O ano litúrgico A tem como evangelista principal, nos domingos e nas festas, São Mateus. Na Semana de Formação bíblica foi objecto de reflexão, seguindo um texto de Herculano Alves.
4. Vocação de Mateus Partindo dali, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado no posto de cobrança, e disse-lhe: «Segue-me!» E ele levantou-se e seguiu-o. Encontrando-se Jesus à mesa em sua casa, numerosos cobradores de impostos e outros pecadores vieram e sentaram-se com Ele e seus discípulos. Os fariseus, vendo isto, diziam aos discípulos: «Porque é que o vosso Mestre come com os cobradores de impostos e os pecadores?» Jesus ouviu-os e respondeu-lhes: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: Prefiro a misericórdia ao sacrifício. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores.» Evangelho de São Mateus
5. Evangelista do ANO A A Liturgia da Igreja, para melhor e mais profundamente reflectir os textos da Sagrada Escritura, enquadra um ciclo de três anos (A,B,C) e em cada ano litúrgico propõe a leitura de um evangelista, nos Domingos e e nas principais Festas. No ano A, que está a decorrer, seguimos mais de perto o evangelista e apóstolo São Mateus. No ano B, São Marcos, e no Ano C, São Lucas. O evangelho de São João é proclamado sobretudo no tempo do Natal e da Páscoa. Evangelho de São Mateus
6. Evangelho para uma comunidade concreta Jesus anunciou o Evangelho original, a Boa-Nova de Deus para os homens de todos os tempos. Adaptou-a às pessoas, falando uma linguagem compreensível: parábolas, comparações, imagens da vida campestre ou da cidade e do templo de Jerusalém. Os mestres da Lei ao povo de modo semelhante. Por isso, a Boa-Nova de Jesusnão está nas palavras ou na linguagem que Ele utilizou, mas no seu conteúdo e significado. Evangelho de São Mateus
7. Evangelho “judaico” Cada evangelista adaptou a mensagem original de Jesus às pessoas a quem se dirigia. Crê-se que o Evangelho de Mateus foi pregado na cidade de Antioquia, na Síria, onde havia uma grande comunidade judaica. Foi pregado a judeus conhecedores e cumpridores da Lei. Por isso, Mateus fala tanto da Lei, utiliza vocabulário e temas judaicos e faz referências permanentes à Bíblia do Antigo Testamento; e diz "Reino do Céu" em vez "Reino de Deus", como São Lucas, pois o Nome era inefável para os judeus. Evangelho de São Mateus
8. Evangelho “judaico” Mateus cita com muita frequência os Profetas, muito estimados pelos judeus, mostrando que as profecias se cumprem em Jesus: «Tudo isto aconteceu para se cumprir o que diz o profeta...». Evangelho de São Mateus
9. Optar por Cristo mas ser fiel a Moisés O mais grave problema que se colocou aos primeiros cristãos foi o seguinte: em que medida teriam de seguir a Cristo e deixar de lado Moisés ou a Lei antiga? Ao seguir o Evangelho de Jesus, que partes da Lei ainda seriam obrigados a cumprir? Evangelho de São Mateus
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11. Significa que muitas prescrições perdiam valor normativo, não eram para cumprir à letra, mas continuavam na Bíblia como memória da caminhada que o povo de Deus tinha feito até chegar a Cristo e da pedagogia que Deus utilizara para isso.Evangelho de São Mateus
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13. Mas, ser fiel a Cristo não implica ser infiel a Moisés; pelo contrário: só pode ser fiel a Moisés e à Lei quem for fiel a Cristo, pois Moisés e a Lei dizem para seguir a Cristo.Evangelho de São Mateus
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15. É dirigido a uma comunidade cristã judaica, a qual, precisamente porque era de origem judaica, tinha na ideia de comunidade um dos valores mais importantes da sua existência concreta.
16. O judaísmo e o povo da Bíblia em geral tinham uma organização comunitária muito profunda. Por isso é que Mateus é o único evangelista que utiliza o termo Igreja.
17. Ser cristão é viver a Palavra de Cristo em comunidade, é ter um coração comunitário.Evangelho de São Mateus
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19. Esta organização da Igreja aparece também ao nível das suas estruturas externas e internas, isto é, dos sacramentos e da liturgia. Evangelho de São Mateus
26. os profetas e os escribas,os que, no Antigo Testamento, se dedicavam à Palavra de Deus, são também indispensáveis nesta Igreja (Mt 23,34; ver 10,40-41; 13,52). Evangelho de São Mateus
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28. De facto, o povo do Antigo Testamento poderia ser definido como a comunidade da Palavra. E o Evangelho de Mateus apresenta-nos a relação íntima com esse povo da Palavra de Deus, dizendo-nos ser essa também a vontade de Deus para o seu novo povo, que é a Igreja.Evangelho de São Mateus
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30. O Evangelho de Mateus ajuda-nos a encontrar na Palavra de Jesus a nossa verdadeira obrigação, considerando tantas outras coisas e palavras como devoções, isto é, de menor importância.Evangelho de São Mateus
31. Fundamento da Igreja: a palavra de Jesus Para levar a cabo esta sua tarefa de autêntica evangelização, a Igreja precisa, antes de mais, de aceitar a exortação do Concilio Vaticano II: «o Concílio exorta com veemência e interesse todos os cristãos… a que aprendam o supremo conhecimento de Jesus Cristo, com a leitura frequente das divinas Escrituras. Porque desconhecer as Escrituras é desconhecer a Cristo.» (Dei Verbum, 25) Evangelho de São Mateus
32. A Igreja: comunidade do Deus-connosco No Evangelho de Mateus, Jesus é apresentado, sobretudo, como Mestre da Palavra de Deus. A sua principal característica, na ordem da acção, é o anúncio da Palavra. Mas, na ordem do ser, Jesus é apresentado sobretudo como Emanuel, isto é, Deus-connosco: «Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho; e chamá-lo-ão Emanuel, que quer dizer Deus-connosco» (Mt 1,23). Evangelho de São Mateus
33. A Igreja: comunidade do Deus-connosco No remate do Evangelho, como se quisesse confirmar aquela frase do início, Jesus diz: «E Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28,20). Assim, afirma que vai agir em relação aos discípulos conforme aquilo que Ele é no mais profundo do seu ser divino: o Deus-connosco estará sempre com os seus. Evangelho de São Mateus
34. A Igreja: comunidade do Deus-connosco Mateus está a ser fiel aos seus destinatários, ao falar-lhes de um assunto que eles compreendiam muito bem. Desde o Êxodo que pairava no ar a teologia do Deus-connosco. Assim, este Evangelho vem dar-nos a certeza de que, aceitando Jesus como Filho de Deus, estamos em boas mãos, porque Ele está no meio de nós: no meio dos nossos problemas materiais e espirituais, para nos dar uma nova visão das coisas e das pessoas. Evangelho de São Mateus
35. A Igreja: comunidade do Deus-connosco A nossa atitude terá de ser sempre a dos ouvidos atentos para escutar a sua Palavra e os olhos do coração abertos, para o podermos contemplar onde os olhos do corpo não conseguem atingi-lo. Ele veio trazer a mensagem de Deus e, para a proclamar em todo o mundo, escolheu o grupo dos Apóstolos como viveiro de missionários. Evangelho de São Mateus
36. Estrutura interna do Evangelho Evangelho Infância de Jesus Anúncio do Reino de Deus Ministério na Galileia Sermão da Montanha Dinamismo do Reino Mistério do Reino As Parábolas do Reino Discurso Eclesial Subida a Jerusalém Ministério em Jerusalém Paixão e Ressurreição de Jesus Ceia Pascal O processo de Jesus A boa-nova da ressurreição Evangelho de São Mateus
37. Texto adaptado de: HERCULANO ALVES, Para compreender o Evangelho de S. Mateus, in Revista Bíblica, n.º 312, outubro: 2007 Evangelho de São Mateus