O documento descreve as principais características da membrana plasmática das células. A membrana é formada por duas camadas de lipídios e proteínas que envolvem a célula e permitem o transporte seletivo de substâncias. As proteínas da membrana também são responsáveis pela comunicação entre células.
A membrana celular: a pele que protege e permite a vida
1. Biologia
A "pele" que envolve a célula
Mariana Aprile*
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação
As células possuem uma "pele" bem fininha que as envolve, protege de fatores externos e lhes
dá individualidade. É a membrana plasmática. Também conhecida como plasmalema, ela
possibilita haver uma composição química dentro da célula e outra, diferente, do lado de fora.
Isso é fundamental para a realização de diversas funções no organismo.
A membrana também participa dos processos de reconhecimento e comunicação entre as células
e permite a captação de sinais do chamado ambiente ou meio extracelular.
Imersas em líquido
O corpo humano é constituído por cerca de 70% de água. As células ficam imersas em líquido -
o meio extracelular. Este é formado por diversos íons - sódio e potássio, por exemplo - e por
moléculas. Já o interior da célula - o meio intracelular - guarda as organelas, os órgãos celulares,
também imersos em líquido.
Duas camadas de lipídios
A membrana celular é formada por duas camadas de lípídios, que são biomoléculas insolúveis
na água. Existem três tipos de lipídios no corpo:
Lipídios de reserva: armazenam energia para que o organismo realize todas as suas funções.
Lipídios de membrana: formam as membranas celulares.
Esteróides: também fazem parte da composição de membranas das células animais. Alguns
têm função de hormônio.
A "pele" celular
Os lipídios da membrana plasmática são os de membrana e os esteróides. Sem eles, a membrana
plasmática não seria capaz de preservar tudo o que há dentro da célula. A composição lipídica
da membrana plasmática muda conforme o tipo de célula e do organismo em questão. Nas
membranas de mamíferos, a quantidade de lipídios das membranas plasmáticas varia conforme
a idade e saúde do animal.
Nas plantas e nas bactérias essa composição muda conforme as condições ambientais, como luz
e temperatura. Cuidado para não confundir a parede celular das células vegetais com a
membrana plasmática: são duas estruturas diferentes.
Fileiras de lipídios
Nos animais, as membranas plasmáticas constituem-se de fosfolipídios - glicerofosfolipídios e
esfingomielinas -, glicolipídios e colesterol. Imagine um alfinete, daqueles de bolinha, com duas
pernas, e terá uma representação desse lipídio. A "bolinha" é a gordura e representa a porção
polar hidrofílica - que absorve água. As "perninhas" são as cadeias carbônicas, chamadas de
porção hidrofóbica - que repele a água.
2. Esses lipídios alinham-se em fileiras e formam duas camadas em que as cadeias carbônicas
ficam umas de frente para as outras. No meio da bicamada lipídica há proteínas específicas
inseridas parcial ou transversalmente. Entre as diversas tarefas que essas proteínas realizam
inclui-se a bomba de sódio e potássio - relacionada ao equilíbrio iônico celular. Outras proteínas
possuem poros pelos quais transitam a água e outros íons.
Permeabilidade seletiva da membrana plasmática
As proteínas inseridas na membrana não são fixas: podem deslizar ao longo do plano da
membrana. Isso confere à membrana plasmática, outra característica importante, a de que a
porção lipídica é fluida.
Como as proteínas distribuem-se em mosaico na membrana, surgiu o modelo de estudo
chamado "mosaico fluido". Por causa dessas proteínas, a membrana plasmática possui
permeabilidade seletiva. As proteínas determinam o que entra e o que sai da célula, em
condições ideais.
Comunicação entre células
São muitos os tipos de proteínas de membrana e as funções que elas desempenham. As células
dos organismos multicelulares, precisam se comunicar, organizar o crescimento dos tecidos e
coordenar as suas funções. As células usam três formas de comunicação através das proteínas da
membrana:
Secretam, através da membrana, moléculas que atuam sobre células distantes.
Utilizam proteínas sinalizadoras, para alertar a célula em determinadas situações, presas à
membrana plasmática. Elas influenciam outras células por contato físico direto.
Estabelecem junções comunicantes, espécie de canais de comunicação entre células muito
próximas, que possibilitam trocas de pequenas moléculas informacionais.
O ATP é o combustível das células
As substâncias entram e saem das células com ou sem gasto de energia - lembre-se que o
"combustível" delas é o ATP (adenosina trifosfato). No primeiro caso, ocorrem a difusão e a
osmose: é o transporte passivo.
No segundo caso, proteínas especiais inserem e retiram íons da célula: é o transporte ativo.
Essas operações são possíveis porque a membrana tem essa característica de ser permeável.
A célula gasta energia quando "joga fora" produtos do metabolismo - é a exocitose -, e também
ao capturar substâncias do meio extracelular - são a endocitose e a pinocitose -, os glóbulos
brancos fazem isso com substâncias nocivas ao organismo.
*Mariana Aprile é estudante de biologia na Universidade Presbiteriana Mackenzie e bolsista
de Iniciação Científica do Mackpesquisa
3. Célula Procariótica
As células procariontes se caracterizam pela pobreza de membrana
plasmática. Ao contrário dos eucariontes, não possuem uma membrana envolvendo
os cromossomos, separando-os do citoplasma. Os seres vivos que são constituídos
por estas células são denominados procariotas, compreendendo principalmente as
bactérias, e algumas algas (cianofíceas e algas azuis) que também são
consideradas bactérias.
Por sua simplicidade estrutural (esquema abaixo) e rapidez na multiplicação,
a célula Escherichia coli(ver foto) é a célula procarionte mais bem estudada. Ela
tem forma de bastão, possuindo uma membrana plasmática semelhante à de
células eucariontes. Por fora dessa membrana existe uma parede rígida, com 20nm
de espessura, constituída por um complexo de proteínas e glicosaminoglicanas.
Esta parede tem como função proteger a bactéria das ações mecânicas.
Esquema de uma célula procarionte com suas principais estruturas (E.coli)
4. Foto da bactéria Escherichia coli
No citoplasma da E.coli existem ribossomos ligados a moléculas de
RNAm, constituindo polirribossomos.
O nucleóideé uma estrutura que possui dois ou mais cromossomos
idênticos circulares, presos a diferentes pontos da membrana plasmática.
As células procariontes não se dividem por mitose e seus filamentos de
DNA não sofrem o processo de condensação que leva à formação de cromossomos
visíveis ao microscópio óptico, durante a divisão celular.
Em alguns casos, a membrana plasmática se invagina e se enrola
formando estruturas denominadas mesossomos.
As células procariontes que realizam fotossíntese, possui em seu
citoplasma, algumas membranas, paralelas entre si, e associadas a clorofila ou a
outros pigmentos responsáveis pela captação de energia luminosa.
Diferente das células eucariontes, os procariontes não possuem um citoesqueleto
(responsável pelo movimento e forma das células). A forma simples das células
procariontes, que em geral é esférica ou em bastonete , é mantida pela parede
extracelular, sintetizada no citoplasma e agregada à superfície externa da
membrana celular.
Célula procarionte esférica
Foto retirada do site: http://www.evim.ethz.ch/uebungen/praxis/u1/vorlage_hp/vorlage.html
5. Célula procarionte em forma de bastonete
Foto retirada do site: http://www.terravista.pt/ilhadomel/3679/bacteria.html
A principal diferença entre células procariontes e eucariontes, é que esta última
possui um extenso sistema de membrana cria, no citoplasma, microrregiões que
contêm moléculas diferentes e executam funções especializadas.
A célula eucariótica possui três componentes principais:
O núcleo, que constitui um compartimento limitado por um envoltório
nuclear. O citoplasma, outro compartimento envolvido por membrana plasmática,
e a membrana plasmática e suas diferenciações.
Esses três componentes possuem vários subcomponentes ou
subcompartimentos.
Existe grande variabilidade na forma das células eucarióticas. Geralmente o
que determina a forma de uma célula é sua função específica.
Outros determinantes da forma de uma célula podem ser o citoesqueleto
presente em seu citoplasma, a ação mecânica exercida por células adjacentes e a
rigidez da membrana plasmática.
As células eucariontes são usualmente maiores e estruturalmente complexas.
As organelas presentes no citoplasma possuem papéis específicos definidos por
reações químicas. A presença ou ausência de determinadas organelas definirá se a
célula é vegetal ou animal.