Gonçalo M. Tavares discute sua carreira como escritor, incluindo sua intensa criatividade entre os 20 e 30 anos. Ele lia principalmente autores clássicos que sobreviveram ao teste do tempo e acredita que a experiência de vida é importante, mas não necessariamente sofrimento. Sua escrita é apoiada por cafés e caminhadas.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo ano de 2014 5, aula 113-114
1.
2. [«Onde estava há sete anos, antes de publicar
o primeiro de 23 livros?»]
Ao responder, Gonçalo M. Tavares
preocupou-se em explicar que
a) já tinha publicado ainda mais intensamente
antes dos trinta e um anos.
b) editara livros que não fora ele que escrevera.
c) não escrevera todos os livros que publicara.
d) já escrevera antes parte do que publicara.
3. [«Como conseguiu ter tal intensidade criativa
nesse período, entre os 20 e os 30 anos,
uma idade ainda muito verde?»]
Foi importante para a atividade criativa de
Gonçalo M. Tavares ter lido
a) os autores da sua geração.
b) sobretudo os autores clássicos.
c) autores que sobreviveram ao teste do tempo.
d) os autores antigos.
4. Para o escritor, «clássicos» são as obras
a) greco-latinas.
b) gregas.
c) importantes mesmo que relativamente
contemporâneas.
d) antigas.
5. A frase de Nietzsche «o que este povo deve
ter sofrido para conseguir ser tão sábio»
a) é irónica.
b) significa que o conhecimento cultural implica
esforço.
c) significa que o exercício da arte é aborrecido.
d) significa que a cultura é aborrecida.
6. [«É preciso então sofrer para ser criativo?»]
Para Gonçalo M. Tavares,
a) é ao contrário: mais vale ter tido poucas
experiências (como Pessoa, por exemplo).
b) tudo depende de como somos capazes de
aproveitar as experiências que tivemos.
c) só tendo muitas experiências pessoais é que
se pode ser bom escritor.
d) tudo depende do tipo de experiências por que
se passou.
7. [«Ainda assim busca alimento para a sua escrita
nalgum sítio ou circunstância específicas?»]
Os risos correspondentes à expressão entre
parênteses retos ter-se-ão devido a
a) estar o entrevistado a referir aspeto quase doentio.
b) ser a frase irónica (na verdade, Tavares
considera-se pouco observador).
c) estarem os entrevistadores a beber chá.
d) ter «absorvido por mim» uma conotação um
pouco brejeira.
8. [«Não há um cenário de predisposição?»]
Na fase de preparação das suas obras,
Gonçalo M. Tavares
a) estabelece um plano de modo a confrontar-se com
circunstâncias em que possa observar os outros.
b) escreve nos cafés, o que já o aproxima das
fontes de inspiração.
c) depara-se com as suas fontes de inspiração
sem o planear, já que costuma andar a pé.
d) recorre a cafés, como aconteceu quando
escreveu Água, Cocó de Cão, Cavalo, Cabeça.
9. [«Isso muda muito quando está em casa a
escrever ao computador?»]
Para Tavares, o uso do computador ou a frequência
de cafés correspondem, respetivamente, a
a) observações fragmentárias; romances e
revisão de texto.
b) romances; observações fragmentárias e
revisão de texto.
c) romances e observação fragmentárias; revisão
de texto.
d) romances e revisão de texto; observações
fragmentárias.
10. [«Diz que quando começou a ler jogou pelo seguro e
escolheu livros que atravessaram três ou quatro gerações.
Se o público tivesse seguido essa lógica, não começaria
pelo Gonçalo M. Tavares...»]
O entrevistador faz notar um paradoxo (relacionado
com uma anterior confissão do escritor):
a) se os outros tivessem seguido os critérios de Gonçalo
M. Tavares enquanto leitor, ele não teria sido lido.
b) se os leitores tivessem só lido o que era bom, não
teriam conhecido a escrita de Gonçalo M. Tavares.
c) se o público só tivesse lido as novidades, não teria lido
a obra de Gonçalo M. Tavares.
d) se os leitores só tivessem lido o que era claramente
português, não teriam lido Gonçalo M. Tavares.
11. Nas suas leituras, Gonçalo M. Tavares foi
guiado
a) apenas pela regra da novidade.
b) também por parte da família.
c) pelo facto de os autores serem portugueses.
d) por algumas pessoas com quem se cruzou e o
aconselharam.
12. [«Como se sente ao ser incluído numa nova
geração de escritores?»]
O autor de Jerusalém
a) não acredita no conceito de «geração».
b) sente orgulho por ser considerado um dos
melhores.
c) considera que os da nova geração têm
características demasiado individualizáveis.
d) julga que cada um absorve de modo diferente.
13. [«Sente-se mais próximo de artistas de outras
áreas do que de outros escritores?»]
Gonçalo M. Tavares considera que
a) já não há escolas ou correntes literárias.
b) se identifica com certas artes.
c) é preciso reencontrar um adversário comum.
d) lhe interessam mais as outras artes.
14. [«Mas o fascínio pelo cruzamento com outras artes é
comum aos escritores mais novos...»]
O entrevistado responde que
a) as atividades por outras artes a partir das suas
obras não lhe interessam, são-lhe indiferentes.
b) as atividades de outros escritores a partir das
suas obras são como estar a martelar.
c) lhe agrada que outras artes reinterpretem as
suas obras, mesmo se não considera esses
trabalhos já os seus.
d) os escritores compreendem-se bem entre si.
15.
16.
17. DECLARAÇÃO
Michael Berg, estudante de Direito na
Universidade de Heidelberg, residente na ...,
declara estar em condições de assegurar
que Hanna Schmitz, atualmente em
julgamento no tribunal de ..., até há poucos
anos não sabia ler.
O declarante travou conhecimento com
Hanna Schmitz na cidade de Neustad, em
1959, em circunstâncias que recorda com
saudade mas que se escusará a detalhar.
18. O que é relevante é ter-se então apercebido
de a Senhora Schmitz ser analfabeta.
Durante meses, leu em voz alta a Hanna
Schmitz obras fundamentais da literatura
universal, para visível deleite desta, que, no
entanto, nunca pôde prosseguir sozinha a
leitura de cada um dos livros que tanto a
entusiasmavam. Em outras ocasiões, a
mesma Hanna Schmitz mostrou-se incapaz
de ler textos informativos simples (uma
ementa, um guia, um caderno de
apontamentos, ...).
19. Acrescenta ainda o declarante que lhe
pareceu que Schmitz, por vergonha,
procurava esconder a sua evidente
iliteracia.
Heidelberg, 11 de maio de 1962
Michael Berg
20.
21.
22. Os quatro poemas que se seguem
foram escritos por Jorge de Sena, em
1961 («Quatro Sonetos a Afrodite
Anadiómena», Metamorfoses, Lisboa,
Moraes, 1963).
23. Se excetuarmos as palavras
«gramaticais» (preposições, conjunções,
determinantes, pronomes), há sobretudo
vocábulos criados pelo poeta, ainda que
seguindo os padrões morfológicos do
português (palavras cunhadas, portanto).
Também as características de
versificação esperáveis são efetivamente
cumpridas, já que, em termos de
24. métrica, temos versos decassilábicos, e
a rima das quadras é interpolada e
emparelhada, enquanto que, nas duas
estrofes finais dos sonetos, surgem os
esquemas rimáticos C-C-D-E-E-D (para o
primeiro e último poemas) e C-D-E-C-D-
E, C-D-C-D-C-D (no segundo e terceiro
sonetos).
25. Reconhecemos também as classes da
maioria das palavras inventadas por Sena
(«sussúrica» será adjetivo; «escalca»,
verbo; «transcêndia», nome), bem como
percebemos certas categorias
(«palquitonará» há de ser uma 3.ª pessoa
do singular do Futuro do Indicativo;
«fissivirão», uma 3.ª pessoa do plural do
mesmo tempo; «refucarai», a 2.ª pessoa
do plural do Imperativo).
26. Quanto a mim, há dois casos em que
Sena decidiu mal as grafias. No terceiro
soneto há uma acentuação impossível no
sistema ortográfico português: «uníflo»
nunca poderia ter o acento gráfico que lhe
foi posto, já que, mesmo sem ele, era já uma
palavra grave. Também não concordo com
a grafia «nigrors», no segundo soneto, pois
que a formação do plural implicava um
«res» (compare-se: «júnior», «juniores»). No
último soneto, torço o nariz à acentuação
gráfica de «meláina» e «Hefáistos».
27.
28. TPC — (i) [só para oito alunos:]
Prepara a leitura em voz alta de um dos
sonetos de Sena: os futuros
intervenientes no jogo I dos quartos de
final da Liga dos Campeões lerão «I-
Pandemos»; os de J, «II-Anósia»; os de K,
«III-Urânia»; e os de L, «IV-Amátia».
29. (ii) Lembro que deves enviar-me
comentário-análise de canção — não
deixes de ler Instruções para tepecê de
análise-comentário de canção.
(iii) Ainda aceito o Bibliofilme (não
fazer esta tarefa implicará grande baixa
da nota final do ano).