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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV
Semestre V 2007
ARQUITETURA COM TERRA NOTAS DE AULA
Introdução
• Em quase todas as regiões do nosso planeta com seus os climas diversos, do
quente-seco ao temperado, a terra crua tem sido o material de construção
dominante, mais utilizado..
• A terra é o material de construção mais importante e abundante na maioria das
regiões do mundo.
• A terra como material de construção natural tem melhores qualidades e
desempenho ambiental que a maioria dos materiais industriais.
• As técnicas construtivas para sua manipulação tem origens antropológicas e
se remetem a todos os continentes habitados.
Histórico
• Construções com barro datam de mais de 9.000 anos.
• No Turquestão de 8.000 na 6.000
• Assíria paredes de terra compactada 5.000 anos
• Templo mortuário de Ramsés II 3.000 anos
• Muralha da China 4.000 anos
• Centro da Muralha do Sol em Teotihuacán, México, com 2 milhões ton. De
terra socada entre os anos 300 e 900.
• Atualmente na China 20 milhões de pessoas em vivendas subterrâneas.
Atualidade
• Repensar as técnicas construtivas atuais e adequação às necessidades de
moradia das populações.
• No Brasil as técnicas que mais se difundiram foram: taipa de pilão, pau-a-pique
e edificação com tijolos de adobe.
O que devemos saber da terra como material de construção
• Denomina-se barro à mistura de argila, areia fina, areia média e agregados
maiores
• Adobe são blocos de terra argilosa feitos à mão
• BTC são blocos de terra compactada e não cozidos
• Tijolos crus são estrudados e não cozidos, secados ao sol.
Desvantagens do barro em relação aos produtos industrializados
• O barro não é normalizado. Sua composição depende da jazida de extração.
• O barro se contrai ao secar-se. Em técnicas de barro úmido como o pau-a-
pique a retração é de até 10%.
• O barro não é impermeável. Precisa ser tratado contra as intempéries.
Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga
Curso de Edificações e Restauro
Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV
Vantagens da construção com terra
• Conforto ambiental.
• O barro regula a umidade ambiental. A umidade relativa do ar no interior da
habitação varia entre 5 e 10%
• O barro armazena calor mantendo a temperatura estável mesmo em locais
com grandes amplitudes térmicas
• O barro economia energia e diminui a contaminação ambiental. Energia
necessária para a construção (transporte, preparo e trabalho) 1% da
convencional.
• O barro é reutilizável ilimitadamente e não produz escombros
• O barro é apropriado para a autoconstrução. Ferramentas baratas e mão de
obra não especializada.
• O barro preserva a madeira e outros materiais. O baixo teor de umidade (0,4 a
6%) é impróprio para a vida de insetos e fungos
Depoimento
“Acho que (arquitetura com terra) é uma técnica, que como tem tradição desde a
época da colonização, deve estar sempre em vista, em ação. Não deixar esmorecer,
perecer. Manter viva a tradição”.
Lúcio Costa, Rio de janeiro, 08/11/97
Taipa de mão ou sopapo
A taipa de mão, de sopapo ou pau-a-pique é uma técnica utilizada no Brasil desde a
instituição da colonização portuguesa.Técnica essa, que até hoje está em uso em
todas as regiões do Brasil.
A casa de pau-a-pique é feita a partir de estrutura de madeira em trama vertical e
horizontal sobre a qual é aplicada manualmente uma massa de terra crua, que
posteriormente pode ser acabada, revestida e pintada com tintas em geral.
As boas técnicas construtivas de parede de pau-a-pique fazem com que a sua
aparência final seja muito agradável, não deixando nada a desejar em relação a
outras boas técnicas construtivas.
Etapas da Construção em pau a pique
• Limpeza do terreno
• Demarcação da obra
• Execução dos alicerces
• Colocação dos esteios
• Execução de baldrames
• Execução de frechais
• Execução da trama e suas amarrações
• Barreamento
• Acabamento e Pintura
Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga
Curso de Edificações e Restauro
Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz
UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV
A Gaiola
A estrutura da casa de pau-a-pique é de madeira, podendo ser utilizado madeiras
locais e mesmo bambu. A estrutura é conhecida como gaiola, e é composta por
esteios que sustentam o telhado e os frechais nos quais são apoiados os caibros
verticais, daí o nome pau-a-pique, que por sua vez sustentam através de fixações, o
entramado horizontal.
Esteios, frechais e caibros
O entramado
A trama é amarrada com fibra de sisal, podendo ser pregado. Pode ser feito de varas
de bambu de meia secção ou de ripas e colocadas alternadamente nas duas faces da
parede. As tramas de cada lado devem ficar desencontradas com distanciamento de
cerca de 10 cm na vertical. O distanciamento entre as peças será de 20 cm em cada
face.
Para amarrarmos os caibros devemos umedecer o sisal previamente. Esta medida
garante que a amarração fique bem firme e não se desmanche com o barreamento,
pois o sisal molhado contrai-se solidificando os engastes da trama.
Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga
Curso de Edificações e Restauro
Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz
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Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV
Dimensões do entramado Entramado acabado
O Barreamento ou Barreado
A massa de terra deve ser argilosa, contendo aproximadamente a proporção de 70%
de argila e 30% de areia.Para aumentar a agregação entre esses materiais, pode-se
adicionar cal na proporção de 8% a 10 % do volume de terra e areia.
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mão, não haja perda de água.
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menos mais de 1 cm de espessura além da trama.
Se a parede for protegida com plástico, durante a secagem, deverá apresentar menos
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Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga
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Pau a pique

  • 1. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV Semestre V 2007 ARQUITETURA COM TERRA NOTAS DE AULA Introdução • Em quase todas as regiões do nosso planeta com seus os climas diversos, do quente-seco ao temperado, a terra crua tem sido o material de construção dominante, mais utilizado.. • A terra é o material de construção mais importante e abundante na maioria das regiões do mundo. • A terra como material de construção natural tem melhores qualidades e desempenho ambiental que a maioria dos materiais industriais. • As técnicas construtivas para sua manipulação tem origens antropológicas e se remetem a todos os continentes habitados. Histórico • Construções com barro datam de mais de 9.000 anos. • No Turquestão de 8.000 na 6.000 • Assíria paredes de terra compactada 5.000 anos • Templo mortuário de Ramsés II 3.000 anos • Muralha da China 4.000 anos • Centro da Muralha do Sol em Teotihuacán, México, com 2 milhões ton. De terra socada entre os anos 300 e 900. • Atualmente na China 20 milhões de pessoas em vivendas subterrâneas. Atualidade • Repensar as técnicas construtivas atuais e adequação às necessidades de moradia das populações. • No Brasil as técnicas que mais se difundiram foram: taipa de pilão, pau-a-pique e edificação com tijolos de adobe. O que devemos saber da terra como material de construção • Denomina-se barro à mistura de argila, areia fina, areia média e agregados maiores • Adobe são blocos de terra argilosa feitos à mão • BTC são blocos de terra compactada e não cozidos • Tijolos crus são estrudados e não cozidos, secados ao sol. Desvantagens do barro em relação aos produtos industrializados • O barro não é normalizado. Sua composição depende da jazida de extração. • O barro se contrai ao secar-se. Em técnicas de barro úmido como o pau-a- pique a retração é de até 10%. • O barro não é impermeável. Precisa ser tratado contra as intempéries. Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga Curso de Edificações e Restauro Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz
  • 2. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV Vantagens da construção com terra • Conforto ambiental. • O barro regula a umidade ambiental. A umidade relativa do ar no interior da habitação varia entre 5 e 10% • O barro armazena calor mantendo a temperatura estável mesmo em locais com grandes amplitudes térmicas • O barro economia energia e diminui a contaminação ambiental. Energia necessária para a construção (transporte, preparo e trabalho) 1% da convencional. • O barro é reutilizável ilimitadamente e não produz escombros • O barro é apropriado para a autoconstrução. Ferramentas baratas e mão de obra não especializada. • O barro preserva a madeira e outros materiais. O baixo teor de umidade (0,4 a 6%) é impróprio para a vida de insetos e fungos Depoimento “Acho que (arquitetura com terra) é uma técnica, que como tem tradição desde a época da colonização, deve estar sempre em vista, em ação. Não deixar esmorecer, perecer. Manter viva a tradição”. Lúcio Costa, Rio de janeiro, 08/11/97 Taipa de mão ou sopapo A taipa de mão, de sopapo ou pau-a-pique é uma técnica utilizada no Brasil desde a instituição da colonização portuguesa.Técnica essa, que até hoje está em uso em todas as regiões do Brasil. A casa de pau-a-pique é feita a partir de estrutura de madeira em trama vertical e horizontal sobre a qual é aplicada manualmente uma massa de terra crua, que posteriormente pode ser acabada, revestida e pintada com tintas em geral. As boas técnicas construtivas de parede de pau-a-pique fazem com que a sua aparência final seja muito agradável, não deixando nada a desejar em relação a outras boas técnicas construtivas. Etapas da Construção em pau a pique • Limpeza do terreno • Demarcação da obra • Execução dos alicerces • Colocação dos esteios • Execução de baldrames • Execução de frechais • Execução da trama e suas amarrações • Barreamento • Acabamento e Pintura Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga Curso de Edificações e Restauro Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz
  • 3. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV A Gaiola A estrutura da casa de pau-a-pique é de madeira, podendo ser utilizado madeiras locais e mesmo bambu. A estrutura é conhecida como gaiola, e é composta por esteios que sustentam o telhado e os frechais nos quais são apoiados os caibros verticais, daí o nome pau-a-pique, que por sua vez sustentam através de fixações, o entramado horizontal. Esteios, frechais e caibros O entramado A trama é amarrada com fibra de sisal, podendo ser pregado. Pode ser feito de varas de bambu de meia secção ou de ripas e colocadas alternadamente nas duas faces da parede. As tramas de cada lado devem ficar desencontradas com distanciamento de cerca de 10 cm na vertical. O distanciamento entre as peças será de 20 cm em cada face. Para amarrarmos os caibros devemos umedecer o sisal previamente. Esta medida garante que a amarração fique bem firme e não se desmanche com o barreamento, pois o sisal molhado contrai-se solidificando os engastes da trama. Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga Curso de Edificações e Restauro Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz
  • 4. UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Planejamento de Aulas de Materiais e Técnicas de Construção IV Dimensões do entramado Entramado acabado O Barreamento ou Barreado A massa de terra deve ser argilosa, contendo aproximadamente a proporção de 70% de argila e 30% de areia.Para aumentar a agregação entre esses materiais, pode-se adicionar cal na proporção de 8% a 10 % do volume de terra e areia. A umidade da massa deve ser de forma que ao apertarmos uma pequena porção na mão, não haja perda de água. A primeira camada deve recobrir completamente a estrutura do entramado, com pelo menos mais de 1 cm de espessura além da trama. Se a parede for protegida com plástico, durante a secagem, deverá apresentar menos contração do que a parede que ficar totalmente exposta. Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Luis do Paraitinga Curso de Edificações e Restauro Autores Arquitetos Wilma Abdalla e Paulo Ortiz