Este documento apresenta os resultados de uma pesquisa de opinião realizada na Amazônia sobre desenvolvimento e meio ambiente com três grupos: 1) lideranças e formadores de opinião, 2) ribeirinhos, extrativistas, colonos e madeireiros, e 3) a população em geral. A pesquisa identificou que a preservação da floresta é uma prioridade, mas existem outros problemas relacionados ao desenvolvimento. Transporte, saneamento e energia foram apontados como necessidades. Há consenso que os recursos naturais
3. Realização: WWF-Brasil – Programa Amazônia
ISER - Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Coordenação geral: Samyra Crespo/ ISER
Regina Vasquez / WWF-Brasil
Rosa Lemos de Sá / WWF-Brasil
Pesquisa com lideranças
Coordenação de campo: Ângela Arruda
Entrevistadores: Laila Souza Mendes
Philippe Layrargues
Grupos focais
Moderadora e Relatora: Regina Novaes
Assistente: Neyla Vaserstein
Pesquisa domiciliar com a população
Coordenação geral: Leandro Piquet Carneiro (USP)
Coordenação de campo: Neyla Vaserstein
Estatístico: Marcelo de Souza Nascimento
Supervisores de campo: Desirée Luzia Martins da Silva
Jurandir Chamusca Filho
Programação visual, arte e diagramação: André Ramos/WWF-Brasil
Pesquisa fotográfica: Shirley Carvalhedo/ WWF-Brasil
Fotografias: Juan Pratiginestós
Edward Parker
4. D452c Desenvolvimento e Conservação do Meio Ambiente: pesquisa de opinião com lideranças e a
população da Amazônia. [ Coordenação: Rosa L. de Sá e Regina Vasquez] – [Brasília]: WWF-
Brasil, c2001. 100p.:il. Color.; 29,7x21 cm.
1. Amazônia. 2. Pesquisa de opinião. 3. Desenvolvimento Sustentável. 4. Ambientalismo.
5. Conser vação do Meio Ambiente
CDU 303.2.425 (811.3)
5. ÍNDICE
Apresentação 7
Sumário 9
I. Pesquisa com Lideranças e Formadores de Opinião 15
Mapa – Universo da pesquisa 16
1. O ambientalismo 17
Tabela 1.1: As entidades ambientalistas mais conhecidas na Amazônia 21
Tabela 1.2: A confiabilidade das entidades ambientalistas na Amazônia 22
2. O desenvolvimento sustentável 22
3. As vocações da Amazônia 23
4. Os principais problemas ambientais da Amazônia 30
5. As soluções 33
6. O antiambientalismo 36
7. O papel da sociedade civil e das ONGs 39
8. Cenários futuros 39
9. Metodologia e características da amostra 41
Tabela 1.3 – Distribuição das entrevistas por setor 42
Tabela 1.4 – Distribuição das entrevistas por Estado 42
Tabela 1.5 - Localização dos entrevistados na Amazônia 43
II. Pesquisa com ribeirinhos, extrativistas, colonos assentados e madeireiros 45
Mapa – Localização dos grupos pesquisados 46
1. Os segmentos escolhidos 47
2. Percepção de atores e instituições 48
Tabela 2.1 – Distribuição de participantes por categoria e localidade 48
Tabela 2.2 – Características dos grupos 48
Tabela 2.3 – Avaliação de instituições e atores 50
3. Conceitos, valores e o papel de cada grupo 49
4. Os principais problemas 51
5. Pauta de prioridades 52
Tabela 2.4 – As prioridades de cada grupo 52
III. Pesquisa Domiciliar com a População 55
Mapa - Distribuição das entrevistas 56
1. A valorização da floresta 57
2. Normas e valores frente ao meio ambiente 57
Tabela 3.1 – Valores frente ao meio ambiente 58
6. 3. Indicadores de pressão antrópica 58
Tabela 3.2 – Indicadores de pressão antrópica 59
Tabela 3.3 - Atividades agrícolas e criação de animais 59
Gráfico 3.1 – Consumo de carne de caça e prática de pesca 60
4. Qualidade e problemas ambientais 61
Gráfico 3.2 – Principais problemas ambientais observados 61
Tabela 3.4 – Avaliação e percepção das mudanças nas condições ambientais 62
5. Prioridades e atores 61
Gráfico 3.3 – Prioridades da região amazônica 62
Tabela 3.5 – Prioridade número um da região amazônica por município 63
Tabela 3.6 – Prioridade número dois da região amazônica por município 63
Gráfico 3.4 – Primeira prioridade da região amazônica destacando as alternativas de desenvolvimento sustentável 63
Gráfico 3.5 – Segunda prioridade da região amazônica destacando as alternativas de desenvolvimento sustentável 63
Tabela 3.7 – O que mais prejudica a região amazônica 64
Quadro 1 - Conhecimento e conceito de desenvolvimento sustentável 64
Tabela 3.8 – Instituições que mais se preocupam com a região amazônica 65
Tabela 3.9 – Atitudes diante das ONGs e disposição para participar na solução dos problemas ambientais 65
6. As instituições de defesa do meio ambiente 65
Tabela 3.10 – Instituições ambientalistas mais conhecida 65
Tabela 3.11 – Disposição para ajudar na solução dos problemas ambientais 66
7. Conhecimento sobre meio ambiente 66
Gráfico 3.6 – Auto-classificação do nível de informação sobre temas de meio ambiente 66
Gráfico 3.7A – Meios utilizados para informar-se sobre o meio ambiente 66
Gráfico 3.7 B – Meios utilizados para informar-se sobre o meio ambiente (horário de TV) 67
8. As condições de vida da população 67
Gráfico 3.8 - Acesso aos serviços públicos 67
Tabela 3.12 – Características dos domicílios por município (%) 68
9. Metodologia 69
Anexos: 71
Anexo I - Lista dos Entrevistados na Pesquisa com Lideranças e Formadores de Opinião 73
Anexo II - Glossário de Siglas 75
7. APRESENTAÇÃO
Esta publicação traz os resultados mais significativos da am- ver esta pesquisa foi o de buscar um quadro mais compreen-
pla pesquisa de opinião realizada pelo WWF-Brasil em par- sivo de como o debate sobre o desenvolvimento da Amazônia
ceria com o Programa de Meio Ambiente e Desenvolvimento está se dando no seio das suas próprias elites e dos movi-
do ISER - Instituto de Estudos da Religião, junto à popula- mentos sociais locais, contrastando-o com a opinião da popu-
ção e lideranças da região amazônica sobre desenvolvimen- lação em geral.
to e meio ambiente.
Entendendo que a divulgação dos principais resultados inte-
O principal objetivo do estudo f oi, de um lado, obter a opi- ressam a todos aqueles que atuam na região, ou fora dela, para
nião da população sobre a relação entre conservação do que a opção do desenvolvimento sustentável se torne realida-
meio ambiente e desenvolvimento sócio-econômico e, de de, o WWF-Brasil resolveu destacar, nesta publicação, os as-
outro, uma visão mais qualificada dessa discussão por par- pectos mais diretamente relacionados a dois eixos temáticos:
te de segmentos sociais relevantes da região, formadores quais concepções sobre desenvolvimento estão hoje em jogo
de opinião e com grande influência na formulação das cha- e quais as bases sociais de apoio ao projeto de uma Amazô-
madas políticas de desenvolvimento. A pesquisa procurou nia sustentável e à conservação do meio ambiente.
verificar até que ponto o paradigma da sustentabilidade está
presente, ou não, nas agendas e no elenco de prioridades Esperamos com isso contribuir positivamente para aumentar o
que estes mesmos segmentos são capazes de constituir. conhecimento sobre os processos sociais, ambientais e políti-
cos em curso na Amazônia, favorecendo as estratégias de con-
Em outras palavras, o interesse do WWF-Brasil ao desenvol- servação da biodiversidade e desenvolvimento para a região.
Dr. Garo Batmanian
Secretário Geral do WWF- Brasil
10. Os temas ridades e recorrências de alguns conjuntos de respostas/opi-
niões, assim como das diferenças observadas.
A pesquisa foi desenvolvida através de três diferentes módulos
que tiveram em comum os seguintes blocos temáticos: Os resultados desta publicação enfatizam, sempre que cabí-
vel, as recorrências e regularidades entre as três modalidades.
a) conhecimento e avaliação dos ambientalistas na região
amazônica Os Problemas e as Prioridades na Amazônia
b) conhecimento dos problemas ambientais da Amazônia e • A pesquisa mostra que a preservação da floresta é uma
pauta de prioridades dos atores/segmentos das prioridades da população que vive na região, mas que
há uma série de outros problemas afetando o seu desen-
c) visão sobre o futuro da Amazônia e sobre as estratégias volvimento e a sua qualidade de vida. Para 34% da popu-
de desenvolvimento sustentável lação, a prioridade número um para a Amazônia é conser-
var a floresta e nenhuma outra alternativa superou este
O método percentual.
Foram utilizadas três técnicas de abordagem: • Entre os problemas estritamente ambientais, foram iden-
tificados por ordem: a) o desmatamento e as queimadas;
a) grupos focais em áreas selecionadas com quatro seg- b) a contaminação dos r ios; c) a falta de saneamento nas
mentos de especial interesse para o WWF-Brasil: ribeiri- cidades e vilas que povoam uma Amazônia cada vez mais
nhos, colonos assentados, madeireiros e extrativistas. urbanizada. A destruição da floresta aparece como o prin-
cipal problema ambiental da região nas três partes da
b) pesquisa qualitativa com formadores de opinião, cobrin- pesquisa.
do 9 segmentos: empresários, cientistas, técnicos e gestores
governamentais, ambientalistas, parlamentares, militares, • Em geral, os principais problemas são aqueles clássicos
profissionais da imprensa e líderes dos movimentos soci- da falta de desenvolvimento: baixa oferta e baixa qualida-
ais atuantes na região. Ao todo, foram realizadas 90 entre- de dos serviços de saúde, educação,
vistas em profundidade com estes setores. infra-estrutura. Foram mencionadas
especificamente a falta de estradas
c) Pesquisa quantitativa de opinião (survey), num total de e transporte, a falta de saneamento
2.049 entrevistas com a população acima de 16 anos em básico e as más condições urbanas
áreas rurais e urbanas de 9 municípios, incluindo as capi- (ruas sem asfalto, enchentes, lixo,
tais, nos estados do Acre, Rondônia e Pará. Os resultados etc.). Foram ainda citadas a falta de
podem ser desagregados por cada um dos municípios pes- segurança e a alta criminalidade .
quisados. Houve destaque também para os
problemas de energia, sobretudo nas
Cada uma das técnicas acima mencionadas possui a sua áreas rurais, onde o serviço é escas-
especificidade e oferece diferentes resultados para análise, so e ineficiente. O desemprego apa-
daí uma comparação linear entre os três módulos não ser rece apenas nas perguntas fecha-
11
metodologicamente correta. No entanto, é possível uma in- das, onde as opções de resposta vi-
terpretação global da pesquisa realizada, a partir das regula- nham previamente listadas.
11. Em todos os • A diferença de visão do que vem a ser o desenvolvimento pertório utilizado para definir o que é, e o que não é, “meio
da Amazônia em bases sustentáveis e o interesse real de ambiente” é bastante restrito. Naturalmente, segmentos
segmentos ouvidos cada público demarcam a pauta de prioridades. T odos os com maior escolaridade tendem a usar um repertório mais
na pesquisa de atores afirmam desejar uma melhoria significativa nas con- amplo e mais complexo.
opinião é nítida a dições de vida da população. Contudo, percebe-se uma
tensão entre as pautas de preservação do meio ambiente • O desenvolvimento da Amazônia é visto como ”estratégi-
consciência de que é e de desenvolvimento. co para o próprio desenvolvimento nacional” (militares);
preciso usar os “estratégico para o mundo” (ambientalistas) e “essencial e
recursos naturais da • Transporte e conservação das vias urbanas, bem como o legítimo, primeiramente para os próprios amazônidas” (em-
saneamento, foram selecionadas como prioridades tanto presários, movimentos sociais e parlamentares).
floresta de forma pela população como pelas lideranças. Como terceiro item,
sustentável a população enfatizou os problemas com o fornecimento A Vocação Econômica da Região
de energia; já as lideranças destacaram a necessidade de
estabelecer uma política de crédito para o incentivo à agri- • Há um forte consenso, verificado em todos os módulos da
cultura sustentável. pesquisa, em torno da necessidade de explorar de forma
sustentável a floresta. Ela é tida por todos como um dos
O Desenvolvimento Sustentável grandes recursos da região e o principal vetor na defini-
ção da sua vocação econômica.
A pesquisa mostra que o conceito de desenvolvimento sus-
tentável já é manejado com desenvoltura pela elite amazônida, • A visão predominante, contudo, é a de que a Amazônia é
considerados todos o segmentos. Este conceito tornou-se o mais do que a sua floresta, comportando vocações múlti-
discurso de consenso para quem fala de meio ambiente e plas, não devendo priorizar uma única estratégia de de-
desenvolvimento, independente do credo e do partido. Entre senvolvimento. Os atores usam diferentes parâmetros para
a população, a expressão desenvolvimento sustentável é pou- falarem do potencial econômico da região.
co conhecida. No entanto, mais da metade dos entrevistados
declarou que não considera o progresso mais importante do • Os militares destacam a existência dos recursos minerais
que conservar a natureza, discorda da idéia de que o Brasil e o enorme potencial de energia renovável, representado
não pode dar-se ao luxo de se preocupar com problemas pelos recursos hídricos abundantes na região;
ecológicos e está consciente de que é preciso controlar o uso
dos recursos naturais. • Os movimentos sociais e os ambientalistas enfatizam a
importância da economia baseada na explor ação susten-
• As dimensões valorizadas da sustentabilidade, variam tável da floresta e a necessidade de reforçar práticas de
conforme o grupo de interesse. Os empresários valorizam “ag ricultura sustentável”, baseada sobretudo na pequena
a dimensão econômica, os cientistas e ambientalistas ten- produção e voltada para o mercado interno.
dem a enfatizar a dimensão ecológica. Os movimentos
sociais tendem a colocar em relevo a dimensão cultural e • Os empresários defendem a idéia de que a agricultura e a
também a econômica, enquanto as organizações religio- pecuária são necessárias e possíveis na região, sobretu-
sas insistem nos aspectos éticos. do em áreas já desmatadas.
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• Verificou-se que, na população mais ampla, meio ambi- • Há um consenso generalizado entre as pessoas ouvidas
ente ainda é fundamentalmente fauna e flora e que o re- nos dois módulos qualitativos da pesquisa de que a cultu-
12. ra da soja na Amazônia não deve ser ampliada. Foram ras, burocratas de Brasília e o “ pessoal do Sudeste que
feitas severas críticas ao Plano Brasil em Ação do gover- nunca viu a floresta de perto”) e o desenvolvimento da
no federal, bem como aos “eixos de desenvolvimento” nos Amazônia pelo e para os próprios amazônidas.
quais ele se baseia.
O Futuro
• A maior parte da população afirma não estar disposta a
conviver com mais poluição, ainda que isso signifique mais • Entre os que têm uma visão mais otimista, aí incluindo-se a
empregos. população mais ampla, a importância que a Amazônia tem
para o mundo e para a humanidade é quase um passapor-
Os “Vilões” te alvissareiro para o futuro. Para os otimistas a consciên-
cia ambiental aumenta no País e na região, e os próprios
• Foram apontados como principais entraves ao desenvol- movimentos sociais incorporaram a preservação do meio
vimento: a) a vastidão do território amazônico; b) a situa- ambiente em suas lutas pela melhora das condições de vida.
ção crítica dos recursos para investimentos no País: c) a Para eles, a importância estratégica da região tende a au-
falta de um projeto coerente para a região. Segundo os mentar interna e exter namente, e a impunidade que hoje
entrevistados, “o desenvolvimentismo dos anos 70 foi aban- impera nas agências de desenvolvimento ali existentes tem
donado sem que se tenha colocado nada no lugar”. os dias contados.
• Vários entrevistados em todos os segmentos, com exce- • A crença de que “a Amazônia não é uma prioridade na
ção dos militares e dos religiosos, insistiram em que o Pla- agenda pública nacional” e de que faltam políticas coeren-
no Brasil em Ação é “um pilar do desenvolvimento errado”. tes par a região faz com que o futuro da Amazônia seja
visto com pessimismo por expressiva parte das lideran-
• Os madeireiros se ressentem de estarem sendo “massa- ças ouvidas. Acreditam, ainda, que o desmatamento vem
crados pela opinião pública”, vítimas do governo (IBAMA), aumentando e que a pobreza da população na região ten-
da mídia jornalística e dos ambientalistas, eleitos injusta- de a pressionar ainda mais os recursos ali existentes. Os
mente como os grandes “vilões” na luta pela preservação mais catastrofistas acreditam que, no futuro, a Amazônia
do meio ambiente na Amazônia. será um colar de cidades pobres
entremeadas por unidades de conser-
• Outros “vilões” apontados, sobretudo na parte qualitativa vação, remanescentes da floresta.
da pesquisa, foram: pecuaristas, latifundiários, grileiros e
empresários do “ falso” turismo ecológico. O Papel das ONGs e da Sociedade Civil
• Também foram mencionadas com indignação, sobretudo • Na construção de uma sociedade
por militares, empresários e parlamentares, aquelas ONGs amazônica sustentável foi valorizado
que disseminam “uma imagem distorcida”, construída pe- o papel das ONGs e outras organiza-
los “de fora”, de que na Amazônia só existem “índios e ções da sociedade civil, tidas como
seringueiros, e os tais povos da floresta, uma invenção de “comprometidas”, independentes e
antropólogos e ongueiros” . fundamentais para ampliação da
consciência ambiental. Este papel
13
• Foi detectada uma forte tensão entre o que seria uma “Ama- impor tante a ser desempenhado pe-
zônia sustentável” segundo “os de fora” (ONGs estrangei- las organizações da sociedade é, no
13. A população têm muita entanto, minimizado quando a população mais ampla é 2. Evitar a construção de estradas, sobretudo na Amazônia
ouvida. A pesquisa domiciliar (survey) mostra, nas 9 ci- Ocidental
simpatia pelas dades pesquisadas, que a maior par te dos entrevistados
organizações (61%) atribui ao governo – em seus diferentes níveis e 3. Consolidar um Código Florestal específico para a região
ambientalistas em geral, esferas de competência – a responsabilidade pela solu-
ção dos problemas ambientais e pelo sucesso ou fracas- 4. Melhorar a Lei de Acesso aos Recursos Genéticos
mas as ONGs são so do processo de desenvolvimento da região.
pouco conhecidas do 5. Aplicar o Zoneamento Econômico Ecológico em bases
grande público • Em toda a parte qualitativa da pesquisa — nas entrevistas participativas e incentivar os processos de construção da
com as lideranças e nos grupos focais — foram valoriza- Agenda 21 local
dos o papel e a atuação das ONGs que nâo sâo “xiitas” e
que “ não preferem macaquinho ao índio”, numa clara res- 6. Rever a política de assentamentos na Amazônia, sobretudo
tr ição às organizações que possuem uma pauta os da reforma agrária, priorizando as áreas já desmatadas
preservacionista. As organizações que gozam de prestí-
gio são aquelas que associam as questões sociais com 7. Proteger as populações tradicionais e as populações
as questões ambientais. Essa associação é, inclusive, indígenas
reivindicada como uma característica do ambientalismo
amazônida, chamado de sócio-ambiental. 8. Implementar programas de capacitação técnica para os
produtores rurais
• Ouvindo a população, são poucos os que conseguem lem-
brar o nome de uma organização não-governamental que 9. Formular uma política de desenvolvimento urbano para a
se dedica à proteção do meio ambiente. Computando os região
três estados, a instituição ambiental mais conhecida é o
Ibama. 10.Acelerar a reforma do Estado e das agências técnicas de
controle e fiscalização do meio ambiente
• Foi detectado, no entanto, por parte da população, um ele-
vado grau de simpatia (76% dos entrevistados) pelas or- 11.Ampliar, através de campanhas, o reconhecimento da im-
ganizações que trabalham com as questôes ambientais. portância da Amazônia junto à opinião pública nacional e
Um percentual expressivo dos entrevistados declarou-se internacional
disposto a ajudar com trabalho voluntário e doações.
12.Melhorar as estratégias e as coalizões das “forças
Propostas sustentabilistas” existentes dentro e fora da Amazô-
nia, que estão presentes em todos os setores, e de-
Algumas ações concretas foram suger idas pelas lideranças dos senvolver práticas de lobby a favor da conservação da
setores entrevistados como passos importantes e inadiáveis floresta
para mudar o paradigma atual de desenvolvimento da região:
13.Promover a renovação da classe política através de cam-
1. Repensar o Avança Brasil para a Amazônia panhas pelo “voto responsável”.
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