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1. O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do
Mondego, solicitando-lhes o seu «favor» (est.
78, v. 5) para conseguir continuar a cantar os
lusitanos, apesar da desconsideração destes
face ao seu trabalho. Entendendo a sua tarefa
como um «caminho tão árduo, longo e vário»
(est. 78, v. 4), sente-se como um navegador no
«alto mar» (est. 78, v. 6), ameaçado por «vento
tão contrário” (est. 78, v. 6), ou seja, envolvido
numa empreitada (literária) que, não sendo
reconhecida como desejaria, lhe provoca
sofrimento e desilusão. Deste modo, pretende
obter a ajuda das Ninfas para que o seu «fraco
batel» (est. 78, v. 8) não se «afunde» antes de
concluído o poema.
2. O poeta afirma que há muito tempo
celebra em verso os portugueses (est. 79,
vv. 1-2), mas o destino («a fortuna», est.
79, v. 3) não lhe tem sido favorável,
levando-o a viver perigos no mar (est. 79,
v. 5) e na guerra (est. 79, vv. 5-6). A sua
pobreza levou-o mesmo a exilar-se (est.
80, vv. 1-2) e a sentir-se abatido (est. 80,
vv. 3-4). Para além destes infortúnios,
também não recebeu uma recompensa
daqueles que cantou, frustrando-se as
suas expectativas de reconhecimento (est.
81, vv. 2-8, 82, vv. 1-4).
3. O poeta usa o tom sarcástico quando
se refere aos «engenhos de senhores»
portugueses (est. 82, v. 1), porque estes
não valorizam os escritores que os
glorificam através do seu canto (est. 82,
vv. 3-4). Cantou os feitos dos portugueses
e o valor do seu trabalho não foi
reconhecido ou premiado. Acrescenta
ainda que, não recompensando os poetas,
tais «senhores» estão a dar um mau
exemplo aos «futuros escritores» (est. 82,
v. 5) que pretendam conservar para o
futuro a glória dos portugueses.
4. Partindo da sua experiência, o poeta
promete que não vai cantar aqueles que
põem em primeiro lugar o seu próprio
interesse em vez do bem comum e do do
Rei. Também não cantará os ambiciosos
que querem alcançar grandes cargos para
desenvolverem os seus vícios.
Os Lusíadas são uma obra de glorificação e
confiança ou de desalento e descrença?
Por um lado, na sua aparência mais visível,
apresentam uma história em que a aventura
chega a bom termo, obtém as finalidades
propostas, em que os inimigos ficam vencidos e
os heróis reconhecidos e recompensados. [...]
Porém, o lado sombrio, que encontrámos no
Velho do Restelo e noutros passos de deceção e
cansaço, também adquire expressão nítida.
MATOS, Maria Vitalina Leal de, «Lusíadas (Os)», in SILVA,
Vítor Aguiar e (coord.), 2011. Dicionário de Luís de Camões.
Alfragide: Caminho
Reflete sobre a questão levantada no
início do excerto acima transcrito,
considerando as ver-tentes laudatória e
crítica d’Os Lusíadas. Apoia a tua reflexão
em alusões pertinentes à obra. Escreve
um texto de oitenta a cento e trinta
palavras.
Os Lusíadas transmitem, por vezes,
uma visão contraditória dos portu-gueses e
dos seus feitos, ao conjugar momentos de
elogio e de crítica.
O tom geral do poema é de enalte-
cimento dos lusitanos, apresentados como
heróis superadores das mais diversas
provas (os perigos marítimos, as doenças, a
separação da família) e capazes, inclusiva-
mente, de dividir os deuses (ganhando a
inimizade de Baco que, continuamente, lhes
arma ciladas).
Contudo, o poeta não abdica de uma
posição interventiva e, particular-mente no
final dos cantos e na sequência dos
acontecimentos relatados, manifesta
grande tristeza face à perda de valores dos
portugueses e ao seu desinteresse pelas
artes.
Deste modo, alia-se à exaltação épica
da nação lusa o tom disfórico de um poeta-
narrador que avalia lúcida e criticamente
os efeitos da mesma expansão que canta.
Hoje, à tarde, cerca das 14.20, saímos
para Mafra.
Poema épico
Poema épico-lírico
dez cantos
estrutura triádica: «Brasão», «Mar
Português», «O Encoberto»
escritos em meados do século XVI,
época do declínio do apogeu
expansionista
escrita entre 1913 e 1934, época de
desencantos (relativamente a 1.ª
República e a Estado Novo)
cariz narrativo e descritivo; dimensão real
e concreta
cariz abstrato e interpretativo; dimensão
simbólica, doutrinária
fundo histórico: a viagem do Gama
fundo histórico e simbólico: a busca de
uma «Índia que não há»
referência aos fundadores de Portugal
pela voz de Vasco da Gama e de Paulo
da Gama, nos relatos ao rei de Melinde e
ao Catual
evocam-se os que estiveram associados
aos primórdios da nacionalidade,
pedindo-se a Afonso Henriques que
abençoe a pátria com o seu exemplo
referem-se as lutas contra os Mouros
(Batalha de Ourique) e as lutas contra
Castela (Aljubarrota; papel de
Nun’Álvares)
Pessoa refere-se à figura de Nun’Álvares
como um messias, um «Portugal em ser»
relata-se a aventura da descoberta do
caminho marítimo para a Índia, incluindo
adversidades e perigos (despedidas de
Belém, Adamastor, tempestade)
evoca-se processo de conquista do mar
desconhecido («O infante D. Henrique»,
«Horizonte», «Padrão», «O Mostrengo»,
«Ocidente», «Mar Português»)
Ilha dos Amores é a recompensa para os
portugueses que se transcenderam
Pessoa sonha a recompensa: «ilhas
afortunadas», «terras sem ter lugar»,
onde mora o Desejado
D. Sebastião é a garantia e a esperança
do regresso de tempos gloriosos, ao
estilo do sebastianismo tradicional
D. Sebastião está na base de um
sebastianismo pessoano, que, sem negar
o passado, aponta para um futuro
promissor
nas Dedicatórias (cantos I e X), Camões
reconhece em D. Sebastião qualidades
de líder
loucura de D. Sebastião é evocada como
necessária à criação de um novo império
conceito de herói épico tradicional: o
que o move é a guerra contra os infiéis,
a expansão
conceito de herói mítico: o que é
escolhido para cumprir uma missão e é
movido pela «febre do Além»
os obstáculos que o herói enfrenta
levam-no à construção de um Império
terreno (nacionalismo)
os obstáculos que o herói enfrenta
lavam-no à transcendência, a um
império espiritual, o Quinto Império
(nacionalismo universalista)
poeta revela desencanto pelo presente
poeta revela desencanto pelo presente
e apela à construção de um futuro de
dimensão cultural e espiritual: «É a
hora!»
poeta, ainda que valorizando os
momentos gloriosos da pátria, mostra
tristeza pelo não reconhecimento do
seu valor, pelo estado da pátria
poeta pretende restaurar a grandeza da
pátria, recriando o mito sebastianista,
essencial ao renascimento que se
defende
a poesia serve para registar e glorificar
o passado
a poesia, o sonho, o misticismo são as
forças que levarão ao Quinto Império
Segunda parte / Mar Português
• O Infante
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«Tudo vale a pena / Se a alma não é
pequena»:
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Tem que passar além da dor»:
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frequentemente, «dor», por isso, quem
deseja conquistar alguma coisa, tem de
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Mas nele é que espelhou o céu»:
Salienta-se a conjugação, no «mar», do
«perigo» e do «abismo» com o «céu»:
tudo o que é verdadeiramente custoso
tem a sua faceta compensatória.
Ambos os textos explicitam a ideia
de que o sofrimento é necessário para a
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nos heróis, nos que ficam em terra (as
mulheres, as mães, os filhos), embora
essa, decerto, seja uma estratégia
igualmente valorizadora dos feitos dos
que saem.
TPC
Lê Felizmente há luar! (reproduzi o
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mas, é claro, é mais cómodo ler por
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[Pedia a quem emprestei volumes de
Felizmente que mos trouxesse para os
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Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141

  • 1.
  • 2. 1. O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do Mondego, solicitando-lhes o seu «favor» (est. 78, v. 5) para conseguir continuar a cantar os lusitanos, apesar da desconsideração destes face ao seu trabalho. Entendendo a sua tarefa como um «caminho tão árduo, longo e vário» (est. 78, v. 4), sente-se como um navegador no «alto mar» (est. 78, v. 6), ameaçado por «vento tão contrário” (est. 78, v. 6), ou seja, envolvido numa empreitada (literária) que, não sendo reconhecida como desejaria, lhe provoca sofrimento e desilusão. Deste modo, pretende obter a ajuda das Ninfas para que o seu «fraco batel» (est. 78, v. 8) não se «afunde» antes de concluído o poema.
  • 3. 2. O poeta afirma que há muito tempo celebra em verso os portugueses (est. 79, vv. 1-2), mas o destino («a fortuna», est. 79, v. 3) não lhe tem sido favorável, levando-o a viver perigos no mar (est. 79, v. 5) e na guerra (est. 79, vv. 5-6). A sua pobreza levou-o mesmo a exilar-se (est. 80, vv. 1-2) e a sentir-se abatido (est. 80, vv. 3-4). Para além destes infortúnios, também não recebeu uma recompensa daqueles que cantou, frustrando-se as suas expectativas de reconhecimento (est. 81, vv. 2-8, 82, vv. 1-4).
  • 4. 3. O poeta usa o tom sarcástico quando se refere aos «engenhos de senhores» portugueses (est. 82, v. 1), porque estes não valorizam os escritores que os glorificam através do seu canto (est. 82, vv. 3-4). Cantou os feitos dos portugueses e o valor do seu trabalho não foi reconhecido ou premiado. Acrescenta ainda que, não recompensando os poetas, tais «senhores» estão a dar um mau exemplo aos «futuros escritores» (est. 82, v. 5) que pretendam conservar para o futuro a glória dos portugueses.
  • 5. 4. Partindo da sua experiência, o poeta promete que não vai cantar aqueles que põem em primeiro lugar o seu próprio interesse em vez do bem comum e do do Rei. Também não cantará os ambiciosos que querem alcançar grandes cargos para desenvolverem os seus vícios.
  • 6. Os Lusíadas são uma obra de glorificação e confiança ou de desalento e descrença? Por um lado, na sua aparência mais visível, apresentam uma história em que a aventura chega a bom termo, obtém as finalidades propostas, em que os inimigos ficam vencidos e os heróis reconhecidos e recompensados. [...] Porém, o lado sombrio, que encontrámos no Velho do Restelo e noutros passos de deceção e cansaço, também adquire expressão nítida. MATOS, Maria Vitalina Leal de, «Lusíadas (Os)», in SILVA, Vítor Aguiar e (coord.), 2011. Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho
  • 7. Reflete sobre a questão levantada no início do excerto acima transcrito, considerando as ver-tentes laudatória e crítica d’Os Lusíadas. Apoia a tua reflexão em alusões pertinentes à obra. Escreve um texto de oitenta a cento e trinta palavras.
  • 8. Os Lusíadas transmitem, por vezes, uma visão contraditória dos portu-gueses e dos seus feitos, ao conjugar momentos de elogio e de crítica. O tom geral do poema é de enalte- cimento dos lusitanos, apresentados como heróis superadores das mais diversas provas (os perigos marítimos, as doenças, a separação da família) e capazes, inclusiva- mente, de dividir os deuses (ganhando a inimizade de Baco que, continuamente, lhes arma ciladas).
  • 9. Contudo, o poeta não abdica de uma posição interventiva e, particular-mente no final dos cantos e na sequência dos acontecimentos relatados, manifesta grande tristeza face à perda de valores dos portugueses e ao seu desinteresse pelas artes. Deste modo, alia-se à exaltação épica da nação lusa o tom disfórico de um poeta- narrador que avalia lúcida e criticamente os efeitos da mesma expansão que canta.
  • 10.
  • 11. Hoje, à tarde, cerca das 14.20, saímos para Mafra.
  • 12.
  • 14. dez cantos estrutura triádica: «Brasão», «Mar Português», «O Encoberto»
  • 15. escritos em meados do século XVI, época do declínio do apogeu expansionista escrita entre 1913 e 1934, época de desencantos (relativamente a 1.ª República e a Estado Novo)
  • 16. cariz narrativo e descritivo; dimensão real e concreta cariz abstrato e interpretativo; dimensão simbólica, doutrinária
  • 17. fundo histórico: a viagem do Gama fundo histórico e simbólico: a busca de uma «Índia que não há»
  • 18. referência aos fundadores de Portugal pela voz de Vasco da Gama e de Paulo da Gama, nos relatos ao rei de Melinde e ao Catual evocam-se os que estiveram associados aos primórdios da nacionalidade, pedindo-se a Afonso Henriques que abençoe a pátria com o seu exemplo
  • 19. referem-se as lutas contra os Mouros (Batalha de Ourique) e as lutas contra Castela (Aljubarrota; papel de Nun’Álvares) Pessoa refere-se à figura de Nun’Álvares como um messias, um «Portugal em ser»
  • 20. relata-se a aventura da descoberta do caminho marítimo para a Índia, incluindo adversidades e perigos (despedidas de Belém, Adamastor, tempestade) evoca-se processo de conquista do mar desconhecido («O infante D. Henrique», «Horizonte», «Padrão», «O Mostrengo», «Ocidente», «Mar Português»)
  • 21. Ilha dos Amores é a recompensa para os portugueses que se transcenderam Pessoa sonha a recompensa: «ilhas afortunadas», «terras sem ter lugar», onde mora o Desejado
  • 22. D. Sebastião é a garantia e a esperança do regresso de tempos gloriosos, ao estilo do sebastianismo tradicional D. Sebastião está na base de um sebastianismo pessoano, que, sem negar o passado, aponta para um futuro promissor
  • 23. nas Dedicatórias (cantos I e X), Camões reconhece em D. Sebastião qualidades de líder loucura de D. Sebastião é evocada como necessária à criação de um novo império
  • 24. conceito de herói épico tradicional: o que o move é a guerra contra os infiéis, a expansão conceito de herói mítico: o que é escolhido para cumprir uma missão e é movido pela «febre do Além»
  • 25. os obstáculos que o herói enfrenta levam-no à construção de um Império terreno (nacionalismo) os obstáculos que o herói enfrenta lavam-no à transcendência, a um império espiritual, o Quinto Império (nacionalismo universalista)
  • 26. poeta revela desencanto pelo presente poeta revela desencanto pelo presente e apela à construção de um futuro de dimensão cultural e espiritual: «É a hora!»
  • 27. poeta, ainda que valorizando os momentos gloriosos da pátria, mostra tristeza pelo não reconhecimento do seu valor, pelo estado da pátria poeta pretende restaurar a grandeza da pátria, recriando o mito sebastianista, essencial ao renascimento que se defende
  • 28. a poesia serve para registar e glorificar o passado a poesia, o sonho, o misticismo são as forças que levarão ao Quinto Império
  • 29.
  • 30. Segunda parte / Mar Português • O Infante • Horizonte • Padrão • O Mostrengo • Epitáfio de Bartolomeu Dias • Os Colombos • Ocidente • Fernão de Magalhães • Ascensão de Vasco da Gama • Mar Português • A Última Nau • Prece
  • 31.
  • 32. «Tudo vale a pena / Se a alma não é pequena»: Destaca-se o valor da determinação: com empenho, tudo merece «a pena», ou seja, compensa o sofrimento.
  • 33. «Quem quer passar além do Bojador / Tem que passar além da dor»: Refere-se o cabo Bojador como metáfora dos objetivos a alcançar, que exigem, frequentemente, «dor», por isso, quem deseja conquistar alguma coisa, tem de superar os obstáculos que se lhe deparem.
  • 34. «Deus ao mar o perigo e o abismo deu, / Mas nele é que espelhou o céu»: Salienta-se a conjugação, no «mar», do «perigo» e do «abismo» com o «céu»: tudo o que é verdadeiramente custoso tem a sua faceta compensatória.
  • 35.
  • 36.
  • 37.
  • 38. Ambos os textos explicitam a ideia de que o sofrimento é necessário para a concretização de grandes conquistas. Preferem ambos focar-se, mais do que nos heróis, nos que ficam em terra (as mulheres, as mães, os filhos), embora essa, decerto, seja uma estratégia igualmente valorizadora dos feitos dos que saem.
  • 39.
  • 40. TPC Lê Felizmente há luar! (reproduzi o livro na íntegra em Gaveta de Nuvens, mas, é claro, é mais cómodo ler por volume em papel). [Pedia a quem emprestei volumes de Felizmente que mos trouxesse para os usarmos em aula.]