O documento discute novos modelos de negócio e canais de distribuição na indústria da música diante das transformações digitais. Apresenta estudos de caso como Year Zero do Nine Inch Nails, "pague o quanto quiser" do Radiohead, bandas-empresa como Móveis Coloniais de Acaju e financiamento coletivo com Amanda Palmer. Também aborda redes sociais, aplicativos móveis e cultura participativa com crowdsourcing no Instagram.
Crise no mercado de música? Novos modelos de negócio e canais de distribuição online: estudos de caso
1. crise no mercado de música?
novos modelos de negócio e canais de distribuição online: estudos de caso
lucas waltenberg
ppgcom uff
2. Year Zero
Nine Inch Nails
5º álbum do NIN, lançado em 2007
Crítica ao governo americano, apresentando uma
versão distópica do ano 2022.
Estratégia promocional: Alternate Reality Game
- Códigos escondidos em camisetas da turnê, pen
drives escondidos nas casas de show, sites na internet,
entre outros.
- Um matrix midiático: vídeos, mp3s, imagens, textos.
- Envolvimento dos fãs
Fonte: Wikipedia; SÁ & ANDRADE, 2012
3. O que é a indústria fonográfica?
Frith (2001): “Como fazer a música gerar dinheiro?”
- Propõe entender a história da comoditização da música em termos de armazenamento e acesso.
Uma história dividida em três partes:
1) Combinação entre notação e impressão
Música comercial x música não-comercial
Novas hierarquias no “fazer musical”
Proteger a propriedade intelectual
2) Tecnologias de gravação que permitem acesso à música a partir de discos e cilindros
Música consumida como um bem, não como uma técnica
Desenvolvimento de um novo setor industrial
A própria gravação como uma fonte de renda
3) Tecnologia digital
Novas possibilidades de composição musical
“Desintermediação”
Assim, a indústria fonográfica:
- é uma indústria de direitos, pois depende de regulamentações legais do que é a “posse” para fazer o
licenciamento;
- faz variados usos de trabalhos musicais;
- é uma indústria editorial / de publicações, pois, apesar de levar esses trabalhos para o público, ela
depende das criações de músicos e compositores;
- é uma indústria de talentos, pois depende do gerenciamento efetivo de seu casting através de contratos e
do desenvolvimento de um star system e uma indústria de eletrônicos que depende do uso doméstico e
público de uma diversidade de equipamentos.
4. Alguns dos desafios enfrentados hoje
- Desmaterialização da música;
- Pirataria;
- Compartilhamento em redes p2p;
- Enfraquecimento do monopólio da distribuição: outros mediadores.
Novas possibilidades
- Ênfase no “ao vivo”, ou consumo de experiência (HERSCHMANN, 2010)
- Novos modelos de negócio
- Novos canais de distribuição
- Cultura participativa
5. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
OK Go
“Sucesso comercial” definido por outros parâmetros
Vídeos ajudam a circular e vender música
Fontes de renda: fãs, licencimento, patrocínio
Mais liberdade criativa
“De novo, está ficando difícil definir a música.
Ela está se transformando mais em uma
experiência e menos um objeto. Sem as
gravações como receptáculos de valores
claramente delineados, as regras do último
século – tanto industriais quanto criativas –
não se aplicam mais. Para aqueles que
conseguem encontrar uma audiência ou um
pagamento fora do sistema tradicional, isso
pode significar uma abençoada liberdade dos
gatekeepers da indústria da música.”
- Damian Kulash Jr., vocalista da banda
OK Go em entrevista para o The Wall
Street Journal, “The New Rock Star
Paradigm”, 17 de dezembro de 2010,
acesso online
6. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
“Pague o quanto quiser”
Radiohead
“In Rainbows” é o 7º álbum de estúdio do Radiohead
Em outubro de 2007, foi lançado em mp3 pelo modelo
“pague o quanto quiser”
Esse modelo funcionaria para qualquer banda?
7. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
“Banda-empresa”
Móveis Coloniais de Acaju
- Autogestão
- Ligação com os fãs
- Redes sociais
- Processo coletivo de criação Envolvimento dos
músicos com tarefas logísticas e administrativas
- Adesão a formas não-convencionais de
distribuição e remuneração.
Fonte: Overmundo
8. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
Crowdfunding
Novas possibilidades para financiamento de projetos.
Grande penetração da música nesse modelo: shows,
festivais, discos. Alguns sites de crowdfunding são
especificamente voltados para projetos musicais.
O artista/produtor explica o projeto e fala de quanto
precisa para “tirá-lo do papel”.
O público investe em cotas e recebe recompensas que
variam de acordo com a doação: downloads, discos,
camisetas, créditos no encarte, shows privados.
9. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
Crowdfunding
Amanda Palmer
Amanda Palmer já conseguiu realizar alguns
projetos usando o modelo do “financiamento
coletivo”.
Recentemente, ela pediu U$ 100.000,00 para
produzir seu último disco, livro e turnê e conseguiu
arrecadar pelo Kickstarter U$ 1.192.793,00 para o
projeto.
10. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
Crowdfunding
A Banda Mais Bonita da Cidade
Após o compartilhamento intenso do vídeo de
“Oração” pela internet, os músicos usaram o
crowdfunding para gravar o primeiro disco.
Ao invés de pedirem financiamento pelo disco como
um todo, cada faixa era um projeto individual.
11. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
Crowdfunding
MiniMecenas
A proposta do site, que não é voltado
exclusivamente para o mercado musical, é
transformar os fãs em patrocinadores através
de doações mensais para que os seus artistas
continuem criando e produzindo seu trabalho.
12. NOVOS MODELOS DE NEGÓCIO
Shows e oportunidades
Toque No Brasil
Uma rede de oportunidades que reúne artistas, fãs, produtores e marcas.
Como numa rede social, artistas criam o seu perfil no site e se inscrevem
para oportunidades abertas: shows, festivais, anúncios publicitários, jingles
etc.
Os produtores criam seus perfis e fazem as ofertas para os artistas,
fazendo uma curadoria online dos interessados.
O objetivo é “dinamizar e fortalecer o laço entre os elos da cadeia de valor
da música, facilitando o encontro entre quem faz música e quem contrata
músicos e bandas, ou seja, servindo também como ferramenta de
trabalho.”
Fonte: Site “Toque no Brasil” e “Estrombo”
13. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Mediadores entre produtores e lojas online
Vendem músicas diretamente e fazem
também a mediação entre o
produtor/artista/selo e as lojas digitais,
retendo uma porcentagem sobre venda e
cobrando uma taxa para cadastrar as
músicas nas lojas.
Em alguns casos, o artista decide quanto
quer cobrar pelas faixas, em quais lojas
serão vendidas, em quais países.
Maior liberdade comercial.
Somente vantagens?
14. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Redes Sociais
YouTube e Facebook
Quanto mais canais, maior a esfera de
circulação da música.
O público não quer só ouvir a música:
também quer vê-la e interagir com ela.
Diversas ferramentas podem ser
integradas ao Facebook para o que fã
escute a música e possa compartilhá-la
para sua rede de amigos.
Fonte: Sites “Estrombo” e “Facebook Music”
15. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Novos mediadores na crítica
Hype Machine e Shuffler.fm
Na web 2.0, todos podem ser críticos musicais.
Em muitos desses blogs, a própria música pode
ser incorporada às análises: embed do YouTube,
do Soundcloud etc.
Mas como dar conta de todo o material
compartilhado na rede?
Alguns programas, como o Hype Machine e o
Shuffler.fm, filtram e reorganizam o conteúdo
publicado em blogs de música.
Ambos, entre muitos outros, apontam para uma
mudança fundamental no papel da crítica como a
instituição que leva a música para o público.
Fonte: (NERCOLINI & WALTENBERG, 2010)
16. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Aplicativos
Axial
Distribuição de álbuns da própria banda e
de parceiros.
O aplicativo Bagagem pode ser acessado
pelo navegador ou instalado no
computador.
“Bagagem é um novo formato midiático
para música gratuita que transcende o CD e
o mp3 devolvendo e atualizando o conceito
de encarte visual perdido na rede digital.
Uma iniciativa do Projeto Axial que agrega
músicos, artistas plásticos, rede social
própria e permite a divulgação de trabalhos
e projetos pessoais dos usuários.” - Fonte:
Site Axial
17. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Aplicativos Móveis
Simian Mobile Disco
Lançaram o disco “Unpatterns” também como aplicativo.
Enquanto escuta as músicas, o usuário escolhe e distorce
padrões geométricos na tela do aparelho.
18. CANAIS DE DISTRIBUIÇÃO
Aplicativos Móveis
Björk
O projeto “multimídia” de Björk envolve um complexo
aplicativo.
Através do app principal, o usuário acessa cada
música-aplicativo individualmente.
Cada um deles dialoga de formas diferentes com os
temas das canções, articulando jogos, partituras e
análises textuais, entre outros.
“Se você pensar bem e tiver, digamos, mais de 40 anos, como eu, o conceito de
imersão na música remonta a um ao bastante simples, que acontecia quando
pegávamos um disco de vinil e o escutávamos, olhando para o encarta e lendo
as letras, completamente esquecidos do mundo enquanto nos apaixonávamos
pela música (…). Os formatos digitais nos tiraram um pouco dessa capacidade.
Graças a eles, ouvimos músicas em movimento, enquanto escovamos os dentes
ou tomamos banho. Não que isso seja de todo ruim, mas é como se
mantivéssemos um relacionamento amoroso superficial com a música. 'Biophilia'
é uma experiência em torno daquele conceito de que falei inicialmente, de nos
fazer parar e ouvir a música com profunda atenção. A diferença é que agora o
encarte, as fotos, as imagens, tudo está em movimento, tudo tem vida.” - Scott
Snibbe, em entrevista para o Jornal O Globo
19. CULTURA PARTICIPATIVA
3 Tendências (JENKINS, 2006, pp. 135-136):
- Apropriações sendo feitas com usos de ferramentas que permitem ao usuário anotar,
modificar, incluir informações diversas.
- Uma ética Do it yourself / Faça você mesmo.
- Uma nova organização da economia do entretenimento que viabiliza o surgimento desses
tipos de práticas e de um novo consumidor mais ativo e atento.
Na prática:
- Incorporação do público às esferas da distribuição e da produção
- Crowdsourcing: “um modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos
coletivos e voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdo e
soluções ou desenvolver novas tecnologias como também para gerar fluxo de informação”
(WIKIPEDIA-PT).
20. CULTURA PARTICIPATIVA
Crowdsourcing: Instagram
Moby
O álbum “Destroyed” pode ser escutado no site
http://destroyed.moby.com, uma plataforma interativa
em parceria com o Instagram, o Polymaps e o
Soundcloud.
Os pontos brancos são fotos feitas pelo próprio artista
nesses locais. Os pretos, são fotos dos usuários no
Instagram, captadas através da hashtag #destroyed.
21. CULTURA PARTICIPATIVA
Crowdsourcing: Instagram
The Vaccines
The Vaccines lançou o vídeo da música
“Wetsuit” usando como material as fotos
enviadas pelos usuários no Instagram.
A proposta foi que os fãs compartilhassem no
aplicativo imagens feitas em festivais de
música usando a hashtag #vaccinesvideo.
As imagens estão hospedadas no site
http://vaccinesvideo.com/.
22. CULTURA PARTICIPATIVA
Crowdsourcing: Instagram
Móveis Coloniais de Acaju
Também lançaram um vídeo usando imagens
do Instagram.
Cada uma das hashtags ao lado indicam uma
referência à letra da música “Vejo em teu
olhar”.
Todas as fotos ficaram hospedadas no site
http://instamoveis.com.br/.
23. CULTURA PARTICIPATIVA
Crowdsourcing
Imogen Heap
Criação coletiva do 4º álbum.
O público é convidado periodicamente a enviar sons,
palavras, imagens e demais conteúdos para compor as
faixas e videoclipes do disco, ainda sem título.
Uso de hashtags #heapsong.
Registro em vídeo do processo criativo.
24. Fontes consultadas
ANDRADE, Luiz Adolfo & SÁ, Simone Pereira de. “This Is Not A Song. Games,
computação ubíqua e novos canais para circulação musical” In: ANDRADE, L.A.;
FALCÃO, T. (Org.). Realidade Sintética: jogos eletrônicos, comunicação e experiência
social no início do século XXI. Realidade Sintética: jogos eletrônicos, comunicação e
experiência social no início do século XXI. São Paulo: Scortecci, 2012
FRITH, Simon. “The popular music industry”. In: FRITH, Simon; STRAW, Will &
STREET, John (org.). The Cambridge companion to pop and rock. New York:
Cambridge University Press, 2001.
HERSCHMANN, Micael. Indústria da música em transição. São Paulo: Estação das
Letras e Cores, 2010.
JENKINS, Henry. “Interactive audiences? The 'collective intelligence'”. In: JENKINS,
Henry. Fans, bloggers and gamers: exploring participatory culture. New York: New York
University Press, 2006.
NERCOLINI, Marildo & WALTENBERG, Lucas. “Novos mediadores na crítica musical”.
In: SÁ, Simone Pereira de (org.). Rumos da cultura da música. Porto Alegre: Sulina,
2010.
Sites:
Estrombo. - http://www.estrombo.com.br/
Overmundo. Móveis planejados de acaju.
http://www.overmundo.com.br/overblog/moveis-planejados-de-acaju
Wired. The álbum is dead. Long live the app. Contato:
http://www.wired.com/business/2009/08/the-album-is-dead-long-live-the-app/
lwaltenberg@gmail.com
The WSJ. The new rock-star paradigm. facebook.com/luacs
http://online.wsj.com/article/SB10001424052748703727804576017592259031536.html
Wikipedia.