1) O capítulo critica os peixes por se comerem uns aos outros e por seguirem cegamente o isco.
2) O autor mostra que os homens cometem os mesmos erros, prejudicando e explorando uns aos outros.
3) A referência aos índios visa culpabilizar os colonos portugueses pela exploração dos nativos.
Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 41-42
1.
2.
3. açougue talho
bulir mexer(-se)
legatário herdeiro
a mesma mulher a própria mulher
pleito questão judicial
gentio pagão
sevícia mau trato físico
boquear abrir a boca para respirar
sofregamente; agonizar
pique lança
varredura o que se recolhe ao varrer
sacadela safanão
4.
5. Como o Padre António Vieira já
anunciara (cap. II, p. 110, l. 22), o capítulo
IV vai ser de repreensão dos peixes. São
dois os motivos dessa crítica (como
verás já nas pp. 119-122):
7. 2. {ll. 81-87} os peixes investem cega-
mente ao isco.
Depois de apresentar estas caracte-
rísticas dos peixes, o orador mostra que
os homens incorrem nos mesmos erros:
8. 1. os homens são comidos por outros
homens, quando morrem {ll. 17-30} e
quando são julgados {ll. 34-39}.
9. 2. os homens seguem cegamente os
seus engodos, quando combatem (por
galardões) {ll. 88-97} e quando se deixam
explorar em troca de vestuário/por pura
vaidade {ll. 101-114}.
10.
11. Traça-se uma analogia entre os
peixes que se comem (os maiores
comem os mais pequenos, o que aliás
torna o caso mais grave) e os homens
que também estão sempre a procurar
«comer» o seu semelhante (entenda-se:
enganar ou dominar os outros). Também
se infere que são os mais poderosos a
prejudicar os mais frágeis.
12. Quando se diz «peixes [...] vos
comeis uns aos outros» (ll. 3-4), a
aceção de «comer» que se pode
considerar mais próxima é ‘devorar’;
quando se pergunta «Cuidais que só os
Tapuias se comem uns aos outros?» (l.
19), «comer» equi-vale a ‘devorar’; em
«andarem buscando os homens [...]
como se hão-de comer» (ll. 22-23),
«comer» tem o sentido de ‘enganar, trair,
explorar’.
13. No contexto do sermão — pregado
no Maranhão, em 1654, a uma audiência
de colonos brancos —, a referência ao
sertão e aos índios (dizendo aos ouvin-
tes que não julgassem serem os índios
aqueles que o orador estava a criticar)
visava culpabilizar os colonos e aludir à
exploração que exerciam sobre os
nativos.
14.
15.
16. Marlim é um pai super-protetor.
Como prefere que Nemo fique confinado
a um espaço doméstico (melhor:
«anemonar»), tudo faz para que nem às
aulas o filho vá. Não parece ser da
estirpe dos seus irmãos peixes que,
como se lembra no «Sermão» (cap. II, pp.
111-112, 64-88), são indomáveis e
indomesticáveis (ao contrário de cão,
cavalo, boi, bugio, e
17. até, leões e tigres; papagaio, rouxinol,
açor, aves de rapina). E, no entanto,
comunga de uma característica que o
Padre louva nos peixes (p. 11l. 73), a
desconfiança relativamente aos homens.
18. Menos medroso ou por reação ao
feitio do pai, Nemo arrisca ir investigar
um barco, o que lhe trará depois graves
dissabores. Ao invés, a pequena rémora
(p. 115, ll. 40-54), se procura barcos, é
para se lhes agarrar e, se necessário,
conduzi-los ou bloqueá-los. O Padre
Vieira comparará a força da rémora com
a força da língua de Santo António (ll. 55-
64).
19. Nemo é caçado por um mergulha-
dor. Fosse ele um torpedo, aka raia
elétrica (pp. 115-116, ll. 64-71), e nada
disso acontecia: decerto aproveitaria o
facto de ser capaz de gerar energia
(como quando as raias fazem tremer o
braço dos pescadores que seguram as
canas a cujo isco se agarram).
20. Dóri e Marlim conseguem defender-
se de um ataque de gaivotas. Porém, se
tivessem as qualidades do quarenta e
quatro-olhos (p. 116, ll. 89-107), que pode
vigiar o que se passa em cima e em
baixo, nem aves nem peixes os
surpreenderiam.
21. Tanto o ataque inicial de uma
barracuda a Coral (que torna Nemo órfão de
mãe) como os tubarões que Dóri e Marlim
conhecem, apesar de estarem num progra-
ma de ajuda para vencerem os seus instin-
tos predadores, corroboram o que nos diz o
Padre Vieira como primeira repreensão aos
peixes (cap. IV, p. 119): os peixes comem-
se uns aos outros (e, por azar, são sempre
osgrandes que comem os pequenos
— se fosse ao contrário, «era menos mal»).
22. TPC — Preparar leitura em voz alta
do cap. 4 do «Sermão».