O presidente da CAULE defende que o combate ao nemátodo foi bem entregue às Associações de Produtores Florestais e que os resultados na área da CAULE têm sido excelentes, com o corte de árvores secas e a marcação de outras para corte. No entanto, aponta problemas como a dispersão da propriedade florestal, com mais de 6500 pequenos proprietários, e a necessidade de cadastro florestal para melhor gestão das florestas.
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32 MILHÕES
Defende presidente da CAULE
“COMBATE
PARA PROMOVER
VINHOS
AO NEMÁTODO
PORTUGUESES
FOI BEM
SEMANA ENTREGUE”
DO CABRITO
NA LOUSÃ
“DEIXEM-SE
SEDUZIR POR
BOTICAS”, APELA
FERNANDO Vasco Campos defende a actuação de Ascenso Simões na estratégia de combate
CAMPOS ao nemátodo. Na área da CAULE os “resultados são excelente”, diz.
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2. FOTO DA QUINZENA SUMÁRIO
Onde leva o pensamento?
5 SEMANA RURAL DA “AGRÁRIA DE VISEU”
6 PRESIDENTE DA CAULE EM ENTREVISTA
9 NOVO CÓDIGO FLORESTAL
10 32 MILHÕES PARA PROMOVER VINHOS PORTUGUESES
13 SEMANA GASTRONÓMICA DO CABRITO NA LOUSÃ
15 SABORES E SABERES NA BIENAL DO AZEITE
18 CHEGAS DE BOIS COM FIM À VISTA?
21 “DEIXEM-SE SEDUZIR POR BOTICAS”, APELA O PRESIDENTE
22 CALDAS DA CAVACA EM TESTE
25 FORMAÇÃO EM FRUTICULTURA BIOLÓGICA EM GOUVEIA
27 PARQUE BIOLÓGICO DE VINHAIS COMO DESTINO TURÍSTICO
3. ACTUAL
5
DE 18 A 22 DE MAIO
Natureza “marca” Semana Rural
ficha técnica O QUINTO LIVRO DO ESCRITOR
António Abreu Freire lança
da Escola Superior Agrária de Viseu
A
“Introdução à Literatura de Cordel”
Ano III - Nº 108
Director
José Luís Araújo (CP n.º 7515)
jla.viseu@gmail.com
António Abreu Freire vai lançar no próximo
natureza marca a edição vestimento e Valorização do Sec-
Editor
dia 8 de Maio, pelas 18,30 horas, na nova Li-
Classe Média - C. S. Unipessoal, Lda.
deste ano da "Semana Ru- tor Florestal", divididos por dife-
vraria Buchholz, em Aveiro, o seu quinto livro,
Rua Almeida Moreira, 17, r/c - Viseu
ral da Escola Superior rentes dias.
intitulado “Introdução à Literatura de Cordel”.
Agrária de Viseu", uma iniciativa O II Festival D'Arte Voz - Con-
Departamento Comercial
O novo livro tem 356 páginas e é dedicado à
Dir. Comercial: Filipe Figueiredo
da Associação de Estudantes da curso de Tunas, a VIII Monumen-
poesia popular de língua portuguesa em Por-
Fernando Barreira
Escola Superior Agrária de Viseu, tal Garraiada Agrária" e a Noite
tugal e no Brasil. António de Abreu Freire,
em conjunto com as diversas Co- de Fados & Degustação de Vinhos
Apoio Administrativo
doutorado em Ciências Humanas e em Física,
Ricardo Araújo
missões de Curso e o Conselho Di- e Sabores do Dão, completam o
tem exercido funções de professor e investiga-
rectivo da Escola, que terá lugar programa.
Correspondentes
dor. É autor de numerosos textos nos domínios
de 18 a 22 de Maio. Vítor Martinho, presidente da
Sandra Canteiros
da História, Ciência, Antropologia e Educação.
(Trás-os-Montes)
A iniciativa será o aglomerar ESAV, desatacou que “será um
Em 2008 publicou na Portugália Editora os
de diversas actividades, como co- evento que dignificará a região a
Redacção
livros Diário de Bordo – na Rota de Vieira; Pa-
lóquios, subordinados aos temas Escola Agrária de Viseu e os cur-
Rua Almeida Moreira
dre António Vieira, Educador, Estratega, Po-
a"; "Nutrição em Animais de Com-
Nº 17 - R/C
ligados ao sector agrícolas como sos envolvidos, referindo que a
lítico, Missionário e Sermões de Santo An-
3500-073 Viseu
"Qualidade Alimentar"; "Novas panhia"; "Viticultura e Enologia: Semana Rural “irá mostrar o que
tónio.
Tecnologias Aplicadas à Zootecni- Caminhos Para o Futuro" e "In- aqui dentro se faz”.
Correspondência
Apartado 363
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Dia de Campo de Fruticultura no Cadaval
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“Métodos complementares à Protec- ao ataque de pragas e doenças. Vai estar
Web: www.gazetarural.com
ICS - Inscrição nº 124546 ção fitossanitária dos pomares: aplicação em debate.
de algas” é o tema do 2ª Dia de Campo de Este dia é patrocinado pela Selectis e
Fruticultura, que terá lugar no próximo conta com a colaboração da APAS
Propriedade
Classe Media - Comunicação e Serviços,
Unipessoal, Limitada dia 7 de Maio no Cadaval, na sede da (Associação de Produtores Agrícolas da
Associação de Produtores Agrícolas da Sobrena). Os interessados em participar
Sobrena (APAS). A aplicação de algas e podem enviar os seus dados para o e-
Administração
José Luís Araújo
a sua relação com a "saúde" das plantas mail: carmo@cothn.pt, ou para o fax do
no sentido de as tornar mais resistentes COTHN nº 262507659.
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Câmara de Alijó patrocina fusão das três adegas do concelho
Capital Social
5000 Euros
CRC Viseu Registo nº 5471
NIF 507021339 A Câmara de Alijó está a patrocinar a concelho foi lançada há dois anos, numa
fusão das três adegas cooperativas do altura em que existiam quatro institui-
concelho com o objectivo de ajudar o sec- ções: a de Favaios, Alijó, Pegarinhos e
Dep. Legal N.º 215914/04
Paginação tor a atravessar a "grave crise económi- Sanfins do Douro que, entretanto, faliu.
ca" que se instalou no sector da viticultu- O presidente da adega de Alijó, José
Nídia Santos
Impressão ra, disse o presidente da autarquia. Ribeiro, admitiu recentemente a hipóte-
Cartolito, Lda Artur Cascarejo afirmou que a autar- se de avançar com uma redução tempo-
quia está "muito preocupada" com o pro- rária do horário de trabalho ('lay-off')
Av. da Bélgica - Viseu
Tiragem média mensal blema das adegas cooperativas do conce- devido à diminuição das vendas de
6000 exemplares lho. A ideia de unir as cooperativas do vinhos.
4. 6 7
VASCO CAMPOS, PRESIDENTE DA CAULE, À GAZETA RURAL
“O combate ao nemátodo foi bem entregue às Associação de Produtores Florestais”
diminuir o número de interlocuto- para fazer o corte e rechega, mas
res. Há um problema grave, pois podem perfeitamente entregá-la a
temos 6.500 aderentes e cada ZIF, empresas, que é o que muitas de-
em média, tem 600, algumas com las estão a fazer. Agora, são as
800 a 900 proprietários. Temos associações que estão mais próxi-
que diminuir este número, partin- mas das populações e dos proprie-
do para sistemas, no futuro, em tários, que melhor conhecem o seu
que as pessoas vão passar a ges- território e as mais idóneas em
tão para as Associações, porque as termos comportamento, em que o
Vasco Campos é o presidente
parcelas são muito pequenas. Isto seu fim não é o lucro pelo lucro.
da CAULE - Associação Florestal tem que ser tudo organizado, para Foi muito bem entregue às asso-
da Beira Serra, fundada em Oliveira diminuir os custos de funciona- ciações.
do Hospital em 2001, representando mento duma ZIF. Claro que há associações e
associações e este trabalho deve
cerca de meio milhar de produtores GR: A CAULE tem tido ser controlado pela Autoridade
florestais, e que exerce a sua grandes preocupações no Florestal Nacional, vendo quais
actividade, essencialmente, concelhos combate ao nemátodo, tendo foram os rácios de marcação, o nú-
de Arganil, Oliveira do Hospital, abatido alguns milhares de mero de árvores marcadas e cor-
árvores? tadas, da madeira entregue nas
E
Penacova, Santa Comba Dão, Seia VC: Fomos a principal entida- fábricas a favor do Estado, em
e Tábua, numa área total de cerca de a alertar o Estado para o pro- função do subsídio que cada uma
de 80 mil hectares blema gravíssimo de nemátodo na delas recebeu à cabeça, um dado
nossa região, com epicentro nos importante, para desenvolverem
m entrevista à Gazeta Ru- a de Zonas de Intervenção Flores- com mais de 6.500 aderentes, o GR: Qual é o estado da flo- concelhos de Tábua, Arganil e Pe- este trabalho.
ral, o líder da CAULE de- tal (ZIF) fala por nós. Somos 10 que é um número astronómico resta nesta área? nacova. Tivemos que avançar ra-
fende a actuação de Ascen- técnicos, engenheiros florestais, e para a nossa região e para o País. VC: Não é o melhor, nem o de- pidamente para o combate à doen- GR: Quais foram os resulta-
so Simões, quando entregou o para a operação contra o nemáto- Cada ZIF tem um técnico res- sejável, e este é sempre difícil de ça e, felizmente, o Estado ouviu- dos práticos?
combate ao nemátodo às Associ- do ainda recorremos a mais dez. ponsável e estamos a fazer aquilo atingir. Diga-se, porém, que tam- nos. Temos um Secretário de Es- VC: Na área de intervenção da
ações de Produtores Florestais, Foi um trabalho definido no tem- que a lei determina, com planos bém não é mau. Temos algumas tado dinâmico, que percebeu cla- CAULE os resultados estão a ser
alertando, contudo, para os pro- po, embora vá ter alguma conti- de gestão e de intervenção flores- áreas ardidas, nas zonas de mon- ramente o problema e passou excelentes. Estamos a cortar as
blemas que afectam a floresta, no- nuidade com menor velocidade. tal para cada uma delas, onde se tanha, principalmente no sul do para a mão das Associações, entre árvores secas e estamos a marcar
meadamente as centenas de mi- Temos cinco equipas de sapadores inclui o plano de defesa da flores- concelho de Oliveira do Hospital. as quais a CAULE, o combate à outras, dando aos proprietários os
lhares de pequenos proprietários florestais e vai-nos ser atribuída ta contra incêndios. Neste mo- Houve também alguns incêndios doença. 10 dias de lei para que as cortem.
que não a tratam. mais uma para o concelho de Pe- mento, aguardamos que o Estado no vale do Mondego com menor Se alguém nos pedir mais algum
nacova. Além disso, temos equi- avance com o cadastro, o que vai expressão. GR: Há quem critique essa tempo, nós também damos, mas
Gazeta Rural (GR): Como pas de corte de madeiras. Ao todo, acontecer, para já, nos concelhos O nosso principal problema, e é opção? se, de facto, as pessoas não corta-
nasceu a Associação? com funções diferentes, são cerca de Oliveira do Hospital e Seia, aqui que reside todo o busílis do VC: Ainda não tive a oportuni- rem, nós fazemo-lo. É isto que está
Vasco Campos (VC): A CAU- de meia centena de pessoas. num total de oito a nível nacional. desenvolvimento florestal, é o mi- dade de responder, mas essa é a acontecer.
LE nasceu em 2001 através de um O cadastro é fundamental para a nifúndio, a dispersão da proprie- uma crítica completamente desca- Como as pessoas estavam ha-
grupo de proprietários florestais GR: Como tem sido a gestão ZIF, porque temos que saber dade por milhares de proprietári- bida da ANEFA, porque achava bituadas a que nada funcionasse,
do concelho de Oliveira do Hospi- do território? quem são os proprietários, quais os, que vamos tentar colmatar que as associações deviam fazer a inicialmente não iam cortar.
tal, tendo-se desenvolvido ao lon- VC: Organizámos todo o nosso as áreas correctas e sem esse ins- com as ZIFs. É um processo que prospecção e as empresas é que Quando se aperceberam que nós
go destes anos, alargando a sua território em ZIFs, neste momen- trumento as ZIFs têm dificuldade vai demorar, um processo de gera- deviam fazer a exploração. íamos mesmo cortar e que a ma-
área de intervenção a Tábua, Seia to composta por 12 zonas, sendo em funcionar. ções, lento, de modo a saber quem De facto, a maior parte das as- deira revertia a favor do Estado,
e, posteriormente, a Arganil, San- que nove estão já oficialmente Temos, também, equipas de sa- são os proprietários e o que pre- sociações não está preparadas como está na legislação, começa-
ta Comba Dão e Penacova. constituídas, enquanto que as ou- padores florestais e um grande di- tendem fazer com a propriedade. ram a faze-lo. Portanto, hoje isto
É, neste momento, uma das tras três estão em processo de namismo na compra e venda de Vamos tentar que muitos deles “TEMOS UM SECRETÁRIO está a funcionar em pleno.
maiores organizações de produto- constituição. Dentro em breve te- matéria-prima, dando apoio aos passem a gestão para a CAULE, DE ESTADO DINÂMICO”
res florestais do país e a nossa áre- remos 74 mil hectares de ZIFs, proprietários. ou até para outras entidades, para Cont. página seguinte
5. 8 9
É claro que a doença não se vai tem nada a ver com o nemátodo. APROVADO EM CONSELHO DE MINISTROS
Novo Código Florestal obriga todos os
erradicar, mas vai-se diminuir a Este só veio agravar o problema.
sua propagação e isto é uma gran- Estamos muito preocupados,
de vitória. É, e posso dize-lo sem pois a madeira baixou imenso e
proprietários a operações silvícolas mínimas
qualquer tipo de interesse político, está praticamente a metade do
O
uma vitória deste Secretário de preço do que estava há um ano e
Estado, porque agarrou o proble- meio atrás. Isto é muito preocu-
ma com unhas e dentes. pante e, se começarmos a fazer
Estou a falar na área de inter- contas, questionamos se vale a pe-
venção da CAULE, mas sei que na continuar a investir em deter- Governo aprovou o novo
isso está a acontecer em muitos minadas espécies florestais. Aliás, Código Florestal, que obri-
outros concelhos, embora possa diria que dificilmente haverá, na gará todas as proprieda-
haver um ou outro em que as coi- nossa região, outra espécie rentá- des florestais a realizarem opera-
sas não estejam a funcionar.
“Estamos muito preocupados vel para além do eucalipto. E não ções silvícolas mínimas e que pre-
com o preço da madeira que estou a defender o eucalipto. Não vê uma responsabilização maior
GR: Disse que a Caule faz a baixou para metade do preço há ninguém que goste mais de dos proprietários nos períodos
comercialização. Tem tido di- no último ano e meio” carvalhos do que eu. Porém, se posteriores à ocorrência de incên-
ficuldade em colocar a ma- formos fazer contas, o eucalipto é dios. "Importava que todos os ins-
deira, nomeadamente do pi- de escoamento. Não me lembro da provavelmente a única espécie trumentos legislativos, leis e regu-
nheiro? SONAE Indústria, em Oliveira do florestal com níveis de rentabili- lamentos adoptados desde de
VC: Com muitos problemas. A Hospital, ter parado duas sema- dade interessantes e onde os in- 1901 até hoje pudessem ser con-
conjuntura económica internacio- nas, o mesmo tendo acontecido vestimentos que o proprietário faz centrados, compilados e moderni-
nal fez com que haja uma quebra com a unidade de Mangualde, as- podem vir a ser pagos e dar algum zados num novo código", justificou do sistema de defesa da floresta Ainda de acordo com o secretá-
na procura dos produtos florestais sim como noutras empresas. Isto é lucro. o secretário de Estado do Desen- contra incêndios, a partir de agora rio de Estado, o código vai "ino-
e as fábricas estão com problemas da conjuntura internacional e não Deixo aqui um alerta. Todos co- volvimento Rural e das Florestas, todas as propriedades florestais var" em relação aos territórios pú-
nhecemos as questões relaciona- Ascenso Simões, no final do Con- vão ter que realizar um conjunto blicos e comunitários (baldios) flo-
das com a água, com a erosão dos selho de Ministros. de operações silvícolas mínimas, restais, que no seu conjunto atin-
FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES Com o novo código, o Governo que garantam que todas as pro- gem os 660 mil hectares. "Vamos
solos, com o carbono, com a paisa-
DE PRODUTORES FLORESTAIS gem, entre outras. disse ter pretendido eliminar priedades colaterais têm boas ex- dar uma outra dimensão a estes
GR: É, também, presidente das Federação Nacional das Se o Estado quer uma floresta "cerca de duas dezenas de planos plorações, a resiliência do territó- territórios para que se continue a
Associações de Produtores Florestais, que tem, disse, cerca de diversificada, e faz todo sentido e outros instrumentos de planea- rio e o bom desenvolvimento de to- salvaguardar bens essenciais pa-
40 associados. Como vê o futuro da floresta em Portugal? que o seja, tem que investir, tem mentos". "Recomendamos que os das as operações que se venham a ra o equilíbrio dos territórios. No
VC: Vejo na floresta um bem essencial para o desenvolvimento do que pagar, tem que ajudar os pro- instrumentos de planeamento se realizar nesses territórios", disse. âmbito da protecção do sobreiro e
país. A floresta, como se sabe, é 90% privada, dividida por centenas prietários. Não há volta a dar. fiquem simplesmente pelos pla- De acordo com o secretário de da azinheira, haverá igualmente
de milhares de proprietários, muitos deles ausentes. É um quadro Tem que ajudar os proprietários, nos regionais de ordenamento flo- Estado, as incumbências que de- um incremento muito significati-
que está perfeitamente definido. Todos estamos de acordo em que as porque, salvo raras excepções, restal, pelos planos de gestão flo- correm do sistema nacional de de- vo ao nível da sua simplificação de
organizações de produtores florestais são a base do seu funciona- ninguém vai investir em espécies restal e pelos planos especiais. Es- fesa da floresta contra incêndios procedimentos", apontou. "Neste
mento. Vejo o futuro da floresta na perspectiva de se continuar a para cortar daqui a 100 anos. Não tamos perante uma enorme sim- serão transpostas para o novo có- sector estratégico ao nível econó-
apoiar as organizações, para que sejam, de facto, entidades fortes na há capacidade económica para plificação de todos os procedimen- digo e o ordenamento dos espaços mico e ambiental, os problemas
sua área de actuação e para que, de alguma forma, se consiga dimi- isso. tos em relação a todos os interve- ardidos "ganha agora uma nova de natureza fitossanitária ficam
nuir o número de proprietários, que a norte do Tejo tem mais expres- nientes na floresta, sejam eles dimensão". "Na decorrência de agora enquadrados neste diplo-
são. O grande problema é a ausência de gestão e este tem que ser re- GR: A certificação? produtores florestais, industriais um incêndios, é também respon- ma", afirmou Ascenso Simões,
solvido. E tem que ser resolvido através das Organizações de Produ- VC: É fundamental e nós va- de primeira transformação ou sabilidade dos proprietários de- adiantando que o código também
tores Florestais. Penso que há que criar mecanismos legais, para que mos avançar para o processo de grandes indústrias", referiu o se- senvolverem um conjunto de pro- conterá normas para a salvaguar-
quem não faça a gestão a entregue a uma Organização de Produ- certificação nas nossas ZIFs. Va- cretário de Estado do Desenvol- cedimentos de salvaguarda dos da dos patrimónios cultural e
tores Florestais. Isto não vai lá com palavras mansas. Vai demorar. mos avançar, porque hoje os con- vimento Rural e das Florestas. territórios. Os proprietários serão arqueológico.
E se for com palavras mansas demora 50 anos. Chegamos ao fim da sumidores dos países desenvolvi- Ascenso Simões sustentou tam- responsabilizados pelas interven- O secretário de Estado do De-
nossa vida e nada está feito. dos querem produtos certificados, bém que o novo código "inova no ções subsequentes ao nível da senvolvimento Rural e Florestas
Na minha perspectiva, tem que haver penalizações fiscais para as querem saber se o que estão a que respeita à gestão florestal", já reflorestação, ou nas intervenções frisou ainda que a floresta é res-
pessoas que não façam a gestão das suas propriedades, que têm comprar é proveniente de uma que "será alargado a todos os pro- nas áreas ardidas, caso os terre- ponsável por 3,2 por cento do Pro-
abandonadas, que não vendem, que não arrendam e não fazem na- floresta bem gerida, segundo as prietários e a todas as proprieda- nos não tenham valor suficiente duto Interno Bruto (PIB) nacio-
da. Este é o caminho. O Estado, que somos nós todos, tem que tomar boas práticas florestais. Por- des a obrigatoriedade de opera- para poderem ser reflorestados nal, 11 por cento das exportações,
estas decisões e, de uma vez por todas, empurrar as pessoas para as tanto, a certificação é o caminho ções silvícolas mínimas". "Além nas fileiras principais (pinho, so- 12 por cento do PIB industrial e
tomar relativamente às suas parcelas florestais. a seguir. É importante e vamos das responsabilidades que decor- breiro e eucalipto)", frisou Ascenso por mais de 260 mil postos de tra-
fazê-la. José Luís Araújo rem para todos em consequência Simões. balho directos. Lusa
6. 10 11
32 milhões de euros
CONTRATOS ASSINADOS EM VISEU tre Estado e empresas, para pro-
mover o vinho português, como
forma de afirmar a agricultura e a
na promoção
economia portuguesa".
1.300 mil euros para
a Região Centro
dos vinhos portugueses
A Comissão Vitivinícola Regio-
nal (CVR) do Dão foi uma das en-
tidades que assinou o protocolo
tendo em vista a promoção inter-
nacional, em mercados terceiros,
dos vinhos do Dão, Bairrada e
O Solar do Vinho do Dão, em Viseu, foi o palco da assinatura de contratos Beira Interior.
de atribuição de verbas para promoção de vinhos portugueses fora Na prática, o documento signi-
da União Europeia. O programa de promoção de vinhos em mercados fica que até 2011 os vinhos da re-
de países terceiros é uma parceria com o sector privado, financiado gião Centro terão cerca de
O
1.300.000 (um milhão e trezentos
publicamente com 16 milhões de euros, num investimento
mil euros) para investir em acções
de 32 milhões de euros promocionais externas.
A participação da CVR do Dão
ministro da Agricultura, cimento elevadas, apesar da crise será de 50% do valor de investi-
Desenvolvimento Rural e internacional, embora o vinho do mento e as primeiras acções pro-
das Pescas, Jaime Silva, Porto tenha acusado alguma re- mocionais começarão a ser imple-
afirmou que o sector vitivinícola gressão, que já não é de agora", mentadas no próximo mês de
em Portugal tem, pela primeira acrescentou. Agosto. Brasil, Angola, Estados
vez, um conjunto de instrumentos O ministro considerou que os Unidos e Canadá são os mercados
para toda a fileira que o tornam vinhos portugueses estão num de destino de acções de promoção
mais competitivo. mercado global "muito competiti- e divulgação dos Vinhos do Dão,
"A promoção dos vinhos [para vo" em que os novos produtores vi- que irão consistir em: acções de
fora da União Europeia] é o últi- nhos, como a Austrália, os Estados Relações Públicas; presença em
mo dos instrumentos, de um sec- Unidos e o Chile, apostam na te da Europa, dos países escandi- As verbas que alicerçam este de", disse José Sócrates. "Vivemos feiras e eventos internacionais de
tor exportador, escolhido para a- quantidade e no preço. "Não há navos, Estados Unidos e Canadá" programa de promoção de vinhos uma das mais sérias e profundas prestígio, distribuição de material
poiar a vitivinícola, como fileira, a que ter medo. Temos é que apostar são prioritários. "Contrariamente em mercados de países terceiros crises mundiais. Este é o momen- promocional; campanhas de im-
fim de a tornar mais competitiva", na qualidade e na promoção dos ao que os sinais de crise dão nou- resultam de um envelope finan- to para deixar uma palavra de prensa; “in store tasting”; visita de
disse à agência Lusa o ministro. vinhos portugueses", sublinhou. tros sectores, estamos a crescer ceiro que Portugal conseguiu para confiança, e dizer que é preciso in- jornalistas e profissionais à Regi-
O governante destacou que os De acordo com o ministro da nos Estados Unidos e Canadá", apoiar o sector vitivinícola, quan- vestir", acrescentou o primeiro- ão do Dão e aos seus produtores.
programas de promoção de vinhos Agricultura, "os mercados do nor- disse Jaime Silva. do, em Dezembro de 2007, sob a ministro. Esta acção multidisciplinar
para mercados terceiros e de O ministro referiu ainda que a presidência portuguesa da União Durante a cerimónia, o primei- tem por objectivos aumentar a no-
arranque e reconversão da vinha "China e Rússia foram indicados Europeia, se concluiu a reforma ro-ministro sublinhou que "Portu- toriedade e vendas dos Vinhos do
constituem "os grandes instru- como novos mercados, com poten- da Organização Comum do Vinho. gal tem orgulho no sector do Dão, promover uma relação de
mentos" da política da reforma do cialidade enorme de crescimento", vinho". José Sócrates referiu que empatia e cumplicidade com os
vinho. Jaime Silva referiu tam- mas onde é preciso começar por Sócrates pediu aos sempre que fez viagens ou deslo- diversos públicos-alvo, combater
bém que o sector dos vinhos expor- "fazer a pedagogia de consumo". empresários que apostem cações, "o sector dos vinhos foi os vinhos do “Novo Mundo”, criar
ta 600 milhões de euros anual- O Ministro da Agricultura, Jai- no sector sempre um dos que esteve presen- maior riqueza em torno do vinho
mente, dos quais metade corres- me Silva, realçou que "o vinho é te, acrescentando prestígio a Por- enquanto actividade económica,
ponde a vinho do Porto. importantíssimo para a agricultu- O primeiro-ministro José Só- tugal". "Queremos que as exporta- favorecendo o investimento no se-
"Temos um real potencial de ra portuguesa. São 200 mil postos crates pediu, em Viseu, aos em- ções subam. Temos de trabalhar ctor agrícola, criar no “trade” e no
requalificação e promoção dos vi- de trabalho, 600 milhões de euro presários do sector dos vinhos na promoção e os vinhos portu- consumidor maior conhecimento e
nhos nacionais", que deve se apro- de exportação por ano". "Curiosa- para "arregaçarem mangas" e gueses são de qualidade", acres- procura dos vinhos do Dão, sensi-
veitado, salientou o ministro. mente, num momento de crise, é apostarem numa área em que centou. bilizando os consumidores para a
Para Jaime Silva, as exporta- um sector que mostra dinamismo, "Portugal tem orgulho". "Este é Sobre os contratos assinados, qualidade, genuinidade, tipicida-
ções actuais de vinhos "estão a com um aumento das exporta- um sector que melhorou muito" e Sócrates considerou que "permi- de e outras mais-valias dos vinhos
portar-se bem, com taxas de cres- ções", acrescentou. "tem vinhos de altíssima qualida- tem uma parceria estratégica en- desta região.
7. 12 13
DECORRERÁ DE 30 DE ABRIL A 3 DE MAIO
Lousã promove Semana
ANUNCIOU O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA O município da Lousã promove
Projectos de reestruturação e reconversão
de 30 de Abril a 3 de Maio
uma semana gastronómica dedicada
da vinha com apoios de 54 milhões de euros Gastronómica do Cabrito
O
ao cabrito, evento que conta com
a adesão de 14 restaurantes e que
atrai largos milhares de pessoas
sector da vinha portugue- para reestruturação e reconver-
sa tem apoios aprovados são de vinhas é de 11,349 euros.
de cerca de 54 milhões de O Ministério aponta ainda que
euros, sendo a maior parte para a Direcção Regional da Agricul-
reestruturação e reconversão, tura e Pescas do Norte é a que
anunciou o Ministério da Agricul- tem maior peso naqueles projec-
tura, Desenvolvimento Rural e tos, representando 71 por cento do
Pescas. montante aprovado e 61 por cento
Uma informação do Ministério da área abrangida.
liderado por Jaime Silva refere Foram ainda aprovados 1.238
que foram aprovadas 1.883 candi- projectos para arranque de vinha,
A
daturas para ajudas à reestrutu- correspondentes a 2.339 hectares
ração e reconversão de vinha. Es- e uma ajuda de 13,9 milhões de
tes projectos, que abrangem uma euros, sendo Lisboa e Vale do Tejo
área de 3.486 hectares, correspon- a região com mais adesão a esta
dem a apoios de 39,6 milhões de medida, com 450 candidaturas
“ preocupação na identifica- nhas, plantas aromáticas e condi- micos e a adesão dos restaurantes
euros. A ajuda média por hectare com resposta positiva.
ção, preservação e divulga- mentares, o Mel DOP Serra da se manter estável”.
ção dos saberes tradicio- Lousã, a aguardente de mel e o Quanto ao “rei” do festival, Luís
nais”, esteve na génese da realiza- Licor Beirão, bem como a doçaria Antunes diz que “já foi importan-
ção deste festival, destacou Luís local, como a tigelada, o arroz doce te, na época em que os rebanhos
Antunes, vice-presidente da Câ- e ainda Serranitos, Delícias Serra- eram numerosos na Serra da Lou-
mara da Lousã à Gazeta Rural. nas, Talasnicos e Beirões. Para sã”. Com “a progressiva desrurali-
“Este Festival aproveita os sabe- além de tudo isto, “estamos con- zação do território e o envelheci-
res tradicionais, recuperando-os, vencidos de que também promove- mento da população que se mante-
colocando-os ‘no mercado’, contri- mos um estilo de vida saudável. ve nos lugares e nas aldeias, aqui
buindo para estimular pequenas “Os resultados das várias inicia- como no resto do País, contribuiu
economias rurais e familiares”, tivas ligadas à gastronomia que para a diminuição desta activida-
refere o autarca, destacando que levamos a cabo ao longo do ano de”, refere o autarca.
“a sua divulgação, ao apelar às têm sido bastante satisfatórios. Os Porém, “os novos tempos que
memórias e aos sentidos, é um Restaurantes associados a estes atravessamos, apelando para esti-
forte veículo de promoção local e eventos têm registado níveis ele- los de vida mais saudáveis, têm
regional”. vados de adesão por parte dos feito com que estas serras, a pouco
Este evento, tal como os outros, comensais”, refere o vice-presiden- e pouco, se repovoem com novos
“contribui fortemente para a pro- te da Câmara da Lousã, referindo habitantes e antigas actividades
moção do concelho e da Serra da que “de ano para ano têm-se con- comecem a reaparecer. Os reba-
Lousã”, pois “a gastronomia é, ho- quistado novos clientes, havendo nhos, aos poucos, estão a reapare-
je em dia, um dos produtos mais bastantes casos de restaurantes cer nestas paisagens, o incremento
trabalhados, mais atractivos, no com listas de clientes certos, de lo- da gastronomia e a procura destes
que diz respeito ao mercado turís- cais como Lisboa ou Porto, que pe- produtos associados à terra pode
tico interno e o espaçamento des- dem para ser contactados e que ser o factor que demonstre que
tes eventos ao longo do ano contri- para aqui se deslocam proposita- estas actividades podem, de novo,
bui para uma regular promoção do damente nestas ocasiões”. ser rentáveis”. Alias, acrescenta
concelho”, afirma Luís Antunes. A melhor demonstração deste Luís Antunes, “na Lousã há indí-
Com esta iniciativa promovem- sucesso, refere o autarca, “é o facto cios de que os rebanhos poderão
se os produtos da terra, como hor- de ser este o quarto ano em que se vir a reocupar o seu lugar nesta
tícolas, frutos do bosque, casta- realizam estes Festivais Gastronó- paisagem.
8. 14 15
Mir a pr om o ve as F lo r e s
DE 30 DE ABRIL A 3 DE MAIO EM CASTELO BRANCO DE 29 A 31 DE MAIO
Sabores e Saberes na Bienal do Azeite
e Gre los da regi ão Q
uarenta e oito milhões de
litros de azeite represen-
tados, 60 mil visitantes e
mais de 100 expositores em três
Mira recebe de 30 de Abril a 3 de Maio mais uma edição da Mostra
E
dias de certame. São os números
Regional de Flores e Plantas “Gândara e Plantas”, que inclui também previstos para a Bienal do Azeite
a realização de mia suma edição da Feira dos Grelos ‘09 – II Feira Nacional, organiza-
da pela Câmara Municipal de
Castelo Branco, pela Associação
m entrevista à Gazeta É preciso proporcionar aos visi-
Portuguesa de Azeite da Beira
Rural, Miguel Grego, vere- tantes espaços de múltiplos inte-
Interior e a Confraria do Azeite,
ador da autarquia respon- resses, temos tentado “agradar”
em parceria com a Casa do Azeite. contro e partilha de saberes entre a todos os visitantes momentos de
sável do evento, destaca a impor- quer a quem gosta de apreciar os
O evento, a decorrer na Praça da os diversos profissionais de sector lazer, conhecimento, convívio e
tância de dois eventos que em expositores (e que felizmente são
Devesa na cidade de Castelo e os consumidores em geral. Atra- negócios.
muito dignificam o concelho de Mi- muito variados), quer a quem gos-
Branco, de 29 a 31 de Maio, apre- vés de uma visão global e repre- Nestes espaços estarão repre-
ra e a região da Gândara. ta de provar as iguarias confeccio-
sentará um conceito diferenciado sentativa do sector, a Bienal ‘09 sentados os produtos regionais
nadas pela Confraria, quer a quem para a edição deste ano?
de promoção do sector do azeite. espera conquistar uma posição de (nas vertentes gastronómica, arte-
Gazeta Rural (GR): Que no- gosta de ouvir boa música, quer a MG: As perspectivas são de,
História, ambiente, cultura, destaque no universo do azeite em sanal, entre outras), as regiões
vidades para a edição deste quem procura animação de rua, apesar do tempo de menor “desafo-
economia e política - todo um país Portugal. portuguesas de azeites de Deno-
ano? quer mesmo às crianças que que- go” por parte das empresas e dos
representado num produto de ori- Ao longo dos três dias, os prin- minação de Origem Protegida
Miguel Grego (MG): A «Gân- rem espaços para se divertirem e potenciais clientes, continuar a
gens e sabedorias ancestrais, o cipais espaços criativos da Bie- (DOP), os produtores e embalado-
dara e Planta» e a «Feira dos Gre- permanecerem nas feiras. promover dois eventos que em
azeite. O evento de carácter nacio- nal’09 – Espaço Regional “Beira res nacionais, as áreas temáticas
los» são dois eventos que ao longo Em suma, esta ligação tem sido muito dignificam o concelho de Mi-
nal pretende articular estratégias Baixa”; Espaço Portugal e Espaço ligadas à produção, mercado, ino-
dos anos se têm sabido adaptar às muito proveitosa e, em nosso en- ra e a região da Gândara. As pers-
de espaços, ambientes e activida- Mundo – localizados no coração de vação e desenvolvimento, e outros
várias mudanças que têm ocorrido tender, e dos expositores, que são pectivas são continuar a crescer,
des múltiplas, promovendo o en- Castelo Branco, irão proporcionar ‘mundos’ do azeite.
e que têm procurado responder os nossos parceiros, será para mas de forma sustentada. Quere-
aos anseios quer dos expositores manter. mos ir dando pequenos passos no
quer do público em geral. Este sentido de sedimentar a afirmação
ano, e uma vez mais, procuramos GR: Como está o sector das do concelho na sua vertente agrí- JAIME SILVA DIZ QUE O PAÍS PODE DEIXAR DE SER IMPORTADOR
Portugal terá mais 30 mil hectares de olival novo
corrigir alguns pormenores que hortícolas, e no caso os grelos, cola, hortícola, florícola, florestal,
nos foram apontados como aspec- na região gandaresa? em suma no que é mais genuíno
tos menos positivos ou a melhorar. MG: Este sector, parece nos, da Gândara. Queremos ter um
Em suma procuramos estabilizar apesar do clima de crise, que tem evento recheado de animação.
a filosofia destes dois certames, conseguido, com maiores ou me- O olival vai ter mais 30 mil hectares nos pró- da Agricultura e Pescas afirmou
introduzindo apenas alguns acer- nores dificuldades, continuar a GR: Qual o objectivo da rea- ximos anos, o que deverá permitir a Portugal que o novo olival é principalmente
tos pontuais. sua actividade. É com orgulho que lização do concurso “o melhor deixar de ser importador de azeite, avançou semi-intensivo, ou seja, tem 200 a
sentimos o reconhecimento pela prato de grelos”? o ministro da Agricultura, Desenvolvimento 300 árvores por hectare, realçan-
GR: Vai manter-se a ligação qualidade deste produto oriundo MG: As perspectivas são ape- Rural e Pescas. do que, nos últimos seis anos, fo-
da feira dos grelos com o sec- do nosso concelho. nas desafiar as pessoas a usarem a Jaime Silva salientou que "em ram plantados 45 mil hectares de
tor florícola no certame? É com interesse que hoje assis- imaginação e de usarem os grelos três anos, Portugal deixa de ser novo olival. "Quando todo o olival
MG: Efectivamente a ligação timos a uma procura pelos grelos como iguaria com múltiplas valên- importador de 50 por cento do seu novo entrar em velocidade cruzei-
entre os dois eventos tem resulta- dos Carapelhos (concelho de Mira) cias na culinária. consumo de azeite, podendo ser ro de produção é possível reduzir
do numa sinergia muito positiva. e é com algum optimismo que ve- É um concurso despretensioso exportador". Aliás, o olival e a vi- as importações em 50 por cento",
A lógica mais expositiva da «Gân- mos a forma como tem sido procu- que pretende levar à descoberta nha são, para o ministro, exem- referiu.
dara e Planta», ligada mais ao sec- rado o nosso concelho para a insta- dos sabores dos grelos e das vá- plos "de que vale a pena investir O Alentejo recebeu 70 por cento
tor florícola, combina, em nosso lação de novas unidades ligadas ao rias combinações que permitem. na Agricultura" pois são sectores do novo olival já plantado e pas-
entender, muito bem com a lógica sector das hortícolas. É apenas mais uma forma de cha- com sucesso. sou a ser a primeira região do
mais gastronómica e de animação mar a atenção para este pro- Em declarações à agência Lu- país, com 40 por cento do total de
da «Feira dos Grelos». GR: Que perspectivas tem duto. sa, o secretário de Estado adjunto área de oliveiras.
9. 16 17
NUM INVESTIMENTO DE 15,2 ME REDUZIU ÁREA DEVIDO À CRISE
Ministério recebeu 310 projectos para Alimentaria Lisboa
uso de energias renováveis 2009 manteve número
O de participantes
s agricultores apresenta- tério da Agricultura, Desenvolvi-
ram 310 candidaturas a mento Rural e Pescas refere que o
apoios para a instalação norte foi a região a apresentar
de equipamentos de aproveita- maior número de candidaturas, O SECTOR AGRO-ALIMENTAR ESTÁ A CRESCER E A FEIRA
mento de energias renováveis, com 182 projectos, e investimento ALIMENTARIA LISBOA 2009 MANTEVE O NÚMERO
com um investimento total de de 3,8 milhões de euros.
DE EMPRESAS PARTICIPANTES, MAS A CRISE ECONÓMICA
O
15,2 milhões de euros, apoiado a Mas, o valor mais elevado de
50 por cento, anunciou o Minis- investimento pertence a Lisboa e las. O prazo para apresentação de REFLECTIU-SE NA ÁREA OCUPADA, QUE DESCEU FACE
tério da Agricultura. Vale do Tejo, com 5,4 milhões de candidaturas a esta ajuda termi- À ANTERIOR EDIÇÃO
O total de verba disponibiliza- euros, correspondentes a 15 can- nou a 15 de Abril.
da para a ajuda à instalação de didaturas. Do Alentejo chegaram A medida visava "melhorar a
director-geral da Feira Internacional de Lis-
energias renováveis na agricultu- aos serviços do Ministério 86 pro- eficácia energética nas explora-
boa (FIL), Javier Galiana, avançou que "o nú-
ra era de 15 milhões de euros e o jectos para um investimento de ções, preservado o ambiente e tor-
mero de expositores manteve-se face à ante-
incentivo não reembolsável é de três milhões de euros para apoio a nando assim sustentáveis os ren-
rior edição da Alimentaria, mas os 32 mil metros
50 por cento das despesas elegí- acções promotoras de eficiência dimentos agrícolas", segundo o
quadrados ocupados representam uma redução de
veis. Uma informação do Minis- energética nas explorações agríco- Ministério.
cerca de 15 por cento". "O sector agro-alimentar está
em crescimento", uma tendência seguida, por exem-
plo pela área da carne, pesca e aquicultura", referiu.
O responsável faz questão de realçar que a quebra
da área ocupada, "devido à crise", é menos acentua-
da que aquela registada nas feiras deste sector, prin-
cipalmente europeias, onde atinge 35 a 40 por cento.
Celorico da Beira “mostrou”
Queijo Serra da Estrela
O município de Celorico da Beira, através do Solar
do Queijo, participou na edição deste ano da
Alimentaria de Lisboa, tendo como principal objecti-
vo, o estabelecimento de contactos e em dar a conhe-
cer o Nobre produto que é o Queijo Serra da Estrela,
para que outros mercados se possam abrir.
Refira-se o facto de o Município de Celorico da
Beira, ter sido o único Município a marcar presença
neste evento de referência. Em termos de balanço
final, poder-se-á afirmar, com toda a certeza, que este
evento se tornou uma mais valia e uma oportunida-
de impar para o Concelho de Celorico da Beira, em
promover os seus produtores, dando a conhecer ao
mundo as suas potencialidades, tanto ao nível das
tradições, como ao nível turístico, tendo sido parale-
lamente levada a cabo uma campanha promocional
no âmbito de dar a conhecer através de folhetos infor-
mativos as potencialidades turísticas da região junto
dos participantes na mostra.
10. 18 19
Pr o d u t o r e s t e m e m o f i m
POR CAUSA DAS REGRAS IMPOSTAS PARA A MOVIMENTAÇÃO DOS ANIMAIS CHEGAS DE BOIS CONTINUAM A ATRAIR MILHARES DE PESSOAS
São cada vez menos os "protagonistas"
d a s tr a d i ci o n a i s c h eg a s d e b o i s A
s chegas de bois continuam
a atrair milhares de pes-
soas em Montalegre, mas o
número de protagonistas destes
F
Os organizadores das chegas de bois de Montalegre temem o fim desta tradição por causa das regras espectáculos, os bois de raça barro-
impostas para a movimentação dos animais e reivindicam uma medida de excepção para a realização sã, estão a diminuir de ano para
destes espectáculos que atraem milhares de pessoas ano, alertou o vereador da autar-
quia local. Orlando Alves disse à
ernando Moura é um dos ra a realização das chegas de bois Agência Lusa que actualmente
responsáveis pela associa- é também o que defende o verea- existem no concelho "apenas 12
ção "O Boi do Povo" e um dor da Câmara de Montalegre, exemplares" desta raça autóctone
dos grandes entusiastas pelas Orlando Alves. O autarca compre- que participam nas chegas de bois. nizado estas lutas entre animais. am "uma dança" que se prolonga
chegas de bois, uma tradição já ende que "não é fácil abrir prece- A associação "O Boi do Povo", Segundo um dos responsáveis mais ou menos no tempo, depen-
muito antiga em alguns concelhos dentes para esta manifestação com o apoio da autarquia local, pela associação, Fernando Moura, dendo da força de cada animal, e
de Trás-os-Montes, mas que en- cultural", mas, acredita que se tal organiza todos os anos, a partir de nos últimos anos, muitos produto- durante a qual investem, enfren-
contra uma maior expressão em não acontecer as "chegas de bois Junho, o campeonato de chegas de res têm optado por outras espécies tam-se com violência, entrelaçam
Montalegre. podem desaparecer". bois onde apenas é permitida a bovinas, de crescimento mais rápi- os chifres, afastam-se e voltam ao
É também um dos rostos do Orlando Alves referiu que as participação a animais de raça do e às quais é feita inseminação confronto. A luta termina quando
descontentamento e da revolta colheitas contínuas de sangue barrosã. Só que, segundo o verea- artificial, salientando que são mui- um dos bois foge, assumindo a der-
dos produtores de gado do barroso espicaçam os animais de tal forma dor, o número de participantes tos os emigrantes e turistas que se rota, ou quando é ferido pelo outro
contra as regras impostas pela que estes podem até constituir um tem vindo a decrescer de ano para deslocam propositadamente à animal.
Direcção Geral de Veterinária risco para os próprios produtores. ano. O objectivo da organização região do Barroso para assistir às Os espectáculos são também re-
(DGV) relacionadas com as movi- zação dos exames de pré-movi- "Não se agarra um boi com facili- dos campeonatos é precisamente chegas de bois. Mas diz que, os latados por Fernando Moura,
mentações de animais. "Está a ser mentação, que consistem na co- dade para tirar sangue, pelo que "apoiar o fomento desta espécie espectadores muitas vezes desco- como se se tratasse de um jogo de
complicado organizarmos as che- lheita de sangue, têm ainda de alguns proprietários poderão op- que sofreu uma forte decadência nhecem o longo trabalho de futebol. "Explico a forma como os
gas de bois, porque estamos obri- pagar as respectivas taxas e espe- tar por participar em chegas ape- nas últimas décadas". "mimo" de que os bois são alvo an- bois se enfrentam, a violência com
gados a fazer colheitas de sangue rar pelos resultados dos exames. nas de, por exemplo, seis em seis Por cada confronto, o animal tes de entrarem no recinto. que o fazem ou a estratégia que
aos animais, todos os meses. Ao Passado um mês, se o animal meses", referiu. recebe 500 euros, enquanto que o Fernando Moura referiu que adoptam. Às vezes os animais nem
fazermos isso estamos a espicaçar não for vendido ou se o proprietá- Considerou ainda que as restri- prémio final é de 750 euros. O hoje este "mimo" é feito por parti- se pegam e outras vezes as chegas
os animais e eles acabam por se rio quiser participar numa outra ções estão a acabar com a "espon- campeonato de chegas de bois culares, mas há uns anos atrás era chegam a durar entre 30 a 45
tornar agressivos", afirmou à chega de bois, terá que repetir os taneidade" ou seja os desafios de também já se transformou numa um trabalho comunitário, que minutos", salientou.
Agência Lusa. Os produtores de exames e pagar novas taxas. "Sob café lançados pelos proprietários e "atracção turística" da região. envolvia toda a aldeia nos traba- Fernando Moura diz que até já
gado queixam-se do tempo que o ponto de vista técnico compreen- que às vezes davam origem às A Associação Etnográfica "O lhos com o animal e por isso mes- fez relatos em directo, mas a mai-
perdem e do dinheiro que gastam do estas medidas que servem para chegas. Boi do Povo" foi criada em 1999, mo era denominado o "boi do or parte das vezes opta por gravar
para cumprir todas as normas. evitar a propagação de doenças, Por sua vez, Fernando Moura por um grupo de amigos apaixona- povo". o relato num gravador, sendo este
O veterinário municipal, Do- mas também compreendo as preo- acrescentou que se começam a fa- dos pelas tradicionais chegas de Depois de colocados frente a depois transmitido pela Rádio
mingos Moura, explicou que nos cupações dos produtores", salien- zer chegas clandestinas em Mon- bois e, desde que nasceu, tem orga- frente, os bois concorrentes inici- Montalegre. Lusa
últimos meses foram impostas a tou Domingos Moura. talegre, em que às vezes nem to-
nível nacional medidas sanitárias Fernando Moura referiu que a das as normas de segurança são
que obrigam à realização de exa- associação "O Boi do Povo" já soli- cumpridas.
mes de pré-movimentação para a citou à DGV autorização para que Segundo explicou, para a reali-
deslocação de animais para feiras, a colheitas de sangue aos animais zação destes espectáculos é neces-
transacções comerciais, as quais se façam apenas de "três em três sário um recinto vedado, ter segu-
abrangem ainda a realização das meses". Adiantou que, se as rei- ro, uma licença camarária para a
chegas de bois. Ou seja, qualquer vindicações dos produtores não fo- cobrança dos bilhetes e os exames
produtor que queira vender um rem ouvidas, estes podem ir para de pré-movimentação. A associa-
animal ou participar num destes a rua em forma de protesto. ção paga ainda cerca de 500 euros
eventos, tem que solicitar a reali- Uma "cláusula de excepção" pa- por cada boi participante.