SlideShare una empresa de Scribd logo
1 de 23
C.E. Prof.ª MARIA LUIZA RODRIGUES DE SOUSA
Anexo I, Povoado Cassimiro, Bom Jardim – MA.
3° Ano, !ª Aula do 3º Período – Não presencial, 2020
Pré-Modernismo
no Brasil
Prof. José Arnaldo da Silva
Licenciado em Letras
LínguaPortuguesa
Líteratura
Psicologia de um vencido
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos
Pré-Modernismo no Brasil
• O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação literária que
marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernismo. Caracteriza-se pelas
produções desde 1902 (início século XX) até a Semana de Arte Moderna, em
1922.
• Para muitos estudiosos, esse período não deve ser considerado uma escola
literária, uma vez que apresenta inúmeras produções artísticas e literárias
distintas.
• O Pré-Modernismo reúne características das escolas literárias do século XIX,
como o Simbolismo, o Realismo e o Parnasianismo, ficando conhecido como
um período sincrético, já que tinha a flexibilidade de transitar entre vários
estilos e escolas, e não ficar preso a um único pensamento.
• Em sua obra “História Concisa da Literatura Brasileira”, o crítico literário Alfredo
Bosi afirma que é possível chamar pré-modernista tudo o que, nas primeiras
décadas do século XX, problematiza a realidade social e cultural.
Características
• A denúncia e a investigação sobre a realidade da população
brasileira da época;
• A capacidade de aproximar as obras literárias da população,
por mostrar a sua realidade;
• Personagens como o caipira da roça, o sertanejo, o caboclo,
passaram a fazer parte das histórias que são contadas;
• Aconteceu uma ruptura com a maneira formal e rebuscada de
escrita do Arcadismo, com textos claros e objetivos;
• O sincretismo estético foi uma marca do período, que
conseguia utilizar características de outras escolas;
• Aconteceu a valorização da cultura popular brasileira, com o
regionalismo implantado nas obras.
Contexto histórico do Pré-Modernismo no Brasil
• No início do século XX, o Brasil vivia uma intensa
transformação política com a consolidação do regime
republicano. A esperança de um Brasil moderno – com
condições sociais mais justas, de igualdade perante à
lei e a participação política popular – foi frustrada.
Surgiram vários conflitos sociais, de contestação e
reprovação das novas políticas republicanas, como a
Guerra de Canudos, a Revolta da Vacina, a Revolta da
Chibata e a Greve dos operários em São Paulo.
GuerradeCanudos,em1896-1897GuerradeCanudos,em1896-1897
GuerradeCanudos,em1896-1897FotodeFláviodeBarros–sobreviventesda
GuerradeCanudos,em1897
RevoltadaVacina,em1904RevoltadaVacina,em1904
RevoltadaChibata,em1910
Revolta da Chibata, em 1910
GrevedosoperáriosemSãoPaulo,1917
Principais autores do Pré-Modernismo no Brasil
• Na poesia, o principal representante do Pré-Modernismo no Brasil é
Augusto dos Anjos, com Eu e outros poemas (1912), poemas que
desafiam classificações rígidas e inserem em nosso contexto cultural
algumas características universalmente modernas.
• Na prosa, destacam-se quatro escritores: Euclides da Cunha, com Os
sertões (1902); Graça Aranha, com Canaã (1902); Lima Barreto, com
Triste fim de Policarpo Quaresma (1915); e Monteiro Lobato, com
Urupês (1918), que se debruçaram sobre a realidade do país,
produzindo obras críticas e questionadoras.
• Com abordagens e estilos próprios, específicos, tal poeta e prosadores
se aproximam por anunciarem a grande temática que ocupará nossa
primeira geração modernista: a redescoberta dos valores brasileiros,
expressa por um nacionalismo que muitas vezes retoma a vertente
regionalista da literatura brasileira de modo crítico, polêmico,
problematizador.
Augusto dos Anjos (1884-1914)
• Nascido na Paraíba, Augusto dos Anjos é um
dos principais poetas da literatura brasileira.
Sua poesia tem a peculiaridade de
apresentar traços típicos do simbolismo e do
cientificismo naturalista, inovação que faz
com que seja situado como um poeta pré-
modernista.
• Escreveu uma única obra, o livro de poemas
Eu, publicado em 1912. Os poemas que
constituem esse livro têm como
característica principal o uso de uma
linguagem tida como antilírica, marcada por
expressões como “escarro”, “verme”, “larva”
etc.
Capadolivro“Eueoutrospoemas”
Versos íntimos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Euclides da Cunha (1866-1909)
• Euclides da Cunha foi escritor, poeta,
ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo,
geógrafo, poeta e engenheiro. Ocupou a
cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras
de 1903 a 1906.
• Como jornalista, foi convidado para cobrir
a Guerra de Canudos. A Guerra de
Canudos (1896 – 1897) foi um movimento
popular de cunho religioso, na Bahia, que
inspirou um dos mais importantes livros
desse período: “Os Sertões”.
Os Sertões (trecho)
O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo
dos mestiços neurastênicos do litoral.
A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário.
Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das
organizações atléticas.
É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no
aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase
gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-
o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um
caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se
invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se
sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre
um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo
a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num
bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros
das trilhas sertanejas. (...)
É o homem permanentemente fatigado.
Graça Aranha (1868-1931)
• Graça Aranha foi um escritor e diplomata maranhense.
Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. É
situado como um escritor pré-modernista, pois nessa
obra expressa tendências naturalistas e simbolistas, que,
somadas, resultaram em uma literatura singular, a qual
apontava indícios do que viria a ser problematizado com
mais ênfase no século XX e início do século XXI: a
questão racial.
• Em sua obra Canaã, narra-se o enredo em torno de dois
imigrantes alemães no estado do Espírito Santo. Um
desses personagens, de nome Milkau, assume uma
postura favorável à miscigenação entre os alemães e
outros povos, ao passo que o outro personagem,
chamado Lentz, mostra-se contrário a esse processo,
que, segundo sua ótica, resultaria no enfraquecimento
da raça ariana.
Canaã (trecho)
– As raças civilizam-se pela fusão; é no encontro das raças
adiantadas com as raças virgens, selvagens, que está o repouso
conservador, o milagre do rejuvenescimento da civilização. O papel
dos povos superiores é o instintivo impulso do desdobramento da
cultura, transfundindo de corpo a corpo o produto dessa fusão que,
passada a treva da gestação, leva mais longe o capital acumulado nas
infinitas gerações. Foi assim que a Gália se tornou França e a
Germânia, Alemanha.
– Não acredito que da fusão com espécies radicalmente incapazes
resulte uma raça sobre que se possa desenvolver a civilização. Será
sempre uma cultura inferior, civilização de mulatos, eternos escravos
em revoltas e quedas. Enquanto não se eliminar a raça que é o
produto de tal fusão, a civilização será sempre um misterioso artifício,
todos os minutos rotos pelo sensualismo, pela bestialidade e pelo
servilismo inato do negro. O problema social para o progresso de uma
região como o Brasil está na substituição de uma raça híbrida, como a
dos mulatos, por europeus. A imigração não é simplesmente para o
futuro da região do País um caso de simples estética, é antes de tudo
uma questão complexa, que interessa o futuro humano.Capa do livro “Canaã”
Monteiro Lobato (1882-1948)
• Monteiro Lobato foi escritor, editor,
ensaísta e tradutor brasileiro. É
considerado um dos escritores mais
influentes do século XX e ficou muito
conhecido por suas obras infantis de
caráter educativo, como por exemplo, a
série de livros do Sítio do Picapau
Amarelo.
• Sua contribuição para o período pré-
modernista se fez em várias obras, entre
elas “Cidades Mortas”, na qual denunciou
o cotidiano das cidades cafeeiras de São
Paulo, a decadência econômica e o
comportamento das pessoas.
Urupês (trecho)
Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta estrouvinhado à crise duma mudança
de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se de novo.
Pelo 13 de Maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da
enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, ‘magina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo.
A 15 de Novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado da
mudança. O caboclo não dá pela coisa.
Vem Floriano; estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitátus derranca o
país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar…
Nada o esperta. Nenhuma ferrotoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida,
Jeca, antes de agir, acocora-se.
Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem todas as
características da espécie.
Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro movimento após prender entre os lábios a palha
de milho, sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d’esguicho, é sentar-se jeitosamente sobre os
calcanhares. Só então destrava a língua e a inteligência.
– “Não vê que…
De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa.
De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao fogo para “aquentá-lo”, imitado da mulher e da prole.
Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será
desastre infalível. Há de ser de cócoras.
Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que
vigia os cachinhos de brejaúva ou o feixe de três palmitos.
Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
Lima Barreto (1881-1922)
• Lima Barreto foi escritor e jornalista. Foi
um grande crítico do ufanismo e do
positivismo em suas obras, nas quais
fazia críticas às mazelas sociais. Boa
parte de suas obras foram descobertas e
publicadas após sua morte.
• Sua principal obra foi “Triste Fim de
Policarpo Quaresma”, escrito em tom
coloquial. O livro narra a história de um
funcionário público, Policarpo Quaresma,
que em uma de suas ações reconhece o
tupi como idioma principal do Brasil em
sinal de valorização da cultura brasileira.
Triste fim de Policarpo Quaresma (trecho)
O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta de cultivo, a pobreza
das casas, o ar triste, abatido da gente pobre. Educada na cidade, ela tinha dos roceiros ideia
de que eram felizes, saudáveis e alegres. Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas
não eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapê sinistro e aquele "sopapo"
que deixava ver a trama de varas, como o esqueleto de um doente. Por que, ao redor dessas
casas, não havia culturas, uma horta, um pomar? Não seria tão fácil, trabalho de horas? E
não havia gado, nem grande nem pequeno. Era raro uma cabra, um carneiro. Por quê?
Mesmo nas fazendas, o espetáculo não era mais animador. Todas soturnas, baixas, quase
sem o pomar olente e a horta suculenta. A não ser o café e um milharal, aqui e ali, ela não
pôde ver outra lavoura, outra indústria agrícola. Não podia ser preguiça só ou indolência.
Para o seu gasto, para uso próprio, o homem tem sempre energia para trabalhar. As
populações mais acusadas de preguiça, trabalham relativamente. Na África, na Índia, na
Cochinchina, em toda parte, os casais, as famílias, as tribos, plantam um pouco, algumas
coisas para eles. Seria a terra?
Que seria? E todas essas questões desafiavam a sua curiosidade, o seu desejo de saber,
e também a sua piedade e simpatia por aqueles párias, maltrapilhos, mal alojados, talvez
com fome, sorumbáticos!...
Capa do livro “Os Sertões” Capa do livro “Urupês” Capa do livro “Triste fim de
Policarpo Quaresma
Os Sertões

Más contenido relacionado

La actualidad más candente

A semana de arte moderna (1922) apresentação
A semana de arte moderna (1922) apresentaçãoA semana de arte moderna (1922) apresentação
A semana de arte moderna (1922) apresentação
Zenia Ferreira
 
Literatura - Barroco
Literatura - BarrocoLiteratura - Barroco
Literatura - Barroco
CrisBiagio
 
A prova de linguagens do enem
A prova de linguagens do enemA prova de linguagens do enem
A prova de linguagens do enem
ma.no.el.ne.ves
 
Pré modernismo-slides
Pré modernismo-slidesPré modernismo-slides
Pré modernismo-slides
Zenia Ferreira
 

La actualidad más candente (20)

O que é Literatura?
O que é Literatura?O que é Literatura?
O que é Literatura?
 
Realismo, Naturalismo, Impressionismo, Parnasianismo, Simbolismo
Realismo, Naturalismo, Impressionismo, Parnasianismo, SimbolismoRealismo, Naturalismo, Impressionismo, Parnasianismo, Simbolismo
Realismo, Naturalismo, Impressionismo, Parnasianismo, Simbolismo
 
Naturalismo
NaturalismoNaturalismo
Naturalismo
 
Romantismo no Brasil
Romantismo no BrasilRomantismo no Brasil
Romantismo no Brasil
 
O pré modernismo
O pré modernismoO pré modernismo
O pré modernismo
 
O barroco
O barrocoO barroco
O barroco
 
A semana de arte moderna (1922) apresentação
A semana de arte moderna (1922) apresentaçãoA semana de arte moderna (1922) apresentação
A semana de arte moderna (1922) apresentação
 
Literatura brasileira
Literatura brasileiraLiteratura brasileira
Literatura brasileira
 
Literatura brasileira resumo
Literatura brasileira resumoLiteratura brasileira resumo
Literatura brasileira resumo
 
Roteiro trabalho pre modernismo 1
Roteiro trabalho pre modernismo 1Roteiro trabalho pre modernismo 1
Roteiro trabalho pre modernismo 1
 
Funções da linguagem
Funções da linguagemFunções da linguagem
Funções da linguagem
 
Realismo no brasil
Realismo no brasilRealismo no brasil
Realismo no brasil
 
Semana de arte moderna
Semana de arte modernaSemana de arte moderna
Semana de arte moderna
 
Machado de Assis
Machado de AssisMachado de Assis
Machado de Assis
 
Literatura - Barroco
Literatura - BarrocoLiteratura - Barroco
Literatura - Barroco
 
A prova de linguagens do enem
A prova de linguagens do enemA prova de linguagens do enem
A prova de linguagens do enem
 
Passos para a redação do enem
Passos para a redação do enemPassos para a redação do enem
Passos para a redação do enem
 
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
Literaturas Africanas de Língua PortuguesaLiteraturas Africanas de Língua Portuguesa
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
 
Pré modernismo-slides
Pré modernismo-slidesPré modernismo-slides
Pré modernismo-slides
 
Literatura - Humanismo e o Teatro de Gil vicente
Literatura - Humanismo e o Teatro de Gil vicenteLiteratura - Humanismo e o Teatro de Gil vicente
Literatura - Humanismo e o Teatro de Gil vicente
 

Similar a Pre modernismo-no-brasil

Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
professorakarin2013
 
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
William Marques
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
terceirob
 
Pré modernismo walbea
Pré   modernismo walbeaPré   modernismo walbea
Pré modernismo walbea
Miuria Goes
 
Portugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºC
Portugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºCPortugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºC
Portugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºC
liceuterceiroc
 

Similar a Pre modernismo-no-brasil (20)

Aula 19 pré - modernismo - brasil
Aula 19   pré - modernismo - brasilAula 19   pré - modernismo - brasil
Aula 19 pré - modernismo - brasil
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
 
Pré-Modernismo
Pré-ModernismoPré-Modernismo
Pré-Modernismo
 
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
3373962 literatura-aula-19-pre modernismo-brasil
 
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
[SLIDES] Aula 19 - Pré-modernismo.pptx
 
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
|Introdução ao PRE-MODERNISMO - apresentação
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pré-modernismo
Pré-modernismoPré-modernismo
Pré-modernismo
 
Apostila pré modernismo
Apostila pré modernismoApostila pré modernismo
Apostila pré modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
modernismo-2a-fase-30-a-45.pptx
modernismo-2a-fase-30-a-45.pptxmodernismo-2a-fase-30-a-45.pptx
modernismo-2a-fase-30-a-45.pptx
 
modernismo-2a-fase-30-a-45.pptx
modernismo-2a-fase-30-a-45.pptxmodernismo-2a-fase-30-a-45.pptx
modernismo-2a-fase-30-a-45.pptx
 
Pré modernismo walbea
Pré   modernismo walbeaPré   modernismo walbea
Pré modernismo walbea
 
Pre modernismo
Pre modernismoPre modernismo
Pre modernismo
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Segunda fase-modernismo
Segunda fase-modernismoSegunda fase-modernismo
Segunda fase-modernismo
 
Portugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºC
Portugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºCPortugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºC
Portugues - PRÉ-MODERNISMO. LICEU CUIABANO 3ºC
 

Más de Jose Arnaldo Silva

Apostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Apostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literaturaApostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Apostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Jose Arnaldo Silva
 

Más de Jose Arnaldo Silva (20)

Semana de-arte-moderma
Semana de-arte-modermaSemana de-arte-moderma
Semana de-arte-moderma
 
Romantismo em-portugal-e-no-brasil
Romantismo em-portugal-e-no-brasilRomantismo em-portugal-e-no-brasil
Romantismo em-portugal-e-no-brasil
 
Projeto de pesquisa de mestrado
Projeto de pesquisa de mestradoProjeto de pesquisa de mestrado
Projeto de pesquisa de mestrado
 
Pressupostos e-subentendidos
Pressupostos e-subentendidosPressupostos e-subentendidos
Pressupostos e-subentendidos
 
Marketing estrategico-e-operacional-de-instituicoes-de-ensino
Marketing estrategico-e-operacional-de-instituicoes-de-ensinoMarketing estrategico-e-operacional-de-instituicoes-de-ensino
Marketing estrategico-e-operacional-de-instituicoes-de-ensino
 
Funcoes da-linguagem
Funcoes da-linguagemFuncoes da-linguagem
Funcoes da-linguagem
 
Figuras de-construcao
Figuras de-construcaoFiguras de-construcao
Figuras de-construcao
 
O realismo e o naturalismo em portugal e no brasil
O realismo e o naturalismo em portugal e no brasilO realismo e o naturalismo em portugal e no brasil
O realismo e o naturalismo em portugal e no brasil
 
O valente soldadinho de chumbo
O valente soldadinho de chumboO valente soldadinho de chumbo
O valente soldadinho de chumbo
 
Atividades - Estudo de caso: Seleção de um executivo
Atividades - Estudo de caso: Seleção de um executivo Atividades - Estudo de caso: Seleção de um executivo
Atividades - Estudo de caso: Seleção de um executivo
 
Atividades - Estudo de caso: Diálogo de atenas
Atividades - Estudo de caso: Diálogo de atenasAtividades - Estudo de caso: Diálogo de atenas
Atividades - Estudo de caso: Diálogo de atenas
 
Atividades - Estudo de caso: Afinal, quem manda aqui?
Atividades - Estudo de caso: Afinal, quem manda aqui?Atividades - Estudo de caso: Afinal, quem manda aqui?
Atividades - Estudo de caso: Afinal, quem manda aqui?
 
Figuras de linguagem
Figuras de linguagem Figuras de linguagem
Figuras de linguagem
 
O Humanismo
O Humanismo O Humanismo
O Humanismo
 
O Trovadorismo
O Trovadorismo O Trovadorismo
O Trovadorismo
 
Venha ver o pôr do sol - Lygia fagundes telles
Venha ver o pôr do sol  - Lygia fagundes tellesVenha ver o pôr do sol  - Lygia fagundes telles
Venha ver o pôr do sol - Lygia fagundes telles
 
Língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Língua portuguesa com ênfase em gramática e literaturaLíngua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
 
Apostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Apostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literaturaApostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
Apostila de língua portuguesa com ênfase em gramática e literatura
 
Psicologia da educação
Psicologia da educaçãoPsicologia da educação
Psicologia da educação
 
Redação e comunicação linguística
Redação e comunicação linguísticaRedação e comunicação linguística
Redação e comunicação linguística
 

Último

A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
PatriciaCaetano18
 
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfRepública Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
LidianeLill2
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
azulassessoria9
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
azulassessoria9
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
azulassessoria9
 

Último (20)

Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM  POLÍGON...
Polígonos, Diagonais de um Polígono, SOMA DOS ANGULOS INTERNOS DE UM POLÍGON...
 
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
 
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdfMissa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
Missa catequese para o dia da mãe 2025.pdf
 
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa paraINTERTEXTUALIDADE   atividade muito boa para
INTERTEXTUALIDADE atividade muito boa para
 
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdfRepública Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
República Velha (República da Espada e Oligárquica)-Sala de Aula.pdf
 
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
AULÃO de Língua Portuguesa para o Saepe 2022
 
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmicoPesquisa Ação René Barbier Livro  acadêmico
Pesquisa Ação René Barbier Livro acadêmico
 
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptxtensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
tensoes-etnicas-na-europa-template-1.pptx
 
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
Tema de redação - As dificuldades para barrar o casamento infantil no Brasil ...
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
Aprender as diferentes formas de classificar as habilidades motoras é de extr...
 
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João EudesNovena de Pentecostes com textos de São João Eudes
Novena de Pentecostes com textos de São João Eudes
 
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
Considerando as pesquisas de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013) os bebês até an...
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptxM0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
M0 Atendimento – Definição, Importância .pptx
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 2 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
Sopa de letras | Dia da Europa 2024 (nível 2)
 

Pre modernismo-no-brasil

  • 1. C.E. Prof.ª MARIA LUIZA RODRIGUES DE SOUSA Anexo I, Povoado Cassimiro, Bom Jardim – MA. 3° Ano, !ª Aula do 3º Período – Não presencial, 2020 Pré-Modernismo no Brasil Prof. José Arnaldo da Silva Licenciado em Letras LínguaPortuguesa Líteratura
  • 2. Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênese da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme – este operário das ruínas – Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! Augusto dos Anjos
  • 3. Pré-Modernismo no Brasil • O Pré-Modernismo foi um período de intensa movimentação literária que marcou a transição entre o Simbolismo e o Modernismo. Caracteriza-se pelas produções desde 1902 (início século XX) até a Semana de Arte Moderna, em 1922. • Para muitos estudiosos, esse período não deve ser considerado uma escola literária, uma vez que apresenta inúmeras produções artísticas e literárias distintas. • O Pré-Modernismo reúne características das escolas literárias do século XIX, como o Simbolismo, o Realismo e o Parnasianismo, ficando conhecido como um período sincrético, já que tinha a flexibilidade de transitar entre vários estilos e escolas, e não ficar preso a um único pensamento. • Em sua obra “História Concisa da Literatura Brasileira”, o crítico literário Alfredo Bosi afirma que é possível chamar pré-modernista tudo o que, nas primeiras décadas do século XX, problematiza a realidade social e cultural.
  • 4. Características • A denúncia e a investigação sobre a realidade da população brasileira da época; • A capacidade de aproximar as obras literárias da população, por mostrar a sua realidade; • Personagens como o caipira da roça, o sertanejo, o caboclo, passaram a fazer parte das histórias que são contadas; • Aconteceu uma ruptura com a maneira formal e rebuscada de escrita do Arcadismo, com textos claros e objetivos; • O sincretismo estético foi uma marca do período, que conseguia utilizar características de outras escolas; • Aconteceu a valorização da cultura popular brasileira, com o regionalismo implantado nas obras.
  • 5. Contexto histórico do Pré-Modernismo no Brasil • No início do século XX, o Brasil vivia uma intensa transformação política com a consolidação do regime republicano. A esperança de um Brasil moderno – com condições sociais mais justas, de igualdade perante à lei e a participação política popular – foi frustrada. Surgiram vários conflitos sociais, de contestação e reprovação das novas políticas republicanas, como a Guerra de Canudos, a Revolta da Vacina, a Revolta da Chibata e a Greve dos operários em São Paulo.
  • 10. Revolta da Chibata, em 1910 GrevedosoperáriosemSãoPaulo,1917
  • 11. Principais autores do Pré-Modernismo no Brasil • Na poesia, o principal representante do Pré-Modernismo no Brasil é Augusto dos Anjos, com Eu e outros poemas (1912), poemas que desafiam classificações rígidas e inserem em nosso contexto cultural algumas características universalmente modernas. • Na prosa, destacam-se quatro escritores: Euclides da Cunha, com Os sertões (1902); Graça Aranha, com Canaã (1902); Lima Barreto, com Triste fim de Policarpo Quaresma (1915); e Monteiro Lobato, com Urupês (1918), que se debruçaram sobre a realidade do país, produzindo obras críticas e questionadoras. • Com abordagens e estilos próprios, específicos, tal poeta e prosadores se aproximam por anunciarem a grande temática que ocupará nossa primeira geração modernista: a redescoberta dos valores brasileiros, expressa por um nacionalismo que muitas vezes retoma a vertente regionalista da literatura brasileira de modo crítico, polêmico, problematizador.
  • 12. Augusto dos Anjos (1884-1914) • Nascido na Paraíba, Augusto dos Anjos é um dos principais poetas da literatura brasileira. Sua poesia tem a peculiaridade de apresentar traços típicos do simbolismo e do cientificismo naturalista, inovação que faz com que seja situado como um poeta pré- modernista. • Escreveu uma única obra, o livro de poemas Eu, publicado em 1912. Os poemas que constituem esse livro têm como característica principal o uso de uma linguagem tida como antilírica, marcada por expressões como “escarro”, “verme”, “larva” etc.
  • 13. Capadolivro“Eueoutrospoemas” Versos íntimos Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão – esta pantera – Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te a lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija!
  • 14. Euclides da Cunha (1866-1909) • Euclides da Cunha foi escritor, poeta, ensaísta, jornalista, historiador, sociólogo, geógrafo, poeta e engenheiro. Ocupou a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras de 1903 a 1906. • Como jornalista, foi convidado para cobrir a Guerra de Canudos. A Guerra de Canudos (1896 – 1897) foi um movimento popular de cunho religioso, na Bahia, que inspirou um dos mais importantes livros desse período: “Os Sertões”.
  • 15. Os Sertões (trecho) O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas. É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava- o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra; a cavalo, se sofreia o animal para trocar duas palavras com um conhecido, cai logo sobre um dos estribos, descansando sobre a espenda da sela. Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. (...) É o homem permanentemente fatigado.
  • 16. Graça Aranha (1868-1931) • Graça Aranha foi um escritor e diplomata maranhense. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. É situado como um escritor pré-modernista, pois nessa obra expressa tendências naturalistas e simbolistas, que, somadas, resultaram em uma literatura singular, a qual apontava indícios do que viria a ser problematizado com mais ênfase no século XX e início do século XXI: a questão racial. • Em sua obra Canaã, narra-se o enredo em torno de dois imigrantes alemães no estado do Espírito Santo. Um desses personagens, de nome Milkau, assume uma postura favorável à miscigenação entre os alemães e outros povos, ao passo que o outro personagem, chamado Lentz, mostra-se contrário a esse processo, que, segundo sua ótica, resultaria no enfraquecimento da raça ariana.
  • 17. Canaã (trecho) – As raças civilizam-se pela fusão; é no encontro das raças adiantadas com as raças virgens, selvagens, que está o repouso conservador, o milagre do rejuvenescimento da civilização. O papel dos povos superiores é o instintivo impulso do desdobramento da cultura, transfundindo de corpo a corpo o produto dessa fusão que, passada a treva da gestação, leva mais longe o capital acumulado nas infinitas gerações. Foi assim que a Gália se tornou França e a Germânia, Alemanha. – Não acredito que da fusão com espécies radicalmente incapazes resulte uma raça sobre que se possa desenvolver a civilização. Será sempre uma cultura inferior, civilização de mulatos, eternos escravos em revoltas e quedas. Enquanto não se eliminar a raça que é o produto de tal fusão, a civilização será sempre um misterioso artifício, todos os minutos rotos pelo sensualismo, pela bestialidade e pelo servilismo inato do negro. O problema social para o progresso de uma região como o Brasil está na substituição de uma raça híbrida, como a dos mulatos, por europeus. A imigração não é simplesmente para o futuro da região do País um caso de simples estética, é antes de tudo uma questão complexa, que interessa o futuro humano.Capa do livro “Canaã”
  • 18. Monteiro Lobato (1882-1948) • Monteiro Lobato foi escritor, editor, ensaísta e tradutor brasileiro. É considerado um dos escritores mais influentes do século XX e ficou muito conhecido por suas obras infantis de caráter educativo, como por exemplo, a série de livros do Sítio do Picapau Amarelo. • Sua contribuição para o período pré- modernista se fez em várias obras, entre elas “Cidades Mortas”, na qual denunciou o cotidiano das cidades cafeeiras de São Paulo, a decadência econômica e o comportamento das pessoas.
  • 19. Urupês (trecho) Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o país desperta estrouvinhado à crise duma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se de novo. Pelo 13 de Maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, ‘magina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo. A 15 de Novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado da mudança. O caboclo não dá pela coisa. Vem Floriano; estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitátus derranca o país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar… Nada o esperta. Nenhuma ferrotoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca, antes de agir, acocora-se. Jeca Tatu é um piraquara do Paraíba, maravilhoso epítome de carne onde se resumem todas as características da espécie. Ei-lo que vem falar ao patrão. Entrou, saudou. Seu primeiro movimento após prender entre os lábios a palha de milho, sacar o rolete de fumo e disparar a cusparada d’esguicho, é sentar-se jeitosamente sobre os calcanhares. Só então destrava a língua e a inteligência. – “Não vê que… De pé ou sentado as ideias se lhe entramam, a língua emperra e não há de dizer coisa com coisa. De noite, na choça de palha, acocora-se em frente ao fogo para “aquentá-lo”, imitado da mulher e da prole. Para comer, negociar uma barganha, ingerir um café, tostar um cabo de foice, fazê-lo noutra posição será desastre infalível. Há de ser de cócoras. Nos mercados, para onde leva a quitanda domingueira, é de cócoras, como um faquir do Bramaputra, que vigia os cachinhos de brejaúva ou o feixe de três palmitos. Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
  • 20. Lima Barreto (1881-1922) • Lima Barreto foi escritor e jornalista. Foi um grande crítico do ufanismo e do positivismo em suas obras, nas quais fazia críticas às mazelas sociais. Boa parte de suas obras foram descobertas e publicadas após sua morte. • Sua principal obra foi “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, escrito em tom coloquial. O livro narra a história de um funcionário público, Policarpo Quaresma, que em uma de suas ações reconhece o tupi como idioma principal do Brasil em sinal de valorização da cultura brasileira.
  • 21. Triste fim de Policarpo Quaresma (trecho) O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente pobre. Educada na cidade, ela tinha dos roceiros ideia de que eram felizes, saudáveis e alegres. Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas não eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapê sinistro e aquele "sopapo" que deixava ver a trama de varas, como o esqueleto de um doente. Por que, ao redor dessas casas, não havia culturas, uma horta, um pomar? Não seria tão fácil, trabalho de horas? E não havia gado, nem grande nem pequeno. Era raro uma cabra, um carneiro. Por quê? Mesmo nas fazendas, o espetáculo não era mais animador. Todas soturnas, baixas, quase sem o pomar olente e a horta suculenta. A não ser o café e um milharal, aqui e ali, ela não pôde ver outra lavoura, outra indústria agrícola. Não podia ser preguiça só ou indolência. Para o seu gasto, para uso próprio, o homem tem sempre energia para trabalhar. As populações mais acusadas de preguiça, trabalham relativamente. Na África, na Índia, na Cochinchina, em toda parte, os casais, as famílias, as tribos, plantam um pouco, algumas coisas para eles. Seria a terra? Que seria? E todas essas questões desafiavam a sua curiosidade, o seu desejo de saber, e também a sua piedade e simpatia por aqueles párias, maltrapilhos, mal alojados, talvez com fome, sorumbáticos!...
  • 22. Capa do livro “Os Sertões” Capa do livro “Urupês” Capa do livro “Triste fim de Policarpo Quaresma