2. "Pondo de lado algumas utilizações puramente técnicas da palavra "acção"
(por exemplo, acção como participação no capital de uma empresa), o núcleo
significativo da palavra assenta na produção ou no causar um efeito. A palavra
"acção" emprega-se, por vezes, para falar de animais não humanos (diz-se que
a acção das cegonhas é benéfica para a agricultura) ou até, inclusivamente, de
seres inanimados (diz-se que a gravidade é uma forma de acção à distância, ou
que a toda a acção corresponde uma reacção igual e de sentido contrário). No
entanto, empregamos sobretudo a palavra "acção" para falar do que fazem os
Homens. Aqui só nos interessa este tipo de acção, a acção humana . As
nossas acções (algumas) são as coisas que fazemos.
Na realidade, o verbo "fazer" abarca um campo semântico bastante mais
amplo que o substantivo "acção". O latim distigue o agere do facere, que em
francês, por exemplo, dão agir e faire (em poruguês "agir" e "fazer"). O
substantivo latino actio , derivado do agere, deu lugar ao substantivo acção.
Tudo o que fazemos faz parte da nossa conduta, mas nem tudo o que
fazemos constitui uma acção.
3. Enquanto dormimos, fazemos muitas coisas: respiramos, transpiramos,
sonhamos, damos voltas e andamos sonâmbulos pela casa. Todas estas coisas
fazemo-las inconscientemente. Fazemo-las, mas não nos damos conta disso, não
temos consciência de que as fazemos, por isso não lhes vamos chamar acções.
Reservamos o termo "acção" para aquelas coisas que fazemos conscientemente,
dando-nos conta de que as fazemos".
(...) Uma acção é uma inferência consciente e voluntária de uma pessoa (o agente)
no decurso normal dos acontecimentos, os quais sem a sua interferência teriam
seguido um caminho diferente. Uma acção consta, assim, de um evento que
acontece graças à interferência de uma agente e de um agente que tenha a
intenção de interferir de modo a que tal evento aconteça".
J.Mosterin, Racionalidad y Acción Humana. Alianza Universidad. Madrid.1987
4.
5. 1. Acção Humana
O conceito acção humana, aplica-se apenas às acções que são realizadas de
forma consciente e nas quais existe uma clara intenção de produzir um dado
efeito.
2. Fazer e Agir
Entre estas acções intencionais, podemos as que visam "fazer" algo em
concreto e o "agir".
Fazer: aplica-se à nossas acções em que temos em vista a execução ou a
produção de determinados efeitos num qualquer objecto. Trata-se de uma
actividade centrada em objectos, que envolve uma série de ocorrências
distribuídas no tempo, implicando frequentemente conhecimentos prévios de
natureza técnica.
Agir: aplica-se a todas a outras acções intencionais que livremente
realizamos e de que somos facilmente capazes de identificar os motivos
porque fazemos o que fazemos. Nestas acções sentimo-nos directamente
responsáveis pelas consequências dos nossos actos. Estamos implicados nas
escolhas que fazemos.
6. 3. Ato voluntário
-Concepção
-Elaboração do projeto.
-deliberação
-Reflexão sobre as várias hipóteses de ação.
-Reflexão sobre os motivos.
-Reflexão sobre as consequências.
-decisão
-Opção por passar ou não da intenção ao ato.
-Momento de responsabilidade.
-Execução
-Passagem da intenção ao ato.
7. 4.Rede conceptual da Acção
- agente (quem pratica a ação. )
- intenção (o propósito da ação; indica o para quê da ação;
dirige a ação.)
- motivo (o que torna inteligível/justifica a ação.)
-desejo (Impulso subjetivo e consciente que ao ser satisfeito
ajuda a ultrapassar um estado de carência.)
-finalidade (Ativa e dirige a ação; Responde ao porquê da ação;
é o fim.)