O documento discute tendências em eventos e marketing. Ele apresenta uma entrevista com Luís Rasquilha, um consultor de tendências que identifica novas abordagens para eventos baseadas em tendências comportamentais dos consumidores, como experiências e narrativas de identidade. Rasquilha também discute como as gerações mais jovens e tecnologias digitais estão mudando a experiência dos eventos.
Conferência SC 24 | Estratégias omnicanal: transformando a logística em exper...
Eventos em Portugal são dos melhores do mundo
1. . EVENTOS . CONGRESSOS . FEIRAS . INCENTIVOS . DESTINOS .
. ANO III . NÚMERO 6 . TRIMESTRAL . JANEIRO / FEVEREIRO / MARÇO . 2013 . 5,00 €
EVENTOS ASSOCIATIVOS MANTÊM
RESILIÊNCIA MAS TÊM NOVOS DESAFIOS
GRANDE ENTREVISTA: LUÍS RASQUILHA
INTERNATIONAL & EUROPEAN ASSOCIATIONS CONGRESS NO ESTORIL
E AGORA LONDRES?
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“OS EVENTOS EM
PORTUGAL SÃO DOS
MELHORES DO MUNDO”
É um nómada urbano, que corre o mundo com um portátil na mochila. A sua vida
é detectar tendências que depois podem ser aproveitadas para modelos de
negócio. Desafiámos Luís Rasquilha, CEO da Ayr Consulting, Trends and Innovation
a identificar tendências que possam servir o sector dos eventos.
Como é que explica em meia dúzia de
frases quem é e o que faz?
Eu sou um Consultor de Trends
Innovation. Alguém que utiliza o
conhecimento das tendências compor-
tamentais do consumidor para gerar
inovação nas empresas. Os mercados,
as empresas e os profissionais estão
habituados a olhar para o passado e
definir a sua estratégia com base nos
resultados que no passado consegui-
ram. O correcto é antecipar o futuro
e aproveitar essas oportunidades. A
consultoria de TrendsInnovation é
isso: olhar para o futuro pela lente das
tendências e definir propostas e mode-
los de negócio que permitam diferen-
ciação no mercado.
O que é que os eventos podem aprender
com esse trabalho de identificação de
tendências no marketing, no consumo?
Ao nos apercebermos do que motiva os
consumidores e de que forma eles se
comportam podemos encontrar novos
conceitos, aplicações e formas de cons-
truir eventos. Cada vez mais o evento é
algo experiencial, emotivo, envolvente
e menos de mera confraternização
ou comercial. Sabendo que duas ten-
dências muito claras são o Identity
Narrated (algo que sai da evolução do
storytelling) e o Experience já podemos
construir outras abordagens e outros
conceitos de eventos.
A experiência de viver e trabalhar no
Brasil mudou a sua perspectiva sobre
os mercados? De que forma?
Sim. A escala deste mercado é algo
completamente diferente. Não só pela
dimensão, mas pela fase em que a
economia está - em crescimento, “aque-
cida” e focada nos grandes momentos
que aí vêm (Campeonato Mundo 2014 e
Jogos Olímpicos 2016. Fala-se também
numa Exposição Universal em 2020) -
eventos que deixam o país em estado de
total euforia que se reflecte também nos
negócios. Eu vivo no Brasil, mas traba-
lho um pouco por todo o mundo e isso é
muito interessante pois permite ver até
como o Brasil está posicionado face a ou-
tros mercados interessantes como Ásia,
Médio Oriente e no futuro África.
GRANDE ENTREVISTA
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E como é olhar hoje em dia para
Portugal, para o país, a partir do Brasil?
Por um lado com a preocupação de ver
que mais uma vez adiámos o nosso
potencial enquanto país no mundo. As
sucessivas crises pelas quais passámos
nos últimos 30 anos deviam ser um
factor de aprendizagem para todos nós,
mas continuamos a cair nos mesmos
erros e, pior, a deixar a culpa morrer
solteira, o que faz com que a nossa cre-
dibilidade venha por aí abaixo. Agora,
também vejo com grande optimismo.
Somos dos melhores profissionais do
mundo, dos povos mais inteligentes e
trabalhadores. O capital de conheci-
mento (aliado a algum desenrascar)
faz dos portugueses profissionais
reconhecidos um pouco por todo o
lado. Este é o momento de viragem.
Esta é a oportunidade. Do Brasil vemos
Portugal como a porta de entrada das
empresas brasileiras na Europa e no
sentido inverso a entrada das portu-
guesas na América do Sul. Como vou
quase todos os meses a Portugal sem-
pre dá para ir sentindo a evolução das
mudanças. Não estamos a viver tempos
fáceis. Mas como sempre digo - se
fosse fácil não era com os Portugueses.
Que opinião tem dos eventos que se
fazem em Portugal?
Dos melhores do mundo. Muitas
vezes sem os recursos que
os grandes mercados podem
fornecer, mas em linha com o que
já referi (a questão de sermos
detentores de grandes índices
e capital de conhecimento)
conseguimos fazer coisas que
ninguém até hoje fez. E isso
depois reflecte-se nos prémios,
reconhecimentos e demais
menções que as empresas
portuguesas têm recebido.
Quaissãoasgrandestendênciasdas
sociedadesmodernasquepodemmarcar
omodocomovamosfazereventos?
O futuro é dominado pela tecnologia e
pela conectividade. O smartphone e o
estar conectado passou a fazer parte da
nossa vida. Depois a crescente procu-
ra de coisas autênticas, com história/
significado e que nos permitam viver
experiências novas, envolventes e emo-
cionantes/inesquecíveis. Precisamos
de incorporar isso na forma de pensar
eventos para construir conceitos e mo-
mentos únicos e alinhados com as ex-
pectativas destes consumidores, atentos,
actualizados, proactivos, conectados.
GRANDE ENTREVISTA . LUÍS RASQUILHA
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Emqueéqueasgeraçõesmaisnovassão
diferentesdasanteriores,edequemodo
issovaideterminarmudanças,também
aoníveldoseventos?Oqueéqueelas
esperamdoseventos?
Claramente na forma como se relacio-
nam com a tecnologia e com seu ine-
xistente índice de fidelidade às marcas.
Hoje o ciclo de vida das marcas é muito
mais curto e eu mudo da marca A para a
B só porque a B me deu algo novo. O sen-
timento de posse/pertença passou para o
lado do consumidor e deixou o das mar-
cas- São elas que são escolhidas e não
são elas que escolhem. A geração mais
nova sendo muito mais multitasking,
brand oriented e tech driven espera velo-
cidade, eficácia e acima de tudo ser sur-
preendida - mas como estão altamente
up to date com o mundo acha que já nada
as surpreende. Aqui está a grande opor-
tunidade do TrendsInnovation.
E os eventos para os mais velhos?
Como serão no futuro?
Desengane-se quem pensa que os mais
velhos não estão conectados ou actua-
lizados. Estão tanto quanto os mais
novos - existe uma grande aproxima-
ção entre a geração mais nova (até aos
18/20 anos) e a mais velha (acima dos
50). Com o fenómeno de que agora são
os mais novos a ensinar os mais velhos.
E isso é de uma beleza e com um cariz
desafiador enorme.
GRANDE ENTREVISTA . LUÍS RASQUILHA
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As redes sociais, e as novas
tecnologias, são as grandes
responsáveis por virmos a ter uma
experiência completamente diferente
de participação num evento?
Sem dúvida. O evento é algo muito
mais interactivo que acontece antes,
durante e depois do momento do
evento. E as tecnologias são as grandes
impulsionadoras dessa perenidade
que os eventos podem usufruir para se
tornarem mais eficazes.
Responsabilidade social, ambiente,
sustentabilidade, vão continuar a
ser tendências?
Sem dúvida. Estão na ordem do dia e
influenciarão cada vez mais o negócio
das empresas e os mercados. São hoje
indissociáveis da realidade dos merca-
dos. Até há pouco tempo eram chavões
que ficavam bem no discurso empre-
sarial, hoje são factor de sobrevivência
das empresas.
Como imagina o mundo daqui a 5 anos?
Mais rápido, mais imprevisível e mais
desafiador. Mas acredito que com
mais oportunidades e globalizado. O
mercado é o mundo e não apenas o
território onde estou hoje.
Cláudia Coutinho de Sousa [claudia@eventpoint.com.pt]
Rui Luís Romão [rui@eventpoint.com.pt]
DEZ PERGUNTAS A
LUÍS RASQUILHA
Smartphone que não dispensa?
Iphone. Tenho dois. Um com numero
brasileiro e um com numero português.
Aplicação favorita?
São três. Instagram para partilha
do que vou comendo, Facebook para
acompanhar e estar actualizado sobre
o que se passa (às vezes complemen-
tado com o Twitter) e Skype para estar
sempre em contacto com a família,
equipa e clientes.
Melhor comida para partilhar no
Instagram?
Quem vê o meu Instagram acha que
eu devia abrir um restaurante, tantas
são as diferentes fotos de comida. Mas
sushi está no topo, pela comida em si e
pela beleza dos pratos.
Quem escolheria para um hangout
(também pode ser uma figura
histórica, do passado)? Porquê?
Gostaria de conversar com várias
pessoas, mas divido-me entre Martin
Luther King, Steve Jobs, Margareth
Thatcher e Bruce Lee. Por razões
diferentes, mas que se complemen-
tam: pelas visões que apresentaram
do mundo e pelo que poderia aprender
com eles. Não sendo possível gostaria
de conversar com o Professor Medina
Carreira, porque cada vez que fala na
TV dá uma verdadeira aula e como
nunca tem muito tempo nos seus
programas (para tanto que partilha)
gostaria de saber a sua opinião sobre
alguns temas da nossa realidade.
Música que mais toca no seu Spotify?
Chillout, Sade, Seu Jorge, Linkin Park,
R&B, Antonio Jackson, Nina Simone,
Adele, Tiesto, Simply Red e Alicia Keys.
Quantas milhas tem no cartão de
passageiro frequente?
230.000 (actualizado ontem). Quando
esta entrevista sair deverão ser mais
umas 10 ou 20 mil.
Onde as gostaria de gastar?
A levar as pessoas de quem gosto a via-
jar comigo para não ir (quase) sempre
sozinho.
Sapatilhas com meias brancas?
Nunca. Antes sem meias do que com
meias brancas. Amarelas, vermelhas,
azuis, mas nunca brancas.
É adepto do fio dental?
Uso três vezes por semana à noite antes
de ir dormir, depois de lavar os dentes.
A minha dentista diz que lhe dá menos
trabalho na higiene oral depois quando
a visito. Ou estavam a falar do outro?
Quantas vezes já desistiu do ginásio?
Já perdi a conta. Mas nos últimos dois
ou três meses umas cinco.
GRANDE ENTREVISTA . LUÍS RASQUILHA