Este é um arquivo base para montar uma aula sobre o livro Vidas Secas de Graciliano Ramos. Você pode ver mais sobre livros importantes para o vestibular em http://maiseducativo.com.br/lista-de-livros-para-vestibular-fuvest/
2. Tipos de narrador
No romance "Vidas Secas", de Graciliano Ramos,
encontramos a narração em terceira pessoa, com narrador
onisciente. Podemos encontrar muitas vezes os discursos
indiretos livres. É o próprio narrador que revela o interior dos
personagens através de monólogos interiores. O foco
narrativo ganha destaque ao converter em palavras os
anseios e pensamentos das personagens.
"... Aí, a coleira diminuiu e Fabiano teve pena". (Cap. 01 –
Mudança)
3. Tempo de narrativa
O tempo de narrativa medeia duas secas. A primeira que
traz a família para a fazenda e a segunda que a leva
para o Sul. Mesmo possuindo algumas referências
cronológicas na obra, o tempo é psicológico e circular.
"... Sinhá Vitória é saudosista. Lembra-se de
acontecimentos antigos, até ser despertada pelo grito da
ave e ter a idéia de transformá-la em alimento". (Cap. 01
– Mudança)
4. Espaço da narrativa
O espaço é físico, refere-se ao sertão nordestino,
descrito com precisão pelo autor.
"... na lagoa seca, torrada, coberta de caatingas e
capões de mato". (Cap. 11 – O soldado Amarelo)
5. Personagem Protagonista
Fabiano – Nordestino pobre, marido de Sinhá Vitória, pai
de dois filhos. Procura trabalho desesperadamente, bebe
muito e perde dinheiro no jogo. Possui grandes
dificuldades lingüísticas, mas é consciente delas. Homem
bruto com dificuldade de se expressar, possui atitudes
selvagens. Por não saber se expressar entra num
processo de isolamento, aproximando-se dos animais,
com os quais se identifica melhor.
6. Personagem antagonista
Soldado Amarelo – Corrupto, oportunista e medroso, o
Soldado Amarelo é símbolo de repressão e do
autoritarismo pelo qual é comandado (ditadura Vargas),
porém não é forte sozinho; sem as ordens da ditadura,
é fraco e acovarda-se diante de Fabiano.
7. Persongens secundários
Sinhá Vitória – Mulher de Fabiano, sofrida, mãe de dois filhos, lutadora,
sonhadora e inconformada com a miséria em que vive, trabalha muito. É
a mais inteligente de todos controlando assim as contas e os sonhos de
todos.
Filho mais novo e Filho mais velho – São crianças pobres e sofridas que
não tem noção da miséria em que vivem. O mais novo vê no pai um
ídolo, sonha sobressair-se realizando algo, enquanto o mais velho é
curioso, querendo saber o significado da palavra inferno, desvendar a
vida e ter amigos.
O dono da fazenda – Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda,
desonesto, explorava seus empregados.
8. Personagens secundários
O dono da fazenda – Contrata Fabiano para trabalhar em sua
fazenda, desonesto, explorava seus empregados.
O fiscal da prefeitura – Intolerante e explorador.
Baleia – Cadela da família, tratada como gente, humanizada em
vários momentos e muito querida das crianças.
Tomás de Bolandeira - Aparece somente por meio de evocações, é
tido como referência por Fabiano e Sinhá Vitória.
Seu Inácio – Dono do bar.
9. Enredo
A história em Vidas Secas começa com a fuga de uma
família nordestina fugindo da seca do sertão. Fabiano,
o pai da família, é um vaqueiro com dificuldade de se
expressar. Não tem aspirações esperanças de vida.
Sinhá Vitória é a mãe, é mais "madura" do que seu
marido Fabiano, também não se conforma com sua
situação miserável, e sonha com uma cama de ouro
como a de Tomás de Bolandeira. Os dois filhos e a
cadela Baleia acabam por concluir essa família.
10. Importância do livro
O romance Vidas Secas, publicado em 1938, consegue a
proeza de apresentar de maneira sintética uma visão da
sociedade brasileira em seus níveis mais profundos. Há a
dimensão social da exploração e da opressão política. Há
a dimensão psicológica da repressão, fazendo surgir
indivíduos marcados pela introspecção. E há, por fim, a
dimensão natural da seca, flagelo nordestino.
11. Sobre o autor
Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu em Quebrângulo, Alagoas.
Estudou em Maceió, mas não cursou nenhuma faculdade. Após breve
estada no Rio de Janeiro como revisor dos jornais "Correio da Manhã e A
Tarde", passou a fazer jornalismo e política elegendo-se prefeito em
1927.
Foi preso em 1936 sob acusação de comunista e nesta fase escreveu
"Memórias do Cárcere", um sério depoimento sobre a realidade brasileira.
Depois do cárcere morou no Rio de Janeiro. Em 1945, integrou-se no
Partido Comunista Brasileiro.
Graciliano estreou em 1933 com "Caetés", mas é São Berdado,
verdadeira obra prima da literatura brasileira. Depois vieram "Angustia"
(1936) e Vidas Secas (1938) inspirando-se em Machado de Assis.