3. POR QUE O FUTURO NÃO NECESSITA DE NÓS
Bill Joy
A partir do momento em que me envolvi na criação de novas tecnologias, suas dimensões éticas
têm me preocupado, mas foi somente no outono de 1998 que fiquei ansiosamente ciente do
quão grandes eram os perigos que nos aguardavam no século 21. Posso datar o aparecimento da
minha inquietude no dia em que encontrei Ray Kurzweil [na George Gilder’s Telecosm
conference], o merecidamente famoso inventor da primeira máquina de leitura para cegos e
outras tantas coisas fantásticas. [...]
Tinha perdido a conferência de Ray e o painel subsequente em que estiveram Ray e John [Searle],
e eles estavam agora colocando em dia o que tinha ficado para trás, com Ray dizendo que o ritmo
de aperfeiçoamento da tecnologia iria se acelerar e que iríamos nos tornar robôs ou nos fundir
com robôs ou qualquer coisa que o valha; John, por outro lado, contraargumentou que não era
possível isso acontecer, uma vez que os robôs não poderiam ser conscientes.
Quando ouvia esse discurso antes, sempre senti que robôs conscientes estavam no âmbito da
ficção científica. Mas agora, de uma pessoa que respeitava, estava ouvindo um forte argumento
de que eles eram uma possibilidade em curto prazo. Eu fiquei perplexo, especialmente dada a
habilidade comprovada de Ray para imaginar e criar o futuro. Eu já sabia que as novas
tecnologias, como a engenharia genética e a nanotecnologia, estavam nos dando o poder de
refazer o mundo, mas um panorama realista e iminente de robôs inteligentes me surpreendeu.
[...]
4. POR QUE O FUTURO NÃO NECESSITA DE NÓS
Bill Joy
Creio não ser exagero afirmar que estamos no limiar do aperfeiçoamento maior do mal extremo,
um mal cuja possibilidade se espalha bem além daquele que as armas de destruição em massa
legaram aos estados-nações, ou de um surpreendente e terrível poder conferido a indivíduos
extremados. Nada na forma como me envolvi com computadores me sugeriu que ia enfrentar
questões dessa ordem.
[...] Por volta de 2030, seremos provavelmente capazes de construir máquinas, em quantidade,
mil vezes mais poderosas que os computadores pessoais de hoje – suficientes para implementar
os sonhos [de que os robôs sucederão o homem] de Kurzweil e Moravec.
[...] acima de tudo, é o poder de autorreplicação destrutiva na genética, na nanotecnologia e na
robótica que deveria levar-nos a uma pausa. [...] Pela primeira vez na história do nosso planeta
uma espécie tornou-se um perigo para ela mesma, bem como para um grande número de outras,
por sua própria ação voluntária.
[...] A única alternativa realista que vejo é a renúncia: limitar o desenvolvimento das tecnologias
que são perigosas demais, limitando nossa busca de determinados tipos de conhecimento. [...]
Minha esperança imediata é participar de uma discussão mais ampla das questões levantadas
aqui, com pessoas de diferentes persuasões, em cenários não predispostos a favor ou contra a
tecnologia para seu próprio benefício.
5. O COMANDO
Redação, UFV-2010
Segundo Santos (2003), esse texto é considerado por muitos como apocalíptico. Você, como
um(a) cidadão(ã) atento(a) e preocupado(a) com as questões tecnológicas, deve escrever um
MANIFESTO ANTIAPOCALÍPTICO, entre 20 e 25 linhas, na seção reservada aos leitores de uma
revista de divulgação científica, respeitada nacionalmente, em resposta aos argumentos
levantados por Joy.
Lembramos que o manifesto é uma declaração pública e solene, na qual uma pessoa ou um
grupo organizado de pessoas expõe um problema e sustenta uma posição, programa ou
concepção sobre um determinado tema. O objetivo é persuadir o público em geral e convocá-lo
para se juntar à causa.
6. MANIFESTO
estrutura do gênero
introdução apresenta assunto contextualiza a proposta
desenvolvimento expõe-amplia discute-se o problema análise do problema
o que originou o texto?
título nome do gênero textual apresenta o assunto curto, sintético
conclusão p q solucionar o problema? palavra de ordem em um só parágrafo
despedida e assinatura desp., pal. de ordem assina-se representa-se um grupo
local e data lugar ref. na coletânea ou onde se faz a prova uma linha
é inevitável o locutor de primeira pessoa
o objetivo discursivo é tornar de conhecimento público um assunto
é esperado o uso de estratégias q visem a sensibilizar o leitor e torná-lo cúmplice do locutor
7. O MANIFESTO NA PROVA DA UFV
Redação, UFV-2010
a) por volta de 2030, as máquinas serão tão poderosas que serão capazes de substituir o homem;
b) a capacidade de autorreplicação na genética, na nanotecnologia e na robótica é um perigo para o homem;
c) deve-se limitar o desenvolvimento das tecnologias que são perigosas e limitar determinados tipos de conhecimento.
teses de Bill Joy
8. O MANIFESTO NA PROVA DA UFV
Redação, UFV-2010
é destruir com razões incontestáveis os argumentos de outrem
o que é contra-argumentar?
a) comece a contra-argumentação refutando o argumento que é colocado como o o mais forte;
b) cite exemplos que provem o contrário do que foi exposto;
c) procure falácias de argumentação na argumentação do interlocutor;
como contra-argumentar?
d) verifique se há distorção de evidências na argumentação do interlocutor;
e) apresente fatos e aspectos mais sérios e grandiosos para diminuir a importância do texto confrontado.
9. O MANIFESTO NA PROVA DA UFV
Redação, UFV-2010
a) a inteligência artificial não é dotada de consciência nem de volição;
b) a criação de máquinas depende do homem;
c) a tecnologia de ponta não é acessível a todos e se torna obsoleta em pouco tempo;
refutando Bill Joy
d) se as máquinas evoluem, o homem também pode evoluir e usar a máquina em seu favor;
e) os melhoramentos genéticos/nanotecnológicos/robóticos podem ser encampados pelo ser humano;
f) não há informação perigosa, desde que usada com inteligência e ética;
g) a regulamentação de uma ética robótico-nantotecnológica impediria tal catástrofe.
10. MANIFESTO ANTIAPOCALÍPTICO
Roni Duque
Nós, do conselho de Ética e Segurança (CEC), conclamamos todos a aderir ao Manifesto
Antiapocalíptico, a fim de garantir o progresso tecnológico junto ao desenvolvimento humano.
Conforme nos ensina Galileu Galilei, “a ciência serve para acabar com as canseiras humanas”, ou
seja, ela objetiva facilitar nossas vidas para deixá-las menos cansativas.
Segundo Joy, a tecnologia pode nos levar a extinção. Porém, seria um absurdo pensar assim, se
levarmos em consideração que, após a 1ª Revolução Industrial, a população mundial
quintuplicou, e as taxas de mortalidade reduziram significativamente em oposição às taxas de
natalidade, que se elevaram.
Por isso, confirmamos que o desenvolvimento da tecnologia deve manter o progresso para o
futuro do planeta. A ciência mostra-se eficiente para impedir a destruição e garante nossa
evolução.
Governador Valadares, 29 de novembro de 2010.
Conselho de Ética e Ciência