O documento discute vários métodos para determinar a necessidade de calagem em solos, incluindo: (1) o método da curva de incubação, (2) o método da neutralização da acidez trocável, e (3) o método da solução tampão. O documento também descreve os benefícios da calagem para a produtividade agrícola e sustentabilidade ambiental.
1. Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
Centro de Ciências Agrárias – CCA
Programa de Pós-graduação em Produção Vegetal
Fertilidade do Solo
CALAGEM
Eng° Agr° Lindomar de Souza Machado
Eng° Agr° Luan Peroni Venancio
Eng° Agr° Vinícius José Ribeiro
1
2. Histórico:
“Operação Tatu” no final da década de 60;
Sucesso da operação: aumento de produtividade e
rentabilidade das lavouras.
2
3. Rendimento - kg/há
Cultura
Média/estado
Adubo
Adubo +
calcário
Efeito da
calagem (%)
Milho
1.100
5.190
6.560
26
Trigo
900
1.500
2000
33
Soja
1.200
2.500
3.200
28
Forragem
2.000
4.000
12.000
200
Fonte: E. Malavolta. Calagem, Adubação e Produtividade agrícola. Piracicaba, SP.
3
4. Histórico:
Falta de politica efetiva;
Programas de incentivo a partir de 1975;
Crescimento da indústria moageira de calcário.
4
5. Projeções para 1975:
Quantidade de hectares cultivados no país
1,5 toneladas/há
Durante 3 anos
60 milhões de toneladas
Programa Nacional do Calcário Agrícola (PROCAL);
5
6. Programa Nacional do Calcário Agrícola (1975-1979);
PROCAL
Demanda concentrada na Regiões Centro e Sul;
Problemas:
Altos preços finais dos produtos;
Inadequação dos prazos concedidos pelos créditos bancários
para a aquisição e comercialização do calcário;
Deficiência quanto a difusão do
importância das práticas de correção.
conhecimento
da
6
7. Associação brasileira de produtores de calcário
(ABRACAL) e associados;
Em 1998 foi criado o Plano Nacional de Calcário
Agrícola (PLANACAL);
Novas áreas de cultivos: solos pobres, ácidos e
erodidos;
Muitas pesquisas científicas.
7
8. Estratégias do PLANACAL:
Educacional;
Promocional.
Impactos do PLANACAL:
Aumento da produção e da produtividade de grãos;
Fixação do homem no campo;
Retorno do Plano de cerca de R$ 2,4 para cada real
investido;
Efeito na arrecadação de ICMS e de divisas externas (soja,
açúcar, café, frutas, etc.)
8
9. Criação do Programa de incentivo ao uso de
corretivos de solos (PROSOLO) em 1998.
Objetivo: elevar os níveis de produtividade da agricultura
brasileira, mediante a intensificação do uso adequado de
corretivos de solo, proporcionada por uma linha de credito
permanente para financiar a aquisição, frete e aplicação de
corretivos agrícolas (calcário e outros).
9
10. Criação do Programa Nacional de Recuperação de
Pastagens Degradas (PROPASTO) em 2001.
Objetivo: solucionar o problema das pastagens
brasileiras degradadas.
10
11. Constatada a grande importância da calagem e
mediante a grande preocupação com as questões
ambientais e recursos hídricos.
O departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM),
acatou as ponderações e solicitações da secretaria de
Recursos Hídricos (SRH) , do ministério do Meio Ambiente
(MMA), no sentido de aprofundar o estudos sobre o
calcário agrícola.
11
12. Universidade Federal do Paraná.
Calcário – Recurso Mineral na Sustentabilidade
Agropecuária e Melhorias dos Recursos Hídricos.
Convênio no 49/2002
Esse estudo avaliou todos os aspectos relativos ao
calcário agrícola no Brasil para então, formular
estratégias relacionados ao uso do calcário.
12
13. Calagem;
Calagem em solos tropicais;
Neste contexto, a prática da calagem passou a ser
rotina dentro do sistema de produção em várias
regiões agrícolas do Brasil.
Retorno econômico.
13
14. Fundamentação da calagem
H + MX
M + HX
Em que MX é um sal que cede ao solo seu cátion. (CaCO3, MgCO3).
O ânion X tem de ser um ácido fraco para atuar como receptor de
prótons (HCO3).
14
15. Princípios da calagem:
1. Efetuar a reação - o cátion (X) do sal deve trocar com H+
Al3+ e outros cátions trocáveis de caráter acido e de
dissociar parte de H.
2. Produto da reação - após a troca, deve-se formar HX.
3. Elemento essencial - M deve ser um nutriente.
15
16. Finalidades da pratica de calagem:
Corrigir a acidez do solo, pela neutralização do H+;
Fornecimento Ca e Mg;
Corrigir a toxidez do Al e de Mn por reações de
precipitação desses elementos.
16
17. Benefícios da calagem:
Aumentar a atividade biológica do solo;
Aumentar a disponibilidade dos nutrientes;
Aumentar a CTC do solo.
17
19. Benefícios da calagem:
Diminui a fixação do P;
Aumentar a eficiência dos fertilizantes;
Propiciar condições para melhor crescimento do sistema
radicular.
19
20. Determinação da Necessidade de
Calagem
I.
Método da curva de Incubação com CaCO3;
II.
Método da neutralização da acidez trocável (teor de Al3+ trocável);
III. Métodos da solução-tampão (SMP);
IV. Método do pH e de matéria orgânica do solo;
V.
Método da neutralização da acidez trocável e elevação dos teores
de Ca2+ e Mg2+ trocáveis;
VI. Método da saturação de bases.
20
21. I. Método da curva de Incubação com CaCO3
Método:
Calcário p.a;
80% da Capacidade de Campo;
Período de Incubação de 45 a 90 dias;
Utilização de doses crescentes de carbonatos para determinar
a curva.
21
24. DESVANTAGEM:
Superestimação da necessidade de calcário – Mineralização
da MOS intensa durante a incubação;
Erros na determinação do pH em água – Aumento dos sais
solúveis influenciam a força iônica da solução;
Não é prático, é demorado e trabalhoso;
Não considera a produção das plantas
Normalmente utilizado para calibração de outros métodos
(pesquisa)
(Paula et al.,1991)
24
25. II.
Método da neutralização da acidez trocável
Critério da neutralização da acidez trocável (Al³⁺), (Cate, 1965).
NC= 1,5 X Al³⁺
Catani & Alonso(1969) ajustaram o método para que o valores
de pH entre 5,5 e 5,7.
NC=0,08+1,22 Al³⁺
25
26. II.
Método da neutralização da acidez trocável
Segundo Alvares V. et al. (1990):
doses definidas por este método não elevam o pH aos
valores esperados;
neutralizar a maior parte do Al trocável;
Insuficiente para corrigir excesso de Mn e deficiências de Ca
e Mg.
26
27. III.
Método da Solução Tampão (SMP)
pH de uma solução tampão de acetato de amônio 1 molL⁻¹
pH 7 em contato com o solo: solução 1:10 (Brown,1943);
Woodruff (1948) propôs o uso de uma solução de acetato de
cálcio 0,5 molL⁻¹ e óxido de magnésio a pH 7.
27
28. III.
Método da Solução Tampão (SMP)
Shoemaker et al. (1961) propôs o uso de solução com maior
poder tampão composta de:
p-nitrofenol;
Trietanolamina;
Cromato de potássio;
Cloreto de cálcio;
Acetato de cálcio;
Ajustada a pH 7,5;
Relação Solo : Água : Planta – 10 : 10 : 5.
28
31. III.
Método da Solução Tampão (SMP)
VANTAGENS:
Simplicidade do método, necessitando apenas das
medidas de pHSMP;
Bom fundamento teórico – Considera o poder tampão
do solo;
Método utilizado nos estados SC e RS.
31
32. IV.
Método do pH e do teor de matéria orgânica
do solo.
Baseia-se no poder tampão da matéria orgânica;
correlação CTC do solo MO (Defelipo et al.,1982);
pH do solo até 6,0;
NC = 1,6 (6,0 - pH) M.O.
32
33. IV.
Método do pH e do teor de matéria orgânica
do solo.
Alvares V. (1996) ajustou a formula para os solos de Minas Gerais
utilizados na cultura do café para evitar a superestimação:
NC= 1,87 [ MO (6 – pH)]⁰̕ ⁷³¹¹¹⁸
33
34. V.
Método de neutralização da acidez trocável e
da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
Neste método, a calagem deve ser suficiente para neutralizar o
Al trocável e assegurar teores adequados de Ca e Mg no solo;
O valor de pH tem interesse secundário;
Não considera o poder tampão dos solos, não considera as
exigências de cada cultura;
(Mohr,1960; Coleman et al., 1958, Cate, 1965; kamprath,1967, 1970).
34
35. V.
Método de neutralização da acidez trocável e
da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
NC= CA +CD
NC= necessidade de calagem;
CA= Correção de acidez até certo valor de m (saturação dor Al³⁺);
CD= correção de deficiência de Ca e Mg.
35
36. CA = Y [Al3+ - (mt . t/100)]
Al3+ = acidez trocável em cmolc/dm3
mt = máxima saturação por Al3+ tolerada pela cultura, em %
t = CTC efetiva em cmolc/dm3
CD= X – (Ca2+ + Mg2+)
Ca2+ + Mg2+ = Teores de Ca e de Mg trocáveis em, cmolc/dm3
NC = Y [ Al3+ - (mt . t/100)] + [ X – (Ca2+ + Mg2+)]
36
37. V.
Método de neutralização da acidez trocável e
da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
Y = Valor variável (tabela)
Valores de Y em função da Argila do solo
Solo
Arenoso
Argila -%
0-15
Y
0,0 a 1,0
Textura média
15 a 35
1,0 a 2,0
Argiloso
35 a 60
2,0 a 3,0
Muito argiloso
60 a 100
3,0 a 4,0
37
38. V.
Método de neutralização da acidez trocável e
da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
Valores de Y em função dos valores de P-remanescente
P-remanescente 1/
mg/L
0
5
10
20
30
45
-
5
10
20
30
45
60
Y
4,5
3,5
2,5
1,7
1,0
0,6
-
3,5
2,5
1,7
1,0
0,6
0,0
38
39. V.
Método de neutralização da acidez trocável e
da elevação dos teores de Ca2+ e Mg2+
Tabela - Valores máximos de saturação por Al3+ tolerado.
Pastagens
Cereais (Milho, Trigo, Arroz )
Leguminosas (Feijão, Soja, Adubos
verdes)
mt ( %)
X Cmolc/dm3
Ve (%)
15-25
2,0
50
20
2,0
50
Hortaliças (Tomate, Repolho, Alho,
Ervilha)
5
3,5
60-70
Café
25
3,5
60
Frutas Tropicais (Mamoeiro, Citros,
Banana, Abacaxi)
5-15
2,0-3,5
60-80
39
40. VI.
Método da saturação por bases
Catani & Gallo (1955) propuseram a NC com base na relação
entre pH e saturação de bases do solo; Raij (1981) ajustou para a
seguinte formula:
NC =T(Ve – Va)/100
T = CTC a pH=7,0 = SB + (H +Al) em cmolc/dm3
SB = Soma de Bases = Ca2+ + Mg 2+ + K+ + Na+, cmolc/dm3
Va = Saturação de bases atual do solo = 100 SB/T, em %
Ve = Saturação por bases desejada ou esperada
40
41. VI.
Método da saturação por bases
A vantagem desse método está na flexibilidade
recomendação da calagem para diferentes culturas.
de
Observar as recomendações para solos:
Arenosos com CTC < 4 cmol ̜ dcm⁻³
Superestimação da recomendação;
Argilosos com CTC > 12 cmol ̜ dcm⁻³
Subestimação da recomendação
41
42. Os critérios utilizados para recomendação do calcário estão
bem regionalizados no BRASIL.
Região sul utiliza predominantemente o método de SMP para
atingir pH em água de 5,5; 6,0 ou 6,5.
Nas parte da regiões Sudeste e Centro Oeste utiliza o método
de saturação de bases variando entre 30 a 70 %, e a outra
parte dessas regiões juntamente com a região Norte e
Nordeste utiliza o critério do Al, Ca e Mg trocáveis.
42
43. Quantidade de calcário a ser usada
Precisa Considerar:
1) Que % da superfície será coberta apela calagem;
2) Até que profundidade (cm) será incorporado o calcário (p);
3) PRNT do calcário.
QC = NC x
SC
100
x
P
20
x 100
PRNT
43
44. Escolha do Corretivo a ser utilizado
OBS: Se a análise de solo acusar níveis médios a baixos de
magnésio, deve-se preferir o calcário magnesiano ou o
dolomítico.
Pelos teores de Mg os calcários podem ser classificados em:
a)
Calcítico – menos de 50 g/kg de MgO
b)
Magnesianos – entre 50 e 120 g/kg de MgO
c)
Dolomíticos – mais de 120 g/kg de MgO
44
45. Tipos de corretivos
Tipos de Corretivo
Fórmula
Nº Mol/kg
VN (%)
Carbonato de cálcio
Carbonato de magnésio
CaCO3
MgCO3
20,0
23,7
100
119
Hidróxido de Cálcio
Ca (OH)2
27,0
135
Hidróxido de Magnésio
Óxido de Cálcio
Óxido de Magnésio
Mg (OH)2
CaO
MgO
34,3
49,6
23,7
172
248
119
Silicato de cálcio
Silicato de magnésio
CaSiO3
MgSiO3
17,2
19,9
86
100
45
49. Legislação Atual
Para granulometria do calcário:
(Portaria SEFIS N 03 de 12/06/86)
ART. 1º Características físicas mínimas:
Passar 100% em peneira de 2 mm (ABNT n. 10)
Passar 70% em peneira de 0,84 mm (ABNT n. 20)
Passar 50% em peneira de 0,30 mm (ABNT n. 50)
Tolerância de 5% na peneira de 2 mm (ABNT n. 10)
49
50. ART. 2° Corretivos passarão a ser comercializados de acordo com suas
característica próprias e com os valores mínimos constantes na
descrição abaixo:
Materiais
PN
SOMA
Corretivos
% CaCO3
% CaO + % MgO
Calcários
67
38
Cal Virgem Agrícola
125
68
Cal Hidratada
Agrícola
Escórias
94
50
60
30
Calc. Calci. Agrícola
80
43
Outros
67
38
50
51. Art. 3°. Valores mínimos para calcários .
PN = 67%
PRNT = 45%
Art. 4°. Classificação dos calcários:
A) Quanto à concentração de MgO
Calcítico - < 5 dag kg-1
Magnesiano – 5,1 a 12 dag kg-1
Dolomítico - >12 dag kg-1
B) Quanto ao PRNT
Grupo A – PRNT entre 45% e 60%
Grupo B – PRNT entre 60,1% e 75%
Grupo C – PRNT entre 75,1% e 90
Grupo D – PRNT entre superior a 90%
51
52. Conteúdo de Ca e Mg
Relação Ca:Mg - 4:1 até 10:1
De acordo com a ABNT
52
53. TOMADA DE DECISÃO
Tem que se considerar obrigatoriamente:
a) % CaO, %MgO
b) Granulometria
c) PRNT
d) Preço por tonelada efetiva:
= preço por tonelada na propriedade
PRNT(%)
53
58. Matéria seca de aveia em área de primeiro ano sob
pastagem degradada. Embrapa Soja/COAMO
Moreira Sales – 09/2005
58
59. pH do solo 12 meses após a aplicação superficial de calcário
em área de primeiro ano de soja. Embrapa Soja/COAMO
Moreira Sales - 2006
59
60. pH do solo 12 meses após a aplicação superficial de calcário
em área de primeiro ano de soja. Embrapa Soja/COAMO
Moreira Sales - 2006
60
61. pH do solo 12 meses após a aplicação superficial de calcário
em área de primeiro ano de soja. Embrapa Soja/COAMO
Moreira Sales - 2006
61
62. Efeitos da calagem e da adubação no
rendimento de feno de Alfafa (t/ha)
62
63. Efeitos da calagem (4 t/ha) no rendimento da pastagem consorciada
de gramíneas e leguminosas e na porcentagem de leguminosas ( trevo
branco e cornichão)
A calagem aumentou o rendimento total da pastagem em 60% no primeiro ano e
em 30% no segundo ano.
63
A proporção de leguminosas praticamente dobrou com a calagem nos dois anos.
64. Efeito da calagem na população de bactérias em
quatro solos do RS
Aumentos de rendimento de pasto de 50% foram obtidos em pesquisas no RS com
a calagem superficial aumenta também a proporção de leguminosas, o que
64
melhora a quantidade da pastagem.
65. Efeitos da aplicação de calcário no desenvolvimento, no
estado nutricional de na produção de matéria seca de
mudas de maracujazeiro
Prado et al., 2004
65