Terapia Comportamental-Cognitiva(TCC) e Arteterapia
Como lidar estresse_cronico_enfermagem_enaf
1. Como lidar com o estresse
crônico do profissional de
saúde?
Marcelo da Rocha Carvalho
Medicina Comportamental da
Universidade Federal de São Paulo
2. Porque entender o
Stress?
Se o Stress for bem compreendido e
controlado, pode, até certo ponto, ser
favorável, pois prepara o organismo para
lidar com situações difíceis da vida. Do
contrário propicia o adoecimento. A pessoa
com níveis altos de estresse não raciocina
com clareza, é irritada e com pouca
paciência, prejudicando sua tomada de
decisões e com baixa resolução de
problemas.
3. Definição geral do Stress
O stress é uma reação que possui componentes
físicos, psicológicos, mentais e hormonais que se
desenvolve frente a situações que representem
um desafio para o indivíduo.
4. Fase de Alerta
Na fase do alerta considerada a fase positiva do
stress, o ser humano se beneficia e ganha
energia através da produção da adrenalina, a
sobrevivência é preservada e uma sensação de
plenitude é freqüentemente alcançada.
5. Fase de Alerta: conseqüências
SONO: dificuldade em dormir muito acentuada
devido à adrenalina
SEXO: libido alta , muita energia. O sexo ajuda
a relaxar.
TRABALHO: grande produtividade e criatividade,
pode varar a noite sem dificuldade.
6. Fase de Alerta: conseqüências
CORPO: tenso, músculos retesados, no início
aparece a taquicardia, sudorese, diminuição fome
e do sono, mandíbula tensa, respiração mais
ofegante do que o normal. No todo, o organismo
reage em uma perfeita união entre mente e corpo.
A tensão do corpo encontra correspondência na
mente.
HUMOR: eufórico. Pode ter grande irritabilidade
devido à tensão física e mental experimentada.
7. Fase de Resistência
Na segunda fase a da resistência a pessoa
automaticamente tenta lidar com os seus
estressores de modo a manter sua homeostase
interna.
8. Fase de Resistência:
conseqüências
SONO: normalizado.
SEXO: libido começa a baixar, pouca energia. O
sexo não apresenta interesse.
TRABALHO: a produtividade e criatividade
voltam ao usual, mas as vezes não consegue ter
novas idéias.
9. Fase de Resistência:
conseqüências
CORPO: cansado, mesmo tendo dormido bem. O
esforço de resistir ao stress se manifesta em uma
certa sensação de cansaço. A memória começa a
falhar. Mesmo não estando com alguma doença
ainda o organismo se sente "doente".
HUMOR: cansado, só se preocupa com a fonte de
seu stress. Repete o mesmo assunto, se torna
tedioso.
10. Fase de QuaseExaustão
Se os fatores estressantes persistirem em
freqüência ou intensidade, há uma quebra na
resistência da pessoa e ela passa a fase de
quase-exaustão .
11. Fase de Quase-Exaustão :
conseqüências
CORPO: cansado e uma sensação de desgaste
aparece. A memória é muito afetada e a pessoa
esquece fatos corriqueiros. Doenças começam a
surgir. As mulheres apresentam dificuldades na
área ginecológica. Todo o organismo se sente mal .
Ansiedade passa a ser sentida quase que todo dia.
HUMOR: a vida começa a perder o brilho, não acha
graça nas coisas, não quer socializar, não sente
vontade de aceitar convites ou fazê-los. Considera
tudo muito sem graça e as pessoas tediosas.
12. Fase de Quase-Exaustão :
conseqüências
SONO: insônia, acorda muito cedo e não
consegue voltar a dormir.
SEXO: libido quase desaparece, a energia
para sexo está sendo usada na luta contra o
stress e a pessoa perde o interesse.
TRABALHO: a produtividade e criatividade
caem dramaticamente,consegue somente dar
conta da rotina, mas não cria nem tem idéias
originais.
13. Fase de Exaustão
Nesta fase o processo do adoecimento se inicia e
os órgãos que possuírem uma maior
vulnerabilidade genética ou adquirida passam a
mostrar sinais de deterioração.
14. Fase de Exaustão: conseqüências
SONO: dorme pouco, acorda muito cedo, não se
sente revigorado pelo sono.
SEXO: libido desaparece quase que
completamente.
TRABALHO: não consegue mais trabalhar como
normalmente, não produz, não consegue concentrar
nem decidir. O trabalho perde o interesse.
15. Fase de Exaustão: conseqüências
CORPO: desgastado e cansado. Doenças
graves podem ocorrer como
depressão, úlceras, pressão
alta, diabetes, enfarte, psoríase, etc. Não há
mais como resistir ao stress, a batalha foi
perdida. A pessoa necessita de ajuda médica e
psicológica para se recuperar.
HUMOR: não socializa, foge dos amigos, não
vai a festa, perde o senso de humor, fica
apático. Muitas pessoas tem vontade de morrer.
16. Fase de Exaustão: conseqüências
Não havendo alívio para o stress através ou da
remoção dos estressores ou através do uso de
estratégias de enfrentamento, o stress atinge a sua
fase final.
A Exaustão - onde doenças graves ocorrem nos
órgãos mais vulneráveis (aspectos
genéticos/familiares).
17. Desamparo Aprendido pelo Stress
Senso de incontrolabilidade.
Redução da motivação.
Negativismo.
Catastrofização.
Irritação e agressividade.
18. O Stress e suas Fases
Curva e fases do Stress
Resistênc
ia
Quase
Exaustão
Alerta
Exaustão
Stress
20. Controle do Stress
Atividade física.
Alimentação equilibrada.
Relaxamento.
Modificação dos
pensamentos: equilíbrio
emocional.
21. O que é o BURNOUT?
Burnout quer dizer “se consumir em
chamas”. “Queimar de dentro para fora”.
Uma forma extrema de stress ocupacional.
Nome cunhado em 1974 por
FREUDENBERGER para definir: “Um estado
de fadiga ou frustração causado pela devoção
a uma causa, que deixou de produzir uma
recompensa esperada”
22. Maslach(1976)
A pesquisadora acrescentou detalhes, criou
escala e hoje é a maior autoridade em
burnout. Ela define:
O burnout é um padrão de comportamento e
de sentimentos que ocorre quando a pessoa
está sujeita a fontes crônicas e intensas de
stress emocional que ultrapassam sua
habilidade de enfrentamento.
Toda profissão que lide com o sofrimento
alheio de grande magnitude pode gerar burnout, mas não só estas.
23. Para gravar...
BURNOUT é chamado também de “depressão
do emprego”
É um estado de exaustão física e mental
causado por aspirações elevadas e irrealistas e
metas impossíveis.
24. Diferenças: Stress x BURNOUT
Apesar das similaridades, stress e BURNOUT
são condições distintas. O stress é definido
como uma reação de adaptação ao
organismo(Lipp, 1996), com evolução em quatro
fases distintas(Lipp e Malagris, 1998): alerta,
resistência, quase-exaustão e exaustão. As
características principais do BURNOUT incluem
sentimentos de insatisfação, desilusão, falta de
realização, distanciamento emocional,
impotência e apatia.
O BURNOUT inclui três componentes que
podem ou não se manifestar de forma
seqüencial: exaustão emocional, falta de
realização pessoal e despersonalização(Maslach
e Jackson, 1981).
25.
26. Treino de Controle do Stress
“A psicoterapia do stress proposta por Lipp(1984) e
Lipp e Malagris (1995), conhecida como “Treino de
Controle do Stress”(TCS) difere da psicoterapia
usual, independentemente da abordagem, em
especial porque ela focaliza métodos de manejo das
tensões e de suas causas. Não pretende deter-se em
outros aspectos disfuncionais presentes, para cuja a
resolução a psicoterapia usual é recomendada.
Trata-se, na essência, de um método com forte base
educacional em que mudanças de hábitos de vida
potencialmente facilitadores do desenvolvimento do
stress, são privilegiadas. O TCS é breve e seus
efeitos são comprovadamente mantidos por meio de
uma prevenção a recaída.”(Lipp e Malagris, In.:
Rangé, 2001)
27. Componentes do Treino de Controle do
Stress
Avaliação do nível e da sintomatologia do stress.
Avaliação de estressores externos e autoproduzidos.
Treino comportamental-cognitivo inclui:
1.
2.
3.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Mudança do estilo cognitivo;
Redução da excitabilidade emocional;
Redução da excitabilidade física;
Treino de assertividade e afetividade;
Treino em resolução de problemas;
Autocontrole da ansiedade;
Manejo da hostilidade e irritabilidade;
Administração do tempo.
Redução do Padrão Tipo A do comportamento.
28. Componentes do Treino de Controle
do Stress
Mudança de estilo de vida com relação a:
4.
•
•
•
5.
6.
Atividade física;
Nutrição;
Relaxamento.
Plano de prevenção a recaída.
Seguimento para incentivar a adesão ao
tratamento.
(Lipp e Malagris, In.: Rangé, 2001)
29. Diferenças entre Stress e BURNOUT
BURNOUT: anedonia.
STRESS: emoções exacerbadas.
BURNOUT: maior comprometimento emocional.
STRESS: maior comprometimento físico.
BURNOUT: paranóia, despersonalização, afastamento.
STRESS: pânico, fobias e ansiedade.
BURNOUT: afeta a motivação.
STRESS: afeta a energia física.
BURNOUT: produz baixa auto estima.
STRESS: desintegração.
BURNOUT: gera descompromisso.
STRESS: compromisso em excesso.
30. Diferenças entre
Stress e BURNOUT
BURNOUT: esperança e ideais são perdidos.
STRESS: energia física é perdida.
BURNOUT: a depressão pela mágoa da perda da
esperança e de ideais.
STRESS: a depressão pela necessidade do corpo
de conservar energia.
BURNOUT: pode não matar, mas há a sensação
de que não valha a pena viver.
STRESS: mata prematuramente e não se tem
tempo para completar o que começou.
31. Perfil da vítima em potencial
Auto-sacrifício
Não procurar ajuda
Não viver plenamente sua vida
Não saber delegar
Colocar no trabalho mais energia do que tem, ou
seja: Só se consome nas chamas quem já está em
chamas.
34. Perfil da Instituição que
pode facilitar o BURNOUT
Oferece pouco reconhecimento.
Fornece poucas recompensas.
Não dá esperança de melhora para o
atendimento.
Quantidade de trabalho excessiva.
Não promove a expressão de idéias e
opiniões.
Tem valores diferentes dos mantidos pelos
profissionais.
Não tem transparência.
Não dá autoridade e autonomia.
Comete injustiças.
35. COMO Ouma atuação tríplice que pode afetar o
BURNOUT ATUA
O burnout tem
profissional da saúde de modo dramático:
1. Exaustão emocional: Pode manifestar-se física ou
psicologicamente. A pessoa se sente exausta, sem
energia, desgastada. Não tem mais energia emocional
para “sentir”o sofrimento do outro. Ela se distancia e
não se comove ou sensibiliza com a dor alheia.
2. Despersonalização: O “outro” perde as características
emocionais de “ser humano” e é visto como um “objeto”
que deve ser tratado com eficiência, mas não
necessariamente com carinho ou compreensão. Isto
leva ao cinismo, irritabilidade, baixa tolerância, falta de
paciência. A insensibilidade que se desenvolve pode
levar a procedimentos rápidos e objetivos onde os
sentimentos de outros são invalidados.
3. Desrealização pessoal: A auto estima sofre
rebaixamento. A pessoa sente que seu trabalho não é
importante e fica desmotivada, indiferente.
36. Como o BURNOUT progride?
Fase do Idealismo.
O trabalho é maravilhoso
Energia e entusiasmo ilimitados
Encanto com emprego, colegas, trabalho
37. Fase do Despertar
Reconhecimento de que o emprego não
satisfaz todas as necessidades
Nada é perfeito:colegas, trabalho e a
empresa
Recompensas são poucas
Confusão mental, atordoamento: o que se
passa?
A pessoa trabalha mais ainda e fica ainda
mais cansada
Começa a questionar a própria competência
e habilidades
38. Desenvolvimento do
BURNOUT
Fadiga crônica e irritabilidade.
Uso de bebidas ou drogas.
Sexo compulsivo.
Compra compulsiva.
Produtividade é reduzida
Aumentam os comportamentos de fuga
Cinismo, afastamento,criticas ao emprego
39. FASE DO BURNOUT TOTAL
Desespero
Dura de 6 meses a 4 anos
Sensação de fracasso
Desvalorização
Pessimismo
Vontade de fugir de tudo
Exaustão física e psicológica
Suicídio, enfarte , AVC podem ocorrer
40. A FASE DO FENIX
É o renascer!
A volta ao trabalho com entusiasmo
Cuidado:
Analise o que causou o BurnOut
Modifique as causas
Seja comedido no seu entusiamo
41. Sintomas do BURNOUT
Emoções negativas
Retraimento emocional e social
Problemas de saúde
Problemas interpessoais
Uso de drogas
Queda da produtividade
Perda do sentido na vida
Letargia
Sensação de inutilidade
Culpa
Depressão
42. O que o profissional da saúde pode
fazer contra o BURNOUT?
Prioridade número 1: cuidar de si mesmo
Redefinir a dedicação ao serviço
Analisar o que é estressante no trabalho
Eliminar o que pode ser dispensado
Aceitar o que não puder ser mudado
Procurar contacto com amigos
Dosar o entusiasmo e dedicação ao trabalho
Procurar ajuda
Encontrar outras fontes de alegria
43. O que um Instituição pode fazer
para colaborar?
Oferecer reconhecimento.
Fornecer recompensas.
Dar esperança verdadeira de melhora para o
atendimento.
Reduzir a quantidade de trabalho.
Promover a expressão de idéias e opiniões.
Ter transparência.
Dar autoridade e autonomia.
Ter atitudes justas.
44. Resiliência
“Habilidade para lidar com adversidades(…) o desafio
que todo humano lida durante a vida” (Dyer and
McGuinness, 1996, p. 276)
Mais especificamente, “a capacidade à adaptação
efetiva, funcionamento positivo ou competência… a
despeito dos altos riscos, estresse crônico ou
continuidade prolongada e/ou severo a trauma”
(Egeland, Carlson, and Sroufe, 1993, p. 517)
45. Resiliência e Senso de
Coerência
A Resiliência tem como medida para
alguns pesquisadores o SOC(senso
de coerência): um construto da
resiliência humana, onde na vida
pessoal e suas ocorrências diárias o
mundo é percebido como
compreensível,com sentido próprio e
passível de interferência.
(Antonovsky, 1996)
46. Bibliografia
Everly, G. & Rosenfeld, R. (1979) The Nature and
Treatment of the Stress Response, New York:
Plenum Press.
Lipp, M. E. N. (2000 ) Inventário de Sintomas para
Adultos de Lipp. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Lipp, M. E. N. & Malagris, L. E. N. (2001) O stress
emocional e seu tratamento. In.: Rangé, B. (Org.)
Psicoterapias Comportamentais e Cognitivas: um
diálogo com a psiquiatria, Artmed.
Selye, H. (1965) Stress : a Tensão da Vida. Trad. de
Frederico Branco. 2ª ed. , S.P.: IBRASA.
47. Bibliografia
Barlow, David (Org.) – “Manual Clínico dos Transtornos
Psicológicos”, Artes Médicas, 1999;
Beck, A. e col – “Terapia Cognitiva da Depressão”, Artes
Médicas, 1979/1997;
Ellis, A. – OVERCOMING DESTRUTIVE BELIEFS,
FEELINGS AND BEHAVIORS. Prometheus Books, 2001.
Hawton, K. e col – “Terapia Cognitiva-Comportamental
dos Transtornos Psiquiátrico – um guia prático”, Martins
Fontes, 1997;
Lipp, M. e Malagris, L. – O stress emocional e seu
tratamento. In: Rangé, B. – PSICOTERAPIA COGNITVOCOMPORTAMENTAIS: um diálogo com a psiquiatria.
Artmed, 2001.
Seligman, M. – “Desamparo: sobre depressão,
desenvolvimento e morte”. Hucitec-Edusp, 1977.
Young, Jeffrey – “Terapia cognitiva do transtornos de
personalidade: uma abordagem focada no esquema”.
ArtMed, 2003.