2. A História da Matemática
A constituição dos saberes matemáticos está
intimamente ligada à cultura.
“o conhecimento histórico da Matemática despertaria o
interesse do aluno pelo conteúdo matemático que lhe
estaria sendo ensinado.” (MIGUEL E MIORIM, 2011, p.16)
3. Ferreira apud Santos (2009, p. 20), diz que a História da
Matemática:
(...) dá a este aluno a noção exata dessa ciência, como
uma ciência em construção, com erros e acertos e sem
verdades universais. Contrariando a ideia positivista de
uma ciência universal e com verdades absolutas, a
História da Matemática tem este grande valor de poder
também contextualizar este saber, mostrar que seus
conceitos são frutos de uma época histórica, dentro de
um contexto social e político.
4. A História da Matemática, quando apresenta a origem de
algum saber, mostra também as preocupações de vários
povos em diferentes momentos históricos. Isto
proporcionará estabelecer comparações entre os
processos matemáticos do passado e do presente.
5. A História da Matemática pode estar presente em sala de
aula como o “fio orientador” do processo de ensino.
Trata-se de uma abordagem que não apresenta
necessariamente elementos históricos explícitos nem
considera o ‘princípio genético’ da mesma maneira que
outras fizeram. Para essa abordagem, os obstáculos
encontrados pelos produtores de conhecimentos
matemáticos é que orientarão a proposta de ensino.
(MIGUEL e MIORIM, 2011, p. 56)
6. Um equívoco às vezes frequente: utilizar- se a História da
Matemática apenas como ilustração, presa a fatos
isolados, nomes famosos e datas.
Segundo Vianna (1995), a origem de conhecimentos
matemáticos como descobertas do indivíduo A ou B são
histórias fantasiosas que acabam, erroneamente,
salientando que o saber matemático está destinado a
poucos escolhidos.
7. É importante ressaltar a proposta de valorização de
histórias sociais e culturais da Matemática e de
questionamentos da história da Matemática única,
de características eurocentristas.
8. (...) é de extrema importância que em situações de
ensino sejam consideradas as contribuições
significativas de culturas que não tiveram
hegemonia política e, também, que seja realizado
um trabalho que busca explicar, entender e
conviver com procedimentos, técnicas e
habilidades matemáticas desenvolvidas no entorno
sociocultural próprio a certos grupos sociais.
(MIGUEL e MIORIM, 2004, p. 54)
9. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) afirmam que
a História da Matemática contribui para a construção de
um olhar mais crítico aos objetos de conhecimento.
Além disso, conceitos abordados em conexão com sua
história constituem-se veículos de informação cultural,
sociológica e antropológica de grande valor formativo. A
História da Matemática é, nesse sentido, um instrumento
de resgate da própria identidade cultural. (BRASIL, 1997,
p. 34).
10. Conhecer, historicamente, pontos altos da matemática de
ontem poderá, na melhor das hipóteses, e de fato faz
isso, orientar no aprendizado e no desenvolvimento de
hoje. (D’AMBRÓSIO, 2012, p. 28)
11. O valor da História da Matemática
como recurso didático
Segundo Brolezzi (1991), a História da Matemática como
recurso pedagógico em sala de aula apresenta, a priori, três
ganhos:
12. uma ciência em fase de
A História da constituição admite certa
Matemática e a metodologia, denominada
lógica matemática lógica natural, a qual é
em construção distinta da lógica que essa
ciência apresentará depois de
sistematizada.
13. a motivação para o
História da
aprendizado, bem como o
Matemática e
próprio, depende da
significado
interpretação da linguagem
simbólica da matemática.
14. “O estudo da evolução da
História da Matemática como um todo
Matemática e fornece, portanto, a cada
visão da tópico do currículo, uma razão
totalidade de ser, uma utilidade que
transcende a sua possível
aplicação prática imediata”
(BROLEZZI, 1991 p. 58-59).
15. Outro fator positivo acerca da abordagem histórica dos
conteúdos matemáticos, segundo Silva e Ferreira (2011), é
permitir ao docente a previsão dos possíveis erros dos
alunos.
A História da Matemática sozinha, sem o auxílio de outros
recursos didáticos, não é suficiente para resolver todos os
problemas pedagógicos que permeiam uma sala de aula,
pois devemos mesclar várias metodologias com o objetivo
de contemplar todos os alunos (SILVA E FERREIRA, 2011,
p. 1-2).
16. Os defensores desse ponto de
vista acreditam que a forma
lógica e emplumada através
História da
Matemática e a da qual o conteúdo é exposto
desmistificação da
ao aluno , não reflete o modo
Matemática
como esse conhecimento foi
historicamente produzido.
(MIGUEL E MIORIM, 2011,
p. 52)
17. Vantagens da abordagem histórica da
Matemática
Segundo Miguel e Miorim (2011), a História da Matemática
em sala de aula poderia proporcionar:
• o desenvolvimento de valores e atitudes mais favoráveis
diante do conhecimento matemático.
18. • a compreensão das relações entre tecnologia e herança
cultural.
• a constituição de um olhar mais crítico sobre os objetos
matemáticos.
• a sugestão de abordagens diferenciadas.
• a compreensão de obstáculos encontrados pelos alunos.
19. Ainda segundo esses autores, é possível buscar na História da
Matemática apoio para se atingir, com os alunos, objetivos
pedagógicos que os levem a perceber:
• a Matemática como uma criação humana.
• as razões pelas quais as pessoas fazem Matemática.
• as necessidades práticas, sociais, econômicas e físicas
que servem de estímulo ao desenvolvimento das ideias
matemáticas.
• as conexões existentes entre a Matemática e outras
áreas do conhecimento.
20. Segundo Cury e Motta (2008), é possível assinalar algumas
abordagens para o ensino em termos da História da
Matemática, tais como:
• encontrar novas soluções para problemas já resolvidos;
• buscar problemas não resolvidos e tentar solucioná-los
com recursos mais potentes;
• ilustrar problemas clássicos, através de animações
produzidas em computador.
21. • procurar informações em livros, periódicos ou Internet,
para contextualizar o ensino de algum tópico;
• apresentar antigas maneiras de executar uma operação e
propor ao aluno que crie um programa para efetuá-las,
testando os resultados.
• Buscar conhecimentos sobre o ensino de um
determinado conteúdo de Matemática, em livros antigos
ou filmes, para discutir a forma como o conteúdo é
trabalhado atualmente.
22. Argumentos contra a História da
Matemática em sala de aula
• Falta de literatura sobre a História da Matemática anterior
aos últimos dois séculos, base da matemática escolar.
• As produções matemáticas antigas estão focadas no
resultado e não no processo.
• A abordagem histórica da matemática acarretaria perda de
tempo em aula e complicaria a matemática escolar.
23. Argumentos a favor da História da
Matemática em sala de aula
Argumentos de natureza epistemológica:
•Fonte de seleção e constituição de sequências adequadas
de tópicos de ensino.
•Fonte de seleção de métodos adequados de ensino de
para os diferentes tópicos da Matemática escolar.
24. •Fonte de seleção de objetivos adequados para o ensino-
aprendizagem da Matemática escolar.
•Fonte de seleção de tópicos, problemas ou episódios
considerados motivadores da aprendizagem da
Matemática escolar.
•Fonte de busca de compreensão e de significados para o
ensino-aprendizagem da Matemática escolar da
atualidade.
•Fonte de identificação de obstáculos epistemológicos.
25. Argumentos de natureza ética:
•Trabalhar no sentido da tomada de consciência da
unidade da Matemática.
•Facilita a compreensão da natureza e das características
distintivas e específicas do pensamento matemático em
relação a outros tipos de conhecimento.
•Fonte que possibilita um trabalho pedagógico no sentido
da conquista da autonomia intelectual.
26. •Fonte que possibilita uma apreciação da beleza da
Matemática e da estética inerente a seus métodos de
produção e de validação do conhecimento.
•Fonte que possibilita a promoção da inclusão social, via
resgate da identidade cultural de grupos sociais
discriminados no (ou excluídos do) contexto escolar.
27. Referências
• BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
curriculares nacionais: matemática. Brasília: MEC/SEF, 1997.
• BROLEZZI, A. C. A arte de contar: uma introdução ao estudo do
valor didático da História da Matemática. 1991. Dissertação
(Mestrado em Educação). Programa de Pós-Graduação em
Educação da Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo.
• CURY, Helena Noronha; MOTTA, Carlos Eduardo Mathias.
Histórias e Estórias da Matemática. In: CARVALHO, Luiz Mariano;
CURY, Helena N.; MOURA, Carlos A. de; FOSSA, John A.;
GIRALDO, Victor (orgs) História e Tecnologia no Ensino da
Matemática. v. 2. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda.,
2008.
• D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria à
prática. 23 ed. Campinas: Papirus, 2012.
28. • MIGUEL, Antônio; MIORIM, Maria Ângela. História da
Matemática: propostas e desafios. Coleção Tendências em
Educação Matemática. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.
• SANTOS, Luciane Mulazani dos. Metodologia do Ensino de
Matemática e Física: Tópicos de História da Física e da
Matemática. Curitiba: Ibpex, 2009.
• SILVA, A. P.; FERREIRA, A. C. Matemática na Arte: utilizando
o potencial pedagógico da História da Matemática no
ensino de geometria para alunos da escola básica. Campina
Grande: XV Encontro Brasileiro de Estudantes de Pós-Graduação
em Educação Matemática – EBRAPEM, 2011.
• VIANNA, Carlos Roberto. Matemática e História: algumas
relações e implicações pedagógicas. São Paulo: Universidade de São
Paulo, 1995.