de sílabas mais utilizado é de sete a nove sílabas.
  • 9. Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias) Eis como se contam as sílabas: Mi / nha / ter / ra / tem / pal / mei / ras 1 2 3 4 5 6 7 Não conta à sílaba final “ras” porque o verso acaba na última sílaba tônica.
  • 10. As / a / ves / que a / qui / gor / jei / am 1 2 3 4 5 6 7 Não / gor / jei / am / co / mo / lá. 1 2 3 4 5 6 Observação: Vale lembrar que quando a palavra seguinte de um verso inicia com vogal, dependendo do caso, pode haver a junção da primeira sílaba com a segunda.
  • 11. Rimas consoantes - as sílabas que se conformam inteiramente no som desde a vogal ou ditongo da sílaba tônica até a última letra ou fonema; ou melhor, consideramos as palavras que rimam entre si, as que têm o mesmo som na sua terminação: Coração e paixão – rima em “ão”; Casado e coitado – rima em “ado”; Corte e forte – rima em “orte”. Observação: Toda rima começa na vogal da sílaba tônica da palavra e vai até o final. Rimas toantes - aquelas em que só há identidade de sons nas vogais. Exemplos: Fuso – veludo; cálida – lágrima. No caso do Cordel, faz parte da tradição do gênero o uso de rimas consoantes.
  • 12. A forma das estrofes do Cordel Estrofe - conjunto de versos separados por uma linha (espaço) em branco. Quadras – estrofes de quatro versos de sete a nove sílabas, sendo que o segundo verso rima com o quarto (indicada para ser trabalhada nas séries iniciais ou com iniciantes no Cordel). “Não tenho medo do homem Nem do ronco que ele tem A Um besouro também ronca Vou olhar não é ninguém”. A (Gonçalo Ferreira da Silva)
  • 13. Sextilhas – estrofes de seis versos, sendo que cada verso tem de sete a nove sílabas, o segundo verso, o quarto e sexto rimam entre si; deixando órfãos o primeiro, terceiro e quinto versos. Exemplo:SOS Brasil, poeta residente em Aliança. “O pobre vive sujeito A muita imposição, A Sem direito à liberdade, Morando numa invasão A Uma vida sem sossego Chorando a falta do pão”. A (Chico Poeta)
  • 14. Setilha– estrofe com sete versos de sete a nove sílabas. O segundo verso, o quarto e sétimo rimam entre si, e o quinto verso rima com o sexto. Os outros são livres. Exemplo: O mau humor do seu Lunga no tempo que era bicheiro. Vou escrever de seu Lunga Um fato que se passou A Que antes ninguém sabia Mas que alguém me contou A Que para ganhar dinheiro B Até mesmo de bicheiro B Seu Lunga trabalhou. A (Jotabê)
  • 15. Oito pés de quadrão ou oitavas – são estrofes de oito versos de sete sílabas. Os três primeiros versos rimam entre si; o quarto verso, o quinto e oitavo rimam entre si, e o sexto verso rima com o sétimo. (AAABBCCB). “Eu canto com Zé Limeira A Rei dos vates do Teixeira A Nesta noite prazenteira A Da lua sob o clarão B Sentindo no coração B A alegria deste canto C Por isso é que eu canto tanto C NOS OITO PÉS A QUADRÃO” B (José Gonçalves)
  • 16. As décimas- dez versos de sete sílabas, as mais usadas pelos repentistas. Excelente para glosar notas, e a modalidade só perde para as sextilhas; adequadas para narrativas de longo fôlego. O primeiro verso rima com o quarto e o quinto; o segundo com o terceiro; o sexto com o sétimo e o décimo e o oitavo com o nono (ABBAACCDDC). “As obras da natureza A são de tanta perfeição, B que a nossa imaginação B não pinta tanta grandeza A para imitar tanta beleza. A Das nuvens com suas cores, C Se desmanchando em louvores C De um manto adamascado, D O artista, com cuidado, D Da arte, aplica os primores”. C (Ugolino do Sabugi)
  • 17. “Poesia é dom Divino E ninguém pode tirar Que o poeta canta o mar Que a poesia é um hino Todos têm o seu destino Desta musa divagar Pra corrente não parar Diga o pensamento meu Quem foi poeta não morre E quem não é, já morreu”. (A. P.)