O texto discute a relação entre artistas e gramáticos na definição dos padrões linguísticos. O locutor defende que os artistas devem ter liberdade para romper com a norma culta, desde que essa ruptura tenha função estrutural e contribua para a renovação da língua.
2. O IDIOMA: VIVO OU MORTO?
O grande problema da língua pátria é que ela é viva e se renova a
cada dia. Problema não para a própria língua, mas para os puristas,
aqueles que fiscalizam o uso e o desuso do idioma. Quando Chico LÍNGUA PORTUGUESA
Buarque de Hollanda criou na letra de “Pedro Pedreiro” o
neologismo “penseiro”, teve gente que chiou. Afinal, que palavra é [viva, renova-se, coloquial]
essa? Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no seu
locutor defende língua coloquial
dicionário. Isso mostra o vigor da língua portuguesa. Nas próximas
edições dos melhores dicionários, não duvidem: provavelmente virá locutor defende língua culta
pelo menos uma definição para a expressão “segura o tcham”. Enfim,
as gírias e expressões populares, por mais erradas ou absurdas que presença de contradição
possam parecer, ajudam a manter a atualidade dos idiomas que se
prezam.
O papel de renovar e atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e
ao povo do que propriamente aos gramáticos e dicionaristas de RENOVADORES DA LÍNGUA
plantão. Nesse sentido, é no mínimo um absurdo ficar patrulhando os
criadores. Claro que os erros devem ser denunciados. Mas há uma [poetas e povo]
diferença entre o “erro” propriamente dito e a renovação. O poeta é, erro X renovação
portanto, aquele que provoca as grandes mudanças na língua.
3. Pena que o Brasil seja um país de analfabetos. E deve-se entender O “ERRO” E OS ANALFABETOS
como tal não apenas aqueles 60 milhões de “desletrados” que o censo
identifica, mas também aqueles que, mesmo sabendo o abecedário, [defesa da língua culta]
raramente fazem uso desse conhecimento. Por isso, é comum ver nas crítica ao uso da língua coloquial
placas a expressão “vende-se à praso” em vez de “vende-se a prazo”;
ou “meio-dia e meio”, em vez de como é mesmo? presença de contradição
O português de Portugal nunca será como o nosso. No Brasil, o
idioma foi enriquecido por expressões de origem indígena e pelas O PORTUGUÊS DO BRASIL
contribuições dos negros, europeus e orientais que para cá vieram.
Mesmo que documentalmente se utilize a mesma língua, no dia-a-dia [diferente do português de Portugal]
o idioma falado aqui nunca será completamente igual ao que se fala defende renovação da língua
em Angola ou Macau, por exemplo.
Voltando à questão inicial, não é só o cidadão comum que atenta locutor critica língua coloquial
contra a língua pátria. Os intelectuais também o fazem, por querer ou
locutor defende língua coloquial
por mera ignorância. E também nós outros, jornalistas, afinal, herrar
é umano, ops, errare humanum est. Ou será oeste? presença de contradição
SANTOS, Jorge Fernando dos. Estado de Minas, Belo Horizonte, 10 jun. 1996. (Texto adaptado)
4. UFMG-2001
Compreensão Textual
tema
qual o assunto abordado [um bloco de natureza nominal q designe especificamente de que trata o texto]?
Língua Portuguesa
tese
qual O intencionalidade usolocutor [por que ele escreveu texto]?
a locutor defende o do coloquial da Língua Portuguesa
locutor
primeira ou terceira [maior ou menorterceira pessoa
focalização predominante em grau de objetividade]?
linguagem
Técnicas de exposição e ampliação;linguísticos utilizados no texto involuntamente
registros e efeitos o locutor incorre em contradição
tipo e gênero
tipo [expositivo-argumentativo] e gêneroe gênero textual
sequências textuais mais utilizadas [artigo de opinião]
5. QUESTÃO 01
Compreensão Textual
Em todas as seguintes passagens, o autor deixa transparecer idéias que ele mesmo considera puristas,
EXCETO em
Claro que os erros devem ser denunciados. Mas há uma diferença entre o “erro” propriamente dito e
a renovação.
Não é só o cidadão comum que atenta contra a língua pátria.
Nesse sentido, é no mínimo um absurdo ficar patrulhando os criadores.
Pena que o Brasil seja um país de analfabetos. Por isso, é comum ver nas placas a expressão “vende-
se à praso”.
6. QUESTÃO 01
Solução comentada
A noção de erro é típica da visão purista; se há erro, há uma língua pura que deve ser resguardada.
Atentar contra a língua pátria é errar, cometer uma infração contra aquilo que se considera correto,
padrão.
Os criadores são aqueles que renovam; defender a renovação é opor-se a um padrão formal, culto.
O fato de se achar uma pena q nem todos tenham acesso à língua culta, padrão, é purismo.
Assinale-se, pois a alternativa “c”.
7. QUESTÃO 02
Compreensão Textual
Assinale a alternativa em que o autor, ao defender o dinamismo da língua, incorre em uma
contradição.
Não demorou muito, o Aurélio definiu a nova palavra no seu dicionário.
Enfim, as gírias e expressões populares [...] ajudam a manter a atualidade dos idiomas...
O papel de renovar e atualizar a língua cabe muito mais aos poetas e ao povo...
O poeta é, portanto, aquele que provoca as grandes mudanças na língua.
8. QUESTÃO 02
Solução comentada
A contradição encontra-se na alternativa “d”, pois no segundo parágrafo afirma-se, de início, que o
poeta e povo renovam a língua; entretanto, ao final do parágrafo, enuncia-se que apenas o poeta
provoca mudanças na língua]
9. QUESTÃO 03
Aspectos gramaticais
Assinale a alternativa em que o trecho destacado apresenta uma forma que é consagrada na oralidade
e que NÃO é aceita pelas regras da norma escrita culta.
E deve-se entender como tal não apenas aqueles 60 milhões de “desletrados” que o censo identifica...
E também nós outros, jornalistas, afinal, herrar é umano, ops, errare humanum est.
No Brasil, o idioma foi enriquecido [...] pelas contribuições dos negros, europeus e orientais que para
cá vieram.
Quando Chico Buarque de Hollanda criou [...] o neologismo .penseiro., teve gente que chiou.
10. QUESTÃO 03
Solução comentada
Na alternativa “d”, o fragmento teve gente que chiou apresenta um desvio do padrão culto, na medida
em que o verbo ter significa possuir e foi usado no sentido existencial [equivalente a haver].
11. ERRAR É DIVINO
Pode um escritor, em nome de sua arte, contrariar as regras da LÍNGUA PORTUGUESA
gramática? Essa é uma das principais questões levantadas pelo poeta
português Fernando Pessoa em A Língua Portuguesa. [polemiza-se uso do padrão coloquial
A língua existe para servir o indivíduo, e não para escravizá-lo, pensa
o poeta. Sendo uma aventura intelectual, o ato de grafar não deveria PADRÕES LINGÜÍSTICOS
submeter-se à vontade unificadora do Estado, assim como uma [locutor defende o uso coloquial]
pessoa jamais deveria aceitar a imposição de uma religião que seu
espírito recusasse. Esse tipo de postura gerou um impasse. De um [por parte dos artistas]
lado, ficam os gramáticos, impondo normas. De outro, os artistas,
artistas X gramáticos
clamando por liberdade.
A resposta à questão inicial é simples. Os artistas da língua não
passam para a posteridade porque rompem com a norma, mas A RUPTURA BEM-SUCEDIDA
porque sabem tirar proveito da ruptura. A transgressão, para ser bem- [locutor defende o uso coloquial]
sucedida, deve possuir função estrutural. Tanto no texto como no
comportamento. Ela pode dar impressão de firmeza, de precisão, de [por parte dos artistas]
ambigüidade, de ironia ou sugerir diversas coisas ao mesmo tempo.
a ruptura deve ser estrutural
Na maioria dos casos, indica novas propostas para o futuro.
12. Pela perspectiva dos artistas, os gramáticos não passam de meros GRAMÁTICOS X ARTISTAS
guardiães de uma inutilidade consagrada pelo poder constituído. Para
eles, dominar a norma culta do idioma não excede, em valor, o [gramáticos X artistas]
conhecimento do código de trânsito, por natureza convencional e [para os artistas, os gramáticos]
efêmero: num dia, certa rua dá mão; no outro, não dá; e, na próxima
semana, pode ser que a mesma rua não exista. Observa-se o mesmo [defendem uma regra q pode mudar]
nas normas da gramática, que variam conforme as convenções gerais
[a qualquer momento]
de cada época. Acontece que os artistas pretendem escrever para as
gerações futuras. artistas escrevem p gerações futuras
TEIXEIRA, Ivan. VEJA, São Paulo, p.148-149, 21 abr. 1999. (Texto adaptado)
13. UFMG-2001
Compreensão Textual
tema
qual o assunto abordado [um bloco de natureza nominal q designe especificamente de que trata o texto]?
Língua Portuguesa
tese
O locutor defende o erro [uso coloquial da[por queque tenha função estética
qual a intencionalidade do locutor língua] ele escreveu texto]?
locutor
primeira ou terceira [maior ou menorterceira pessoa
focalização predominante em grau de objetividade]?
linguagem
Técnicas de exposição e ampliação; citação; confronto; texto
registros e efeitos linguísticos utilizados no fato-exemplo.
tipo e gênero
tipo [expositivo-argumentativo] e gêneroe gênero textual
sequências textuais mais utilizadas [artigo de opinião]
14. QUESTÃO 04
Compreensão Textual
De acordo com o texto, é CORRETO afirmar que:
a língua não oprime os artistas quando os submete à vontade do Estado.
os artistas revelam o caráter transitório da norma culta ao infringirem-na.
os escritores contrariam as regras gramaticais porque as desconhecem.
os gramáticos impõem normas para os artistas não as transgredirem.
15. QUESTÃO 04
Solução comentada
A língua oprime sim, porque os artistas são obrigados a seguir uma regra imposta por outrem
arbitrariamente [segundo parágrafo].
Se as alterações ocorrem a partir das mudanças feitas pelos artistas, a norma culta revela-se
transitória, de acordo com o texto.
Não se fala do desconhecimento que os artistas têm da norma culta.
Não se fala que os gramáticos impõem normas para que os artistas não as transgridam.
Assinale-se, pois, a alternativa “b”.
16. QUESTÃO 05
Compreensão Textual
De acordo com o texto, para Fernando Pessoa, a língua existe para servir o indivíduo, e não para escravizá-
lo. Todas as alternativas seguintes justificam esse pensamento do poeta, EXCETO:
Essa idéia aponta para a valorização do rompimento bem-sucedido com a norma culta.
Essa idéia exalta a liberdade de criação do escritor em sua aventura intelectual.
Essa idéia gera um impasse entre os gramáticos, de um lado, e os artistas, de outro.
Essa idéia promove a norma culta como essência da transgressão gramatical.
17. QUESTÃO 05
Solução comentada
Esta alternativa refere-se apenas ao rompimento com a norma. Não se afirma se o rompimento é
“bom” ou “ruim”.
Se a língua deve servir o artista, há, certamente, liberdade de criação para o escritor.
O impasse se deve ao fato de os gramáticos defenderem a norma culta o tempo todo
A norma culta não pode ser considerada a essencia da transgressao, pois ela e a norma. A
transgressao esta associada a lingua coloquial. Marque-se, pois, a alternativa “d”.
18. QUESTÃO 06
Coerência e coesão
Em todas as alternativas, o emprego do termo, ou expressão, destacado está corretamente explicado
pela frase entre parênteses, EXCETO em
Assim como uma pessoa jamais deveria aceitar a imposição de uma religião que seu espírito recusasse.
(INTRODUZ UMA COMPARAÇÃO).
Ela pode dar impressão de firmeza, [...] de ironia ou sugerir diversas coisas ao mesmo tempo. (REFERE-SE À
TRANSGRESSÃO DE FUNÇÃO ESTRUTURAL).
Para eles, dominar a norma culta do idioma não excede, em valor, o conhecimento do código de trânsito...
(REFERE-SE AOS GRAMÁTICOS, GUARDIÃES DA LÍNGUA).
Observa-se o mesmo nas normas da gramática, que variam conforme as convenções gerais de cada época.
(REMETE À EFEMERIDADE DO CONHECIMENTO DO CÓDIGO DE TRÂNSITO).
19. QUESTÃO 06
Solução comentada
Articulador de natureza comparativa.
Pronome anafórico que realmente se refere à transgressão de função estrutural.
O pronome anafórico eles se refere aos artistas e não aos gramáticos.
Pronome anafórico que retoma a efemeridade do conhecimento do código de trânsito.
Assinale-se, pois, a alternativa “c”.
20. QUESTÃO 07
Compreensão Textual
Pode um escritor, em nome de sua arte, contrariar as regras da gramática? Assinale a alternativa em que o
ponto de vista defendido no Texto 1 serve de argumento para se responder a essa questão, levantada
no Texto 2.
Pode, porque há cidadãos “alfabetizados” que não fazem uso das normas gramaticais.
Pode, porque há uma diferença entre o “erro” propriamente dito e a renovação.
Pode, porque os puristas fiscalizam o uso do idioma e o poeta provoca mudanças.
Pode, porque os que atentam contra o idioma o fazem intencionalmente ou por ignorância.
21. QUESTÃO 07
Solução comentada
Assinale-se a alternativa “b”, pois nela encontra-se uma ideia que responde à pergunta formulada no
texto 01.