Apresentação para décimo ano de 2017 8, aula 35-36
Apresentação para décimo segundo ano de 2013 4, aula 140-141
1.
2. 1. O poeta invoca as Ninfas do Tejo e do
Mondego, solicitando-lhes o seu «favor» (est.
78, v. 5) para conseguir continuar a cantar os
lusitanos, apesar da desconsideração destes
face ao seu trabalho. Entendendo a sua tarefa
como um «caminho tão árduo, longo e vário»
(est. 78, v. 4), sente-se como um navegador no
«alto mar» (est. 78, v. 6), ameaçado por «vento
tão contrário” (est. 78, v. 6), ou seja, envolvido
numa empreitada (literária) que, não sendo
reconhecida como desejaria, lhe provoca
sofrimento e desilusão. Deste modo, pretende
obter a ajuda das Ninfas para que o seu «fraco
batel» (est. 78, v. 8) não se «afunde» antes de
concluído o poema.
3. 2. O poeta afirma que há muito tempo
celebra em verso os portugueses (est. 79,
vv. 1-2), mas o destino («a fortuna», est.
79, v. 3) não lhe tem sido favorável,
levando-o a viver perigos no mar (est. 79,
v. 5) e na guerra (est. 79, vv. 5-6). A sua
pobreza levou-o mesmo a exilar-se (est.
80, vv. 1-2) e a sentir-se abatido (est. 80,
vv. 3-4). Para além destes infortúnios,
também não recebeu uma recompensa
daqueles que cantou, frustrando-se as
suas expectativas de reconhecimento (est.
81, vv. 2-8, 82, vv. 1-4).
4. 3. O poeta usa o tom sarcástico quando
se refere aos «engenhos de senhores»
portugueses (est. 82, v. 1), porque estes
não valorizam os escritores que os
glorificam através do seu canto (est. 82,
vv. 3-4). Cantou os feitos dos portugueses
e o valor do seu trabalho não foi
reconhecido ou premiado. Acrescenta
ainda que, não recompensando os poetas,
tais «senhores» estão a dar um mau
exemplo aos «futuros escritores» (est. 82,
v. 5) que pretendam conservar para o
futuro a glória dos portugueses.
5. 4. Partindo da sua experiência, o poeta
promete que não vai cantar aqueles que
põem em primeiro lugar o seu próprio
interesse em vez do bem comum e do do
Rei. Também não cantará os ambiciosos
que querem alcançar grandes cargos para
desenvolverem os seus vícios.
6. Os Lusíadas são uma obra de glorificação e
confiança ou de desalento e descrença?
Por um lado, na sua aparência mais visível,
apresentam uma história em que a aventura
chega a bom termo, obtém as finalidades
propostas, em que os inimigos ficam vencidos e
os heróis reconhecidos e recompensados. [...]
Porém, o lado sombrio, que encontrámos no
Velho do Restelo e noutros passos de deceção e
cansaço, também adquire expressão nítida.
MATOS, Maria Vitalina Leal de, «Lusíadas (Os)», in SILVA,
Vítor Aguiar e (coord.), 2011. Dicionário de Luís de Camões.
Alfragide: Caminho
7. Reflete sobre a questão levantada no
início do excerto acima transcrito,
considerando as ver-tentes laudatória e
crítica d’Os Lusíadas. Apoia a tua reflexão
em alusões pertinentes à obra. Escreve
um texto de oitenta a cento e trinta
palavras.
8. Os Lusíadas transmitem, por vezes,
uma visão contraditória dos portu-gueses e
dos seus feitos, ao conjugar momentos de
elogio e de crítica.
O tom geral do poema é de enalte-
cimento dos lusitanos, apresentados como
heróis superadores das mais diversas
provas (os perigos marítimos, as doenças, a
separação da família) e capazes, inclusiva-
mente, de dividir os deuses (ganhando a
inimizade de Baco que, continuamente, lhes
arma ciladas).
9. Contudo, o poeta não abdica de uma
posição interventiva e, particular-mente no
final dos cantos e na sequência dos
acontecimentos relatados, manifesta
grande tristeza face à perda de valores dos
portugueses e ao seu desinteresse pelas
artes.
Deste modo, alia-se à exaltação épica
da nação lusa o tom disfórico de um poeta-
narrador que avalia lúcida e criticamente
os efeitos da mesma expansão que canta.
15. escritos em meados do século XVI,
época do declínio do apogeu
expansionista
escrita entre 1913 e 1934, época de
desencantos (relativamente a 1.ª
República e a Estado Novo)
16. cariz narrativo e descritivo; dimensão real
e concreta
cariz abstrato e interpretativo; dimensão
simbólica, doutrinária
17. fundo histórico: a viagem do Gama
fundo histórico e simbólico: a busca de
uma «Índia que não há»
18. referência aos fundadores de Portugal
pela voz de Vasco da Gama e de Paulo
da Gama, nos relatos ao rei de Melinde e
ao Catual
evocam-se os que estiveram associados
aos primórdios da nacionalidade,
pedindo-se a Afonso Henriques que
abençoe a pátria com o seu exemplo
19. referem-se as lutas contra os Mouros
(Batalha de Ourique) e as lutas contra
Castela (Aljubarrota; papel de
Nun’Álvares)
Pessoa refere-se à figura de Nun’Álvares
como um messias, um «Portugal em ser»
20. relata-se a aventura da descoberta do
caminho marítimo para a Índia, incluindo
adversidades e perigos (despedidas de
Belém, Adamastor, tempestade)
evoca-se processo de conquista do mar
desconhecido («O infante D. Henrique»,
«Horizonte», «Padrão», «O Mostrengo»,
«Ocidente», «Mar Português»)
21. Ilha dos Amores é a recompensa para os
portugueses que se transcenderam
Pessoa sonha a recompensa: «ilhas
afortunadas», «terras sem ter lugar»,
onde mora o Desejado
22. D. Sebastião é a garantia e a esperança
do regresso de tempos gloriosos, ao
estilo do sebastianismo tradicional
D. Sebastião está na base de um
sebastianismo pessoano, que, sem negar
o passado, aponta para um futuro
promissor
23. nas Dedicatórias (cantos I e X), Camões
reconhece em D. Sebastião qualidades
de líder
loucura de D. Sebastião é evocada como
necessária à criação de um novo império
24. conceito de herói épico tradicional: o
que o move é a guerra contra os infiéis,
a expansão
conceito de herói mítico: o que é
escolhido para cumprir uma missão e é
movido pela «febre do Além»
25. os obstáculos que o herói enfrenta
levam-no à construção de um Império
terreno (nacionalismo)
os obstáculos que o herói enfrenta
lavam-no à transcendência, a um
império espiritual, o Quinto Império
(nacionalismo universalista)
26. poeta revela desencanto pelo presente
poeta revela desencanto pelo presente
e apela à construção de um futuro de
dimensão cultural e espiritual: «É a
hora!»
27. poeta, ainda que valorizando os
momentos gloriosos da pátria, mostra
tristeza pelo não reconhecimento do
seu valor, pelo estado da pátria
poeta pretende restaurar a grandeza da
pátria, recriando o mito sebastianista,
essencial ao renascimento que se
defende
28. a poesia serve para registar e glorificar
o passado
a poesia, o sonho, o misticismo são as
forças que levarão ao Quinto Império
29.
30. Segunda parte / Mar Português
• O Infante
• Horizonte
• Padrão
• O Mostrengo
• Epitáfio de Bartolomeu Dias
• Os Colombos
• Ocidente
• Fernão de Magalhães
• Ascensão de Vasco da Gama
• Mar Português
• A Última Nau
• Prece
31.
32. «Tudo vale a pena / Se a alma não é
pequena»:
Destaca-se o valor da determinação: com
empenho, tudo merece «a pena», ou
seja, compensa o sofrimento.
33. «Quem quer passar além do Bojador /
Tem que passar além da dor»:
Refere-se o cabo Bojador como metáfora
dos objetivos a alcançar, que exigem,
frequentemente, «dor», por isso, quem
deseja conquistar alguma coisa, tem de
superar os obstáculos que se lhe
deparem.
34. «Deus ao mar o perigo e o abismo deu, /
Mas nele é que espelhou o céu»:
Salienta-se a conjugação, no «mar», do
«perigo» e do «abismo» com o «céu»:
tudo o que é verdadeiramente custoso
tem a sua faceta compensatória.
35.
36.
37.
38. Ambos os textos explicitam a ideia
de que o sofrimento é necessário para a
concretização de grandes conquistas.
Preferem ambos focar-se, mais do que
nos heróis, nos que ficam em terra (as
mulheres, as mães, os filhos), embora
essa, decerto, seja uma estratégia
igualmente valorizadora dos feitos dos
que saem.
39.
40. TPC
Lê Felizmente há luar! (reproduzi o
livro na íntegra em Gaveta de Nuvens,
mas, é claro, é mais cómodo ler por
volume em papel).
[Pedia a quem emprestei volumes de
Felizmente que mos trouxesse para os
usarmos em aula.]